quarta-feira, 31 de julho de 2019




No caminho do amor

Irmão X

Em Jerusalém, nos arredores do Templo, adornada mulher encontrou um nazareno, de olhos fascinantes e lúcidos, de cabelos delicados e melancólico sorriso, e fixou-o estranhamente.
Arrebatada na onda de simpatia a irradiar-se dele, corrigiu as dobras da túnica muito alva, colocou no olhar indizível expressão de doçura e, deixando perceber, nos meneios do corpo frágil, a visível paixão que a possuíra de súbito, abeirou-se do desconhecido e falou, ciciante:
– Jovem, as flores de Séforis encheram-me a ânfora do coração com deliciosos perfumes. Tenho felicidade ao teu dispor, em minha loja de essências finas...
Indicou extensa vila, cercada de rosas, à sombra de arvoredo acolhedor, e ajuntou:
– Inúmeros peregrinos cansados me buscam à procura do repouso que reconforta. Em minha primavera juvenil, encontram o prazer que representa a coroa da vida. É que o lírio do vale não tem a carícia dos meus braços e a romã saborosa não possui o mel dos meus lábios. Vem e vê! Dar-te-ei leito macio, tapetes dourados e vinho capitoso... Acariciar-te-ei a fronte abatida e curar-te-ei o cansaço da viagem longa! Descansarás teus pés em água de nardo e ouvirás, feliz, as harpas e os alaúdes de meu jardim. Tenho a meu serviço músicos e dançarinas, exercitados em palácios ilustres!...
Ante a incompreensível mudez do viajor, tornou, súplice, depois de leve pausa:
– Jovem, por que não respondes? Descobri em teus olhos diferente chama, e assim procedo por amar-te. Tenho sede de afeição que me complete a vida. Atende! atende!...
Ele parecia não perceber a vibração febril com que semelhantes palavras eram pronunciadas e, notando-lhe a expressão fisionômica indefinível, a vendedora de essências acrescentou um tanto agastada:
– Não virás?
Constrangido por aquele olhar esfogueado, o forasteiro apenas murmurou:
– Agora, não.  Depois, no entanto, quem sabe?!...
A mulher, ajaezada de enfeites, sentindo-se desprezada, prorrompeu em sarcasmos e partiu...
Transcorridos dois anos, quando Jesus levantava paralíticos, ao pé do tanque de Betesda, venerável anciã pediu-lhe socorro para infeliz criatura, atenazada de sofrimento. O Mestre seguiu-a, sem hesitar.
Num pardieiro denegrido, um corpo chagado exalava gemidos angustiosos. A disputada mercadora de aromas ali se encontrava carcomida de úlceras, de pele enegrecida e rosto disforme. Feridas sanguinolentas pontilhavam-lhe a carne, agora semelhante ao esterco da terra. Exceção dos olhos profundos e indagadores, nada mais lhe restava da feminilidade antiga. Era uma sombra leprosa, de que ninguém ousava aproximar.
Fitou o Mestre e reconheceu-o. Era o mesmo mancebo nazareno, de porte sublime e atraente expressão.
O Cristo estendeu-lhe os braços, tocado de intraduzível ternura e convidou:
– Vem a mim, tu que sofres! Na casa de Meu Pai, nunca se extingue a esperança.
A interpelada quis recuar, conturbada de assombro, mas não conseguiu mover os próprios dedos, vencida de dor. O Mestre, porém, transbordando compaixão, prosternou-se fraternal, e conchegou-a, de manso...
A infeliz reuniu todas as forças que lhe sobravam e perguntou em voz reticenciosa e dorida:
– Tu?... O Messias nazareno?... O Profeta que cura, reanima, e alivia?!... Que vieste fazer, junto de mulher tão miserável quanto eu?
Ele, contudo, sorriu benevolente, retrucando apenas:
– Agora, venho satisfazer-te os apelos.
E, recordando-lhe as palavras do primeiro encontro, acentuou, compassivo:
– Descubro em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te.

Do livro Contos e Apólogos, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




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terça-feira, 30 de julho de 2019




Suave sakura

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Flor suave, linda, rosa, branca, lilás, calmante e que traz a felicidade, o amor, a renovação, a esperança, assim é a sakura. As flores estavam brilhosas com as gotículas da chuva calma. Essa cerejeira asiática é apaixonante não só para os orientais, mas igualmente para os do ocidente. E a cerejeira mostra que sua formosura é real e por isso encanta desde os pequenos aos vividos, e os valores verdadeiros, em qualquer tempo, serão sempre reconhecidos.
De pureza, de bondade, a sakura transmite essa sensação que aconchega a alma. Traços pequeninos transcendem sua composição. Tão delicada e forte, tão efêmera em sua época e eterna ao espírito este que retém tudo o que o impressiona.
As pessoas leves e direcionadas ao bem se assemelham à sakura. Quando se vê ou sente essa flor, há o interesse em observá-la, conhecê-la, em estar perto sem querer ir embora. Também é dessa forma com os seres de nossa jornada, aqueles com quem convivemos diariamente, que nos reconfortam e tanto nos orientam e nos aconselham. Aqueles seres que simplesmente só nos fazem bem.
Se ainda não se possui a leveza da cerejeira, então que seja possível o despertamento para esse destino e sua, quanto antes, realização. De fato, seres mais suaves, leves e amorosos são muito bem-vindos à vida, pois trazem sempre o convite à felicidade. E como o cheirinho suave e a inconfundível impressão da sakura, os espíritos também deixam na atmosfera toda a sua energia que, de maneira alguma, pode-se disfarçar.
Mesmo naquela tarde com chuvinha ou em tardes brilhantes com céu azul, as flores da cerejeira estão com a simplicidade e a certeza de propiciarem ao planeta a satisfação, a alegria, a calma e a participação na existência com a melhor parte que podem doar.

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segunda-feira, 29 de julho de 2019





Da série de erros frequentes no uso do idioma português, eis mais cinco casos:
1. É bem intenso o ritmo na cidade grande, onde diz-se que tempo é dinheiro.
O correto: É bem intenso o ritmo na cidade grande, onde se diz que tempo é dinheiro.
Explicação: O vocábulo onde atrai o pronome oblíquo “se”, determinando a próclise.
2. O que significa isso, meu amigo?
O correto: Que significa isso, meu amigo?
Explicação: O vocábulo “o” empregado na frase não tem função sintática nenhuma e, portanto, seu uso não se justifica.
Se a oração for afirmativa (O que é o Espiritismo; o que é evangelização; o que é ética), o vocábulo “o” não apenas é cabível, mas necessário. Trata-se um pronome demonstrativo, não um artigo definido.
3. Caro colega, embora tenha prometido-lhe ir, informo que não posso.
O correto: Caro colega, embora lhe tenha prometido ir, informo que não posso.
Explicação: A conjunção subordinativa “embora” atrai o pronome “lhe”, determinando a próclise. Além disso, muitos gramáticos entendem que não cabe ênclise em se tratando de particípio.
4. Não sei se o vestido serve, porquê é bem curto.
O correto: Não sei se o vestido serve, porque é bem curto.
Explicação: Quando na função de conjunção, o vocábulo porque não leva acento gráfico. O acento só cabe quando a função é de substantivo: “Não sei o porquê disso”.
5. Porque você jamais me escreve?
O correto: Por que você jamais me escreve?
Explicação: Na oração interrogativa usa-se “por que”, que equivale à expressão “por que motivo”. O vocábulo “porque” é uma conjunção e estaria bem aplicado se, em resposta à pergunta transcrita neste exemplo, a pessoa escrevesse: “Jamais lhe escrevi porque não tinha seu endereço”.




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domingo, 28 de julho de 2019





A morte, atestam os fatos, é apenas uma passagem

Algum tempo atrás, o Jornal de Espiritismo, publicado em Portugal, entrevistou o psicólogo inglês David G. J. Fontana (1934-2010), então um dos mais conceituados cientistas em atividade na Inglaterra e, naquela oportunidade, vice-presidente da Society for Physical Research e presidente do Survival Research Commitee, que se dedica à pesquisa da sobrevivência. Ambas as instituições têm sede na cidade de Londres.
A entrevista com David G. J. Fontana levou-nos a recordar outra personalidade importante no campo da pesquisa dos fenômenos paranormais, o padre François Brune, autor do livro Os Mortos nos Falam, publicado no Brasil pela Edicel.
Na introdução do seu livro, François Brune diz que é incompreensível o silêncio, o desdém e mesmo a censura exercida pela Ciência e pela Igreja a respeito da descoberta mais extraordinária de nosso tempo: a existência de vida após a vida e a possibilidade de comunicar-nos com os chamados mortos.
Havendo acompanhado e estudado as pesquisas mais recentes realizadas nesse campo, François Brune diz que suas conclusões ultrapassaram o que havia previsto, ou seja, não apenas a veracidade das experiências com os chamados mortos encontra-se confirmada e não pode mais ser posta em dúvida, como a prodigiosa riqueza dessa literatura do Além reanimou nele o que séculos de intelectualismo teológico haviam extinguido.
“A morte – afirma François Brune – é apenas uma passagem.” Nossa vida continua, sem qualquer interrupção, até o fim dos tempos, e, portanto, levaremos conosco para o Além nossa personalidade, nossas lembranças, nosso caráter.
Para referendar suas conclusões acerca da sobrevivência da alma após a morte, ele menciona e esmiúça em seu livro seis ordens de fenômenos:
I – as experiências nas fronteiras da morte (E.F.M.), que envolvem pessoas consideradas mortas e que, no entanto, retornaram à vida;
 II – a gravação direta das vozes dos defuntos em fitas magnéticas;
III – a fotografia de pessoas falecidas;
IV – a filmagem de imagens do Além que, conforme o método adotado por Ernest Senkowski, aparecem em uma tela de televisão e podem ser gravadas em vídeo por uma câmera;
V – a reprodução, mediante um aparelho chamado cronovisor, de imagens e vozes antigas pertinentes a pessoas, quando encarnadas, uma iniciativa que se deve ao padre Ernetti, da Universidade de Veneza, ajudado por vários cientistas; e, por fim, 
VI – as chamadas telefônicas a partir do Além.
As informações transmitidas no livro Os Mortos nos Falam indicam-nos que é mera questão de tempo o advento de uma época em que assistiremos em nosso planeta a uma fase que certamente nos fará recordar os episódios ocorridos a partir de 1848 em Hydesville, tendo como personagens as meninas da família Fox. Como se sabe, foram aqueles episódios, ao se propagarem para outras cidades e outros países, que acabaram dando origem ao Espiritismo moderno.
No tocante especificamente às pesquisas ora feitas no Velho Mundo, atentemos para o que David Fontana declarou na entrevista publicada pelo Jornal de Espiritismo, de Portugal:

Jornal de Espiritismo: O que pensa ser necessário fazer, atualmente, para alterar os veredictos científicos, no que respeita à sobrevivência do espírito como sendo uma realidade comprovada?
David Fontana: Penso que não há dúvidas, temos evidências suficientes para demonstrar que esses acontecimentos paranormais acontecem. Demonstramos isso em condições inequívocas. O próximo passo é o de demonstrar, para satisfação dos cientistas cépticos, que parecem ser muito difíceis de convencer, que não se trata apenas de possíveis capacidades psíquicas, mas sim que a vida continua após a morte. Aliás, não devemos chamá-los de mortos, porque, na verdade, eles estão bem vivos, uma vez que têm o poder de produzir tais fenômenos. Em complemento, é certo que obtivemos determinadas informações que nenhum dos vivos sabia. Obtivemos comunicações de pessoas que nem sequer conhecíamos, tendo pesquisado e chegado à conclusão de que tinham existido e que os detalhes que nos tinham sido fornecidos estavam corretos. Vejamos, nenhum “vivo” possui necessidades emocionais de produzir essa espécie de informação detalhada. Eles não conhecem as pessoas, nem quem são, nada conhecem do seu passado, não têm qualquer ligação com elas, ou qualquer coisa do gênero e, mesmo assim, a informação é totalmente verdadeira.


A morte, como bem demonstrado pelas experiências aqui lembradas, é apenas uma passagem, um intervalo, um momento na vida imperecível dos Espíritos, cuja sobrevivência no Além está, por assim dizer, documentada e não se fundamenta somente em nossas crenças individuais.




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sábado, 27 de julho de 2019




Uma criatura

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Quer conhecer alguém? Dê-lhe o poder...
Como disse, em minha última crônica, antes de falarmos algo, devemos sopesar se o que será dito passa pelos três crivos socráticos: verdade, utilidade e bondade. Entretanto, expliquei também que, segundo Aristóteles, “o homem é um animal político”. Como cidadãos, em especial, os formadores de opinião, não podemos calar-nos ante algo de que discordamos, ainda que estejamos equivocados, quando então devemos ter a humildade de admiti-lo.
Não conhecia uma pessoa, estigmatizada no meio político pelo seu suposto destempero verbal. Após assistir a algumas de suas falas ao vivo, simpatizei com ela. Percebi que é uma pessoa bem-intencionada. Alguém atentou contra sua vida, mas, obstinada e contra todas as previsões, essa criatura alcançou seu objetivo.
Isso faz-me lembrar um poema do meu amigo Machado de Assis:

Uma criatura

Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.

Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.

Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.

Friamente contempla o desespero e o gozo,
Gosta do colibri, como gosta do verme,
E cinge ao coração o belo e o monstruoso.

Para ela o chacal é, como a rola, inerme;
E caminha na terra imperturbável, como
Pelo vasto areal um vasto paquiderme.

Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
Depois a flor, depois o suspirado pomo.

Pois esta criatura está em toda a obra:
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
E é nesse destruir que as forças dobra.

Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida,
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida.
   
Nosso país passa por uma fase de transição. Isso ninguém contesta, ainda que muitos considerem ser este um período de retrocesso. Os que, como nós, votaram para mudar o que estava havendo na política, costumes e economia, como o próprio mandatário da nação admite, fazem parte de uma população conservadora.
Mas conservadora de quê? Das bases morais da Boa-Nova de Jesus, principalmente, que estão analisadas de modo extraordinário no livro editado por Allan Kardec: O Evangelho Segundo o Espiritismo. No capítulo VI dessa obra, constam quatro profundas mensagens de Jesus, retransmitidas a nós pelo Espírito da Verdade(1).
Na última delas, lemos duas palavrinhas que resumem todo o sentimento de caridade e amor ao próximo, que nos devemos esforçar para pôr em prática, diariamente. Se o conseguirmos, teremos o Céu onde estivermos, pois resumem toda a doutrina e atos do Cristo: devotamento e abnegação.
Segundo o Espírito da Verdade, essas palavras “resumem todos os deveres que a caridade e a humildade nos impõem”. Pelo devotamento, estamos sempre prontos a trabalhar e servir em benefício alheio. Consequentemente, sentimos o prazer de uma consciência tranquila, coerente entre o que falamos e o que fazemos. Esse é o amor real, sentimento sublime e divino, que não se confunde com a paixão humana. Pela abnegação, renunciamos a todas as vantagens que a vaidade nos proporciona entre os humanos, mas atraímos para nós a companhia dos bons, seja no plano físico, seja no espiritual.
Em sua sabedoria, enquanto esteve entre nós, Jesus Cristo recomendou-nos olhar, vigiar e orar (Marcos, 13:33). Sábio é quem segue sua recomendação.
Há milênios, os grandes imperadores, reis, rainhas são objeto de inveja e perseguição. Diversos deles tiveram morte cruel por parte de seus inimigos. 
O objetivo sempre foi o de conquistar o poder a qualquer custo. Veja o caso de Caio Júlio César, que, antes de morrer apunhalado pelo próprio filho, expressou-lhe seu espanto com estas palavras: “— Até tu, Brutus?”
Como faço parte da maioria da população que votou, sobretudo, pela mudança de um governo que, no conceito de várias pessoas, elevou à quinta potência os abusos da corrupção em nosso país, aqui deixo meu humilde recado ao nosso mandatário-mor: “— Fale pouco, trabalhe mais”. Sobretudo, cuidado com quem o bajula e diz ser seu amigo. Não se esqueça de Júlio César...  

__________________________
[1] Optei por Espírito da Verdade, como está nas bíblias de Jerusalém e de João Ferreira de Almeida, além de Obras Póstumas, de Allan Kardec, seg. parte, Meu guia espiritual, p. 245- 246, da 2. ed. FEB, de 2016, traduzida por Evandro Noleto Bezerra. Entretanto, nas edições francesas d’O livro dos Espíritos, Prolegômenos, e d’O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 6, Instruções dos Espíritos, consta Espírito de Verdade.





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sexta-feira, 26 de julho de 2019




O porquê da vida

Léon Denis

Parte 5

Damos sequência ao estudo do clássico O porquê da vida, de Léon Denis, com base na 14ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo será aqui apresentado em 13 partes.
Nossa expectativa é que ele sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Que cientistas atestaram a realidade dos fenômenos espíritas?
B. Os Espíritos podem agir diretamente sobre os corpos materiais?
C. Quais são os princípios que decorrem do Moderno Espiritualismo?

Texto para leitura

53. O Espírito humano, fatigado das teorias e dos sistemas, reclama provas. Essas provas da existência da alma e sua imortalidade, o espiritualismo experimental no-las patenteia, materiais, evidentes. Basta observar imparcial e seriamente, para verificar que as almas dos mortos se revelam aos entes humanos, manifestam sua presença, se entretêm conosco, nos iniciam nos mistérios das vidas renascentes e nos esplendores desse futuro que será o nosso. (P. 43)
54. Nesse particular dá-se uma coisa digna de nota: a maior parte dos que criticam apaixonadamente esses fenômenos não os observaram nem os estudaram e, no número daqueles que os conhecem e afirmam a sua existência, contam-se os maiores sábios da época: William Crookes, Russel Wallace, Varley, o juiz Edmonds, Zöllner, Ulrici Weber, Rechner, Camille Flammarion, Paul Gibier, Lombroso, Eugène Nus etc. (P. 44)
55. Na Itália, o célebre professor Lombroso, depois de ter por muito tempo contestado a possibilidade dos fatos espíritas, fez acerca deles um estudo e terminou reconhecendo publicamente, em setembro de 1891, a sua realidade. (P. 44)
56. Galileu, aos que negavam o movimento da Terra, respondia: “e, no entanto, ela se move”. Crookes, a propósito dos fatos espíritas, afirma: “Não digo que isso é possível, mas sim que é real”. (P. 44)
57. Para a obtenção dos fenômenos psíquicos, é indispensável o concurso de certos indivíduos particularmente dotados, porque os Espíritos não podem agir sobre os corpos materiais e chocar os nossos sentidos sem uma provisão de fluido vital, que retiram de certas pessoas designadas pelo nome de médiuns. (P. 45)
58. A alma, na sua existência ultraterrestre, não está desprovida de forma. Possui um corpo fluídico, de matéria vaporosa, quintessenciada, que reveste todas as aparências do corpo humano e que se denomina perispírito. (P. 45)
59. O perispírito preexiste e sobrevive ao corpo material e é nele que se registram e se acumulam todas as suas aquisições intelectuais e lembranças. Constitui ele um organismo sutil e é por sua ação sobre o fluido vital dos médiuns que o Espírito se manifesta aos entes humanos por meio de pancadas, da escrita, de movimentos de objetos etc. (PP. 45 e 46)
60. Esses fatos foram observados, milhares de vezes, pelos sábios já citados e por pessoas de todas as classes, de todas as idades e de todos os países. Provam-nos eles que existe em volta de nós um mundo invisível, povoado de almas que deixaram a Terra, entre as quais se acham muitos conhecidos nossos. (P. 46)
61. Essas manifestações sempre existiram e a História vem em nosso apoio. A aparição de Samuel a Saul, o gênio familiar de Sócrates, os de Tasso e de Jerônimo Cardan, as vozes de Joana d’Arc e muitos outros fatos análogos procedem das mesmas causas. Mas, o que se considerava outrora como sobrenatural hoje se apresenta com um caráter racional. (P. 46)
62. A certeza de revivermos além do túmulo, na plenitude de nossas faculdades e de nossa consciência, faz que a morte não mais cause temor. O conhecimento das situações felizes ou desgraçadas que couberam aos Espíritos por causa das suas boas ou más ações oferece uma poderosa sanção moral. (P. 47)
63. A perspectiva dos progressos infinitos, das conquistas intelectuais, que aguardam todos os seres e os conduzem para destinos comuns, deverá aproximar as criaturas e uni-las pelos laços fraternais,  comprovando que a doutrina do espiritualismo experimental é a única filosofia positiva que se adapta às necessidades morais da Humanidade e as atende. (P. 47)
64. Em resumo, os princípios que decorrem do novo espiritualismo – princípios ensinados pelos Espíritos desencarnados – são os seguintes: existência de Deus; imortalidade da alma; comunicação entre os vivos e os mortos; progresso infinito. (PP. 47 a 49)
65. A alma, segundo tais princípios, livre em seus atos e responsável, edifica por si mesma o seu futuro. Conforme seu estado moral, os fluidos grosseiros ou sutis que compõem seu perispírito e que atrai a si pelos seus hábitos e tendências, esses fluidos – submetidos também à lei universal de atração e gravidade – a arrastam para essas esferas inferiores, para esses mundos de dor onde ela sofre, expia, resgata seu passado, ou então a levam para planetas felizes onde a matéria tem menos império, onde reina a harmonia, a bem-aventurança. (PP. 48 e 49)

Respostas às questões preliminares

A. Que cientistas atestaram a realidade dos fenômenos espíritas?
Foram inúmeros e em seu meio encontram-se os maiores sábios da época, a exemplo de William Crookes, Russel Wallace, Varley, Zöllner, Ulrici Weber, Rechner, Camille Flammarion, Paul Gibier, Lombroso, Eugène Nus etc. Aos que negavam o movimento da Terra, Galileu respondia: “e, no entanto, ela se move”. Crookes, a propósito dos fatos espíritas, afirmou: “Não digo que isso é possível, mas sim que é real”. (O porquê da vida, pág. 44.)
B. Os Espíritos podem agir diretamente sobre os corpos materiais?
Não. Para a obtenção dos fenômenos psíquicos, é indispensável o concurso de certos indivíduos particularmente dotados, porque os Espíritos não podem agir sobre os corpos materiais sem uma provisão de fluido vital, que retiram de certas pessoas designadas pelo nome de médiuns. (Obra citada, pág. 45.)
C. Quais são os princípios que decorrem do Moderno Espiritualismo?
De forma resumida, os princípios ensinados pelos Espíritos são estes: existência de Deus, imortalidade da alma, comunicação entre os vivos e os mortos, progresso infinito. A alma, segundo tais princípios, livre em seus atos e responsável, edifica por si mesma o seu futuro. (Obra citada, pp. 47 a 49.)

Observação:
Eis os links que remetem aos textos anteriores:





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