sexta-feira, 30 de abril de 2021

 



O Além e a Sobrevivência do Ser

 

Léon Denis

 

Parte 15

 

Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Quantos elementos compõem o ser humano?

B. É correto dizer que o homem tem diversas consciências?

C. Segundo o Espiritismo, as almas que se amam tornam a encontrar-se, mesmo depois do fenômeno da morte corpórea? 

 

Texto para leitura

 

175. Jamais os seres invisíveis se nos apresentaram como sendo o inconsciente ou o eu superior dos médiuns e das outras pessoas presentes. Sempre se anunciaram como personalidades diferentes, no gozo pleno de suas consciências, com individualidades livres, que viveram na Terra, conhecidos dos assistentes, na maioria dos casos com todos os caracteres do ser humano, suas qualidades e seus defeitos, e, frequentemente, forneciam provas de sua própria identidade.

176. O que há de mais notável em tudo isto, parece-nos, é a engenhosidade, a fecundidade de certos pensadores, a habilidade que denotam em arquitetar teorias fantasistas, com o fim de fugirem a realidades que lhes desagradam e os embaraçam.

177. Sem dúvida, não previram todas as consequências de seus sistemas, fecharam os olhos aos resultados que deles se pode esperar. Sem atenderem a que estas doutrinas funestas aniquilam a consciência e a personalidade, separando-as, chegando logicamente, fatalmente, à negação da liberdade, da responsabilidade e, por conseguinte, à destruição de toda a lei moral.

178. Efetivamente, tivessem realidade tais hipóteses, o homem seria uma dualidade ou uma pluralidade mal equilibrada, em que cada consciência agiria a seu talante, sem se incomodar com as outras. São essas noções que, penetrando nas almas e tornando-se para elas uma convicção, um argumento, as levam a todos os excessos.

179. Ao contrário, tudo na Natureza e no homem é simples, claro, harmônico e só parece obscuro e complicado por efeito do espírito de sistema.

180. Do exame atento, do estudo constante e aprofundado do ser humano, uma coisa resulta: a existência, em nós, de três elementos, que são o corpo físico, o corpo fluídico ou perispírito e, enfim, a alma ou espírito. Aquilo a que chamam o inconsciente, a segunda pessoa, o eu superior, a policonsciência etc., é apenas o Espírito que, dadas certas condições de desprendimento e de clarividência, vê surgir em si, como manifestação de poderes ocultos, um conjunto de recursos que as anteriores existências lhe armazenaram e que se achavam momentaneamente escondidos sob o véu da carne.

181. Não, certamente, o homem não tem diversas consciências. A unidade psíquica do ser é condição essencial de sua liberdade e de sua responsabilidade. Há nele, sim, diversos estados de consciência.

182. À medida que o Espírito se desprende da matéria e se liberta do envoltório carnal, suas faculdades, suas percepções se dilatam, suas lembranças despertam, a irradiação da sua personalidade se amplia. É isso o que algumas vezes se produz no estado de sono magnético. Em tal estado o véu da matéria cai, a alma se liberta e suas potências latentes ressurgem. Daí, algumas manifestações de uma mesma inteligência, que deram azo à crença numa dupla personalidade, numa pluralidade de consciências.

183. Entretanto, semelhante ideia não basta para explicar os fenômenos espíritas. Na maior parte dos casos, a intervenção de entidades estranhas, de vontades livres e autônomas se impõe, como sendo a única explicação racional. Inutilmente, pois, os críticos se encarniçam contra o Espiritismo.

184. Desde que os examinemos com atenção, seus argumentos se desfazem como o fumo: alucinação, sugestão, inconsciente subliminal, nada mais são do que palavras. Aqueles que as põem em uso pensam ter dito tudo. Na realidade, porém, nada explicam e os problemas subsistem em toda a sua extensão.

185. A prática do Espiritismo apresenta, é certo, sombras, dificuldades, perigos. Mas, não esqueçamos que não há no mundo coisa alguma, por mais bela e proveitosa que seja, que não se torne perigosa logo que dela se abuse. O mesmo acontece com o Espiritismo.

186. Estudai-lhe as leis, obedecei-lhe às regras, não abordeis a experimentação senão possuídos de sentimento puro e elevado e lhe reconhecereis bem depressa a grandiosidade e a beleza. Compreendereis que se tornará a força moral do futuro, a prova mais certa da sobrevivência, a consolação dos desgraçados, o supremo refúgio dos náufragos da vida.

187. Ele já por toda parte penetra. A literatura se mostra dele impregnada. A imprensa periódica lhe consagra frequentes artigos. A Ciência, que por tanto tempo o repeliu, muda pouco a pouco de atitude no que lhe diz respeito. As Igrejas, que supunham destroçá-lo facilmente, se veem na contingência de recorrer a todas as armas para combatê-lo. Em muitos púlpitos seu poder é mesmo proclamado; todos os dias vemos sacerdotes veneráveis, pastores e crentes lhe darem testemunho de fé.

188. Ele triunfará, pois que é a verdade e à verdade nada pode resistir. Seria tão difícil deter a marcha dos astros, paralisar o movimento da Terra, quanto obstar aos progressos desta verdade que se revelou ao mundo e fazer que os homens regredissem às suas dúvidas, às suas incertezas, às suas negações anteriores.

189. Resumamos e concluamos. Através da espessa bruma em que flutua há tantos séculos o pensamento humano, tateando em busca do desconhecido, o fenômeno espírita faz passar um grande facho de luz. As quimeras que o passado engendrou se dissipam: não mais separação definitiva, não mais inferno eterno! O Além se revela nas suas misteriosas profundezas, onde se desdobra a vida infinita, onde atuam as forças divinas. A angústia das partidas, o desespero das separações cedem lugar à alegria do regresso e à inebriante promessa das reuniões entrevistas.

190. Todas as almas que se amam tornam a encontrar-se, a fim de prosseguirem juntas na sua evolução ascendente, de vida em vida, de mundo em mundo, e subirem para a perfeição, para Deus, banhadas de uma luz cada vez mais viva, ao seio de harmonias sempre e sempre mais grandiosas. A revelação dos Espíritos, feita em inúmeras mensagens faladas e escritas, recebidas em todos os pontos do globo, vem mostrar-nos o supremo alvo da vida, de todas as nossas vidas.

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Quantos elementos compõem o ser humano?

Existem em nós, seres humanos, três elementos: o corpo físico, o corpo fluídico ou perispírito e, enfim, a alma ou espírito. Aquilo a que chamam o inconsciente, a segunda pessoa, o eu superior, a policonsciência etc., é apenas o Espírito que, dadas certas condições de desprendimento e de clarividência, vê surgir em si, como manifestação de poderes ocultos, um conjunto de recursos que as anteriores existências lhe armazenaram e que se achavam momentaneamente escondidos sob o véu da carne. (O Além e a Sobrevivência do Ser.)

B. É correto dizer que o homem tem diversas consciências?

Claro que não. O homem – diz Léon Denis – não tem diversas consciências. A unidade psíquica do ser é condição essencial de sua liberdade e de sua responsabilidade. Há nele, sim, diversos estados de consciência. À medida que o Espírito se desprende da matéria e se liberta do envoltório carnal, suas faculdades, suas percepções se dilatam, suas lembranças despertam, a irradiação da sua personalidade se amplia. Em tal estado o véu da matéria cai, a alma se liberta e suas potências latentes ressurgem. Daí, algumas manifestações de uma mesma inteligência, que deram azo à crença numa dupla personalidade, numa pluralidade de consciências. (Obra citada.)

C. Segundo o Espiritismo, as almas que se amam tornam a encontrar-se, mesmo depois do fenômeno da morte corpórea? 

Sim. Todas as almas que se amam tornam a encontrar-se, a fim de prosseguirem juntas na sua evolução ascendente, de vida em vida, de mundo em mundo, e subirem para a perfeição, para Deus, banhadas de uma luz cada vez mais viva, ao seio de harmonias sempre e sempre mais grandiosas. (Obra citada.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/04/blog-post_23.html

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 29 de abril de 2021

 



O Céu e o Inferno

 

Allan Kardec

 

Parte 5

 

Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.

Este estudo será publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.

Eis as questões de hoje:

 

33. Há incoerências na doutrina da Igreja acerca dos demônios?

Sim, incoerências há e são inúmeras.

Eis algumas delas:

1ª - Se Satã e os demônios eram anjos, eles eram perfeitos; como, sendo perfeitos, puderam falir a ponto de desconhecer a autoridade desse Deus, em cuja presença se encontravam? A conclusão é óbvia: Deus quis criar seres perfeitos, porquanto os favorecera com todos os dons, mas enganou-se; logo, segundo a Igreja, Deus não é infalível.

2ª - Pois que nem a Igreja nem os sagrados anais explicam a causa da rebelião dos anjos para com Deus e apenas dão como problemática a relutância deles no reconhecimento da futura missão do Cristo, que valor pode ter o quadro tão preciso e detalhado da cena então ocorrente? A que fonte recorreram, para inferir se de fato foram pronunciadas palavras tão claras e até simples colóquios?

3ª - As palavras que a Igreja atribui a Lúcifer revelam uma ignorância admirável num arcanjo. Com efeito, como poderia Lúcifer ter dito que fixaria residência acima dos astros, dominando as mais elevadas nuvens? (O Céu e o Inferno, Primeira Parte, cap. IX, itens 9 a 19.)

34. Segundo o Espiritismo, há demônios? 

No sentido que a Igreja dá a essa palavra, não há demônios. Melhor dizendo: os anjos e os demônios não são entidades distintas. Trata-se tão somente de Espíritos que, quando unidos a corpos materiais, constituem a Humanidade que povoa a Terra e outras esferas habitadas, e que, libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual e assim povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por meta a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Em todos os graus existem, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e que se comprazem com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à ideia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem. Aqueles a quem chamamos anjos conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum pela qual todos haveremos de passar. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, itens 20 e 21.)

35. Os Espíritos realizam alguma missão na obra da Natureza? 

Sim. Chegados a certo grau de pureza, os Espíritos têm missões adequadas ao seu progresso; preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, item 22.)

36. As manifestações espíritas são atribuídas pela Igreja a qual agente? 

A Igreja as atribui à intervenção dos demônios. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 4 a 6.)

37. Como foi que a Igreja deduziu que as manifestações espíritas são provocadas não por Espíritos, mas por demônios? 

A Igreja entende que são os demônios que se manifestam porque, segundo o dogma católico, as almas dos mortos demoram no lugar que lhes designa a sua justiça, e não podem colocar-se às ordens dos vivos. Assim, os seres misteriosos que acodem ao primeiro apelo do herege, do ímpio ou do crente não são enviados de Deus, nem apóstolos da verdade e da salvação, porém fatores do erro e agentes do inferno. Trata-se, como se vê, de uma conclusão baseada numa premissa jamais comprovada pelos fatos e desmentida pelos inúmeros fenômenos registrados na própria Bíblia. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 4 e 5.)

38. Como a Doutrina Espírita responde à tese da Igreja de que as manifestações espíritas são provocadas por demônios?

A melhor resposta a tais ideias é o exame das mensagens espíritas, que recomendam invariavelmente aos homens rogar a Deus, submeter-se à vontade do Pai, renunciar ao mal e praticar o bem. Ora, que espécie de demônio é esse que labora contrariamente aos seus próprios interesses? Como compreender que exalte ele, nas mensagens, a vida deliciosa dos bons Espíritos e pinte a horrorosa posição dos maus? Jamais se viu negociante realçar aos seus fregueses a mercadoria do vizinho em detrimento da sua, aconselhando-os a ir à casa dele. Nunca se viu um arrebanhador de soldados depreciar a vida militar, decantando o repouso da vida doméstica!

Dessa forma, atribuir ao demônio tão benéfica propaganda e salutar resultado é conferir-lhe diploma de tolo. E, como não se trata de simples suposição, mas de fato experimental contra o qual não há argumento, havemos de concluir que o demônio ou é um desazado de primeira ordem, ou não é tão astuto e mau como se pretende e, conseguintemente, tão temível quanto dizem, ou, então, que as manifestações espíritas não partem dele. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 7 a 9.)

39. Para evocar os Espíritos, quais as condições necessárias?

Não há fórmulas sacramentais para evocar Espíritos. Quem quer que pretendesse estabelecer uma fórmula poderia ser tachado de usar de charlatanismo, visto que para os Espíritos puros a fórmula nada vale. A evocação deve ser feita sempre em nome de Deus. A mais essencial de todas as disposições para evocar é o recolhimento, quando desejarmos tratar com Espíritos sérios. Com a fé e o desejo do bem, mais aptos nos tornamos para evocar Espíritos superiores. Elevando nossa alma por alguns instantes de concentração no momento de evocá-los, identificamo-nos com os bons Espíritos, predispondo a sua vinda. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, item 10.)

40. Como se pode saber qual a categoria de um Espírito comunicante se não podemos vê-lo nem tirar informações a seu respeito?

A categoria do Espírito se reconhece por sua linguagem: os verdadeiramente bons e superiores têm-na sempre digna, nobre, lógica, imune de qualquer contradição. Sua linguagem revela sabedoria, modéstia, benevolência e a mais pura moral. Além disso, é concisa, clara e sem redundâncias inúteis. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, item 13.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/04/blog-post_22.html

 

 

 

 

 

 

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quarta-feira, 28 de abril de 2021

 


 

Nos Domínios da Mediunidade

 

André Luiz

 

Parte 14

 

Estamos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros de André Luiz, psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, integrantes da chamada Série Nosso Lar.

Concluído o estudo dos sete primeiros livros da Série, estudamos agora a oitava obra: Nos Domínios da Mediunidade, publicada em 1954 pela Federação Espírita Brasileira.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND e, em seguida, no verbete " Nos Domínios da Mediunidade".

Eis as questões de hoje:

 

105. Como explicar a fixação mental?

A dúvida foi levantada por Hilário e André. Como pode a mente deter-se em determinadas impressões, demorando-se nelas, como se o tempo para ela não caminhasse? Aulus explicou: "É imprescindível compreender que, depois da morte do corpo físico, prosseguimos desenvolvendo os pensamentos que cultivávamos na experiência carnal. E não podemos esquecer que a Lei traça princípios universais que não podemos trair”. Aulus complementou: "Simbolizemos o estágio da alma, na Terra, através da reencarnação, como sendo valiosa linha de frente, na batalha pelo aperfeiçoamento individual e coletivo, batalha em que o coração deve armar-se de ideias santificantes para conquistar a sublimação de si mesmo, a mais alta vitória. A mente é o soldado em luta. Ganhando denodadamente o combate em que se empenhou, tão logo seja conduzida às aferições da morte, sobe verticalmente para a vanguarda, na direção da Esfera Superior, expressando-se-lhe o triunfo por elevação de nível. Entretanto, se fracassa, e semelhante perda é quase sempre a resultante da incúria ou da rebeldia, volta horizontalmente, nos acertos da morte, para a retaguarda, onde se confunde com os desajustados de toda espécie, para indeterminado período de tratamento". "Em qualquer frente de luta terrestre, a retaguarda é a faixa atormentada dos neuróticos, dos loucos, dos mutilados, dos feridos e dos enfermos de toda casta." (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 25, pp. 233 a 235.)

106. Que se passa com os Espíritos que dormitam após a morte, como se fossem múmias espirituais?

Segundo Aulus, tais Espíritos sofrem, nesse repouso, angustiosos pesadelos, dos quais despertam quase sempre em plena alienação, que pode persistir por muito tempo, cultivando apaixonadamente as impressões em que julgam encontrar a própria felicidade. (Obra citada, cap. 25, pp. 235 e 236.)

107. Em que consiste o fenômeno da psicometria?

Segundo a terminologia usada na Psicologia experimental, psicometria significa registro, apreciação da atividade intelectual, entretanto, nos trabalhos mediúnicos, essa palavra designa a faculdade de ler impressões e recordações ao contacto de objetos comuns. Foi o que se deu com André Luiz que, em determinado museu, tocou um curioso relógio, que estava aureolado por luminosa faixa branquicenta. Feito isso, apareceu aos seus olhos mentais linda reunião familiar, em que venerando casal se entretinha a palestrar com quatro jovens em pleno viço primaveril. André pôde examinar o recinto agradável e digno e os detalhes do mobiliário, que imprimia sobriedade e nobreza ao conjunto, enfeitado por jarrões de flores e telas valiosas. (Obra citada, cap. 26, pp. 241 e 242.)

108. Como explicar o fenômeno?

Conforme a explicação dada por Aulus, aquele relógio pertencera a respeitável família do século passado e conservava as formas-pensamentos do casal que o adquiriu e que, de quando em quando, visitava o museu para a alegria de recordar. Tratava-se, pois, de um objeto animado pelas reminiscências de seus antigos possuidores, reminiscências que se reavivavam no tempo, através dos laços espirituais que ainda sustentavam em torno do círculo afetivo que deixaram. Hilário observou: "Isso quer dizer que vemos imagens aqui impressas por eles, por intermédio das vibrações..." Aulus confirmou, acrescentando: "O relógio está envolvido pelas correntes mentais dos irmãos que ainda se apegam a ele, assim como o fio de cobre na condução da energia está sensibilizado pela corrente elétrica. Auscultando-o, na fase em que se encontra, relacionamo-nos, de imediato, com as recordações dos amigos que o estimam". (Obra citada, cap. 26, pp. 243 e 244.)

109. No caso da psicometria, todos os objetos podem ser o ponto de partida para um contato espiritual?

Em princípio, sim. Segundo Aulus, cada objeto pode ser um mediador para entrarmos em relação com as pessoas que por ele se interessam e, ainda, um registro de fatos da natureza. "Quando se nos apura a sensibilidade de maneira mais intensiva – explicou o instrutor –, em simples objetos relegados ao abandono podemos surpreender expressivos traços das pessoas que os retiveram ou dos sucessos de que foram testemunhas, através das vibrações que eles guardam consigo." "As almas e as coisas, cada qual na posição em que se situam, algo conservam do tempo e do espaço, que são eternos na memória da vida." A situação torna-se diferente quando o objeto se acha esquecido pelo autor e por aqueles que o possuíram. Nesse caso, por não apresentar qualquer sinal de moldura fluídica, ele não funcionará como "mediador de relações espirituais". (Obra citada, cap. 26, pp. 245 e 246.)

110. Têm fundamento as histórias sobre joias enfeitiçadas?

Segundo Aulus, a influência não procede das joias, mas sim das forças que as acompanham. Em seguida, reportando-se ao caso de um espelho que atraía a atenção de uma jovem desencarnada, Hilário perguntou o que aconteceria se alguém adquirisse o espelho e o levasse consigo. "Decerto – informou Aulus – arcaria também com a presença da moça desencarnada." Isso seria justo? A esta pergunta, Aulus disse que a vida nunca se engana e que seria mesmo provável que alguém ali aparecesse e se extasiasse à frente do objeto, disputando-lhe a posse. Quem seria essa pessoa? "O moço que empenhou a palavra, provocando a fixação mental dessa pobre criatura, ou a mulher que o afastou dos compromissos assumidos", respondeu o instrutor. "Reencarnados, hoje ou amanhã, possivelmente um dia virão até aqui, tomando-a por filha ou companheira, no resgate do débito contraído." (Obra citada, cap. 26, pp. 247 a 249.)

111. Que acontece a quem foge ao trabalho sacrificial?

Quem foge ao trabalho sacrificial da frente encontra a dor pela retaguarda. O Espírito pode confiar-se à inação, mobilizando delituosamente a vontade, contudo lá vem um dia a tormenta, compelindo-o a agitar-se e a mover-se para entender os impositivos do progresso com mais segurança. Não adianta fugir da eternidade, porque o tempo, benfeitor do trabalho, é também o verdugo da inércia. (Obra citada, cap. 27, pp. 253 a 255.)

112. Como André Luiz descreve o ectoplasma?

O ectoplasma lhe pareceu qual pasta flexível, à maneira de uma geleia viscosa e semilíquida, expelida do corpo do médium através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais, particularmente da boca, das narinas e dos ouvidos, com elevada percentagem a exteriorizar-se igualmente do tórax e das extremidades dos dedos. A substância, caracterizada por um cheiro especialíssimo, escorria em movimentos reptilianos, acumulando-se na parte inferior do organismo medianímico, onde apresentava o aspecto de grande massa protoplásmica, viva e tremulante. Segundo Aulus, o ectoplasma está em si tão associado ao pensamento do médium, quanto as forças do filho em formação se encontram ligadas à mente maternal. (Obra citada, cap. 28, pp. 261 e 262.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/04/blog-post_21.html

 

 

  

 

 

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terça-feira, 27 de abril de 2021

 



A vida é infinitamente mais

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Se observarmos as motivações para muitos dos sofrimentos humanos, bem fácil a vergonha nos abarcar, pois normalmente insistimos em dar um sentido limitado a tudo, sentido esse que o ser humano – ainda subdesenvolvido – possui. A vida não cabe em nenhum regimento preestabelecido, também não cabe em pormenores inúteis, caprichos, nem em opiniões superficiais e imaturas, muito menos em nenhum formato humano. A vida é imensurável, cósmica, eterna, infinita. Tudo é infinitamente mais.

Quando nos fechamos nos próprios lamentos, nas dores criadas por nós, na ignorância que insistimos em alimentar, na pequenez doída diante do horizonte, sim, o sofrimento nos abraça e nos limita tanto os passos, o pensamento e a ação, a maneira de sentirmos e o nosso entendimento.

É tempo de expansão, de renovação – tantas vezes já falada −, de deixar morrer o velho homem para fazer nascer o novo. É tempo de mudança porque não há mais sintonia com os velhos atos e pensamentos, com o passado; o caminho agora é o novo, é o presente dando a base para o bom futuro.

O novo tempo exige e demonstra claramente que a sociedade humana precisa fortalecer-se por meio do amor, empatia, respeito, reconstrução e proteção para o Planeta. Menos sofrimento só será resultado de nossa conduta melhorada, não há segredos, e à medida que compreendemos mais sobre a vida também entendemos melhor o nosso papel. 

Tudo é magnanimamente maior; a vida é criação divina, perfeita e completa. As estrelas pulsam como tudo o que existe no Universo. As flores, o ar, os animais, os átomos, as sinapses, tudo é parte da criação, assim como nós. E penso, como podemos ser tão limitados quanto à vida? Fomos criados ignorantes – a resposta me vem −, mas o problema é que demoramos muito a querer crescer.

Quanto menor for o sentido à vida, maior será o nosso sofrimento. A vida é imensurável, infinita, completa e perfeita... é cósmica. Quanto mais quisermos compreendê-la, mais próximos estaremos das estrelas. Quanto mais imersos em nossa pequenez, o abismo nos espera.

E, assim, a nossa alegria dependerá da importância que dermos às grandes ou às pequenas coisas, aos valores imutáveis ou relativos. Se quisermos sorrir mais, busquemos os bons motivos para isso.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 

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segunda-feira, 26 de abril de 2021

 



Nas Fronteiras da Loucura

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 3

 

Continuamos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL  e, em seguida, no verbete "Nas Fronteiras da Loucura”.

Eis as questões de hoje:

 

17. Por que uma programação reencarnatória, feita com todo o cuidado, pode mesmo assim falhar?

Segundo Dr. Bezerra de Menezes, são as paixões inferiores muito arraigadas nos Espíritos que põem a perder todo o esforço despendido, com o que se complica sua situação, levando-os, mais tarde, a reclamar, lamentando a própria sorte. (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 4, pp. 43 a 45.)

18. Reencarnamos, comumente, na família que merecemos?

Não. Nem sempre renascemos onde merecemos, mas onde os fatores e as condições são-nos mais propícios para o avanço espiritual. (Obra citada, cap. 5, pp. 46 e 47.)

19. Como Dr. Bezerra de Menezes define o carnaval?

Segundo Dr. Bezerra, o carnaval é vestígio da barbárie e do primitivismo ainda reinantes, mas que um dia desaparecerão da Terra, quando a alegria pura, a jovialidade, a satisfação e o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade. (Obra citada, cap. 6, pp. 51 a 53.) 

20. Como o carnaval era visto agora por Noel Rosa (espírito), o conhecido compositor que no plano espiritual fazia parte da equipe de cooperadores do Posto Central?

Ele o via com desalento. "O carnaval, para mim, é passado de dor”, declarou ele a Manoel Philomeno. A prática da caridade é que agora constituía, para ele, a festa de todo dia, como a primavera que surge após o inverno sombrio. "Apesar da noite vitoriosa – acrescentou o poeta da Vila –, o dia de luz sempre triunfa e o bem soberano tudo conquista..." (Obra citada, cap. 6, pp. 55 e 56.)

21. Edificado na própria crosta, como o Posto Central foi construído?

A tarefa foi atribuída a engenheiros do plano espiritual. Substância ectoplásmica, retirada das pessoas residentes nas cercanias, como da Natureza, foi movimentada para a edificação do conjunto e das muralhas defensivas que renteavam, internamente, com as grades protetoras do parque. Amplos barracões, semelhantes a tendas revestidas de lona, espalhavam-se pelo recinto, onde camas colocadas em filas duplas receberiam os desencarnados enfermos. (Obra citada, cap. 7, pp. 57 e 58.)

22. No tocante aos Espíritos submetidos a grande sofrimento no plano espiritual, em que momento se dá seu resgate pelos benfeitores espirituais?

Quanto aos sofrimentos que experimentam, o instrutor Genézio explicou que tais Espíritos sofrem o que fizeram os outros sofrer... Por algum tempo sua consciência sabe que necessitam da lapidação rude a que se submetem, prosseguindo nos enleios que os prendem aos grupos afins de que fazem parte. Logo, porém, que se abrem ao desejo de reparar seus erros, de reconhecer sua incúria e de recomeçar, mudam de faixa vibratória e são resgatados pela Bondade Excelsa, que de ninguém esquece. (Obra citada, cap. 7, pp. 60 a 62.) 

23. Há no meio espírita pessoas que se negam ao estudo sistemático, mesmo quando têm oportunidade de fazê-lo?

Sim. Segundo Manoel Philomeno de Miranda, tais pessoas existem e não são poucas. Elas acercam-se do Espiritismo desinformadas e, negando-se ao estudo sistemático da doutrina e preferindo as leituras rápidas, em que não se aprofundam, ainda pretendem submeter a Doutrina ao talante das suas opiniões. (Obra citada, cap. 8, pp. 64 a 66.)

24. Morrer é fácil? E liberar-se da morte?

Diz o Dr. Bezerra de Menezes que morrer é fácil, sim. Liberar-se da morte, depois dela, é que se torna difícil. Encerrando-se um capítulo da vida, outro se inicia em plenitude de forças. “Acabar, jamais!", afirma o conhecido benfeitor espiritual. (Obra citada, cap. 8, pp. 68 e 69.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 2 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/04/blog-post_19.html

 

 

 

 

 

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domingo, 25 de abril de 2021

 



Uma crítica infantil à reencarnação

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Quando a Terra atingiu o fantástico número de 6 bilhões de habitantes, houve quem argumentasse: “Ora, se o planeta aumenta sempre o número de seus habitantes, como se explica a reencarnação, que seria a volta à Terra dos homens que aqui viveram antes?”

Essa pergunta não passa, no fundo, de uma crítica infantil à doutrina das vidas sucessivas.

Quando um clube de futebol está representado numa determinada partida, há no campo onze jogadores, mas existem ali mesmo, no banco de reservas, outros atletas à espera de uma possível substituição, além de um contingente de jogadores que fazem parte do clube e treinam também com os demais, embora ali não sejam vistos.

A Terra não se constitui, portanto, somente dos bilhões de criaturas encarnadas que povoam os diferentes países. Seu contingente é muito maior. Existem pessoas que vivem aqui 70, 80, 90 anos e mais de 100 na vida espiritual, nos intervalos das diferentes existências corpóreas. Ora, quando essas pessoas não estão revestindo um corpo material, alguém está ocupando seus lugares, suas casas, seus empregos, sua função na existência corporal. Quando elas retornam a este plano, outros daqui se vão e é exatamente o conjunto das populações visível e invisível do planeta que forma a comunidade terrena.

Existe, ainda, um outro fator a ser considerado. Os planetas são solidários entre si. Lembremos o que ocorre numa cidade como Londrina. A Universidade local recebe alunos dos mais variados lugares, não só de cidades paranaenses, mas também de São Paulo, Minas, Mato Grosso, enfim, de toda a parte.

O mesmo se dá com os planetas. Em sua trajetória evolutiva, a Terra é um campo de emigração e imigração de indivíduos. Daqui partem os seres que nada mais têm a aprender em nosso mundo. Que fariam na Terra Francisco de Assis, Einstein, Sócrates, Newton, Beethoven? Nosso mundo está, em termos evolutivos, aquém das potencialidades deles e, por isso, vão eles buscar noutros mundos a cultura e o desenvolvimento espiritual condizentes com seu nível evolutivo.

A Terra também recebe Espíritos oriundos de planetas semelhantes ou mesmo inferiores ao nosso. Essa migração faz parte das leis de Deus. Há todo um caldeamento de etnias, de culturas, de experiências, e é precisamente essa miscigenação que impulsiona o progresso dos mundos.

Aliás, toda vez que mencionamos que são muitos os mundos habitados é sempre bom lembrar o que Jesus afirmou e João registrou em seu evangelho:

“Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.  Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver também vós aí estejais.” (João, cap. XIV, vv. 1 a 3.)

A lei de Deus nos impele ao progresso. A forma de alcançá-lo, aliás única, é repetir experiências, reaprendendo, cortando arestas, reparando prejuízos, consertando estragos, fazendo o bem, disseminando a cultura, edificando a paz.

“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre – tal é a lei.” Eis aí, em síntese, o que os Espíritos nos ensinaram a respeito.

 

 

 

 

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