sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 



Os mortos nos falam

 

Padre François Brune

 

Parte 9

  

Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Os mortos nos falam, de autoria do padre François Brune. O estudo baseia-se na primeira edição em português desta obra, publicada pela Edicel em 1991.

Embora este livro não seja, propriamente falando, um clássico espírita, trata-se de uma ótima contribuição de publicação recente que confirma a realidade das manifestações dos chamados mortos.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que disse Pierre Monnier sobre Satanás?

B. É verdade que a influência negativa dos Espíritos infelizes foi demonstrada pelo psiquiatra americano Carl Wickland?

C. A respeito do exorcismo, que diz o padre François Brune?

 

Texto para leitura

 

105. Desmitificando a figura de Satanás, Pierre Monnier asseverou: “Satã não pode ser uma pessoa, mas sim uma acumulação de energia do mal dotada de consciência. É um centro de desagregação, de destruição, um ventre inteligente”. Mais adiante, após afirmar que os homens o criam, que ele não tem vida concreta, Pierre acrescenta: “Somente Deus vive. Satã tem vida efêmera que os homens podem aniquilar em um instante, desde que queiram pensar no pensamento de Deus. O mal não durará para sempre, enquanto Deus existirá eternamente...” (PP. 184 e 185)

106. Padre Brune defende, estranhamente, a ideia de que existem anjos caídos, ou seja, seres espirituais que nunca encarnaram, nem na Terra, nem em outro planeta e que, valendo-se de sua liberdade, escolheram a revolta contra Deus, isto é, a recusa do amor. (N.R.: Essa tese é repelida formalmente pela Doutrina Espírita.) (P. 185)

107. Paqui Lamarque, morta em Arcachon, em 1925, escreveu por intermédio da Sra. Yvonne Godefroy seis mil páginas de comunicações diversas em que, entre outros temas, confirma a importância do pensamento em nossa vida. Diz ela: “Todos os pensamentos, bons ou maus, formam ondas que vão soltas pelo espaço. Segundo sua natureza, elas se encontram, unem-se e constituem legiões que se enfrentam umas às outras. Como em todas as batalhas, o fim do confronto depende do mais forte. Se o elemento mau triunfa sobre o elemento bom, é o mal que recai sobre a terra. Ao contrário, se é a força benfazeja, a felicidade e a paz descem sobre os homens”. (PP. 186 e 187)

108. Examinando a questão do inferno e do paraíso, padre Brune diz que toda uma grande tradição, na Bíblia e também em teólogos do Oriente, em místicos do Ocidente e, por fim, em vários teólogos contemporâneos, interpreta o Inferno, o Purgatório e o Paraíso como sendo, em última análise, o modo como cada um sentiria Deus, tendo antes recusado ou aceitado amar como Deus, que seria, ao mesmo tempo, Inferno, Purgatório ou Paraíso para cada um, segundo o nível espiritual que tivesse atingido. (P. 189)

109. Numerosos são hoje os físicos que acreditam que uma certa forma de consciência e mesmo de liberdade está presente já nos níveis mais ínfimos da matéria, e um bom número de cientistas começa a conceber que, sob os fenômenos físicos ou psíquicos, encontra-se uma espécie de campo de forças não diferenciado, de onde surgem – numa espécie de interação íntima – formas e consciências. (P. 189)

110. O Deus da Bíblia – afirma padre Brune –, já no Antigo Testamento e depois no Novo, e em toda a tradição cristã oriental, ou nos místicos do Ocidente, é essencialmente dinâmico. Ele lança, sem parar, energias que produzem e mantêm este campo de forças. Nossa consciência, reagindo neste campo de forças, molda-o segundo suas angústias, seus desejos, seus ódios. Aquele que se fecha para o amor, fonte de todas as energias, encontra-se nas trevas, entregue a seus pesadelos. Aquele que se abre para o Amor encontra-se na luz, transfigurado por estas energias. (PP. 189 e 190)

111. Jesus afirmou: “O Reino de Deus está dentro de vós”. Os chamamentos à conversão não são, portanto, uma forma de pregar a moral, mas servem para tornar-nos atentos às leis da evolução. Os caminhos de purificação que não tiverem sido percorridos aqui na Terra, serão percorridos na vida futura. É o que afirma Roland de Jouvenel. (P. 190)

112. Capítulo VII - O exílio nos mundos da infelicidade – No Além, ensina padre Brune, existem vários níveis de consciência. Inicialmente, há o nível daqueles que sequer veem a luz. Perdendo-a, parecem perder contato com os outros homens. Quem se afasta de Deus afasta-se de seus irmãos. (P. 193)

113. De acordo com a lei natural, segundo a qual cada um cria, por projeção, seu próprio ambiente, quem não crê em nada, quem só crê no nada, encontra-se no nada. Entregues a si mesmos, deixados no nível espiritual que lhes é próprio, encontram-se esses seres na escuridão e na solidão, incapazes até mesmo de perceberem a presença de mortos que os amaram e que vêm ajudá-los. Brune cita, a propósito disso, vários exemplos. (PP. 194 a 196)

114. A influência negativa dos falecidos infelizes foi demonstrada, entre outros, pelo dr. Carl Wickland, médico psiquiatra americano, morto em 1937, o qual comprovou a possibilidade de comunicação entre nós e os Espíritos e, ainda, que os Espíritos infelizes podem apossar-se de nós sem qualquer má intenção e mesmo sem perceber. (PP. 196 e 197)

115. Dr. Wickland adquiriu, através de uma longa experiência, a convicção de que a maioria das doenças mentais são devidas, na realidade, a uma possessão. Como sua esposa era médium, a operação consistia no seguinte: fazer com que o Espírito retardatário deixasse o corpo do doente mental e, com a ajuda de Espíritos evoluídos, se incorporasse no corpo de sua mulher. O diálogo direto tornava-se então possível entre o dr. Wickland e o Espírito. Várias sessões eram, às vezes, necessárias. O médico observou logo que os Espíritos que obsidiam sentem, bem mais que nós, as dores de nosso corpo. Ele montou, então, um aparelho simples que enviava ao doente mental pequenas descargas elétricas, totalmente inofensivas e indolores para o encarnado, porém intoleráveis para o Espírito perturbador que o possuía. (P. 198)

116. Numa obra ainda inédita, que, segundo padre Brune, não foi publicada devido ao obscurantismo científico que impera em nosso mundo, o professor W. Schiebeler conta como utiliza um método bastante semelhante em um grupo de oração formado por vários médiuns, embora não utilize o aparelho do dr. Wickland. “Mais uma vez – diz Brune – verificamos que eram, pelo menos em parte, as pessoas da Idade Média, os feiticeiros da África, que tinham razão.” Tanto o dr. Wickland como o professor Schiebeler ensinam que é insuficiente – como no ritual católico dos exorcismos – expulsar os maus Espíritos, os demônios, porque esses maus Espíritos vão, em seguida, procurar uma outra vítima na qual investir. É preciso iluminá-los e convertê-los, devolver-lhes a esperança na misericórdia, no Amor de Deus; convencê-los de que, mesmo para eles, tudo ainda é possível. (PP. 198 e 199)

117. Schiebeler assinala em sua obra dois casos em que esses “maus Espíritos” voltaram para dizer que haviam, enfim, compreendido e que mudaram de campo, passando agora a lutar pela libertação dos homens, mortos e vivos, pelos Espíritos retardatários e por suas infelizes vítimas. (P. 199)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Que disse Pierre Monnier sobre Satanás?

Desmitificando tal figura, Pierre Monnier asseverou: “Satã não pode ser uma pessoa, mas sim uma acumulação de energia do mal dotada de consciência. É um centro de desagregação, de destruição, um ventre inteligente”. Mais adiante, após afirmar que os homens o criam, que ele não tem vida concreta, Pierre acrescenta: “Somente Deus vive. Satã tem vida efêmera que os homens podem aniquilar em um instante, desde que queiram pensar no pensamento de Deus. O mal não durará para sempre, enquanto Deus existirá eternamente...” (Os mortos nos falam, pp. 184 e 185.)

B. É verdade que a influência negativa dos Espíritos infelizes foi demonstrada pelo psiquiatra americano Carl Wickland?

Sim. Wickland comprovou também a possibilidade de comunicação entre nós e os Espíritos e, ainda, que os Espíritos infelizes podem apossar-se de nós sem qualquer má intenção e mesmo sem perceber. (Obra citada, pp. 196 e 197.)

C. A respeito do exorcismo, que diz o padre François Brune?

Segundo o padre Brune, tanto o dr. Wickland como o professor Schiebeler ensinam que é insuficiente – como no ritual católico dos exorcismos – expulsar os maus Espíritos, porque esses maus Espíritos vão, em seguida, procurar uma outra vítima na qual investir. É preciso iluminá-los e convertê-los, devolver-lhes a esperança na misericórdia, no Amor de Deus; convencê-los de que, mesmo para eles, tudo ainda é possível. Schiebeler assinala em sua obra dois casos em que esses “maus Espíritos” voltaram para dizer que haviam, enfim, compreendido e que mudaram de campo, passando agora a lutar pela libertação dos homens, mortos e vivos, pelos Espíritos retardatários e por suas infelizes vítimas. (Obra citada, pp. 198 e 199.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_24.html

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

 



Infância

 

Antônio Furtado (Espírito)

 

Esse vaso de fina porcelana

Que cintila,

Antes de erguer-se, em forma soberana,

Era simples argila.

 

O rio que o sol beija em ondas de ouro,

Nas planícies amenas,

Era no nascedouro

Um fio de água apenas.

 

A laranjeira, em pomos tentadores,

Que se eleva e domina,

Antes de ser perfume, seiva e cores,

Era pobre semente pequenina.

 

O homem que exprime as glórias da consciência

Com o verbo claro e terso, 

Antes de ser o herói da inteligência,

Era uma flor no berço.

 

Se almejas profligar o mal sem medo,

Na suprema reentrância, 

Educa, meu amigo, enquanto é cedo,

O coração da infância!


Da obra Antologia dos Imortais, psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Antônio Furtado, natural de Quixeramobim (CE), faleceu em agosto de 1937, aos 44 anos, em Fortaleza (CE). Poeta, crítico, contista e jurista, foi membro da Academia Cearense de Letras, professor catedrático na Faculdade de Direito do Ceará e magistrado no então Território do Acre.


Ao Leitor:

O poema acima foi escolhido propositadamente para ser a prévia do que publicaremos neste blog às quintas-feiras, a partir da próxima semana.

A nova seção será intitulada CINCO-MARIAS, com textos sobre educação infantil escritos por nossa amiga e colega Eugênia Pickina, da equipe de redação da revista “O Consolador”.

O título da seção – CINCO-MARIAS – é uma alusão a um conhecido brinquedo que integra um conjunto de brincadeiras e atividades lúdicas conceituadas como Patrimônio Cultural da Humanidade.

 

 

 

 

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 


E a Vida Continua...

 

André Luiz

 

Parte 6

 

Prosseguimos o estudo da obra E a Vida Continua..., de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Esta é a décima primeira obra do mesmo autor integrante da Série Nosso Lar, que temos estudado metodicamente às quartas-feiras neste blog.

Eis as questões de hoje:

 

41. No tocante à questão sexual, encontramo-nos ainda em trânsito da poligamia para a monogamia?

Sim. O homem terrestre, apesar de sua inteligência refinada, ainda oscila, de modo geral, entre animalidade e humanização, embora existam na Terra casos particulares de criaturas que já se encaminham da humanidade para a angelitude. "A maioria de nós outros, os Espíritos capitulados na escola da Terra nos achamos em trânsito da poligamia para a monogamia, com referência à devoção sexual”, diz o Instrutor Ribas. Decorre daí, segundo ele, o impositivo de vigilância sobre nós mesmos, sabendo-se que o sexo é faculdade criativa, nos domínios do corpo e da alma. (E a Vida Continua..., cap. 15, pp. 117 e 118.)

42. Quem era o Espírito que teve a reencarnação frustrada em face do aborto sofrido por Evelina?

Como Evelina julgava que Túlio se suicidara por culpa dela, e tinha remorsos por causa disso, ela atraiu para o próprio claustro materno o Espírito sofredor de um irmão suicida, sentenciado pela própria consciência a experimentar a provação de um corpo frustrado, de modo a valorizar com mais respeito o divino empréstimo da existência física. A maternidade malograda lhe proporcionara, portanto, ensejo a preciosas reparações. "Somos mecanicamente impelidos para pessoas e circunstâncias que se afinem conosco ou com os nossos problemas”, explicou o Instrutor Ribas. Foi por isso que ela se converteu automaticamente em desventurada mãe de um companheiro suicida, no anseio de expiar a própria falta. (Obra citada, cap. 15, pp. 119 e 120.)

43. O destino é a soma de nossos próprios atos?

Essa frase foi dita pelo Instrutor Ribas, que pretendeu, ao emiti-la, dizer que devemos a nós mesmos as situações em que se nos enquadra a existência, uma vez que recolhemos da vida exatamente o que lhe damos de nós. (Obra citada, cap. 15, pp. 120 a 122.)

44. Por que, havendo transcorrido um bom tempo desde a sua desencarnação, não haviam Evelina e Ernesto visitado seus familiares encarnados?

O motivo eles sabiam. A visita à família terrena era considerada muito prematura pelos mentores espirituais. Em vista disso, ela e Ernesto reconfortavam-se com estudo e trabalho e, de vez em vez, tinham um tête-à-tête, ocasião em que faziam suas confidências. Eles já tinham visto, até então, inúmeros Espíritos que procediam da Terra, desacoroçoados e tristes, ante a impossibilidade de serem vistos, ouvidos e tocados pelos parentes. Muitos regressavam consolados e esperançosos, como que libertos de laços e algemas, mas outros voltavam desencantados e sorumbáticos, evidenciando pouca disposição para conversar. (Obra citada, cap. 16, pp. 125 e 126.)

45. Os diálogos terapêuticos entre Evelina e Túlio produziram algum resultado?

Não. Passados seis meses de atenção e doutrinação, o Instrutor Ribas foi examinar Túlio em pessoa. Mas o rapaz apresentava escasso proveito com as lições recebidas e, apático, denunciava na mente uma ideia central: Evelina. E com Evelina no miolo das mais profundas cogi­tações, vinham as ideias-satélites: o anseio de transformá-la em objeto de posse única, o tiro de Caio, o desejo de vingança e as escuras alusões da autopiedade. Ribas não via, pois, a mais ligeira fresta naquele coração pesado de angústia para filtrar um só raio de otimismo e esperança. (Obra citada, cap. 16, pp. 127 e 128.)

46. É possível encontrarmos na vida o chamado amor ideal?

Segundo o Instrutor Ribas, todos nós nos destinamos ao Amor Eterno; contudo, para alcançar o objetivo supremo, cada pessoa possui um caminho próprio: “Para a maioria das criaturas, o encontro do amor ideal assemelha-se, de algum modo, à procura do ouro nas minas ou de diamante nas catas”. “É indispensável peneirar o cascalho ou mergulhar as mãos no barro do mundo, a fim de encontrá-lo.” O que o Instrutor estava querendo dizer é que caminhamos na existência pelas vias da afinidade, de afeição em afeição, até achar aquela afeição inesquecível que se nos levante na vida por chama de amor eterno, entendendo-se o conceito de afeição sem a estreiteza de sexo, uma vez que a ligação esponsalícia, embora sublime, é apenas uma das manifestações do amor em si. (Obra citada, cap. 17, pp. 131 e 132.) 

47. A união conjugal interrompida pela morte pode ser reatada no mundo espiritual?

Sim. Quando os cônjuges realmente se amam, a união conjugal interrompida pela morte pode ser perfeitamente reatada no plano espiritual. E se isso não acontece, aquele que ama sinceramente continua trabalhando, no plano espiritual, pelo outro que não lhe corresponde ao sentimento, aprimorando a obra do amor em outros aspectos, que não o da afetividade esponsalícia. (Obra citada, cap. 17, pp. 133 e 134.)

48. O Instrutor Ribas conhecia algum companheiro que não conseguira consorciar-se no plano espiritual?

Essa pergunta foi feita por Evelina diretamente ao Instrutor Ribas, que assim respondeu: "Eu sou um deles". E, em seguida, acrescentou: "Acontece que o amor conjugal, quando se exprime em bases do amor puro, continua vibrando no mesmo diapasão entre dois mundos, sem que a permuta de energias de um cônjuge para outro venha a sofrer solução de continuidade. Minha esposa e eu sempre fomos profundamente unidos. Bastávamo-nos na Terra um ao outro, em matéria de alimento afetivo. Sobrevindo a minha desencarnação, percebi logo que ela e eu continuávamos em plena vinculação mútua, qual se fôssemos partes integrantes de um circuito de forças. Na dedicação espiritual dela, colho meios de continuar em meu aprendizado do amor a todos, ocorrendo-lhe o mesmo". (Obra citada, cap. 17, pp. 135 e 136.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_22.html

 

 

 

 

 

 

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terça-feira, 28 de dezembro de 2021



Um mundo novo

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Descontentamento. Talvez seja esse um dos sentimentos mais percebidos ultimamente. Talvez o comportamento humano esteja se revelando bastante primitivo ainda ou estivesse apenas oculto entre as distrações mundanas. O que fazer? Será que a queixa melhorará essa situação? Certamente não, pois se reclamações melhorassem a vida no Planeta, aqui já seria o paraíso. Isso está bem distante.

Se se deseja uma vida mais aprazível basta modificar o próprio comportamento e o pensamento, já que tudo é composto pela resposta energética, com a mesma maneira que realizar algo assim o retornará. Se se deseja mais atitudes coerentes, respeitosas e caridosas dessa forma já se deve agir. Não é o mundo alheio que precisa mudar, é o próprio mundo que necessita aprimorar-se. Tudo o que se deseja, já se deve começar a fazer. Esperar o quê? Somos os próprios construtores de um mundo melhor.

Quando se deseja amor precisa-se antes amar; quando se deseja doação antes se necessita doar; quando os olhos desejam as lindas flores, as mãos já devem tê-las plantado; quando se carece de amparo já se deve antes ter amparado. Se se perde tempo com descontentamentos e lamentações não há percepção de qual mundo necessita mudar. O outro, a ele próprio pertence.

Enquanto o velho homem insistir com suas atitudes descabidas, o sofrimento tende a continuar, pois nenhuma plantação de doces morangos surgirá de outros plantios ou de terra seca. Que cada agricultor cuide de sua plantação e, assim, haverá alimentos para todos.

O que muito atrapalha o bom andamento humano é o apego material, é o lapso da criação do espírito. Os prazeres terrenos são tão ilusoriamente fenomenais que se perde a real noção do que se faz aqui.

Talvez devamos nos lembrar mais assiduamente de nossa essência, Quem nos criou, quanto podemos fazer e o resultado de cada ação. Talvez devamos compreender melhor sobre eternidade e efemeridade. Talvez devamos aprimorar cotidianamente o nosso mundo sem nos preocuparmos tanto com o que o próximo faz e, assim, o nosso bom exemplo começa a brotar como as lindas onze-horas mesmo sob um sol escaldante.

É o nosso mundo interior que mais necessita melhorar para que o Universo nos reconheça como seus habitantes eternos, habitantes que buscam mais luz em vez do gris ainda mais negro que só tende a retardar o caminho de paz.

Não há tempo a perder. Há somente o tempo para recomeçar e a forma de nossa ação será retribuída pelo mundo.

Se queremos renovação devemos, antes de tudo, nos renovar.

 

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

 



Loucura e Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 7

 

Damos prosseguimento neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

49. Se o termo Exu está geralmente ligado à perversidade, que são os Orixás?

Com ligeiras variações, o termo Exu refere-se realmente à perversidade ou à desobediência e, excepcionalmente, quando em tarefa especial, faz recordar um policial que tem acesso pela sua força aos redutos ignóbeis da marginalidade. Os Orixás são representações do bem, da santidade, pois que, literalmente, a palavra significa “senhor da cabeça” (de ori = cabeça; xá = chefe, senhor). (Loucura e Obsessão, cap. 12, pp. 145 e 146.)

50. Que significa o termo Oxalá?

Oxalá, abreviatura de Orixalá, é um termo de origem nagô que significa “o maior dos Orixás”. Acima dele, somente Deus ou Zâmbi, com variações de correntes, nas quais passa a ser chamado Olorum, no candomblé, ou Zambiapongo entre os praticantes do culto de origem congolesa. Segundo Felinto, a complexidade do culto se deve às suas origens e ao sincretismo com a religião católica, dominante à época no Brasil, quando da chegada dos escravos. (Obra citada, cap. 12, pp. 145 e 146.)

51. Depois de servirem como intermediários de Espíritos muito agressivos e violentos, os médiuns recebem algum tratamento especial?

Sim. No caso descrito neste livro, D. Emerenciana convidou os Protetores Espirituais a trazerem sua palavra amiga por intermédio de cada sensitivo. “É a operação limpeza”, esclareceu Felinto. “Após a absorção de fluidos de teor vibratório diferente, caracterizados pela densidade material que tipifica este gênero de trabalho, vêm os Espíritos Protetores liberar os médiuns e renová-los sob a ação de diversa carga de energia, permitindo-lhes o bem-estar e a satisfação do serviço realizado. Aplicando-se o autopasse eram retiradas as cargas fluídicas perniciosas, enquanto outras, de qualidade superior, vitalizavam os cooperadores encarnados.” (Obra citada, cap. 12, pp. 149 a 151.)

52. O diálogo entre os participantes da atividade mediúnica é importante?

Sim. A respeito disso, D. Emerenciana disse conhecer instituições respeitáveis em que, mal terminam as reuniões, todos partem, como se desejassem fugir do recinto, e correm para programas antagônicos, com os quais se encharcam antes de dormir. Não se comentam as ocorrências ou as instruções, as conferências ou os estudos, os debates ou as sugestões, perdendo-se a oportunidade de um aprendizado valioso. Quase todos têm pressa, alguns porque firmam compromissos posteriores, nos quais anulam o que granjearam na reunião, e outros, por motivo nenhum, simplesmente porque acham que sabem tudo, ou não se interessam por sabê-lo.  (Obra citada, cap. 12, pp. 151 e 152.)

53. O bem que promove quem o recebe eleva aquele que o pratica?

Evidentemente. Quando fazemos um bem a alguém, estamos no contexto da ordem universal. O mal ocorre no sentido inverso, sendo sempre pior para quem o abraça. Quando devemos a alguém, moral ou espiritualmente, o nosso desrespeito é ao Soberano Código do Amor. É necessário fazermos a paz com o nosso adversário, buscando-o com humildade para esse fim e fazendo-lhe o bem possível. Se, no entanto, ele se recusar, passa de vítima a algoz e tal não lhe é permitido. A sua teimosia no desforço retarda-lhe a marcha, mas isto não impede que o arrependido avance. Crescendo, um dia ele poderá voltar para auxiliar o outro. (Obra citada, cap. 12, pp. 153 e 154.)

54. É comum os encarnados buscarem, no período do sono, ajuda à Casa espírita que frequentam?

Sim. O fato foi observado por Manoel Philomeno de Miranda naquele reduto espiritual, aonde compareciam companheiros encarnados que vinham pedir ajuda, logo que se desprendiam do corpo pelo sono físico. Vinculados à Casa, eles para ali acorriam automaticamente, ou eram trazidos por seus Protetores, para receberem auxílio. Ao ali chegarem, eram distribuídos conforme as questões que os afligiam, recebendo  orientação e reconforto, para poderem desincumbir-se das provas e compromissos a que se encontravam submetidos. “O Amor – disse Felinto – sempre dispõe de recursos, e mais cresce quanto mais se doa. Este intercâmbio é-lhes muito salutar, porque ficam registrados no inconsciente os conselhos recebidos, que lhes afloram como sonhos mais ou menos claros, de acordo com a lucidez pessoal.” (Obra citada, cap. 12, pp. 155 e 156.)

55. Quem era o Espírito que obsidiava Carlos? E por que assim agia?

Ele fora escrava na propriedade rural que então pertencia a Carlos. Ela fazia parte de um grupo de escravos recém-chegados da África. Jovem, mas já casada e mãe de um bebê, a escrava despertou no fazendeiro a cobiça e a luxúria. Depois de separá-la do marido, ele desejou impor-se como senhor e usuário. Sem entender o idioma do dominador e dilacerada por mil dores, a jovem negou-se a ceder e lutou bravamente, sem medo. Esbordoada, então, pelo alucinado, foi tomada de fúria indômita e reagiu, sendo vencida a golpes de rebenque, que a prostraram, sendo depois levada ao suplício impiedoso até que a morte lhe adveio. A ex-escrava agia assim movida pelo desejo de vingança. (Obra citada, cap. 13, pp. 161 a 163.)

56. A consciência culpada jamais esquece o mal que fez aos outros?

Sim. A consciência culpada jamais esquece. Era por isso que Carlos trazia tormentos e incapacidade sexuais que contribuíram para a sua alienação, pois necessitava resgatar todos os seus torpes comportamentos. A ex-escrava fora apenas uma de suas inúmeras vítimas. (Obra citada, cap. 13, pp. 163 a 165.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_20.html

 

 

 

 

  

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domingo, 26 de dezembro de 2021

 



O Natal do Senhor

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Segundo o calendário oficial, Jesus nasceu há 2.021 anos. Mas, perguntamos, quando Jesus nasceu para nós? Que significa seu nascimento na intimidade de nossa vida?

Jesus pediu-nos que nos amássemos como ele nos amou. E acrescentou que esse era seu jugo e também seu fardo. Jugo suave, porque amor; fardo leve, porque caridade.

Caridade significa amor de irmão, o que implica olharmos para o lado e enxergar irmãos nos companheiros do caminho, tornando-nos o próximo daqueles que de nós se aproximam.

O que o amor opera em nossos corações é a chave que pode abrir os grilhões que nos prendem às coisas materiais, à materialidade do mundo.

Quando Jesus pronunciou a palavra amor, exemplificando-a no trato conosco, o mundo sofreu um abalo. E seu nascimento significa o abalo em nossas convicções que faz com que procuremos realmente modificar-nos para melhor.

Se Jesus já nasceu em nossos corações, então podemos saber que demos o primeiro passo para a salvação – passo esse de que só nossa consciência é testemunha e, por isso, só diz respeito a nós e a Deus.

Mas... Que significa realmente salvar-se?

Quando Jesus iniciou suas pregações, ele repetiu, docemente, as palavras de João Batista: “arrependam-se, façam penitência, e convertam-se, porque o Reino dos Céus está próximo”, o que implica dizer que o Reino de Deus, onde a lei de justiça, amor e caridade é plenamente exercida, está a um passo de nós, visto que, se nos arrependermos, se repararmos o mal que fizemos e se convertermos nossa face para o Criador, então o Reino será edificado nos nossos corações e assim nos libertaremos.

Jesus, ao dar ênfase à importância do amor, iniciou uma revolução. Mas ele não foi nem é um revolucionário vulgar, como muitos o veem. Nem sequer é um revolucionário, porque não veio destruir a lei, mas cumpri-la, e foi o exemplo puro do que nos recomenda a lei de Deus, o agente de transformação de nossos corações para melhor.

Jesus desperta em nós o que temos de melhor. E, apesar de nossos erros, todos temos o que a humanidade pode apresentar de melhor – o amor, em uns latente, em outros quase sufocado entre os espinhos do egoísmo, em outros ainda desabrochando em atos humanitários, em pequena ou larga escala segundo a estatura de cada um. Ele nos conhece a todos nós por nossos predicados e quer que cada um de nós desperte a semente adormecida do amor que existe em nossos corações.

A cada Natal, quando as atenções das pessoas se voltam inteiramente para Papai Noel, geralmente nos esquecemos do verdadeiro aniversariante.

Não esquecemos as compras (se podemos comprar), tampouco a ceia (se podemos cear), mas invariavelmente esquecemos Jesus ou, o que é decepcionante, se nos lembramos dele nem sempre agimos de acordo com o que a evocação do seu nome faz lembrar, que é a observância da lei do amor.

Muitas vezes a reunião familiar, mesmo nas festas de Natal, é permeada de azedume, de hipocrisia, de malquerença. Muitas vezes, em momentos assim, que deveriam ser a celebração do amor, somos arrastados pelos excessos e pelos prazeres que nem sempre nos convêm.

Jesus operou seu primeiro “milagre” numa festa de casamento. Usamos aqui o vocábulo milagre por mera concessão aos cristãos não espíritas, porque milagres – ensina o Espiritismo – não existem.

Pelo relato dos evangelistas, parecia que o Mestre gostava de ambientes festivos, porque alegres, mas revestidos de uma alegria pura, sem a mácula dos interesses mundanos.

Acreditamos, por isso, que Jesus quer que festejemos, sim, e parece que não quer ser tão somente lembrado, mas que nos lembremos de sua exortação final aos discípulos amados: “amem-se uns aos outros como eu os amei”.

Recordemos suas lições nesta semana em que se celebra mais um Natal e mostremos a nossos filhos e nossos netos que o aniversariante a ser reverenciado não é o velhinho simpático, de vestes vermelhas, que encanta as criancinhas, mas sim o Amigo de todas as horas que recebeu do Pai a missão de conduzir a humanidade terrena ao porto da paz e da felicidade.

 

P.S.:

Este texto foi redigido antes do dia 25 de dezembro, dia em que, segundo a cristandade, Jesus veio em pessoa ao mundo em que vivemos. Aproveitando a oportunidade, enviamos a nossos leitores, amigos e familiares nosso fraternal abraço e votos de que 2022 seja diferente e bem melhor do que o ano que ora chega ao fim.

 

 

 

 

 

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sábado, 25 de dezembro de 2021

 



As mensagens simbólicas do Natal de Jesus

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

A interpretação da história do Natal oferece algumas lições universais que podem ser aprendidas e exercitadas por nós, irmãos menores de Jesus.  A seguir, comentamos alguns significados do Natal que são importantes para nós:

Humildade

Jesus, governador espiritual da Terra, não escolheu nascer num palácio, embora, se o quisesse, poderia... A história do nascimento de Jesus ensina a todos o valor da humildade. O símbolo representado pela manjedoura destaca essa virtude. Jesus era esperado pelos judeus como seu rei, mas escolheu nascer na manjedoura  dum estábulo.

Esperança

Os tempos eram difíceis e sua família foi perseguida, quando Herodes mandou matar todas as crianças com menos de dois anos de idade. O nascimento do Cristo foi um sinal de luz em meio às trevas da ignorância humana. Portanto, no significado do Natal também se destaca o valor da esperança. Aprendamos com a família de Jesus a não desistir e esperar por um bem, mesmo quando tudo pareça difícil.

Despojamento

Aprendemos que Jesus, embora pudesse nascer muito rico, se quisesse, por ser o responsável pela formação da Terra e também ser seu governador espiritual, nasceu pobre. Destaca-se aqui o valor dos bens não materiais, dos bens que forjam o ser de uma pessoa pelo que ela é, e não pelo que ela tem.

Amor e família

A humanidade observa o amor envolvido em toda a narrativa sobre o nascimento e vida de Jesus. O amor que move Jesus Cristo a descer das alturas a favor dos homens e viver como filho do carpinteiro José e de Maria, em lar harmonioso e feliz, é exemplar. O amor dos homens que buscam a Deus para honrá-lo, com base na moral proposta pelo Cristo, inicia-se na família. O amor da família unida e educada é o modelo básico para uma sociedade melhor.

Que neste Natal nos lembremos das palavras de Jesus, expressas nesta regra áurea: "Tudo o que deseje que o próximo lhe faça, faça-lhe igualmente". Mas não nos limitemos a fazê-lo nesse dia. Façamo-lo em cada dia da presente existência física. Somente assim estaremos ajuntando tesouros no céu.

Feliz Natal!    

 

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