domingo, 30 de setembro de 2018



A influência da religião na economia de um país

O grau de religiosidade de um povo pode afetar a economia de uma nação?
Segundo pesquisa feita pelo Instituto Gallup em 114 países, a resposta é sim. Existiria forte correlação entre a renda “per capita” de uma nação e seu maior ou menor apego à religião. A leitura da pesquisa está resumida na seguinte frase: Quanto mais religioso, mais pobre tende a ser um país.
A exceção fica por conta dos Estados Unidos, a maior economia do mundo, onde 65% dos norte-americanos atribuem importância à religião em sua vida diária, um índice bem superior à média dos países mais ricos, que é de 47%.
Não se podem contestar os números apresentados pelo Gallup, mas é importante que se diga que há quem faça dos resultados dessa pesquisa uma leitura diferente.
No campo da Sociologia, por exemplo, tradicionalmente se tem dito que é a pobreza que facilita a expansão da religião. Não seria a religião que determinaria a penúria de um país, mas, sim, a penúria de um país que favoreceria a expansão dos núcleos religiosos.
Analistas diversos, como o professor Ricardo Mariano, da PUC-RS, entendem que em geral as religiões ajudam seus adeptos a lidar com a pobreza, justificam sua posição social e oferecem esperança, satisfação emocional e soluções mágicas para o enfrentamento dos problemas imediatos do dia a dia.
Outro aspecto que se deve ressaltar na pesquisa do Gallup é a inegável  diminuição do fervor religioso nos países mais ricos, com a notável exceção da nação americana.
Em alguns desses países, como os que faziam parte do bloco liderado pela antiga União Soviética, a restrição à liberdade religiosa e o ateísmo estatal contribuíram para a baixa importância que a população atribui à religião, como se dá na Estônia e na Rússia.
Na Europa Ocidental, segundo alguns, os motivos seriam outros. A modernização, a laicização do Estado e o relativismo cultural é que teriam erodido a religiosidade do povo.
Religiosos diversos entendem que a riqueza pode, de fato, reduzir o pendor das pessoas à religiosidade.
Para o padre jesuíta Eduardo Henriques, "a abertura a Deus é inversamente proporcional à segurança oferecida pela estabilidade econômico-financeira, com exceções, é claro. Espiritualmente falando, os pobres tornam-se sinais mais eloquentes de que ninguém, pobre ou rico, basta a si mesmo. Por isso Jesus chamou os pobres de bem-aventurados".
O teólogo adventista Marcos Noleto não só apoia tal pensamento, mas chega a ser até mais radical: "Há uma incompatibilidade da fé prática com a riqueza. Assim como dois corpos não podem ocupar um mesmo lugar no espaço, na mente do homem não há lugar para duas afeições totais. Veja que Deus escolheu um carpinteiro e não um banqueiro para ser o pai de Jesus".
A discussão, como se vê, envolve duas conhecidas provas a que os Espíritos no processo reencarnatório não podem fugir, se quiserem realmente progredir.
Segundo o Espiritismo, Deus concede a uns a prova da riqueza, e a outros a da pobreza, para experimentá-los de modos diferentes.
Tanto uma quanto outra são provas muito difíceis, porque, se na pobreza o Espírito pode ser tentado à revolta e à blasfêmia contra o Criador, na riqueza expõe-se ele ao abuso dos bens que Deus lhe empresta, deturpando, com esse comportamento, os objetivos pelos quais a riqueza lhe foi concedida.
A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação. A riqueza é, para os que a usufruem, a prova da caridade e da abnegação.
É preciso que entendamos: a existência corpórea é passageira e a morte do corpo priva o homem de todos os recursos materiais de que eventualmente disponha no plano terráqueo.
Pobres e ricos voltam, pois, à vida espiritual em idênticas condições, o que mostra que a posição social do rico ou do pobre não passa de expressão transitória e não tem a importância que a pesquisa do Gallup aparentemente sugere.




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sábado, 29 de setembro de 2018





Convite à caridade

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Outro dia, tão logo fui dormir, vi-me transportado por uma nave.
Sentados à minha frente, dialogavam Machado de Assis e Olavo Bilac, príncipe da poesia parnasiana. Do assento em que eu estava, ouvi deles o seguinte:
— Amigo Bilac, reflita na beleza destes versos do espírito Maria Dolores, psicografados por Chico Xavier. O título do poema é Convite.
Em seguida, com belíssima voz, o Bruxo do Cosme Velho recitou, de modo inesquecível, e por longo tempo, estas lindas estrofes:

Se te vês nesta noite,
De alma desencantada e dolorida,
Concentrando a atenção na angústia
que te invade,
Medita, coração,
Nos outros companheiros que se vão
Nos caminhos da vida,
Sob as pressões da prova e da necessidade.
Regresso agora de estirado giro,
Para buscar-te aqui, em teu doce retiro.
A calma da oração,
Entretanto, alma irmã se me permites.
Comentarei as dores sem limites,
Da multidão agoniada
Que encontrei na jornada.
Com certeza, já viste
As trevas e aflições de tanto quadro triste,
Mas peço ainda o teu consentimento
A fim de relembrar-te
O vasto espinheiral do sofrimento
Que nos roga socorro em toda parte.
Deixa, enfim, que eu te diga,
Alma fraterna e amiga,
Quanta amargura vi por onde andei…
Vi mães em catres de doença e luta,
Lançando petições que a Terra não escuta,
Pedindo em vão, a xícara de leite
Para o filhinho semimorto
Agonizando à míngua de conforto…

Vi outras nas calçadas,
Carregando no colo os anjos de ninguém
Pobres irmãs abandonadas
Aspirando a escalar as alturas do bem.
Acompanhei velhinhos,
Outrora moços de bonito porte,
Tão fatigados, tão sozinhos
Que pediam a Deus a compaixão da morte.
Achei muitos irmãos enfermos e cansados
Em desespero imanifesto,
Sem pensar nas terríveis consequências
Que nascem desse gesto.
Vi crianças, ao léu, com febre e sono,
Relegadas à
noite em penoso abandono…
Visitei tanto lar vazio de esperança,
Tantas mansões em lágrimas ocultas
E tanta dor nas choças das favelas,
Que, de fato, não sei explicar, a contento,
Onde há mais solidão e onde há mais sofrimento
Se nas casas mais ricas e mais altas,
Ou nas outras mais tristes, mais singelas…

Por isso venho aqui, alma querida e boa,
Para pedir qualquer migalha,
Em favor de quem chora…
Ama, ensina, trabalha,
Sofre, ajuda, perdoa…
Lá fora, um mundo novo nos espera
Por nossa fé sincera
Traduzida em serviço…
Olvida a própria dor… Lembra – te disso:
Temos nós com Jesus a obrigação
De esquecer-nos e agir
Para que a paz do bem seja a paz do porvir.
Não te percas em lágrimas vazias
Pensa na força que irradias
Pela fé que Jesus já te consente
Deixa as tribulações e os pesadelos
Que te fazem chorar,
Reflitamos no amor sinceramente,
Anota as provações de tanta gente,
Sai de ti mesmo e vamos trabalhar!…

Após breve silêncio, Bilac respondeu-lhe:
— Isso mesmo, Machado! Como eu disse, na última estrofe do meu poema intitulado O tempo:

Trabalhai, porque a vida é pequena
E não há para o tempo demoras,
Não gasteis os minutos sem pena,
Não façais pouco caso das horas. (Olavo Bilac)

— Trabalhar com Jesus, concluiu o Bruxo, é sentir a alegria de amar o próximo, aprendendo sempre para melhor servi-lo.
Em seguida, acordei com lágrimas nos olhos. Já era manhã e o trabalho me convidava ao serviço do bem em novo e alegre dia.







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sexta-feira, 28 de setembro de 2018


A Alma é Imortal

Gabriel Delanne

Parte 27 e final

Concluímos hoje o estudo do clássico A Alma é Imortal, de Gabriel Delanne, conforme tradução de Guillon Ribeiro, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo tenha servido para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. As criações ou formações fluídicas podem dar-se involuntariamente?
B. A alma não é, na concepção espírita, uma função do sistema nervoso nem uma entidade imaterial, como ensina o espiritualismo clássico. Como Delanne a descreve?
C. Com relação ao estudo do perispírito, que é que as materializações mostraram?

Texto para leitura

288. Se tais formações – como o vestuário usado pelos Espíritos – derivam de sua própria vontade, poderia isso ocorrer involuntariamente? Os estados do sonho parecem indicar como a ação se executa. Quando temos um sonho lúcido, habitualmente nos achamos nele vestidos de um modo qualquer, o que provém da circunstância de estar a ideia de vestimentas associada sempre, de forma inteira, à imagem da nossa pessoa. Podemos, pois, imaginar que nos casos de desdobramentos, que são objetivações inconscientes, a imagem das vestes acompanha o Espírito e experimenta, como ele, um começo de materialização. Dá-se o mesmo com os objetos usuais de que costumamos servir-nos. (Págs. 298 e 299)
289. Na sequência, Delanne relata uma série de experiências, levadas a efeito pelos Srs. Binet e Ferré, as quais parecem deixar firmado que a criação fluídica é uma realidade. As informações transcritas pelo autor foram tiradas do livro “O magnetismo animal”. (Págs. 300 a 307)
290. Depois que redigiu esse texto (julho de 1895), Delanne informa ter obtido inúmeras provas objetivas da realidade da criação fluídica pela ação da vontade. Dentre essas provas, ele afirma que o comandante Darget conseguiu por duas vezes exteriorizar seu pensamento fixado numa garrafa, de modo a reproduzir essa imagem sobre uma chapa fotográfica, sem uso da máquina, apenas tocando com a mão a chapa, do lado do vidro. O americano Sr. Ingles Roggers, após olhar durante longo tempo uma moeda, fixou com toda a atenção uma chapa fotográfica, obtendo um clichê em que se acha reproduzida a forma da moeda. E, por fim, Édison filho disse ter construído um aparelho por meio do qual a fotografia do pensamento se tornaria uma realidade positiva. (Pág. 307)
291. Depois de assinalar que o hipnotismo prestou um serviço imenso à Psicologia, com o facultar que se dissecasse, por assim dizer, a alma humana, Delanne reitera sua convicção, anteriormente expressa, de que a alma humana não é, conforme o julgam os materialistas, uma função do sistema nervoso, mas sim um ser dotado de existência independente do organismo e que se revela com todas as suas faculdades, quando o corpo físico se tornou inerte, insensível, aniquilado. (Pág. 310)
292. A alma humana não é, contudo, como o afirmam os espiritualistas, uma entidade imaterial, um ser intangível, pois possui um substrato material, formado de matéria especial, infinitamente sutil, cujo grau de rarefação ultrapassa de muito todos os gases até hoje conhecidos. (Pág. 310)
293. Possuímos, diz ele, provas de todos os gêneros atestando que o ser pensante resiste à desagregação física e persiste na posse integral de suas faculdades intelectuais e morais. E mais: embora remonte por vezes a uma época distante do momento de sua desencarnação, esse ser nenhum traço revela de decrepitude e, em geral, mostra-se mesmo rejuvenescido, isto é, gosta de ser representado na fase da sua existência em que dispunha do máximo de atividade física. (Pág. 311)
294. As materializações mostraram que o perispírito é a fôrma ideal sobre que se constrói o corpo físico e contém todas as leis organogênicas do ser humano, leis essas que, se encontradas em estado latente no espaço, subsistem, prontas sempre a exercer a ação que lhes é própria, desde que para isso se lhes forneça matéria e essa forma de energia a que se dá o nome de força nervosa ou vital. (Pág. 313)
295. Nossa passagem por este mundo não é mais do que um degrau da eterna ascensão. Somos chamados a desenvolver-nos sempre. Há para todos os seres uma igualdade absoluta de origem e de destino. E um dia, com certeza, veremos efetuar-se a evolução espiritual e moral que há de acarretar o advento da era augusta da regeneração humana, pela prática da verdadeira fraternidade. (Pág. 314)

Respostas às questões preliminares

A. As criações ou formações fluídicas podem dar-se involuntariamente?
Sim. Os estados do sonho parecem indicar como a ação se executa. Quando temos um sonho lúcido, habitualmente nos achamos nele vestidos de um modo qualquer, o que provém da circunstância de estar a ideia de vestimentas associada sempre, de forma inteira, à imagem da nossa pessoa. Podemos, pois, imaginar que nos casos de desdobramentos, que são objetivações inconscientes, a imagem das vestes acompanha o Espírito e experimenta, como ele, um começo de materialização. Dá-se o mesmo com os objetos usuais de que costumamos servir-nos. (A Alma é Imortal, págs. 298 a 300.)
B. A alma não é, na concepção espírita, uma função do sistema nervoso nem uma entidade imaterial, como ensina o espiritualismo clássico. Como Delanne a descreve?
A alma é um ser dotado de existência independente do organismo e que se revela com todas as suas faculdades, quando o corpo físico se tornou inerte, insensível, aniquilado. Ela possui um substrato material, formado de matéria especial, infinitamente sutil, cujo grau de rarefação ultrapassa de muito todos os gases até hoje conhecidos. (Obra citada, págs. 310 e 311.)
C. Com relação ao estudo do perispírito, que é que as materializações mostraram?
As materializações mostraram que o perispírito é a fôrma ideal sobre que se constrói o corpo físico e contém todas as leis organogênicas do ser humano, leis essas que, se encontradas em estado latente no espaço, subsistem, prontas sempre a exercer a ação que lhes é própria, desde que para isso se lhes forneça matéria e essa forma de energia a que se dá o nome de força nervosa ou vital. (Obra citada, págs. 313 e 314.)


Observação:
Eis os links que remetem aos três últimos textos:





                                        

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quinta-feira, 27 de setembro de 2018




Médiuns de efeitos físicos

Este é o módulo 99 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Em quantos grupos podemos classificar a mediunidade?
2. A natureza das comunicações guarda relação com a aptidão do médium ou com a natureza do Espírito?
3. O que é indispensável para que ocorram os fenômenos de efeitos físicos?
4. Mencione cinco variedades de médiuns de efeitos físicos citadas por Kardec.
5. A escrita direta – que é produzida graças aos médiuns pneumatógrafos – é classificada como fenômeno de efeito físico ou fenômeno de efeito intelectual?

Texto para leitura

A mediunidade apresenta uma variedade infinita de matizes
1. Conforme já estudamos anteriormente, a mediunidade pode ser classificada em dois grandes grupos: mediunidade de efeitos físicos e mediunidade de efeitos intelectuais.
2. Os médiuns de efeitos físicos, tão comuns na época da codificação dos ensinos espíritas, são provavelmente menos numerosos nos dias atuais, em que mais comuns são os médiuns de efeitos intelectuais. Mas têm surgido, de tempos em tempos, variedades especiais, como os médiuns músicos, pintores, poetas, cirurgiões etc. Na época de Kardec predominavam, no tocante às variedades de efeitos intelectuais, a psicografia e a psicofonia.
3. A mediunidade apresenta, como vemos, uma variedade infinita de matizes, de que decorrem os chamados médiuns especiais, dotados de aptidões particulares que variam de indivíduo a indivíduo, independentemente das qualidades e conhecimentos dos Espíritos que se manifestam.
4. A natureza das comunicações guarda, no entanto, relação com a natureza do Espírito e traz o cunho de sua elevação ou inferioridade, de seu saber ou de sua ignorância.
5. Há Espíritos que têm predileção para as manifestações físicas e, dentre os que dão comunicações de caráter inteligente, existem os poetas, os músicos, os desenhistas, os sábios etc. Obviamente, de par com a aptidão do Espírito, existe a aptidão do médium, que será para ele um instrumento mais ou menos cômodo, mais ou menos flexível.
6. Para que ocorram fenômenos de efeitos físicos é preciso que o médium esteja habilitado ao fornecimento do ectoplasma ou plasma exteriorizado de que se valem os Espíritos para a produção dos fenômenos que lhes atestam a sobrevivência.

Os médiuns de levitação conseguem elevar-se a si mesmos
7. Fenômenos físicos como pancadas, ruídos, deslocamento de móveis e objetos, de tão corriqueiros, não chegam a impressionar a criatura humana, que, com toda a certeza, se encantaria com determinados efeitos físicos belíssimos e surpreendentes, como as materializações e os transportes, infelizmente tão raros na época em que vivemos.
8. As variedades especiais de médiuns para efeitos físicos que Allan Kardec inseriu no cap. XVI d´O Livro dos Médiuns são estas:
Médiuns tiptólogos – aqueles sob cuja influência se produzem ruídos e golpes vibrados em móveis e paredes. Essa variedade é muito comum e o fenômeno se dá mesmo quando o médium não tenha vontade de produzi-lo. Foi com o concurso de médiuns tiptólogos – as célebres Kate e Margareth Fox – que nasceu o Espiritismo, cuja data se comemora no dia 31 de março, dia em que, no longínquo ano de 1848, ficaram assinalados na história os fenômenos de Hydesville.
Médiuns motores – os que produzem o movimento dos corpos inertes, o que também é muito comum.
Médiuns de translação e de suspensão – os que produzem a translação aérea e a suspensão de corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Alguns dentre eles podem elevar-se a si mesmos e são assim chamados de médiuns de levitação, mas eles são, no entanto, muito raros.
Médiuns de efeitos musicais – os que provocam a execução de composições musicais em certos instrumentos, sem contato com estes.
Médiuns de aparições – os que podem provocar aparições fluídicas ou tangíveis, visíveis para os assistentes. São muito raros.
Médiuns de transporte – os que podem servir de auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais.
Médiuns noturnos – os que só obtêm certos efeitos físicos na obscuridade. Esse fenômeno é devido mais às condições do ambiente do que propriamente à natureza do médium ou dos Espíritos.
Médiuns pneumatógrafos – os que obtêm a escrita direta, um fenômeno muito raro e, sobretudo, fácil de ser imitado pelos trapaceiros. Neste tipo de fenômeno, dizem os Espíritos, a ação do médium é inteiramente material, ao passo que na psicografia, mesmo quando o médium é puramente mecânico, o cérebro representa um papel ativo.
Médiuns curadores – os que têm o poder de curar ou aliviar os doentes, pela imposição das mãos ou simplesmente pela prece. Esta faculdade, ensinam os Espíritos, não é essencialmente mediúnica; pertence a todos os verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. Na maioria das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético fortalecido, se preciso, pelo concurso dos bons Espíritos.
Médiuns excitadores – os que têm o poder de, por sua influência, desenvolver nos outros a faculdade de escrever. Este caso é, na verdade, mais um efeito magnético do que mediunidade propriamente dita.

Respostas às questões propostas

1. Em quantos grupos podemos classificar a mediunidade?
Em dois grandes grupos: mediunidade de efeitos físicos e mediunidade de efeitos intelectuais.
2. A natureza das comunicações guarda relação com a aptidão do médium ou com a natureza do Espírito?
A natureza das comunicações guarda relação com a natureza do Espírito e traz o cunho de sua elevação ou inferioridade, de seu saber ou de sua ignorância, mas, de par com a aptidão do Espírito, existe a aptidão do médium, que será para ele um instrumento mais ou menos cômodo, mais ou menos flexível.
3. O que é indispensável para que ocorram os fenômenos de efeitos físicos?
Para que ocorram tais fenômenos é preciso que o médium esteja habilitado ao fornecimento do ectoplasma ou plasma exteriorizado de que se valem os Espíritos para a produção desses efeitos.
4. Mencione cinco variedades de médiuns de efeitos físicos citadas por Kardec.
Médiuns de transporte, tiptólogos, excitadores, curadores e pneumatógrafos.
5. A escrita direta – que é produzida graças aos médiuns pneumatógrafos – é classificada como fenômeno de efeito físico ou fenômeno de efeito intelectual?
Kardec considera-a fenômeno de efeito físico, visto que nele a ação do médium é inteiramente material, diferentemente do que ocorre na psicografia, em que o cérebro representa um papel ativo.

Bibliografia:
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, itens 61, 74, 75, 80, 96, 97, 98, 100, 104, 160, 177, 185, 186, 187 e 189.
Mecanismos da Mediunidade, de André Luiz, psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, cap. XVII.




Observação:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:




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quarta-feira, 26 de setembro de 2018




A esmola da compaixão

Irmão X (Espírito)

De portas abertas ao serviço da caridade, a casa dos Apóstolos em Jerusalém vivia repleta, em rumoroso tumulto.
Eram doentes desiludidos que vinham rogar esperança, velhinhos sem consolo que suplicavam abrigo. Mulheres de lívido semblante traziam nos braços crianças aleijadas, que o duro guante do sofrimento mutilara ao nascer, e, de quando em quando, grupos de irmãos generosos chegavam da via pública, acompanhando alienados mentais para que ali recolhessem o benefício da prece.
Numa sala pequena, Simão Pedro atendia, prestimoso.
Fosse, porém, pelo cansaço físico ou pelas desilusões hauridas ao contato com as hipocrisias do mundo, o antigo pescador acusava irritação e fadiga, a se expressarem nas exclamações de amargura que não mais podia conter.
— Observa aquele homem que vem lá, de braços secos e distendidos? — gritava para Zenon, o companheiro humilde que lhe prestava concurso — aquele é Roboão, o miserável que espancou a própria mãe, numa noite de embriaguez… Não é justo sofra, agora, as consequências?
E pedia para que o enfermo não lhe ocupasse a atenção.
Logo após, indicando feridenta mulher que se arrastava, buscando-o, exclamou, encolerizado:
— Que procuras, infeliz? Gozaste no orgulho e na crueldade, durante longos anos… Muitas vezes, ouvi-te o riso imundo à frente dos escravos agonizantes que espancavas até à morte… Fora daqui! Fora daqui!…
E a desmandar-se nas indisposições de que se via tocado, em seguida bradou para um velho paralítico que lhe implorava socorro:
— Como não te envergonhas de comparecer no pouso do Senhor, quando sempre devoraste o ceitil das viúvas e dos órfãos? Tuas arcas transbordam de maldições e de lágrimas… O pranto das vítimas é grilhão nos teus pés…
E, por muitas horas, fustigou as desventuras alheias, colocando à mostra, com palavras candentes e incisivas, as deficiências e os erros de quantos lhe vinham suplicar reconforto.
Todavia, quando o Sol desaparecera distante e a névoa crepuscular invadira o suave refúgio, modesto viajante penetrou o estreito cenáculo, exibindo nas mãos largas nódoas sanguinolentas.
No compartimento, agora vazio, apenas o velho pescador se dispunha à retirada, suarento e abatido.
O recém-vindo, silencioso, aproximou-se, sutil, e tocou-o docemente.
O conturbado discípulo do Evangelho só assim lhe deu atenção, clamando, porém, impulsivo:
— Quem és tu, que chegas a estas horas, quando o dia de trabalho já terminou?
E porque o desconhecido não respondesse, insistiu com inflexão de censura:
— Avia-te sem demora! Dize depressa a que vens…
Nesse instante, porém, deteve-se a contemplar as rosas de sangue que desabotoavam naquelas mãos belas e finas. Fitou os pés descalços, dos quais transpareciam, ainda vivos, os rubros sinais dos cravos da cruz e, ansioso, encontrou no estranho peregrino o olhar que refletia o fulgor das estrelas…
Perplexo e desfalecente, compreendeu que se achava diante do Mestre, e, ajoelhando-se, em lágrimas, gemeu, aflito:
— Senhor! Senhor! Que pretendes de teu servo?
Foi então que Jesus redivivo afagou-lhe a atormentada cabeça e falou em voz triste:
— Pedro, lembra-te de que não fomos chamados para socorrer as almas puras… Venho rogar-te a caridade do silêncio quando não possas auxiliar! Suplico-te para os filhos de minha esperança a esmola da compaixão…
O rude, mas amoroso pescador de Cafarnaum, mergulhou a face nas mãos calosas para enxugar o pranto copioso e sincero, e quando ergueu, de novo, os olhos para abraçar o visitante querido, no aposento isolado somente havia a sombra da noite que avançava de leve.

Do livro Contos e apólogos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




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