domingo, 31 de outubro de 2021

 



Como reconhecer, entre os espíritas, os que estão no bom caminho

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Alguns confrades criticam a preocupação de muitos Centros Espíritas em oferecer, às pessoas que os procuram, o conforto e a assistência espiritual expressos no serviço do passe, na água magnetizada, nas radiações, nas sessões de doutrinação de Espíritos e nas reuniões de fluidoterapia voltadas para nossos irmãos enfermos do corpo.

Ninguém que conheça a doutrina espírita discordará de que as Casas Espíritas devem ter como finalidade fundamental a educação das pessoas que as buscam e o desenvolvimento do raciocínio crítico de seus frequentadores, mas tal objetivo não impede que, ao lado dos estudos e da orientação, atenda também o Centro Espírita às suas características de Templo, Lar, Hospital, Oficina e Escola, que encontramos nas instituições espíritas mais respeitáveis.

Sabemos que uma pessoa que esteja faminta não reúne, na maior parte dos casos, condições para ouvir uma preleção. Procuremos, pois, alimentá-la e depois, saciada sua fome, ela estará mais bem preparada para a lição que lhe será ministrada.

Assim se dá com as pessoas que chegam em desespero a uma Casa Espírita, sejam quais forem seus motivos. Esteja o desespero ligado a problemas de ordem espiritual ou a dificuldades de ordem material, não importa: é preciso primeiro acolhê-las, ampará-las e é para isso que existem os recursos espíritas, alguns dos quais utilizados largamente por Jesus, que deveria ser sempre para todos um exemplo a ser seguido.

Essas são as razões por que numa Casa Espírita bem orientada existem os serviços do passe e da água magnetizada, as sessões de radiações e as reuniões voltadas para a doutrinação ou esclarecimento de Espíritos. Seu propósito não é, como alguns pensam, de natureza proselitista, mas sim um meio de tornar menos áspero o caminho de irmãos nossos que, em muitos casos, desfalecem ante as provas mais duras.

Em uma mensagem incluída por Kardec no capítulo XX d´O Evangelho segundo o Espiritismo, o instrutor Erasto fez uma grave advertência: “(...) atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade”.

O Codificador do Espiritismo perguntou-lhe, então: “Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?”

Erasto assim respondeu:

 

“Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua lei; os que seguem Sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição.”

 

A advertência acima parece-nos suficiente para que os espíritas e os Centros Espíritas não ignorem, em suas atividades, a função consoladora do Espiritismo e, como tal, a respeitem e pratiquem.

 

 

   

 

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sábado, 30 de outubro de 2021

 



História de Jacaré

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

Salve, leitores!

Estive lendo uma informação na internet que fez minha mulher rir muito. Na Praia da Macumba, uma das cinco praias do Recreio dos Bandeirantes, no meu saudoso Rio de Janeiro, um senhor utilizou seu bichinho de estimação, que não é um cachorro, nem gato, mas um filhote de jacaré, como arma para se defender de briga com o salva-vidas local, que não lhe permitiu passear com o animal ali.

 

Leiam agora o caso do jacaré em versos:

 

Jacaré na praia

 

Recreio dos Bandeirantes

É bairro de belas praias:

Pontal, Secreto, Recreio

São três praias elegantes...

 

Mas lá existem também

A Prainha e a Macumba,

Que, para ter proteção,

Faz despachos para o Além.

 

Recreio dos Bandeirantes

Onde a Praia da Macumba

Nunca mais será como antes

Após tremenda quizumba.

 

Tudo porque um cidadão,

Pela falta de mulher,

Pra matar a solidão

Adotou um jacaré.

 

O salva-vidas da praia

Foi logo ver o que era

E quase se afogou

Quando viu o jacaré.

 

Por isso, notificou

O causador da infração,

Mesmo sabendo que o bicho

Era de estimação.

 

Foi então que o jacaré,

Lendo a lei da evolução,

Optou por escrever

Que também é nosso irmão.

 

Mas,  pensando em Charles Darwin

E nos direitos iguais...

Ouviu de Russel Wallace:

— Deixe os hominais em paz.

 

Desde então, foi proibido

Amizade a jacaré,

Que ao rio foi devolvido,

Pois ali não tem maré...

 

Agora, lá na Macumba,

Após despachos das sombras,

Jacaré só se permite,

Se for deslize nas ondas.

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

 

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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 



Fatos Espíritas


William Crookes


Parte 22 e final

 

Concluímos nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.(1)

Na próxima sexta-feira, dia 5 de novembro, iniciaremos neste espaço o estudo do livro Os mortos nos falam, escrito pelo Padre François Brune.

Nosso propósito é que estes estudos sirvam de algum modo para o leitor como uma forma de iniciação à leitura dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Por que o médium Daniel Dunglas Home, mesmo retido a um leito por estar enfermo, foi a Hartford?

B. Recebido pelo Sr. Ward Cheney, que fato ocorreu assim que Home entrou na sua residência?

C. O Espírito que lhe apareceu relatou-lhe um fato. Esse fato, que todos ignoravam naquela casa, acabou sendo confirmado?

 

Texto para leitura

 

360. Uma manifestação interessante – O extraordinário médium Daniel Dunglas Home narra o seguinte caso, na sua obra Life and Mission:

“Quando eu residia em Springfield, tive uma grave moléstia que me reteve ao leito durante algum tempo. Um dia, na ocasião em que o médico se retirava, um Espírito me deu esta comunicação: ‘Tomai o trem da tarde para Hartford, pois se trata de um negócio importante para o progresso da causa; não repliqueis, fazei simplesmente o que vos dizemos’.

Dei conhecimento à minha família dessa extraordinária ordem e, apesar do meu estado de fraqueza, tomei o trem, ignorando completamente o que eu ia fazer e o objetivo de tal viagem.

Ao chegar a Hartford, veio ao meu encontro um estrangeiro, que me disse: ‘Só tive ocasião de vos ver uma única vez, mas creio que falo com o Sr. Home’. Respondi-lhe afirmativamente, acrescentando que eu chegava a Hartford sem nenhuma ideia do que se queria da minha pessoa. ‘É engraçado! – replicou o meu interlocutor –, eu vinha exatamente tomar o trem para vos ir procurar em Springfield’. Explicou-me ele, então, que uma família influente, bem conhecida, me pedia para eu fazer-lhe uma visita e prestar o meu concurso às investigações que ela desejava fazer sobre o Espiritismo. O fim da viagem começava, pois, a desenhar-se, mas o mistério permanecia ainda velado.”

361. Na sequência, relata o médium Home:

“Agradável trajeto em carruagem conduziu-nos logo ao nosso destino. O dono da casa, o Sr. Ward Cheney, que veio receber-me à porta, saudou-me, dizendo que não esperava que eu chegasse senão no dia seguinte pela manhã.

Logo que entrei no vestíbulo, a minha atenção foi atraída por um ruído semelhante ao farfalhar de um pesado vestido de seda. Olhei ao redor de mim e fiquei surpreendido de não ver ninguém; passamos, então, a uma das salas e não me preocupei mais com esses incidente.

Pouco depois, vi no vestíbulo uma velha baixa, com pesado vestido de seda escura, a qual parecia muito preocupada. Aí estava a explicação desses mistérios; eu tinha ouvido, sem ver, essa pessoa que ia e vinha pela casa.

Repetindo-se o farfalhar do vestido, o Sr. Cheney, que o tinha ouvido ao mesmo tempo em que eu, perguntou-me de onde vinha esse ruído. ‘Ora esta! – respondi –, é do vestido de seda escura dessa velha que vejo no vestíbulo’.

Quem seria essa pessoa? A aparição era, efetivamente, tão perfeita que eu não duvidava que fosse uma criatura em carne e osso. Como o resto da família chegasse naquele instante, as apresentações impediram o Sr. Cheney de me responder e, naquele momento, eu não tive mais ocasião de obter informações.”

362. Prossegue o curioso relato de Home:

“Tendo sido servido o jantar, fiquei admirado de não ver à mesa a senhora do vestido de seda; esses fatos despertaram a minha curiosidade e essa senhora tornou-se logo para mim um objeto de preocupação.

Quando todos deixaram a sala de jantar, ouvi de novo o farfalhar do vestido de seda e, também, uma voz disse: ‘Eu estou aborrecida porque colocaram um caixão sobre o meu; não quero que ele fique ali’.

Tendo eu dado parte dessa comunicação ao dono da casa e à sua mulher, eles se olharam com admiração e, em seguida, o Sr. Cheney, rompendo o silêncio, me disse que reconhecia perfeitamente esse vestido, a sua cor e mesmo seu gênero de seda espessa, mas que o fato do caixão colocado sobre o dela era um absurdo. Essa resposta me tornou perplexo; eu não sabia mais o que dizer.

Uma hora depois, ouvi de repente a mesma voz pronunciar exatamente idênticas palavras, porém acrescentando o seguinte: ‘Além disso, Seth não tinha o direito de cortar essa árvore’. Tendo narrado ao dono da casa essa nova comunicação, ele ficou muito inquieto. ‘Há, em tudo isso, disse-me ele, alguma coisa bem extraordinária. Meu irmão Seth cortou uma árvore que embaraçava a vista, e dissemos-lhe que, se a pessoa que ora pretende falar-vos fosse viva, não consentiria no corte dessa árvore. Quanto ao resto da comunicação, afirmo que não tem nada de racional’.

A mesma comunicação me foi dada à noite pela terceira vez, e me expus de novo a um desmentido formal. Eu estava sob o golpe de uma impressão muito penosa, quando me recolhi ao quarto, pois nunca tinha recebido comunicação mentirosa, e mesmo admitindo o bom senso do seu agravo, semelhante insistência, da parte de um Espírito desencarnado de não querer que um outro caixão fosse colocado sobre o seu, me parecia absolutamente ridícula.”

363. O médium estava realmente decepcionado, mas uma surpresa lhe estava reservada para o dia seguinte. Diz Home:

“Pela manhã, manifestei ao dono da casa o meu profundo desapontamento, respondendo-me que também estava muito sentido, mas ia provar-me que esse Espírito – se realmente era aquele que dizia ser – estava perfeitamente enganado. ‘Vamos até ao jazigo de minha família – acrescentou –, e vereis que, embora tivéssemos querido, não fora possível colocar um outro caixão em cima do dela’.

Logo que chegamos ao cemitério, fomos procurar o coveiro, que guardava a chave do jazigo. Na ocasião em que ele ia abrir a porta, pareceu refletir e disse com um ar um tanto embaraçado, voltando-se para o Sr. Cheney: ‘Devo participar a V. Sa. que, como restava justamente um pequeno espaço em cima do caixão da Sra. X, coloquei ali o caixãozinho do filho de L... Penso que isso não tem importância, mas talvez fora melhor que eu vos tivesse prevenido disso. Ele está lá desde ontem apenas’.

Nunca me hei de esquecer do olhar que me lançou o Sr. Cheney, quando me disse, voltando-se para mim: Meu Deus, é pois uma verdade!”

364. Concluindo seu relato, Home informou:

“À noite, o Espírito manifestou-se de novo e disse-nos: ‘Não acrediteis que eu ligue a menor importância ao caixão colocado sobre o meu; pode ser colocada até uma pilha de caixões, com isso não me incomodo. O meu único fim era dar, de uma vez para sempre, prova da minha identidade, de vos levar à convicção absoluta de que sou sempre um ser vivo e racional, a mesma E... que sempre fui.”

 

(1) A obra que acabamos de estudar não é, propriamente falando, uma tradução de "Researches in the Phenomena of Spiritualism", pois contém textos colhidos em outras fontes, embora igualmente de autoria de William Crookes. O livro em exame apresenta também comentários de diferentes pesquisadores e obedece a um plano original feito por seu tradutor, Oscar D´Argonnel, que é, pois, além de tradutor, o organizador da obra.

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Por que o médium Daniel D. Home, mesmo retido a um leito por estar enfermo, foi a Hartford?

Ele o fez porque um Espírito lhe pediu que fosse, afirmando-lhe que se tratava de um negócio importante para o progresso da causa. Embora o Espírito não houvesse explicado exatamente a natureza do negócio e o objetivo da viagem, Home viajou a Hartford. (Fatos Espíritas – Uma manifestação interessante.)

B. Recebido pelo Sr. Ward Cheney, que fato ocorreu assim que Home entrou na sua residência?

Logo que entrou no vestíbulo, sua atenção foi atraída por um ruído semelhante ao farfalhar de um pesado vestido de seda. Ele olhou para os lados e não viu ninguém. Pouco depois, viu no vestíbulo uma velha, com pesado vestido de seda escura, a qual parecia muito preocupada. Aí estava a explicação do mistério: ele tinha ouvido, sem ver, aquela pessoa que ia e vinha pela casa. Tratava-se de uma aparição e tão perfeita que Home não duvidava que fosse uma criatura em carne e osso.  (Obra citada – Uma manifestação interessante.)

C. O Espírito que lhe apareceu relatou-lhe um fato. Esse fato, que todos ignoravam naquela casa, acabou sendo confirmado?

Sim. O Espírito dizia que tinham colocado um caixão sobre o seu próprio caixão, fato que o Sr. Cheney ignorava e, por isso, negava. Eles foram então até o jazigo da família. Logo que chegaram ao cemitério, foram procurar o coveiro, que guardava a chave do jazigo. Na ocasião em que ele ia abrir a porta, o rapaz, que se mostrava um tanto embaraçado, disse ao Sr. Cheney: “Devo participar a V. Sa. que, como restava justamente um pequeno espaço em cima do caixão da Sra. X, coloquei ali o caixãozinho do filho de L... Penso que isso não tem importância, mas talvez fora melhor que eu vos tivesse prevenido disso. Ele está lá desde ontem apenas”. Era, portanto, verdade o que o Espírito insistentemente havia dito a Daniel Home. (Obra citada – Uma manifestação interessante.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 21 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/10/fatos-espiritas-william-crookes-parte.html

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 15

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

113. O "paraíso terrestre" referido na Bíblia significa o quê, de acordo com o ensino espírita?

O paraíso terrestre simboliza a figura do mundo ditoso onde vivera o grupo de Espíritos que Adão e Eva personificam. A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram encarnar entre os habitantes do mundo terráqueo e a mudança de situação foi a consequência da expulsão. (A Gênese, cap. XII, item 23.)

114. Que ensinamento podemos colher do relato da fuga de Caim e de seu casamento numa cidade distante?

Segundo o relato bíblico, tendo-se retirado para outra região depois de haver assassinado o irmão, Caim não tornou a ver seus pais, que de novo ficaram isolados. Só muito mais tarde, na idade de 130 anos, foi que Adão teve um terceiro filho, que se chamou Seth. Quando, pois, Caim foi estabelecer-se a leste do Éden, somente havia na Terra três pessoas: seu pai, sua mãe e ele, sozinho. Entretanto, Caim teve mulher e um filho. Que mulher podia ser essa e onde pudera ele desposá-la? O texto hebreu diz que ali ele construiu uma cidade em homenagem ao seu primeiro filho. Ora, uma cidade pressupõe a existência de habitantes, visto não ser de presumir que Caim a fizesse para si, sua mulher e seu filho, nem que a pudesse edificar sozinho. Dessa narrativa podemos, assim, inferir que a região era povoada. Aliás, a presença de outros habitantes, além da família de Adão, ressalta igualmente destas palavras de Caim: «Serei fugitivo e vagabundo e quem quer que me encontre matar-me-á» e da resposta que Deus lhe deu. Quem poderia ele temer que o matasse e que utilidade teria o sinal que Deus lhe pôs para preservá-lo de ser morto, uma vez que ele a ninguém iria encontrar? Uma única conclusão, então, se nos afigura razoável: - Se havia na Terra outros homens afora a família de Adão, é que esses homens aí estavam antes dele, donde se deduz esta consequência, tirada do texto mesmo da Gênese: Adão não foi nem o primeiro, nem o único pai do gênero humano. (Obra citada, cap. XII, item 25.)

115. Que significa o vocábulo milagre, em seu verdadeiro sentido etimológico, e quais os seus caracteres?

Na acepção etimológica, a palavra milagre (de mirari, admirar) significa admirável, coisa extraordinária, surpreendente. A Academia definiu-a deste modo: Um ato do poder divino contrário às leis da Natureza, conhecidas. Na acepção usual, portanto, essa palavra perdeu, como tantas outras, a significação primitiva. De geral que era, tornou-se de aplicação restrita a uma ordem particular de fatos. No entender das massas, um milagre implica a ideia de um fato extranatural; no sentido teológico, é uma derrogação das leis da Natureza, por meio da qual Deus manifesta seu poder. Tal, com efeito, a acepção vulgar, que se tornou o sentido próprio, de modo que só por comparação e por metáfora a palavra se aplica às circunstâncias ordinárias da vida. (Obra citada, cap. XIII, itens 1 e 2.)

116. Que ensina o Espiritismo acerca dos fatos ditos milagrosos? 

O Espiritismo nos mostra que os fatos ditos milagrosos fazem parte da própria Natureza e que, portanto, o milagre e o sobrenatural não existem. Longe de ampliar o domínio do sobrenatural, o Espiritismo o restringe até os seus limites extremos e lhe arrebata o último refúgio. Se é certo que ele faz crer na possibilidade de alguns fatos, não menos certo é que, por outro lado, impede a crença em diversos outros, porque demonstra, no campo da espiritualidade, o que é possível e o que não o é. Todavia, como não alimenta a pretensão de haver dito a última palavra seja sobre o que for, nem mesmo sobre o que é de sua competência, ele não se apresenta como absoluto regulador do possível e deixa de parte os conhecimentos que estão, obviamente, reservados para o futuro. (Obra citada, cap. XIII, itens 4 e 8.)

117. Em que consistem os fenômenos espíritas? 

Os fenômenos espíritas consistem nos diferentes modos pelos quais se dá a manifestação dos Espíritos – estejam encarnados ou desencarnados, isto é, libertos do corpo físico. É pelas manifestações que produz que o Espírito ou alma revela sua existência, sua sobrevivência e sua individualidade. Julga-se dela pelos seus efeitos e são esses efeitos que constituem o objeto especial das pesquisas e do estudo do Espiritismo, a fim de chegar-se a um conhecimento tão completo quanto possível da natureza e dos atributos dos Espíritos, bem como das leis que regem o princípio espiritual.

Os fenômenos espíritas são as mais das vezes espontâneos e se produzem sem nenhuma ideia preconcebida de parte das pessoas com quem eles se dão e que, em regra, são as que neles menos pensam. Alguns há que, em certas circunstâncias, podem ser provocados pelos agentes denominados médiuns. No primeiro caso, o médium é inconsciente do que é produzido por seu intermédio; no segundo, age com conhecimento de causa, donde a classificação de médiuns conscientes ou voluntários e médiuns inconscientes ou involuntários. (Obra citada, cap. XIII, itens 9 e 13.)

118. Qual a variedade de médiuns mais numerosa? 

Os médiuns inconscientes ou involuntários são os mais numerosos e, com frequência, encontrados entre os mais obstinados incrédulos, que praticam, assim, o Espiritismo sem querer e sem o saber. (Obra citada, cap. XIII, item 12.)

119. Deus faz milagres? 

Não, Deus não faz milagres, porque, sendo perfeitas suas leis, não lhe é necessário derrogá-las. Entendemos que, não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz fora do âmbito das leis gerais. Claro que, nada sendo impossível ao Criador, ele pode, sim, fazer milagres. Mas por que os faria? Para atestar o seu poder, dizem. Mas o poder de Deus não se manifesta de maneira muito mais imponente pelo grandioso conjunto das obras da Criação, pela sábia previdência que essa criação revela, assim nas partes mais gigantescas como nas menores, e pela harmonia das leis que regem o mecanismo do Universo, do que por algumas pequeninas e pueris derrogações? (Obra citada, cap. XIII, itens 15 e 16.)

120. O sobrenatural é o fundamento de toda religião, inclusive do Cristianismo?

Se é, não deveria ser. Pretender que o sobrenatural seja o fundamento de toda religião, que ele é o fecho da abóbada do edifício cristão, é sustentar perigosa tese. Assentar exclusivamente as verdades do Cristianismo sobre a base do maravilhoso é dar-lhe fraco alicerce, cujas pedras facilmente se soltam. Essa tese, de que se constituíram defensores eminentes teólogos, leva-nos à conclusão de que, em breve tempo, já não haverá religião possível, nem mesmo a cristã, desde que se chegue a demonstrar que é natural o que antes se considerava sobrenatural. O Espiritismo considera de um ponto mais elevado a religião cristã; dá-lhe base mais sólida do que a dos milagres, ou seja, as imutáveis leis de Deus, a que obedecem tanto o princípio espiritual como o princípio material. (Obra citada, cap. XIII, item 18.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 14 deste estudo, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/10/a-genese-allan-kardec-parte-14.html

 

 

 

  

 

 

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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

 


Sexo e Destino

 

André Luiz

 

Parte 10

 

Damos sequência ao estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Esta é a décima obra do mesmo autor, integrante da Série Nosso Lar, que temos estudado metodicamente às quartas-feiras neste blog.

Eis as questões de hoje:

 

73. Que disse André Luiz em suas reflexões sobre a eutanásia?

André Luiz manifestou-se claramente contra a eutanásia. Eis suas palavras: "Felizes da Terra! Quando passardes ao pé dos leitos de quantos atravessam prolongada agonia, afastai do pensamento a ideia de lhes acelerardes a morte! Ladeando esses corpos amarrotados e por trás dessas bocas mudas, benfeitores do plano espiritual articulam providências, executam encargos nobilitantes, pronunciam orações ou estendem braços amigos! Ignorais, por agora, o valor de alguns minutos de reconsideração para o viajor que aspira a examinar os caminhos percorridos, antes do regresso ao aconchego do lar. Se não vos sentis capacitados a oferecer-lhes uma frase de consolação ou o socorro de uma prece, afastai-vos e deixai-os em paz!... As lágrimas que derramam são pérolas de esperança com que as luzes de outras auroras lhes rociam a face!" (Sexo e Destino, 2ª parte, capítulo VII, pp. 248 e 249.)

74. Cláudio revelou à esposa sua conversão ao Espiritismo?

Sim. Em conversa com Márcia, cujo principal tema foi a saúde da filha Marina, Cláudio lhe disse sobre as novas ideias que abraçara e, levantando para ela os olhos súplices, convidou-a abraçar, junto dele, uma existência nova. Falou-lhe então da transformação que experimentara nas últimas semanas e declarou-se espírita-cristão. Sentindo-se outro homem, aspirava, agora, à bênção do lar, à tranquilidade da família. Comprometia-se a adotar conduta reta, ser-lhe-ia companheiro leal. Não a constrangeria a aceitar-lhe as ideias; mas desejava mostrar-lhe quanto a amava.  (Obra citada, 2ª parte, capítulo VIII, pp. 255 e 256.)

75. Por que Nemésio mudou radicalmente seu comportamento, tornando-se agressivo para com Marina?

Nemésio Torres ficou decepcionado e irritado com a recusa de Marina em desposá-lo e, por isso, disse à jovem que ela lhe pagaria a desconsideração e jamais lhe permitiria a felicidade junto de Gilberto, seu filho, que ele passara também a odiar. Ciente disso, Moreira revelou a André Luiz que chusmas de Espíritos perturbadores, após a desencarnação de Beatriz, se voltaram para Nemésio, a quem exploravam agora as energias genésicas, fato que concorreu para a mudança do seu comportamento. (Obra citada, 2ª parte, capítulos VIII e IX, pp. 263 e 264.)

76. A que se destinava o instituto “Almas Irmãs”?

O instituto, que era formado por muitas construções e ocupava quatro quilômetros quadrados de edifícios e arruamentos, parques e jardins, destinava-se ao socorro dos irmãos necessitados de reeducação sexual. Neves, que já conhecia o instituto, disse que a agremiação possuía vasta dependência reservada a enfermos e que os verdadeiros alienados em consequência de alucinações emotivas, trazidas da Terra, permaneciam reclusos em manicômios, sob tratamento, sempre que apartados das falanges dementadas nas regiões tenebrosas. (Obra citada, 2ª parte, capítulo IX, pp. 265 a 267.)

77. O instituto preparava os futuros candidatos à reencarnação na Terra?

Sim. O instituto era, em verdade, um hospital-escola de suma importância para os candidatos à reencarnação. Os internados ou estudantes vinham, em maioria, de estâncias purgatoriais, após alijarem as consequências mais imediatas dos vícios e paixões aviltantes, acalentadas no plano físico. Examinados com rigor, atendiam a critério de seleção, nas paragens de angústia expiatória em que se demoravam, e somente depois de julgados dignos entravam naquele pouso de refazimento para estações mais ou menos longas de estudo e meditação, pesquisando as causas e observando os efeitos das quedas de natureza afetiva em que se haviam precipitado. Depois de instruídos, são eles recambiados ao domicílio terrestre, onde reencarnam nos ambientes em que faliram e, tanto quanto possível, nas equipes consanguíneas que lhes impuseram prejuízos ou lhes sofreram os danos. (Obra citada, 2ª parte, capítulo IX, pp. 265 a 267.)

78. Em 82 anos de existência do instituto “Almas Irmãs”, qual o percentual dos que, partindo dali, conseguem vencer nos compromissos da reencarnação?

18%, eis o percentual dos que atingem a meta em face dos compromissos que enfrentam na reencarnação. Segundo dados fornecidos pelo instituto, de cada 100 estudantes que retornam à experiência corpórea, 18 saem vitoriosos, 22 melhorados, 26 imperfeitamente melhorados e 34 onerados por novas dívidas. (Obra citada, 2ª parte, capítulo IX, pp. 267 e 268.)

79. Como o sexo é considerado na Espiritualidade superior?

Na Espiritualidade superior o sexo não é considerado unicamente por baliza morfológica do corpo da carne, distinguindo macho e fêmea, definição unilateral que, na Terra, ainda se faz seguir de atitudes e exigências tirânicas, herdadas do comportamento animal. Entre os desencarnados, a partir daqueles de evolução mediana, o sexo é categorizado por atributo divino na individualidade humana, qual ocorre com a inteligência, com o sentimento, com o raciocínio e outras faculdades menos aplicadas nas técnicas da experiência humana. Quanto mais se eleva a criatura, mais se capacita de que o uso do sexo demanda discernimento pelas responsabilidades que acarreta, porque qualquer ligação sexual, instalada no campo emotivo, engendra sistemas de compensação vibratória, e o parceiro que lesa o outro, até o ponto em que suscitou os desastres morais consequentes, passa a responder por dívida justa. (Obra citada, 2ª parte, capítulo IX, pp. 271 a 273.)

80. Em matéria de sexo, é válido afirmar que ninguém prejudica a outrem sem embaraçar a si mesmo?

Sim, como em tudo na vida. Todo desmando sexual que danifica consciências reclama corrigenda, tanto quanto qualquer abuso do raciocínio. Um homem que abandone a companheira sem razão, ou a mulher que assim proceda, gerando desregramentos passionais na vítima, cria certo ônus cármico no próprio caminho, pois ninguém prejudica a outrem impunemente. Ao dizer isso, Irmão Félix lembrou que na Terra os temas sexuais têm sido considerados na base dos sinais físicos que diferenciam o homem da mulher, mas isso não define a realidade integral, porque, regendo esses marcos, permanece um Espírito imortal, com idade às vezes multimilenária, encerrando consigo experiências complexas, a ponto de a Ciência terrena proclamar, presentemente, que masculinidade e feminilidade totais inexistem na personalidade humana, do ponto de vista psicológico. (Obra citada, 2ª parte, cap. IX, pp. 271 a 273.)

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/10/blog-post_20.html

 

 

 

 

 

 

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