sábado, 30 de abril de 2022

 



Palavras de caridade

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Amigo leitor, quando jovem, saí do Rio de Janeiro e fui visitar minha tia Auta de Souza em Juiz de Fora, MG. Passei um fim de semana com ela e outras duas primas, Gessy e Conceição, muito bonitas, que moravam com a mãe em lar modesto, mas acolhedor, no centro da cidade. Todos os dias, na hora do almoço, levavam alimento para moradores de rua que já estavam habituados a receber esse auxílio. Também frequentavam um dos centros espíritas da cidade. Ali, participavam das atividades beneficentes da entidade, como a da distribuição de sopa e mensagens encorajadoras às famílias em "vulnerabilidade social", como hoje são chamadas oficialmente as pessoas pobres.

Ao me despedir da tia e primas, que me acolheram amorosamente nos dias em que estive com elas, ganhei o livro intitulado Coragem, com mensagens de diversos espíritos, psicografadas por Chico Xavier. A obra foi publicada pela Editora Comunhão Espírita Cristã (Edição CEC). Na folha de rosto, abaixo do título, em letras redondas e belas, está a seguinte dedicatória:

"Jorge,

Para que você lembre sempre de sua visita a Juiz de Fora, carinhosamente oferecemos este livro.

Tia Auta, Gessy e Conceição.

Juiz de Fora, 28/01/75."

Em homenagem ao trio inesquecível, que me acolheu com tanto amor, como o faziam aos pobres da cidade, dedico este belo soneto do espírito Auta de Souza, homônimo de minha tia inesquecível:

 

PALAVRAS DE CARIDADE

 

O apoio... A simpatia... Uma oração apenas,

Carregada de fé na Bondade Divina...

A bênção do sorriso... A página que ensina

A vencer o amargor das lágrimas terrenas...

 

O minuto de paz... O auxílio que armazenas,

Na supressão do mal, ao trabalho em surdina...

O bilhete fraterno... Uma flor pequenina...

O socorro... A brandura... As palavras serenas...

 

A esmola... A roupa usada... O copo de água fria...

O pão... O entendimento... Um raio de alegria...

Um fio de esperança... A atitude sincera...

 

Da migalha mais pobre à dádiva mais rica,

Tudo aquilo que dás a vida multiplica

Nos tesouros de amor da glória que te espera!...

 

AUTA DE SOUZA (Espírito). In: Poetas Redivivos. Psicografado por Chico Xavier. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, cap. 35.

 

São essas pequenas coisas, esses gestos de bondade que nos marcam por toda a vida. Tia Auta já desencarnou há algumas décadas, mas suas filhas, agora idosas, ainda se dedicam com amor aos trabalhos de assistência social em Juiz de Fora. Paz e luz à minha querida tia, cujo nome homenageia o Espírito Auta de Souza, assim como aos cinco filhos de tia Auta, educados sob as luzes do Espiritismo cristão, que tem como máxima a seguinte frase, anotada por Allan Kardec no capítulo 15 d'O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Fora da caridade não há salvação." Caridade e humildade, esclarece-nos Allan Kardec, no item 3 desse capítulo, resumem toda a moral de Jesus.

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 


 

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sexta-feira, 29 de abril de 2022

 



A Vida no Outro Mundo

 

Cairbar Schutel

 

Parte 14

 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP). 

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Este estudo será publicado neste blog sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. A dificuldade de abandonar hábitos enraizados tem também reflexos na adaptação do Espírito em sua chegada ao mundo espiritual?

B. Existem hospitais no mundo espiritual?

C. Os Espíritos recém-desencarnados se alimentam?

 

Texto para leitura

 

168. Toda transformação ocasiona uma perturbação; uma simples mudança, seja de uma cidade para outra, seja unicamente de residência, não deixa de causar uma desorganização psíquica que só cessa com a adaptação ao novo meio. A personalidade não mudou, nada perdeu, continua a ser a mesma, mas sofreu a desagregação do meio em que se achava e lutou para se acostumar e poder agir no meio para onde se transferiu.  Naturalmente, nesses trâmites por que passou, a pessoa teve contrariedades e sofreu. (A Vida no Outro Mundo – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

169. Pensemos agora na transição provocada pela morte e façamos uma ideia em relação incomparavelmente superior às insignificantes mudanças – seja de residência, seja de cidade ou de país. Acrescente-se ainda a desagregação do corpo físico e poder-se-á ter uma ideia do que seja a perturbação da morte: 1º) mudança de meio; 2º) mudança de condições de vida; 3º) mudança de meio de ação. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

170. A individualidade, contudo, permanece, como permaneceu a mesma individualidade durante todas as mudanças que fez – de casa em casa; de cidade em cidade; de um para outro país. O homem é imperecível nas trocas que faz de residência, nas suas transferências de um país para outro. O Espírito, que é a individualidade permanente, é imortal na sua transformação e passamento para o Outro Mundo, tendo unicamente o trabalho de se adaptar a uma vida nova, muito diferente daquela vivida na Terra e ainda com o acréscimo de não mais possuir um corpo denso, material, que "não podia" dispensar para agir neste mundo, e lhe servia de instrumento para desempenhar a tarefa que veio realizar, ou exercício do cargo que veio desempenhar. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

171. Todos sabem, perfeitamente, como é difícil abandonar hábitos enraizados, e a morte vem suprimir, de uma hora para outra, os hábitos costumeiros, dando lugar à aquisição de outros costumes, visto serem diferentes as condições do meio para o qual somos trasladados. Está claro que tudo é relativo, e o progresso, em todas as coisas, age gradativamente, sem saltos bruscos, de modo que, na outra esfera da vida, teremos um complemento de vida, como meio de transição para um estado melhor, assim como certamente haverá uma esfera de seguimento à fase física do indivíduo, para que ele se adapte à Vida Superior sem uma transição brusca. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

172. Por isso, o Mundo Espiritual é provido de meios que fornecem à vida de além-túmulo as condições indispensáveis para a transição. Por exemplo, dizem as entidades do Espaço que lá existem hospitais onde são tratados aqueles que passam por longa enfermidade, os quais, por suas condições de atraso, não percebem o Mundo dos Espíritos em sua realidade. Aí são curados, e, depois, instruídos sobre a nova situação até que se adaptem ao meio em que se acham. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

173. Os Espíritos dos que morrem quando crianças são acolhidos carinhosamente por missionários, que se dedicam a essa tarefa, e são igualmente instruídos até que se lhes desponte a consciência integral e desapareça deles o traço infantil gravado na "consciência pessoal". (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

174. Assim também sucede com a alimentação. Aos entes muito materializados, que chegam ao Mundo Espiritual sem compreenderem a transformação por que passaram, e têm ainda sensação de fome e sede, lhes são ministrados alimentos em instalações especiais, até que, adaptados ao meio em que iniciaram a nova vida, compreendam que não têm mais necessidades desses alimentos, que julgavam necessários para sua manutenção. Naturalmente, os alimentos assemelham-se muito aos que lhes eram usuais na Terra, mas são feitos de matéria peculiar ao Mundo dos Espíritos e de acordo com o corpo fluídico, ou seja, o organismo perispiritual de cada um. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

175. Não podíamos deixar de narrar todas essas particularidades do Mundo Espiritual, que não deixam de ser lógicas, de acordo com a lei da evolução, que não admite bruscas transições e que proporciona, sempre, períodos intermediários para suavizar as mudanças que ocasionam grande abalo, e maior perturbação ainda ocasionariam, se fossem excluídos os meios precisos para essas transições. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

176. Isso demonstra que o Mundo Espiritual não é uma concepção abstrata, uma miragem, um vácuo inconcebível, sem sanção da inteligência, mas, sim, um meio concreto, onde se encontram as condições indispensáveis para as adaptações e o progresso do Espírito. Já havíamos recebido essas revelações há muitos anos; contudo, tínhamo-las conservado como lição de caráter puramente familiar, e sujeita, portanto, à observação, pois é sabido que as revelações da Verdade têm caráter coletivo; se, de fato, a nossa procedesse dessa fonte, outros também recebê-la-iam em todo o mundo. Se isso acontecesse, julgaríamos essas revelações transcendentais realmente dignas de atenção e até de experimentações novas, com outros médiuns, para sua melhor confirmação. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

177. Com efeito, em diversas obras inglesas, norte-americanas e francesas, vemos, hoje, a reprodução detalhada dessas mensagens! O Plano Espiritual desenterra o oculto e concorre para que conheçamos o futuro que nos espera, assim como nos dá a conhecer, desde já, em que consiste a outra vida e quais os meios facultados, nessas regiões, aos entes que nos são caros, para a aquisição de uma felicidade duradoura e de um progresso crescente para a Luz e a Verdade. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

178. Com estes dados, mal apanhados pela imperfeição dos nossos sentidos, dados fornecidos pelos Espíritos que habitam o Além e passaram, mais ou menos, por essas peripécias, podemos, hoje, fazer uma ideia mais aproximada das condições desse Outro Mundo e em que consiste a perturbação da morte e os meios aplicados para suavizá-la. Com a leitura das obras espíritas, especialmente “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, e “A Crise da Morte”, de Ernesto Bozzano, muito se aprende sobre a perturbação que ocasiona a passagem de uma a outra vida. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. A dificuldade de abandonar hábitos enraizados tem reflexos na adaptação do Espírito em sua chegada ao mundo espiritual?

Sim. Todos sabem como é difícil abandonar hábitos enraizados. Ora, a morte vem suprimir, de uma hora para outra, os hábitos costumeiros, dando lugar à aquisição de outros costumes, visto serem diferentes as condições do meio para o qual o indivíduo é trasladado após a morte corpórea. Esse fato concorre para a dificuldade de adaptação do Espírito desencarnado ao meio em que passa a viver. (A Vida no Outro Mundo – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

B. Existem hospitais no mundo espiritual?

Evidentemente. Dizem as entidades do Espaço que lá existem hospitais onde são tratados aqueles que passam por longa enfermidade, os quais, por suas condições de atraso, não percebem o Mundo dos Espíritos em sua realidade. Aí eles são curados e, depois, instruídos sobre a nova situação até que se adaptem ao meio em que se acham. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

C. Os Espíritos recém-desencarnados se alimentam?

Sim. Aos entes muito materializados, que chegam ao Mundo Espiritual sem compreenderem a transformação por que passaram, e têm ainda sensação de fome e sede, lhes são ministrados alimentos em instalações especiais, até que, adaptados ao meio em que iniciaram a nova vida, compreendam que não têm mais necessidades desses alimentos, que julgavam necessários para sua manutenção. Naturalmente, os alimentos assemelham-se muito aos que lhes eram usuais na Terra, mas são feitos de matéria peculiar ao Mundo dos Espíritos e de acordo com o corpo fluídico, ou seja, o organismo perispiritual de cada um. (Obra citada – Cap. XIII – Perturbação da Morte.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/04/blog-post_22.html

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 28 de abril de 2022

 



CINCO-MARIAS

 

Dizer a verdade

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com


O essencial é não mentir, e antes de mais nada, não se mentir. Não se mentir sobre a vida, sobre nós mesmos, sobre a felicidade. 
André Comte-Sponville

 

A mentira acompanhou toda a História do homem. E aprendemos desde criança que essa prática só cria confusão e infelicidade.

Em alguns casos, sabemos que mentir é uma tentativa de viver uma realidade distinta e não o que se vive de fato. E, no geral, a possibilidade de a criança dizer a verdade é menor se ela sentir medo de ser severamente punida.

Por sabermos que a honestidade e a sinceridade são a base para qualquer relacionamento humano, a melhor maneira de lidar com a mentira na infância, época em que o ser humano começa a mentir, é fazer com que as crianças adquiram o hábito de dizer a verdade. O pai não pode pedir ao seu filho que não diga para a mãe que o viu bebendo, por exemplo. Uma avó não deve solicitar ao neto que não conte aos pais que comeu o doce antes do almoço, segundo uma “inocente mentirinha”. Cuidar também em orientar a criança sem lançar mão de ameaças vazias como “papai do céu castiga quem mente...”

Ensina-se com o exemplo, em primeiro lugar.  Pois como exigir de uma criança dizer a verdade se ela vê seus pais mentirem com frequência?

Há crianças que mentem por imitação. O hábito de dizer a verdade, nesses casos, não tem ressonância no lar, porque não há, no ambiente doméstico, um clima de lealdade e os adultos, por isso, facilmente falseiam os fatos, as circunstâncias. A criança cresce em consequência (mais) inclinada à mentira.

Você cultiva o hábito de dizer a verdade, mas descobriu uma mentira de seu filho? Depois de explicar-lhe com calma os riscos e vexames causados por uma mentira, use uma reprimenda leve ou uma breve perda de privilégios – a depender da situação. Os castigos mais severos – gritar, tirar um brinquedo por semanas etc. – humilham, geram ressentimento e, dificilmente, modificam o uso da estratégia da mentira. Recordar sim, sem preguiça, que a tarefa essencial é dizer a verdade.

Contos de fadas enriquecem a infância. As aventuras de Pinóquio*, por exemplo, proporciona um conteúdo ético importante, revelando ludicamente à criança o desvalor da mentira...

 

Notinha

 

Segundo estudos diversos, aos dois anos as crianças já imitam os outros. A partir dos 4 anos começam a identificar mentirosos pelo olhar. Aos sete anos, as crianças já são capazes de sustentar uma mentira. Aos treze anos, o adolescente é capaz de mentir como um adulto dissimulado.

Sugestões para ajudar a criança a desenvolver o hábito de dizer a verdade: a) evite rótulos. Dizer mentiras é diferente de ser mentiroso. Ao atribuirmos uma característica à criança que na realidade é só um comportamento, poderemos promover a identificação da criança com o rótulo e, em consequência, acabar por estimular o vício da mentira; b) dê o exemplo. Um simples “Diz que eu não estou em casa!” para evitar um telefonema incômodo valida o hábito da mentira; c) esclarecer à criança que sempre há opções que não implicam mentir – por exemplo, ao receber um presente de que não gostou, ela precisa somente agradecer; d) quando a criança mente, o assunto deve ser abordado com calma, sem ameaças de castigos ou punições severas. Quando o adulto age com violência e/ou ressentimento, sua conduta apenas reforçará, na criança, a tendência para mentir e, nesse caso, como uma medida defensiva; e) evite dar oportunidade à mentira. Se já sabe que a criança não fez a tarefa da escola, por que perguntar isso a ela? Prefira apoiá-la: “há algo em que eu possa ajudar em relação à sua tarefa?”; f) elogie o comportamento positivo e, ainda, procure promover a reparação do dano causado em vez do castigo.


*A história original, traduzida para o português como As aventuras de Pinóquio, foi escrita pelo italiano Carlo Collodi. No formato de folhetim, os capítulos foram publicados por um semanário infantil de Roma – o Giornale per i Bambini entre os anos de 1881 e 1883. A história ganhou várias versões, sendo a mais conhecida o desenho animado de Walt Disney, no século XX.

 

*

 

Esta seção, cuja estreia neste blog ocorreu no dia 6 de janeiro deste ano, traz sempre textos dedicados à infância, seus cuidados, sua educação. O título – Cinco-marias – é uma alusão a um conhecido brinquedo que integra um conjunto de brincadeiras e atividades lúdicas conceituadas como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), está concluindo em São Paulo a formação em Psicanálise.

Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 

 

 

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quarta-feira, 27 de abril de 2022

 



Revista Espírita de 1859

 

Allan Kardec

 

Parte 4

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1859, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1859 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Qual é a posição espírita acerca da religião e suas bases fundamentais?

B. Como deve agir o pesquisador espírita?

C. Que é que o Espírito de Goethe disse sobre o Werther, uma de suas obras mais famosas?

D. Os Espíritos dos brancos podem reencarnar como negros?

 

Texto para leitura

 

79. O Espiritismo está baseado na existência de um mundo invisível, formado de seres incorpóreos e que não são outra coisa senão as almas dos que viveram na Terra e em outros globos. Assim, pois, o Espiritismo pertence à Natureza e seu verdadeiro caráter é o de uma ciência. (P. 148)

80. O Espiritismo não nega a Deus, a alma, o livre-arbítrio, as penas e recompensas futuras. Longe disso, ele prova, não pelo raciocínio, mas pelos fatos, essas bases fundamentais da religião, cujo inimigo mais perigoso é o materialismo. (P. 150)

81. Don Fernando Guerrero, escrevendo de Lima (Peru), conta que um dia resolveu relatar algumas passagens d' O Livro dos Espíritos a uma tribo de aborígines que habitam a encosta oriental dos Andes: os indígenas compreenderam perfeitamente o que lhes foi lido e fizeram até observações muito judiciosas sobre o conteúdo da obra. A ideia de reviver na Terra lhes pareceu, por exemplo, absolutamente natural. (P. 151)

82. Kardec diz que somos, malgrado nosso, os agentes da vontade dos Espíritos para aquilo que se passa no mundo, tanto no interesse geral, quanto no individual. (P. 153)

83. Há pessoas que não temem a morte, mas têm medo do escuro; não receiam os ladrões, mas não vão sozinhas, à noite, ao cemitério. É que os Espíritos estão junto delas e seu contacto produz-lhes uma impressão que resulta num medo inexplicável. (P. 153)

84. A Revista noticia a curiosa descoberta feita pelo Sr. Jobert, de Lamballe, sobre a contração muscular rítmica do pequeno peroneal lateral direito, que parecia, na época, desmentir o fenômeno das batidas. (P. 155)

85. O fato difundiu-se por toda a parte, mas, evidentemente, se podia explicar os sons da tiptologia, era insuficiente para explicar o erguimento da mesa sem nenhum contacto, a sua movimentação pela sala, sua queda e as batidas com os pés, fatos então bastante conhecidos e comprovados. (P. 161)

86. A Revista informa que, antes de Jobert, em 1854, o Dr. Rayer, célebre clínico, apresentou ao Instituto um alemão cuja habilidade, na sua opinião, dava a chave de todos os "knokings" e "rappings". (P. 164)

87. Falando sobre a opinião dos cientistas a respeito do Espiritismo, Kardec afirma que ninguém é juiz em causa própria, que os sábios não são infalíveis e que, assim, seu julgamento não é a última instância. (P. 165)

88. Se quisermos construir uma casa, consultaremos um astrônomo? Se estivermos doentes, chamaremos um arquiteto? As ciências vulgares repousam sobre as propriedades da matéria, que podemos manejar à vontade; a ciência espírita tem como agentes inteligências que possuem independência, livre-arbítrio, e não se submetem aos nossos caprichos. (P. 165)

89. Não cabe aos Espíritos descer até nós; nós é que devemos subir até eles, o que conseguiremos pelo estudo e pela observação. Os Espíritos gostam dos observadores assíduos e conscienciosos. (P. 168)

90. Aos olhos do observador atento e ativo multiplicam-se os fenômenos. Que faz o naturalista que deseja estudar os costumes de um animal? Acaso lhe ordena que faça isto ou aquilo, a fim de observá-lo? Não, pois sabe que não será obedecido. Ele espia, espera e observa de passagem. (P. 169)

91. O simples bom senso nos mostra que, com mais forte razão, assim deve ser com os Espíritos, que são inteligências muito mais independentes que a dos animais. (P. 169)

92. Kardec evoca Alexandre Humboldt, falecido em maio de 1859, e diz que em pessoas, como Humboldt, que morrem de morte natural e pela extinção gradual das forças vitais, o Espírito se reconhece mais prontamente do que naqueles cuja vida é bruscamente interrompida por um acidente. (P. 170)

93. Humboldt diz que o futuro do Espiritismo será grandioso, mas o caminho, penoso. Certamente ele será aceito, um dia, nos meios científicos, mas isso não é indispensável. "Ocupai-vos, antes, de firmar seus primeiros preceitos no coração dos infelizes que enchem vosso mundo: é o bálsamo que acalma os desesperos e dá esperança", assevera Humboldt. (P. 173)

94. Tudo é transição na Natureza – diz Humboldt –, por isso mesmo nada é semelhante, apesar de que tudo se liga. As plantas não pensam e, assim, não têm vontade. As ostras que se abrem, como todos os zoófitos, não pensam; possuem apenas um instinto natural. (P. 174)

95. Goethe, evocado por Kardec, explica que sua intuição a respeito da influência dos maus Espíritos sobre o homem derivava de uma lembrança. Ele tinha recordação quase exata de um mundo onde via exercer-se a influência dos Espíritos sobre os seres materiais. (P. 176)

96. Goethe diz que, na Terra, recordava-se de uma existência precedente e lamenta o final do Werther, uma de suas obras mais famosas, porque fez e causou muitas desgraças, de que ele se sentia responsável e pela qual, embora estivesse arrependido, ainda sofria. (P. 177)

97. Kardec evoca Pai César, um homem de cor negra que nasceu na África e foi levado para Louisiana com cerca de 15 anos, onde faleceu em fevereiro de 1859, aos 138 anos de idade. O Espírito se diz mais feliz agora porque seu Espírito não é mais negro, quer dizer, ele se livrara das humilhações a que estava sujeita a raça negra. (P. 179)

98. Respondendo a Kardec, São Luís diz que a raça negra desaparecerá da Terra, porquanto ela foi feita para uma latitude diferente. (P. 179)

99. Os brancos se reencarnam em corpos negros? São Luís diz que sim. Quando, por exemplo, um senhor maltratou um escravo, pode pedir como expiação viver num corpo de negro, a fim de sofrer por sua vez aquilo que fez sofrer e, por esse meio, adiantar-se e obter o perdão de Deus. (P. 180)

100. Kardec relata o caso da aparição do Major Georges Sydenham ao Capitão V. Dyke, publicado em 1682 em Londres. Ficara combinado entre ambos que quem morresse primeiro viria visitar o outro; e isso aconteceu. (P. 185)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Qual é a posição espírita acerca da religião e suas bases fundamentais?

O Espiritismo não as nega, ou seja, não nega a Deus, a alma, o livre-arbítrio, as penas e recompensas futuras. Longe disso, ele prova por meio de fatos, não somente pelo raciocínio, a realidade das bases fundamentais da religião. (Revista Espírita, p. 150.)

B. Como deve agir o pesquisador espírita?

Deve agir como age o naturalista que se propõe a estudar os costumes de um animal. Obviamente, ele não ordena ao animal que faça isto ou aquilo, porque sabe que não será obedecido. Então, espia, espera e observa atentamente. Assim se deve proceder com os Espíritos, que gostam dos observadores assíduos e conscienciosos. Os ingredientes da pesquisa espírita são, assim, o estudo e a observação, porque o simples bom senso nos mostra que, tal como age o naturalista em relação aos animais, com mais forte razão devemos agir com os Espíritos, que são inteligências muito mais independentes. (Obra citada, pp. 168 e 169.)

C. Que é que o Espírito de Goethe disse sobre o Werther, uma de suas obras mais famosas?

O famoso escritor disse que lamentava o final do Werther, porque fez e causou muitas desgraças, de que ele se sentia responsável e pela qual, embora estivesse arrependido, ainda sofria. (Obra citada, p. 177.)

D. Os Espíritos dos brancos podem reencarnar como negros?

São Luís diz que sim e explica que quando, por exemplo, um senhor maltratou um escravo, pode pedir como expiação viver num corpo de pele negra, a fim de sofrer por sua vez aquilo que fez outros sofrerem e, por esse meio, adiantar-se e obter o perdão de Deus. (Obra citada, p. 180.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 3 parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/04/blog-post_20.html

  

 

 

 

 

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terça-feira, 26 de abril de 2022

 



A perceptível diferença entre o bem e o mal

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Algo inerente ao ser humano é o discernimento entre o bem e o mal. Talvez o ser não concorde com essa verdade para, assim, continuar a inocentar-se e também não queira fazer essa distinção, pois, uma vez feita, há que se escolher, o que a isso chamamos de livre-arbítrio. No entanto, queira ou não, o tempo todo fazemos escolhas, porém há quem afirme que em compreender perfeitamente algo e disfarçar compreendê-lo há um abismo de diferença. Mas continuemos.

Se é algo inerente, o que muito impossibilita as escolhas sensatas é a ilusão da expressão “também sou filho de Deus”, com o sentido de assegurar-lhe os só vãos efêmeros prazeres, mas essa afirmativa é desmedidamente contrária à verdadeira razão de viver. Se somos os filhos de Deus, isso ainda mais nos deveria impulsionar a seguirmos caminhos mais prudentes e favoráveis. Simplesmente muitos ainda são acomodados ao comportamento de “bon-vivant” por serem mais humanos terrenos que espíritos e afirmam que cuja mudança e empenho podem ficar normalmente para mais tarde, pois agora o imprescindível é a vida dos prazeres da Terra. Oh, incríveis ignorantes espíritos, sim, espíritos, é o que somos e sempre nos precisamos lembrar.

Necessitamos de renovação para a conquista dos acertos esperados e não basta mais continuarmos com o raso comportamento; o Planeta nos alerta diariamente quanto à nossa conduta e tão sábio insiste em nos mostrar o mais razoável caminho. Não é mais possível ouvir que em outro momento mais oportuno haverá a melhora de comportamento, o tempo é precioso e a vida ainda mais. Todos sabemos o que é bom e o que é mau, a diferença é que alguns aceitam isso e se esforçam para mudar enquanto outros nem querem ouvir falar. Mas a vida é mãe de igualdade para todos.

Há quem diga preferir uma vida sem muito conhecimento, outro grande engano porque o conhecimento liberta e traz condições de compreensão e progresso. Ah, esqueci-me, muitas vezes, a instrução ‒ com o bom senso ‒ é oponente ao orgulho, prepotência e ignorância. Quem perde sempre é o indivíduo que desvaloriza a conduta do sábio andamento. Já se sabe que a ilusão pulula no plano terreno.

Não é difícil caminhar bem na vida, basta, depois de muita vontade, esforço e observação, verificar o que diz respeito à razão e não fere os outros seres vivos. Se, após essa análise, o coração permanecer leve e em paz, é o caminho certo a continuar.

A observação antes de realizarmos algo é crucial para a nossa consciência que sempre nos apontará o dedo ou nos saudará de acordo com o nosso comportamento.

E se houver dúvida ainda, observemos as flores nos campos, pois elas são tão puras, verdadeiras e leais à vida.

Bem que podíamos nos comprometer a que nosso livre-arbítrio estivesse sempre mais próximo dos doces cânticos já um pouco celestiais.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

  

 

 

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