domingo, 30 de setembro de 2012

Crença é o primeiro passo; a fé vem depois


Sempre que somos alvo de uma ingratidão ou de um ato qualquer de animosidade, a dificuldade em aceitar o fato aumenta muito quando vemos no outro lado a pessoa de alguém que conhece a doutrina espírita e se diz adepto dela.
Perguntamo-nos, então, com certa frequência: - Por que é tão difícil a um indivíduo assimilar os princípios espíritas e incorporá-los aos atos comuns de sua vida?
Essa dificuldade foi objeto na obra de Kardec de oportuno esclarecimento dado por um guia espiritual que atuou junto de uma médium no socorro a um Espírito de nome Xumène.
Eis as palavras que o instrutor espiritual dirigiu à médium:
“Filha, terás muito trabalho com este Espírito endurecido, mas o maior mérito não advém de salvar os não perdidos. Coragem, perseverança, e triunfarás afinal. Não há culpados que se não possam regenerar por meio da persuasão e do exemplo, visto como os Espíritos, por mais perversos, acabam por corrigir-se com o tempo. O fato de muitas vezes ser impossível regenerá-los prontamente, não importa na inutilidade de tais esforços. Mesmo a contragosto, as ideias sugeridas a tais Espíritos fazem-nos refletir. São como sementes que, cedo ou tarde, tivessem de frutificar. Não se arrebenta a pedra com a primeira marretada.
“Isto que te digo pode aplicar-se também aos encarnados e tu deves compreender a razão por que o Espiritismo não faz imediatamente homens perfeitos, mesmo entre os adeptos mais crentes. A crença é o primeiro passo; vindo em seguida a fé e a transformação a seu turno; mas, além disso, preciso é que muitos venham revigorar-se no mundo espiritual. Entre os Espíritos endurecidos, não há só perversos e maus. Grande é o número dos que, sem fazer o mal, estacionam por orgulho, indiferença ou apatia. Estes, nem por isso, são menos infelizes, pois tanto mais os aflige a inércia quanto mais se veem privados das mundanas compensações. Intolerável, por certo, se lhes torna a perspectiva do infinito, porém eles não têm nem a força nem a vontade para romper com essa situação.” (O Céu e o Inferno, cap. VII, Espíritos endurecidos - Xumène.)
As palavras acima podem ajudar-nos a compreender a questão inicialmente proposta.
A crença – diz o instrutor espiritual – é o primeiro passo. A fé virá depois. Mas a transformação, esse fato que vai caracterizar o verdadeiro espírita, poderá vir bem mais tarde e, talvez, pode ser que, antes disso, o indivíduo venha a ‘revigorar-se no mundo espiritual’, isto é, tenha de passar pelo processo da desencarnação e pelo balanço inerente a esse estágio fundamental na vida de todos nós.
A dificuldade de transformação não é, pois, algo inerente à doutrina espírita ou à sua incapacidade de renovar as criaturas, mas diz respeito tão-somente ao grau evolutivo das pessoas que, em dado momento da existência, se encontram com a verdade.
Os fatos revelam, no entanto, que a ação transformadora do Espiritismo pode dar-se no curso de uma mesma existência, sem necessidade de que a pessoa, para se transformar, tenha de atravessar os umbrais da morte.
Hilário Silva conta-nos a respeito um caso muito curioso, por ele intitulado A confissão do zelador, que o leitor pode ler no livro Almas em Desfile, 2ª Parte, cap. 21, psicografado por Francisco Cândido Xavier.
A história envolve um homem que buscou no Espiritismo a paz que ele havia perdido desde que, cinco anos antes, encontrou o cadáver de um amigo – Fulgêncio de Abreu – no cantinho de um bar que ambos frequentavam. O corpo estava de costas no piso. O rapaz fora asfixiado por fina corda depois de haver recebido forte pancada no crânio.
Acusado pelo crime que não cometeu, sofreu ele pesadas humilhações na polícia, mas, mesmo em liberdade, não conseguia tirar da mente o quadro do amigo morto. Em toda parte via a testa, os lábios, os olhos esbugalhados, o colar de sangue... Mais tarde, descobriu-se que o homicídio envolvia um caso de mulher, mas a vida dele continuou um caos, porque não comia, não dormia e permanecia agarrado à impressão do lamentável episódio.
Conduzido por um amigo a uma Casa Espírita, as coisas foram, aos poucos, se normalizando. As reuniões de estudo, as palestras, os passes, o auxílio ao próximo lhe restituíram a paz e tornaram-no uma nova pessoa, um homem transformado, dedicado ao trabalho e espírita convicto.
Quanto ao autor da morte de Fulgêncio, o conhecimento do Espiritismo exerceu também importante papel, que não relataremos aqui para não tirar do leitor o delicioso prazer de saber desse desfecho indo diretamente à fonte.

sábado, 29 de setembro de 2012

Pérolas literárias (3)


Velho tema

Vicente de Carvalho

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver; mais nada.
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe sim, mas nós não a alcançamos,
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.


Vicente de Carvalho nasceu em Santos (SP) no dia 6 de abril de 1866 e faleceu na mesma cidade em 1924. Deixou-nos belas obras como “Ardentias”, “Versos da Mocidade” e “Poemas e Canções”.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os fenômenos mediúnicos e a Bíblia


Uma leitora pergunta-nos como responder a alguém que, valendo-se dos textos bíblicos, contesta a existência dos fenômenos mediúnicos.
Diz Léon Denis que o profetismo em Israel, de Moisés a Jesus, foi um dos fenômenos transcendentais mais notáveis da História. A origem do profetismo ali foi assinalada por imponente manifestação relatada pelo Antigo Testamento. Moisés havia escolhido 70 anciãos e, quando os colocou ao redor do tabernáculo, Jeová, um dos protetores espirituais do povo judeu e de Moisés em particular, revelou sua presença em uma nuvem.
Moisés era, como ninguém ignora, médium vidente e auditivo, e foi graças a tais faculdades que ele pôde ver e ouvir Jeová na sarça do Horeb e no monte Sinai. Os fenômenos mediúnicos em sua vida foram, por causa disso, numerosos e expressivos. O condutor dos hebreus ouvia vozes quando se inclinava diante do propiciatório da arca da aliança. Recebeu no Sinai, escritas na lápide, as tábuas da lei. Magnetizador poderoso, fulminou com uma descarga fluídica os hebreus revoltados no deserto. Médium inspirado, entoou um maravilhoso cântico logo após a derrota de Faraó. E apresentou ainda um gênero especial de mediunidade – a transfiguração luminosa – quando, ao descer do Sinai, trazia na fronte uma auréola de luz.
Samuel, outro profeta judeu, quando dormia no templo foi muitas vezes despertado por vozes que o chamavam, falavam-lhe no silêncio da noite e anunciavam-lhe as coisas futuras.
Esdras reconstituiu integralmente a Bíblia que se havia perdido, com o auxílio de um Espírito.
Todo o livro de Jó está repleto de elucidações e inspirações mediúnicas e sua própria vida, atormentada por Espíritos infelizes, é um assunto que merece estudos acurados.
A história da mediunidade dos profetas judeus atingiu a sua culminância com a vinda de Jesus. A passagem do Mestre pela Terra revela, a cada hora, o seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os emissários de alta estirpe, seja dirigindo-se aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsessos do caminho, como também na equipe de companheiros, aos quais se apresentou em pessoa, depois da morte. E os próprios discípulos conviveriam com o fenômeno mediúnico, especialmente a partir dos extraordinários acontecimentos registrados no dia de Pentecostes que se comemorou imediatamente após a Páscoa da ressurreição.
Diz Emmanuel que naquele dia, como informa o livro de Atos (cap. 2, versículos 1 a 13), os apóstolos que se mantiveram leais ao Senhor converteram-se em médiuns notáveis, ocasião em que, associadas as suas forças, os emissários espirituais de Jesus produziram, por meio deles, fenômenos físicos em grande quantidade, como sinais luminosos e vozes diretas, além de fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pílulas gramaticais (18)


Dez lembretes que podem ser úteis para quem fala ou escreve:
1. “Havia muitas pessoas no local” e não "Haviam muitas pessoas...”, porque o verbo haver, no sentido de "existir", mantém sempre a forma singular. Em razão disso, devemos dizer sempre: “Houve muitos convidados na festa”, e não “Houveram muitos convidados na festa”. “Pode haver problemas”, e não “Podem haver problemas”.
2.   “A partir de agora vou mudar”, e não “À partir de agora vou mudar”, porque a crase só se compreende quando a palavra que se segue for feminina, esteja ou não oculta. “Partir” é verbo e, portanto, repele o artigo “a”, que forma a crase ao fundir-se com a preposição “a”.
3.   “Isto veio para eu ler”, e não “para mim ler”, porque o pronome pessoal “eu” é o único cabível em construções dessa natureza. Da mesma maneira que ninguém diria: “Isto é para ti fazer”, é impensável dizer: “Isto é para mim fazer”.
4.   Se não houvesse o verbo “ler” na frase mencionada no tópico anterior, aí sim o pronome seria “mim”. Exemplos: “Isto veio para mim”, “Ela enviou esta carta para mim”, da mesma forma que diremos “Isto veio para ti”, “Este e-mail é para ti”.
5.   “Ficamos com um grande dó”, e não “Ficamos com uma grande dó”, porque a palavra “dó” quando feminina significa uma das sete notas musicais.
6.   “Problema” lê-se tal como se escreve: “problema”. Não é poblema nem pobrema, como alguns notórios políticos gostam de falar.
7.   CD-Rom lê-se CD Rom, como pronunciaríamos a palavra Roma sem o “a”. Não é CD-Rum. 
8.   Hall lê-se “ról”, e não “rau” nem “au”.
9.   Em vez de dizer: “Eu vou ESTAR mandando, vou ESTAR passando, vou ESTAR verificando”, como é praxe na fala dos atendentes de telemarketing, digamos de maneira direta e mais simples: “Vou mandar, vou passar, vou verificar”.
10. No uso dos verbos SER e ESTAR no modo subjuntivo, digamos sempre: “Seja o que Deus quiser”, jamais “Seje o que Deus quiser”. Da mesma forma, diga “esteja”, nunca “esteje”.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Além do céu azul


Cínthia Cortegoso
De Londrina-PR

Na época da primavera, parece que o céu se torna mais vivo; pode ser a estação das flores que resplandece também no alto. Foi sob esse céu, no meio da tarde, que o menino descansou a cabeça no colo da mãe e, de sua varanda, se pôs a observar o azul.
- Olha, mãe, as nuvens... que algodão fofo. - o filho falou com entusiasmo.
- Sim, meu filho, realmente parecem algodão branco e fofinho. E veja as belas figuras no céu! - incentivou a mãe.
- Aquele ursinho ao lado da rosa dos ventos... ah, já estão se transformando de novo... - disse o menino.
- O vento está forte, pois de repente as figuras tomam outras formas. É preciso olhar com atenção. - completou a mãe.
O menino parou o olhar e ficou imaginando o que poderia haver além do céu azul.
- Mamãe, será que existe uma fábrica de figuras lá em cima? - perguntou o garotinho.
- Figuras de algodão? - a mãe buscou esclarecimento.
- Sim, mamãe, pois tantas são criadas numa só tarde.
- Meu filho, as nuvens se modificam devido ao sopro do vento e, assim, formam imagens tão variadas. - explicou a mãe.
- Mas são todas muito lindas. Deve existir alguém para criá-las. Eu sei disso. - completou com confiança.
Em meio a tantas indagações, o garotinho, com um enorme brilho no olhar, pareceu desvendar o enigma.
- Eu sabia, mamãe. Há sim um criador para todas elas... para as mais fofinhas, para as maiores, para as menores, para as mais brancas e para as nem tanto assim. Eu sabia. Lembrei.
- Pois então, conte-me o que sabe. - interessou-se a mãe.
Ainda deitado no colo da mãe e olhando maravilhado para o céu, ele explicou:
- Para além desse céu azul - apontando e falando pausadamente - há um criador de todas as figuras... e elas se transformam rápido porque necessitam se desenvolver em melhores e mais bonitas... e como a criação é sempre constante, pois ainda existe muuuuito - enfatiza abrindo os braços - céu para ser preenchido, o criador de todas elas cria, e cria, e cria para dar amparo e oportunidade a todas.
 A mãe observou, espantada, o pequeno que falava com tanta segurança.
- E ainda, mamãe, muitos lugares não só daqui da Terra são ocupados por essas figuras fofinhas, mas muitos outros em volta, acima e em outras direções. - completou o menino.
- Quem te falou isso, filho? - perguntou a mãe já um pouco intrigada.
- Meu amigo, mãe.
- Que amigo? - mais intrigada ainda.
- Meu amigo de branco, que há muito me conta como são os outros mundos e traz um monte de conselho bom e alegre.
- Filho, quem é esse amigo? -  a mãe já estava preocupada.
- Ele está sempre comigo... e não só ele. - o menino explicava, porém com um pouquinho de medo dos olhos assustados da mãe. Continuou. - Os seus amigos também me contam sobre os outros lugares, mamãe. - o menino observava o olhar materno. - Ele disse que é um anjo e como sempre está de branco e é meio fofinho, sei que ele é do céu como as nuvens de algodão.
O sol já baixava quando os dois se levantaram e entraram para o jantar.  


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os dramas obscuros da obsessão decorrem da mente enfermiça


Levamos a efeito nesta noite, como ocorre semanalmente às terças-feiras, mais uma etapa do estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz (Espírito), obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Foram estas as questões examinadas na reunião:
1. A cura de Pedro (o ex-médico vítima da possessão) poderia vir logo?
2. Após a cura, ver-se-iam ainda alguns resquícios da possessão?
3. Por que, na mediunidade torturada, o médium retrata os desequilíbrios do Espírito que o persegue?

*

Depois de rápido debate em torno das questões citadas, foram apresentadas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e estudo do texto-base relativo à temática da noite.
Eis as respostas dadas às questões mencionadas:

1. A cura de Pedro (o ex-médico vítima da possessão) poderia vir logo?
A esta pergunta feita por André Luiz, Aulus respondeu: "Isso dependerá muito dele e da vítima com quem se encontra endividado. A assimilação de princípios mentais renovadores determina mais altas visões da vida. Todos os dramas obscuros da obsessão decorrem da mente enfermiça. Aplicando-se com devotamento às novas obrigações de que será investido, caso persevere no campo de nossa Consoladora Doutrina, sem dúvida abreviará o tempo de expiação a que se acha sujeito, de vez que, em se convertendo ao bem, modificará o tônus mental do adversário, que se verá arrastado à própria renovação pelos seus exemplos de compreensão e renúncia, humildade e fé". (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 9, pp. 84 e 85.)

2. Após a cura, ver-se-iam ainda alguns resquícios da possessão?
Sim. De acordo com as explicações de Aulus, depois de se extinguirem os acessos da possessão, Pedro sofreria os reflexos do desequilíbrio em que se envolveu, a se exprimirem nos fenômenos mais leves da epilepsia secundária, que emergiriam, por algum tempo, ante as simples recordações mais fortes da luta que vem atravessando, até o integral reajuste do corpo perispirítico. As sementes de luz jamais se perdem. Com o esforço da vontade é possível apressar a solução de muitos enigmas e reduzir muitas dores. "Os médiuns que hoje se enlaçam a tremendas provas, se persistirem na plantação de melhores destinos, transformar-se-ão em valiosos trabalhadores no futuro que a todos aguarda em abençoadas reencarnações de engrandecimento e progresso...", ajuntou o instrutor. "O problema é de aprender sem desanimar e de servir ao bem sem esmorecer." (Obra citada, cap. 9, pp. 84 e 85.)

3. Por que, na mediunidade torturada, o médium retrata os desequilíbrios do Espírito que o persegue?
Segundo Aulus, nos transes em que se efetua a junção mais direta, entre o médium e o perseguidor dementado, o primeiro cai em profunda hipnose, qual acontece à pessoa magnetizada, nas demonstrações comuns de hipnotismo, e passa, de imediato, a retratar os desequilíbrios da entidade desencarnada. (Obra citada, cap. 10, pp. 89 e 90.)

*

Na terça-feira da próxima semana apresentaremos neste Blog o resumo da matéria estudada, para que os interessados, se o desejarem, possam acompanhar os estudos realizados.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

As mais lindas canções que ouvi (2)


Um Homem Também Chora (guerreiro menino)

Gonzaguinha

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas...
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura...
Guerreiros são pessoas
Tão fortes, tão frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito...
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sono
Que os tornem refeitos...
É triste ver meu homem
Guerreiro menino
Com a barra do seu tempo
Por sobre seus ombros...
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que tem no peito
Pois ama e ama...
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho...
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata...
Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz...
É triste ver meu homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros...
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que tem no peito
Pois ama e ama...
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho...
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata...
Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz...
Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz...

Clicando neste link você poderá também ouvir a canção ora descrita: http://www.youtube.com/watch?v=LxXRGbxktwU&feature=player_embedded


domingo, 23 de setembro de 2012

Alguém já voltou para dizer se a vida continua?


Na época em que escrevíamos uma coluna semanal sobre Espiritismo no jornal Folha de Londrina, o colunista social daquele periódico, cuja coluna ficava ao lado da nossa, costumava dizer, falando a respeito da morte, que ninguém até então havia voltado para dizer se a vida continua, uma frase que algumas pessoas repetem pensando dessa forma desautorizar os que pensam diferentemente.
Será que ninguém jamais voltou para dizer se a vida continua?
É evidente que sim, e é precisamente isso que deu e continua a dar força ao Espiritismo, porque os princípios espíritas não se baseiam em opiniões nem em concílios, mas em fatos, como os que o professor Carlos Augusto Perandréa mostrou em suas pesquisas sobre mensagens psicografadas por Chico Xavier, do que resultou um trabalho científico inédito até aquela oportunidade, publicado inicialmente na revista científica Semina, da Universidade Estadual de Londrina, e depois transformado no livro “A Psicografia à Luz da Grafoscopia”.
Nesse trabalho, o autor comprovou a realidade das comunicações mediúnicas comparando a letra padrão do indivíduo antes da morte com sua assinatura aposta na mensagem psicografada, chegando desse modo, por meio de análises técnicas, à verificação da autenticidade gráfica.
Sim, os Espíritos têm retornado do mundo espiritual e trazido notícias sobre a vida extrafísica, na qual, segundo dizem, são muitas as ocupações e missões a desempenhar. Além do trabalho de se melhorarem pessoalmente, incumbe-lhes a importante tarefa de executar a vontade de Deus, concorrendo, desse modo, para a harmonia do Universo.
A ocupação dos Espíritos, ensina o Espiritismo, é contínua, mas nada tem de penosa, uma vez que não estão sujeitos à fadiga nem às necessidades próprias da vida terrena. E, curiosamente, até os Espíritos inferiores e imperfeitos desempenham funções úteis no mundo em que vivem, embora às vezes não tenham consciência disso.
Os Espíritos precisam, de acordo com os ensinamentos espíritas, percorrer todos os graus da escala evolutiva para se aperfeiçoarem. Devem, portanto, habitar em toda parte e adquirir pelo estudo e pela experiência o conhecimento de todas as coisas.
Há, no entanto, tempo para tudo e cada coisa vem no seu momento próprio, de modo que a experiência por que um Espírito está passando hoje, um outro já superou e outros deverão mais tarde enfrentar.
As missões dos Espíritos objetivam sempre o bem. Estando encarnados ou desencarnados, são eles incumbidos de auxiliar o progresso da Humanidade, dos povos ou dos indivíduos, dentro de um círculo de ideias mais ou menos amplas, mais ou menos especiais, cabendo-lhes ainda velar pela execução de determinadas coisas.
Alguns desempenham missões mais restritas e, de certo modo, pessoais ou inteiramente locais, como assistir os enfermos, os agonizantes, os aflitos, velar por aqueles de quem se constituíram guias e protetores, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons pensamentos.
Há tantos gêneros de missões quantas as espécies de interesses a resguardar, tanto no mundo físico como no moral, e o Espírito se adianta conforme a maneira pela qual desempenha sua tarefa.
No tocante ao mundo dos encarnados, os Espíritos se ocupam com as coisas que nos dizem respeito de conformidade com o grau de evolução em que se acham. Os superiores só se ocupam com o que seja útil ao progresso. Os inferiores se ligam mais às coisas materiais e delas se ocupam.
A felicidade dos Espíritos bem-aventurados não consiste, pois, na ociosidade contemplativa, que seria uma eterna e fastidiosa inutilidade. Suas atribuições são proporcionadas ao seu grau evolutivo, às luzes que possuem, à sua capacidade, experiência e ao grau de confiança que inspiram ao Supremo Criador.
Ao lado das grandes missões confiadas aos Espíritos superiores, existem outras de importância relativa, concedidas a Espíritos de todas as categorias, podendo afirmar-se que cada encarnado tem a sua, ou seja, tem deveres a cumprir, a bem do semelhante, desde o chefe de família, a quem incumbe o progresso dos filhos, até o homem de gênio que lança às sociedades novos germens do progresso.
Por toda a parte, como se vê, a atividade é constante, da base ao ápice da escala, o que enseja a todos, sem nenhuma exceção, oportunidade de instruir-se e alcançar a meta, que é a perfeição relativa que todos nós podemos atingir.


sábado, 22 de setembro de 2012

Pérolas literárias (2)


Tênue


          Cínthia Cortegoso
           De Londrina-PR

O retrato parece vida na lembrança.
O papel da imagem está gasto,
mas a mão o acaricia.
Os olhos lacrimejados
trazem a saudade
de não mais por agora
sentir nos braços o calor;
mas nasce a alegria
de que o reencontro
se tem na alma...
para sempre...
por toda a vida.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O aborto e suas consequências


No momento em que o Poder Legislativo de nosso país se mostra claramente favorável à liberação do aborto, um amigo nos pergunta: Como devemos encarar a prática abortiva?
A visão espírita acerca do assunto é bastante clara.
Uma mãe ou quem quer que seja cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, porque impedirá ao reencarnante passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.   
Podem-se destacar três erros no procedimento dessas mães:
Primeiro: Impede que um Espírito reencarne e, por conseguinte, progrida.
Segundo: Recusa a chegada de um filho que talvez represente o instrumento que Deus tenha dado aos pais para ajudá-los na jornada evolutiva, por meio dos cuidados, das renúncias, das preocupações e trabalhos que teriam.
Terceiro: Transgride o mandamento bíblico “Não matarás”, sem dar à vítima a menor chance de defesa.         
Em muitos países, o aborto sem causa justa  – e por causa justa devemos considerar tão-somente o chamado aborto terapêutico, que objetiva salvar a vida da gestante – encontra amparo na lei, mas, de acordo com a Doutrina Espírita, ele jamais encontrará justificativa perante Deus, a não ser em casos especialíssimos, como o citado, em que o médico honrado, sincero e consciente entende que a continuação da gravidez põe em perigo a vida da gestante.
Por causa dos efeitos que produz, o aborto delituoso é causa de inúmeras moléstias de etiologia obscura e de processos obsessivos lamentáveis, de tratamento e cura difíceis.
Segundo Joanna de Ângelis, a mulher que o promove ou que venha a coonestar semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se a dolorosas enfermidades, como a metrite, o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino ou a tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais, muita vez, desencarna, demandando o Além para responder perante a Justiça divina pelo crime praticado.

A nossa programação a partir desta semana


A nossa programação a partir da última 2ª feira, dia 17 de setembro, vem apresentando um conteúdo diferente do observado anteriormente, o qual esperamos manter ao longo do ano.
Eis os assuntos pertinentes aos textos postados a cada dia:
2ª feira – As mais lindas canções que ouvi
3ª feira – Estudo do livro “Nos Domínios da Mediunidade”, de André Luiz
4ª feira – Texto dos colaboradores Cínthia Cortegoso e/ou Gebaldo José de Sousa
5ª feira – Pílulas gramaticais
6ª feira – Questões doutrinárias em resposta a perguntas de leitores
Sábado – Pérolas literárias (sonetos e outras formas poéticas)
Domingo – Texto próprio sobre temas espíritas.
Esperamos que a diversidade dos assuntos aqui apresentados atenda melhor à expectativa daqueles que nos honram com sua atenção.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pílulas gramaticais (17)


Qual é o correto: “O show contou com as presenças de Gil e Caetano” ou “O show contou com a presença de Gil e Caetano”?
A regra, pouco conhecida de todos, recomenda que, quando uma propriedade se refere a duas ou mais pessoas, a palavra que a designa deve ficar no singular.
Eis alguns exemplos:
- O show contou com a presença de Gil e Caetano. (E não: ........ as presenças.)
- A polícia apurou a identidade dos mortos.
- No domingo ocorre a volta de Renato e Roger ao time do Flamengo.
- Todos aguardam o comparecimento do prefeito e do governador.
- O time sentiu a ausência de João e Thiago.

*

Algo parecido ocorre quando nos referimos às partes do corpo de um grupo de pessoas, as quais devem ficar no singular:
- Todos os presentes balançaram a cabeça. (E não: ......... as cabeças.)
- O coração dos brasileiros pulsou acelerado na hora do pênalti.
- Todos os alunos daquela escola tiveram problemas no estômago.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os sãos não precisam de médico


Gebaldo José de Sousa
De Goiânia-GO 

Em belíssimo Seminário Lítero-Musical – registrado em DVD –, o conferencista espírita Dr. Haroldo Dutra Dias, de Belo Horizonte (MG), estuda o livro A Caminho da Luz, de Emmanuel, Espírito, psicografado pelo médium Francisco C. Xavier e editado pela FEB.
Nele, o autor salienta que Jesus veio à Terra em meio aos judeus, por serem eles – dentre os quatro povos exilados de um dos orbes da estrela Capela: Egípcios, Indianos; Judeus e Arianos – o grupo mais rebelde, mais endividado, mais orgulhoso.
Todos os exilados aqui reencarnaram “(...) no seio das raças ignorantes e primitivas (descendentes dos primatas), a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.” É desse paraíso perdido que nos fala a Bíblia.
Deram origem às raças brancas, eis que aqui já se encontravam as raças negra (África) e amarela (Ásia).
No livro, diz-nos Emmanuel: “Aqueles seres decaídos (...) reuniram-se em quatro grandes grupos (...) obedecendo às afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação do Cocheiro (...) formaram desse modo o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia.”
Os egípcios possuíam menos débitos diante da Justiça Divina e foram os primeiros (todos eles – afirma Emmanuel) a retornarem à pátria de origem.
Na Índia, fixaram-se os arianos e, ainda que hajam antecedido de muito os israelitas “(...) o povo hindu, embora as suas tradições de espiritualidade, deixou crescer no coração o espinho do orgulho que, aliás, dera motivo ao seu exílio na Terra.”
Após conquistarem as planícies hindus, expandiram-se para as terras da futura Europa, formando, entre outros, os gregos, os italianos, os franceses e os germânicos.
“Enquanto os semitas e hindus se perderam na cristalização do orgulho religioso, as famílias arianas da Europa, embora revoltadas e endurecidas, confraternizaram com o selvagem e nisso reside a sua maior virtude.”
O fato de Jesus vir ao mundo no seio da raça judia comprova que o Mestre realmente veio para os doentes, como assinala o título deste artigo.
Não só por comprovar o fato de que Jesus vivencia o que ensina, o Seminário deve ser visto e revisto, e lido e estudado o livro que o inspirou, eis que conta a História da Humanidade, à luz da Doutrina Espírita. Podem-se ver excertos do Seminário acima indicado no You Tube.

*

Nos Estados Unidos, há bela obra, iniciada em 1917, pelo sacerdote irlandês Edward Joseph Flanagan (foto). O filme “Boys Town” (De braços abertos), de 1938, inspirado em suas ações, retrata a vida desse homem que amparou tantas crianças.
Na juventude, assistimos ao filme e jamais nos esquecemos daquele eminente educador; e recentemente adquirimos DVD do filme. No papel de Flanagan atuou o extraordinário ator Spencer Tracy.
Eis sua sinopse:
“O padre Edward Flanagan, ouve o desabafo de um condenado, a menos de uma hora de sua execução. Este assume que errou, mas que isso foi consequência de uma vida muito dura desde garoto; e que agora o Estado, que nunca o amparou, irá lhe tirar a vida.
Flanagan sempre acreditou que nenhuma criança nasce má e, com essa filosofia, resolve assumir a guarda de alguns garotos que seriam mandados para instituições que os deixariam mais criminosos, em vez de lhes dar amor e educação.
(...) Inicialmente eram poucas crianças, mas o grupo cresce e logo ele concretiza o sonho: fazer uma grande comunidade em Omaha, Nebraska, onde os meninos elegeriam dentre eles, um prefeito, que seria responsável pelo cumprimento das normas da comunidade.”
Colhemos na Internet algumas informações, aqui resumidas, sobre as atividades desse notável cristão:
Edward Joseph Flanagan (13.07.1886 – 15.05.1948) nasceu em Roscommon, Irlanda. Em 1904 emigrou para os Estados Unidos, onde foi ordenado padre, em 1912.
Sempre se preocupou em melhorar as condições de vida dos inadaptados à sociedade. Percebeu que a forma ideal de reformá-la era redimir os mais rebeldes. Iniciou suas atividades com cinco jovens sem lar, encaminhados pelos tribunais tutelares ou recolhidos pelas ruas.
Ampliou suas atividades, ao comprar uma granja próxima à cidade de Omaha e mudou-se para lá, passando a chamá-la ‘Cidade dos Meninos’ (Boys Town). Entendia que a readaptação dos jovens à sociedade só se daria se conseguisse inocular neles o espírito de responsabilidade. E ali implantou o sistema de autogoverno, onde os próprios adolescentes elegiam seus líderes, elaboravam as leis e se incumbiam de cumpri-las.
O Padre Flanagan só intervinha nos casos de maior gravidade. Obteve muitos êxitos educativos na Cidade dos Meninos. Grande número de jovens ali recuperados destacou-se na sociedade americana. Em 1938 a cidade foi divulgada mundialmente, através do filme a que nos referimos.
Em 1935 o governo dos Estados Unidos reconheceu a Cidade dos Meninos como Município autônomo, sujeito ao ordenamento jurídico daquele país.
Padre Flanagan trabalhou incansavelmente no acolhimento e educação de  crianças rebeldes, até sua morte, em 1948. A Cidade dos Meninos (The Boys Town), como é conhecida sua instituição nos Estados Unidos, desenvolveu-se e hoje, em todo o país, é a maior instituição religiosa dedicada ao cuidado de crianças e famílias através do tratamento de problemas comportamentais, emocionais e físicos.
Como vimos, o inspiradíssimo Padre Flanagan também priorizou o atendimento aos doentes, com extraordinários resultados. Fez-se amado pelas crianças, às quais devotou boa parte de sua vida, de suas energias, legando-nos exemplos vivos de real fraternidade!


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Ninguém ilude a justiça divina


Realizamos nesta noite, como fazemos todas as terças-feiras, mais uma etapa do estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz (Espírito), psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Eis as questões examinadas na reunião:
1. No fenômeno da possessão, que é que se observa no paciente?
2. A oração pode ajudar de algum modo em casos assim?
3. Onde se radicava a causa da obsessão sofrida por Pedro?

*

Após ligeiro debate em torno das questões citadas, foram apresentadas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e estudo do texto-base pertinente à matéria da noite.
Eis as respostas dadas às questões mencionadas:
1. No fenômeno da possessão, que é que se observa no paciente?
Primeiro, ele fica incapaz de qualquer domínio sobre si mesmo. No caso de Pedro (o obsidiado), Aulus informou: "Todas as células do córtex sofrem o bombardeio de emissões magnéticas de natureza tóxica. Os centros motores estão desorganizados. Todo o cerebelo está empastado de fluidos deletérios. As vias do equilíbrio aparecem completamente perturbadas". Pedro não dispunha de controle para governar-se, nem de memória comum para registrar a ocorrência. Mas isso somente no setor da forma de matéria densa, visto que, em espírito, ele arquivava todas as particularidades da situação em que se encontrava, de modo a enriquecer o patrimônio das próprias experiências.
Aulus, o Assistente, explicou que estavam diante de um transe mediúnico de baixo teor, embora na linguagem médica o fato constituísse um ataque epiléptico, porquanto ali se via a associação de duas mentes desequilibradas, a prender-se às teias do ódio recíproco. Era assim que Pedro se achava, nas regiões inferiores, antes da presente reencarnação. Havendo por muitos anos rolado, ele e o adversário, nas zonas purgatoriais, em franco duelo, tinha ele melhorado e os reencontros de ambos eram mais espaçados. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 9, págs. 79 a 81.)
2. A oração pode ajudar de algum modo em casos assim?
Sim. E foi isso que a médium Celina, percebendo a dificuldade para atingir o obsessor com a palavra falada, buscou, com o auxílio de Aulus. Formulou, então, vibrante prece, implorando a Compaixão Divina para os infortunados companheiros que ali se digladiavam inutilmente. As palavras da médium libertaram jactos de força luminescente a lhe saltarem das mãos e a envolverem em sensações de alívio os participantes do conflito. O perseguidor, qual se houvesse aspirado alguma substância anestesiante, se desprendeu automaticamente da vítima, que repousou, enfim, num sono profundo e reparador. O obsessor foi, então, conduzido, semiadormecido, a um local de emergência e Dona Celina ofereceu um pouco d'água fluidificada à chorosa e assustadiça genitora do enfermo.
Aludindo ao fenômeno que haviam presenciado, o Assistente mostrou a Hilário a importância da frequência daquele rapaz naquela Casa, onde, aos poucos, recolheria forças para refazer-se, do mesmo modo que uma planta raquítica encontra estímulo para a sua restauração no adubo que lhe oferecem. "Dia a dia, ao contacto de amigos orientados pelo Evangelho, ele e o desafeto – esclareceu Aulus – incorporarão abençoados valores em matéria de compreensão e serviço, modificando gradativamente o campo de elaboração das forças mentais. Sobrevirá, então, um aperfeiçoamento de individualidades, a fim de que a fonte mediúnica surja, mais tarde, tão cristalina quanto desejamos. Salutares e renovadores pensamentos assimilados pela dupla de sofredores em foco expressam melhoria e recuperação para ambos, porque, na imantação recíproca em que se veem, as ideias de um reagem sobre o outro, determinando alterações radicais." (Obra citada, cap. 9, págs. 81 e 82.)
3. Onde se radicava a causa da obsessão sofrida por Pedro?
Pedro estava preso a significativo montante de débitos com o passado. Como sabemos, ninguém pode avançar livremente para o amanhã sem solver os compromissos do passado. Por esse motivo, ele trazia consigo aflitiva mediunidade de provação. "É da Lei que ninguém se emancipe sem pagar o que deve. A rigor, por isso, deve ser encarado como enfermo, requisitando carinho e tratamento", asseverou Aulus.
Em seguida, tocando a fronte de Pedro, auscultou-a demoradamente e, decorridos alguns instantes de silêncio, informou que o verdugo de hoje fora vítima ontem. Na derradeira metade do século findo, Pedro era um médico que abusava da missão de curar. Uma análise mental particularizada identificá-lo-ia em numerosas aventuras menos dignas. O perseguidor que presentemente lhe domina as energias era-lhe irmão consanguíneo, cuja esposa nosso amigo doente de agora procurou seduzir. Para isso, insinuou-se de formas diversas, além de prejudicar o irmão em todos os seus interesses econômicos e sociais, até incliná-lo à internação num hospício, onde estacionou por muitos anos, aparvalhado e inútil, à espera da morte.
Desencarnando e encontrando-o na posse da mulher, desvairou-se no ódio de que passou a nutrir-se. Martelou-lhes, então, a existência e aguardou-os, além-túmulo, onde os três se reuniram em angustioso processo de regeneração. A companheira, menos culpada, foi a primeira a retornar ao mundo, onde mais tarde recebeu o médico delinquente nos braços maternais, como seu próprio filho, purificando o amor de sua alma. O irmão atraiçoado de outro tempo, todavia, ainda não encontrara forças para modificar-se e continuava vampirizando-o, obstinado no ódio a que se rendeu impensadamente.
Resumido o caso de Pedro, o Assistente concluiu: "Penetramos forçosamente no inferno que criamos para os outros, a fim de experimentarmos, por nossa vez, o fogo com que afligimos o próximo. Ninguém ilude a justiça. As reparações podem ser transferidas no tempo, mas são sempre fatais". (Obra citada, cap. 9, págs. 82 e 83.)

*

Na próxima terça-feira apresentaremos neste Blog a síntese da matéria estudada, para que os interessados, se assim o desejarem, possam acompanhar os estudos realizados.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

As mais lindas canções que ouvi (1)


Eu sei que vou te amar

Vinícius de Moraes e Tom Jobim


Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar
E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida



Clicando no link correspondente você poderá ouvir a canção na interpretação dos intérpretes abaixo:
Maysa Matarazzo: https://www.youtube.com/watch?v=N7vwwOCrAso
Ivete Sangalo: https://www.youtube.com/watch?v=68nUUP5LYM4
Tom Jobim: https://www.youtube.com/watch?v=qLO7eRHIZeY



domingo, 16 de setembro de 2012

Como neutralizar uma influência espiritual ruim?


As influências que os desencarnados exercem sobre a criatura humana são conhecidas de todos, espíritas e não-espíritas.
Lemos na questão 459 de “O Livro dos Espíritos”: – Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Resposta: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
Na Revista Espírita de 1858, Kardec relata o caso ocorrido com o jovem F..., um moço instruído, de educação esmerada e caráter suave e benevolente, que sofrera um doloroso processo de fascinação.
A cura do rapaz só ocorreu quando, por sugestão do Espírito de seu pai, ele procurou Allan Kardec. “Sofres uma rude prova, que será para teu bem no futuro, mas nada posso fazer para te libertar”, dissera-lhe o genitor. Kardec o ajudou e disse que o rapaz aceitou o conselho dos Espíritos, de entregar-se a um trabalho rude, que não lhe deixasse tempo para ouvir as sugestões más. O Espírito que atuava sobre F... no final acabou confessando-se vencido e exprimiu o desejo de progredir.
Comentando o caso, Kardec disse o seguinte:
1. Os Espíritos exercem sobre os homens uma influência salutar ou perniciosa; não é preciso, para isto, ser médium.
2. Não havendo a faculdade, eles agem de mil e uma maneiras.
3. A influência dos Espíritos sobre nós é constante, e todos acham-se expostos a ela, quer acreditem ou não.
4. Afirma Kardec que três quartas partes de nossas ações más e de nossos maus pensamentos são frutos dessa sugestão oculta.
5. Não há outro critério, senão o bom senso, para discernir o valor dos Espíritos. Qualquer fórmula dada para esse fim pelos próprios Espíritos é absurda e não pode emanar de Espíritos superiores.
6. Os Espíritos inferiores receiam os que lhes analisam as palavras, desmascaram as torpezas e não se deixam prender por seus sofismas.
Segundo o Espiritismo, a influência espiritual pode, pois, como vimos acima, ser boa ou má, oculta ou ostensiva, fugaz ou duradoura, mas, em qualquer situação, só se concretiza por meio da sintonia que se estabelece entre nós e eles.
Em muitos dos pensamentos que temos surgem-nos em determinadas situações ideias diferentes sobre o mesmo assunto e, por vezes, ideias que se contradizem. Com certeza nesses momentos estamos sendo alvo da influenciação dos Espíritos, fato que nem todos percebemos, especialmente quando ela se dá de forma sutil e oculta, como se verificou no conhecido caso Custódio Saquarema, relatado pelo Espírito de Humberto Campos em seu livro "Cartas e Crônicas", psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Uma forma de distinguir nossos pensamentos dos que nos são sugeridos é compreender que, normalmente, pertence a nós o primeiro pensamento que nos ocorre. Mas o mais importante é saber que, independentemente de sugestões ou não, a responsabilidade pelos atos é nossa, cabendo-nos o mérito pelo bem que daí resultar ou o demérito se a ação for negativa.
Allan Kardec explica, numa nota à questão 462 de “O Livro dos Espíritos”, que nem sempre é possível fazer essa distinção, e assim o justifica: “Se fosse útil pudéssemos claramente distinguir nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos, Deus nos teria dado o meio, assim como nos dá o de distinguir entre o dia e a noite”. “Quando algo fica impreciso, é que assim convém ao nosso benefício.”
Como então neutralizar tais influências?
A resposta a essa pergunta é simples e o Espiritismo no-la fornece com toda a clareza possível. Eis o que, a respeito do assunto, ensinaram os Espíritos Superiores (O Livro dos Espíritos, item 469):
“Fazendo o bem e pondo a vossa confiança em Deus, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e destruireis o domínio que sobre vós tentam exercer.
Guardai-vos de escutar as sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que vos insuflam a discórdia e que vos induzem às más paixões.
Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, pois que vos apanham pelo ponto fraco. Por isso Jesus vos faz repetir na Oração Dominical: Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”
É interessante também que o leitor leia com atenção o que ensina a questão 122 “b” de “O Livro dos Espíritos”, que nos assegura que os maus Espíritos desistem de obsidiar as pessoas que conseguem elevar-se moralmente e, dessa forma, conquistam o autodomínio, o equilíbrio, a harmonia interior que caracterizam o verdadeiro homem de bem.

sábado, 15 de setembro de 2012

Pérolas literárias (1)


Os pratos de Vovó

Antonio Roberto Fernandes

A minha avó guardava, com alegria,
muitos pratos, lindíssimos, de louça
que ganhou de presente, quando moça,
e que esperava usar - quem sabe? - um dia.

Mas a vida passando tão insossa
e nada de importante acontecia
e ninguém pra jantar aparecia
que compensasse abrir o guarda-louça.

Vovó morreu. Dos pratos coloridos
que hoje estão quebrados e perdidos
ela jamais usou sequer um só.

Assim também meus sonhos, tão guardados,
terão, por nunca serem realizados,
o mesmo fim dos pratos de vovó.


Do livro Os pratos de Vovó, 1ª edição, publicada em 2001, pág. 75, de Antonio Roberto Fernandes, de Campos dos Goytacazes, RJ.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Reencarnação e ressurreição são coisas diferentes


Adilson dos Reis nos pergunta se existe diferença de conteúdo entre os vocábulos ressurreição e reencarnação?
Sim, há grande diferença entre um vocábulo e outro, embora no passado o mesmo vocábulo tenha sido utilizado para significar tanto a ressurreição quanto a reencarnação ou palingenesia.
A reencarnação, como sabemos, fazia parte dos dogmas dos judeus sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, seita judia formada por Sadoc por volta do ano 248 a.C., cuja crença era a de que tudo acabava com a morte, não acreditavam nisso.
Os judeus acreditavam firmemente que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam, porém, com o vocábulo ressurreição o que o Espiritismo chama de reencarnação, uma palavra até então inexistente.  
Ressurreição diz respeito ao corpo de alguém que morreu. A palavra pode assim aplicar-se a Lázaro e à filha de Jairo, mas não a Elias, nem aos outros profetas que viveram na Terra muitos séculos antes do advento de Jesus. Se é possível a ressurreição nas chamadas mortes aparentes, que é certamente o que ocorreu com Lázaro, ressuscitar um corpo que já se acha com seus elementos dispersos ou absorvidos é cientificamente impossível.
Reencarnação é outra coisa. É a volta do Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo formado especialmente para ele e que nada tem de comum com o antigo.
Quando Jesus disse a Nicodemos: “Em verdade, em verdade, te digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”, ante a estranheza do senador dos judeus que não entendia como tal situação poderia ocorrer, Jesus replicou como que surpreendido: “Como pode isso fazer-se? Pois quê! és mestre em Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade que não dizemos senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão do que temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso testemunho. Mas, se não credes, quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis, quando vos falo das coisas do céu?” (João, 3:1 a 12.)
Quando Jesus disse que Elias já viera e, em seguida, explicou que ele e João Batista eram a mesma pessoa, ele estava se referindo não à ressurreição, mas à reencarnação de Elias, visto que o grande profeta vivera vários séculos antes do Cristo e que João fora visto menino e, por sinal, era seu primo.
A reencarnação constitui um dos princípios fundamentais do Espiritismo, que a apresenta como um dos fatores indispensáveis ao progresso dos Espíritos.