segunda-feira, 31 de maio de 2021

 



Nas Fronteiras da Loucura

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 8

 

Continuamos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL  e, em seguida, no verbete "Nas Fronteiras da Loucura”.

Eis as questões de hoje:

 

57. Que devemos entender por silêncio mental?

A explicação é dada por Dr. Bezerra: "Em nossa área de ação, o silêncio não é decorrência da cessação da voz, a parada dos ruídos que ferem o tímpano, como ocorre na Terra. Sendo o pensamento o agente, é natural que, em descontrole, produza tal descarga magnética, especialmente em casos desta ordem, que repercutiriam na enferma como sendo explosão de granadas, gritos, exclamações, o que, em verdade, está acontecendo no campo vibratório dos familiares, embora sem ressonância na área física”. "No mundo é difícil, para muita gente, fazer silêncio oral, quanto mais de ordem mental." Philomeno compreendeu a lição, recordando-se dos males que produzem tanto a palavra leviana, quanto os ruídos mentais desgovernados, quando o indivíduo se cala mas reage com o pensamento em revolta e desejos de revide ou vingança, despejando cargas de magnetismo dissolvente sobre seus opositores ou desafetos. (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 24, pp. 175 a 177.)

58. A oração em favor de uma pessoa chega a produzir um efeito material?

Sim. Segundo Dr. Bezerra de Menezes, a oração intercessória realizada com unção, com sentimentos elevados, envolve aquele por quem oramos, considerando-se que toda emissão mental, de acordo com sua intensidade e o conteúdo que lhe dá frequência, termina por alcançar o objetivo ou a pessoa a que se destina. "A prece é vibração poderosa de que o homem não tem sabido valer-se como seria de desejar." (Obra citada, cap. 25, pp. 178 e 179.)

59. Como é possível alguns Espíritos – como os benfeitores espirituais – não serem vistos por outros presentes no mesmo recinto?

O fato demonstra a grandeza das Soberanas Leis. A frase é de Manoel Philomeno, que diz que, embora estivessem todos no mesmo espaço, ele e o Mentor podiam ver as Entidades delinquentes, sem que a estas isso fosse facultado. Isso ocorria porque sintonizavam em outra faixa vibratória, inacessível à percepção espiritual dos Espíritos que naquele momento estavam voltados à prática do mal. (Obra citada, cap. 25, pp. 179 e 180.)

60. Na sessão mediúnica, o Espírito comunicante (Ricardo) quis agredir o esclarecedor, mas não o conseguiu. Por quê?

O que ocorreu deveria ser a regra em todos os grupos mediúnicos que seguem as orientações da doutrina espírita. O Espírito não logrou agredir o interlocutor porque na mediunidade educada, mesmo em estado sonambúlico, o Espírito do médium exerce vigilância sobre o comunicante, não lhe permitindo exorbitar, visto que o perispírito do médium é o veículo pelo qual o desencarnado se utiliza dos recursos necessários à exteriorização dos seus sentimentos. Quando, contrariamente a isso, fatos infelizes desse porte sucedem, o médium é corresponsável e o grupo necessita de reestruturação. (Obra citada, cap. 25, pp. 183 e 184.)

61. Na mesma reunião, o Espírito foi submetido ao chamado “choque anímico”. Isso produziu nele algum efeito?

Sim. A partir daquele momento, o Espírito de Ricardo passou a experimentar sensações agradáveis, a que estava desacostumado. O mergulho nos fluidos salutares do médium Jonas propiciou-lhe rápida desintoxicação, modificando-lhe a densa psicosfera em que se situava. (Obra citada, cap. 26, pp. 185 e 186.)

62. Apesar da vigilância exercida por guardas espirituais postos em seu quarto no Hospital, de que maneira Julinda, ao liberar-se do corpo que dormia, pôde sair sem ser vista?

Antes de sair, Julinda recebeu passes que lhe facultavam liberar-se daquela conjuntura, de modo a facilitar sua condução. Em seguida, o grupo partiu e ninguém viu, porque Dr. Bezerra produziu uma cortina vibratória, que tornou a todos eles invisíveis aos guardas de Elvídio. (Obra citada, cap. 26, pp. 191 e 192.)

63. Qual o conselho do Dr. Bezerra para os integrantes de um grupo espírita, relativamente ao seu comportamento após o encerramento dos trabalhos mediúnicos?

Segundo Dr. Bezerra, é de bom alvitre que os cooperadores encarnados, após o encerramento dos trabalhos mediúnicos, se mantenham, quanto possível, no clima psíquico que fruíram durante a reunião, meditando no que ouviram, digerindo mentalmente melhor as comunicações, incorporando aos hábitos as lições recebidas e orando. (Obra citada, cap. 26, pp. 192 a 194.)

64. Na sessão manifestou-se um Espírito com a forma perispiritual degenerada, em um caso típico de zoantropia. Que fato levou esse Espírito a essa condição?

O Espírito, apesar de contido pelo psiquismo do médium e pelo controle mental do Mentor, extravasava desconcerto e fúria. Era o ódio o agente daquela situação dolorosa. O monoideísmo, mantido por longos anos, encarregara-se de degenerar sua forma perispiritual, moldando-a conforme a aspiração íntima acalentada. O desejo irrefreável de vingança, a alucinação decorrente da sede de desforço não logrado, respondiam pelo autossupliciamento que a si mesmo se impusera. (Obra citada, cap. 27, pp. 199 e 200.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 7 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/05/blog-post_24.html

 

 

 

 

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domingo, 30 de maio de 2021

 



A logoterapia é um passo na ligação entre ciência e religião

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

A expansão da logoterapia nos dias que correm é mais um dado que comprova não estar muito distante o momento em que se dará na Terra a aliança entre a Ciência e a Religião, um fato antevisto por Allan Kardec, que escreveu, 146 anos atrás, que são chegados os tempos em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista e levando também em conta o elemento espiritual, e a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, prestar-se-ão mútuo concurso.

Sistema teórico-prático de psicologia criado pelo médico psiquiatra vienense Viktor Frankl, a logoterapia tornou-se mundialmente conhecida a partir do livro Em Busca de Sentido (Um Psicólogo no Campo de Concentração), em que Frankl expôs suas experiências nas prisões nazistas e lançou as bases do seu pensamento. De acordo com Allport, "trata–se do movimento psicológico mais importante de nossos dias".

Embora desenvolvida quando Frankl se encontrava preso em um campo de concentração, ela só foi divulgada em 1949. Ignorada por boa parte dos psicólogos brasileiros, trata-se, no entanto, de uma das três escolas da psicoterapia reconhecidas cientificamente que se caracteriza por imprimir ideias mais humanistas à psicologia, ideias essas que combinam, pela primeira vez na psicologia, espiritualidade, religião e psicoterapia.

Segundo alguns estudiosos, a logoterapia, diferentemente da escola freudiana, baseia sua atuação não no inconsciente do indivíduo, mas na possibilidade de sua transcendência espiritual e do encontro de um sentido para a vida.

Essa necessidade de se encontrar um sentido para a vida constitui a base da filosofia e da metodologia terapêutica propostas por Viktor Frankl. E ela tem-se mostrado eficiente na cura das chamadas neuroses coletivas, como a solidão, a agressividade e a depressão.

As ideias de Frankl estão mais próximas dos ensinamentos espíritas do que se pode imaginar, uma vez que o Espiritismo define com clareza qual o sentido de nossa presença na Terra – ou, como queiram, o sentido da vida –, assunto tratado na questão 132 d´O Livro dos Espíritos, adiante transcrita:

 

Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”

 

Comentando o ensinamento, Kardec explica que a ação do homem é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação encontrássemos um meio de progredir e de nos aproximar dele. Assim é que, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza e ninguém pode alegar que sua presença e seu papel no mundo não têm importância ante as vistas do Criador.

 

 

 

 

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sábado, 29 de maio de 2021

 



Devaneios do diálogo com Gabriel Delanne

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

           

Dia desses, sonhei que tomava um café com brioche num dos cafés de Place de Terreaux, de Lyon, cidade francesa onde nasceu Allan Kardec. Enquanto contemplava a fonte Bartholdi, sentou-se, à mesa ao lado, ninguém menos do que Gabriel Delanne.

Ao reconhecê-lo, identifiquei-me e logo iniciamos uma conversa fraterna que reproduzo abaixo:

— Delanne, o que lhe parece a onda materialista que grassa sobre a Terra atualmente?

— Jó, fique certo de uma coisa: o Espiritismo renasce com força, não somente na França como em toda a Europa, além de outros países de diversas partes do mundo. Com relação ao materialismo, até hoje, nenhum dos grandes clássicos espíritas perdeu sua atualidade e deixou de nos proporcionar um roteiro para o conhecimento da verdade, como a obra Fatos espíritas, de Willian Crookes; Pensamento e vontade; A crise da morte, entre outras obras de Ernesto Bozzano; A alma é imortal; A reencarnação etc. de minha autoria, entre outras, complementadas por todas as obras da codificação de Allan Kardec. Essa é a base para todo aquele que deseja conhecer O Consolador Prometido por Jesus. Mas não podemos parar aí. Temos que estudar as obras dos médiuns brasileiros e estrangeiros, dos cientistas e filósofos comprometidos seriamente com a verdade, como Buda, Gandhi, Pietro Ubaldi, Huberto Rohden, C. Torres Pastorino etc., além de conhecer e praticar tudo aquilo que Jesus nos legou como tesouro maior, contido nos Antigo e Novo Testamento.

Foi então que lhe objetei:

— Mas para isso uma existência no corpo é insuficiente, irmão... — E Delanne concluiu:

— E você acha que a ciência do infinito pode ser conhecida numa só existência? Selecione, por enquanto, aquilo que melhor satisfaça seu espírito... Há quem prefira a ciência espírita; outros já se identificam melhor com sua filosofia; por fim, existem aqueles que enfocam a moral. Todos esses conhecimentos, porém, se não forem secundados pela práxis, no cultivo diário do amor a Deus e ao próximo, serão como o sino que tange, donde só sairão sons sonoros...  sem seriedade... secos... sacripantas...

Ouvindo essas últimas palavras, em forma de aliteração, lembrei-me de grandes poetas brasileiros como Castro Alves, Cruz e Sousa, Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. Deste último, dois versos do seu belo poema intitulado O Lutador vieram-me à memória: "Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã..." – Foi quando, registrando meu pensamento, Delanne concluiu, despedindo-se de mim:

— Mas a verdadeira e melhor luta, caro Jó, é contra nossas próprias imperfeições. Au revoir!

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

 

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sexta-feira, 28 de maio de 2021

 



Fatos Espíritas


William Crookes


Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que contém esta obra?

B. Quais foram os sábios, além de Crookes, que pesquisaram os fatos espíritas?

C. Os médiuns deram a William Crookes o necessário apoio em suas pesquisas?

 

Texto para leitura

 

1. Observação preliminar – Embora esteja dito no preâmbulo que o livro que ora estudamos é uma tradução de Researches in the Phenomena of Spiritualism, essa informação não é inteiramente exata. Em verdade, ele contém um capítulo inteiro, o último da obra de Crookes, capítulo esse intitulado "Notes of an Enquiry into the Phenomena Called Spiritual". Os demais vêm de outras fontes, embora sejam igualmente de autoria de Crookes. Como o leitor verá, o livro em exame contém também comentários de diferentes pesquisadores, mas obedece a um plano original feito por seu tradutor, Oscar D´Argonnel, que é, pois, não somente tradutor mas também o organizador da obra.

2. Prefácio de Oscar D´Argonnel – Publicando este livro temos em vista tão somente tornarem-se conhecidos aos leitores de língua portuguesa os fatos espíritas examinados rigorosamente à luz da ciência por um dos mais eminentes sábios do século – William Crookes. Deixamos de apresentar os rigorosos processos científicos adotados pelo ilustre experimentador, porque temos certeza de que as pessoas que os desejarem conhecer irão lê-los na obra original. Esses admiráveis fenômenos devem encher de júbilo os espiritualistas e entristecer profundamente todos quantos só acreditavam na força e na matéria.

3. Os fenômenos espíritas têm sido objeto de atenção dos sábios mais ilustres do mundo, tais como Crookes, Gully, Elliotson, Lodge, Challis, Morgan, Wallace, Varley, Lombroso, Zöellner, Carl du Prel, Charles Richet, Aksakof, Rochas e muitos outros. Como vemos, são os mais distintos físicos, químicos, matemáticos, astrônomos, fisiologistas, criminalistas, etc., os homens que atestam a realidade dos fatos do Espiritismo.

4. Essa atestação é um golpe mortal vibrado na escola materialista. A existência da alma, que era apresentada como um dogma de fé por todas as religiões e que a filosofia nos mostrava por palavras, é hoje, graças ao Espiritismo, uma verdade científica. Atualmente os sábios dizem que a alma existe porque a veem e tocam, conversam com ela e lhe tiram o retrato.

5. A prova científica da existência da alma e da sua comunicação conosco é o legado mais brilhante que o século 19 vai deixar ao vindouro.

6. Introdução – Antes de apresentar os fatos espíritas observados rigorosamente à luz da ciência por William Crookes, julgamos necessário fazer o leitor conhecer quem é esse eminente sábio que, estudando o Espiritismo para saber de que lado se achava a verdade, se com os espiritualistas ou com os materialistas, não temeu, achando-a com os primeiros, tornar públicas as suas conclusões.

7. Para isso traduzimos resumidamente as seguintes palavras do Doutor Paul Gibier(1): “Aos 20 anos, Crookes publicava interessantes memórias sobre a luz polarizada; depois, foi um dos primeiros, na Inglaterra, a estudar, com o auxílio do espectroscópio, as propriedades dos espectros solar e terrestre. Devem-se a ele sérios trabalhos sobre a medida da intensidade da luz e engenhosos instrumentos: o fotômetro de polarização e o microscópico espectral, por exemplo. Os seus escritos sobre a química geral foram muito apreciados desde o momento em que apareceram”.

8. Eis outras informações extraídas do texto de Paul Gibier: É ele o autor de um tratado de análises químicas (Méthodes Choisies), hoje clássico. Devem-se-lhe numerosas pesquisas em Astronomia e principalmente sobre a fotografia celeste. Em 1855-56, a Sociedade Real de Londres, que o admitiu no número de seus membros ativos – em primeira votação – decretou-lhe um auxílio monetário para prosseguir em seus trabalhos sobre a fotografia da Lua. O governo da Rainha o enviou ultimamente a Orara para observar um eclipse.

9. Acrescentamos que ele, além disso, se ocupou de medicina e de higiene, do que dão testemunho os seus trabalhos sobre a peste bovina, entre outros. Mas duas descobertas têm sobretudo classificado Crookes entre os mestres da ciência moderna: o ilustre sábio era já distinto pela sua descoberta de um processo de amalgamação com o auxílio do sódio, processo que é empregado hoje na Austrália, na Califórnia e na América do Sul pela indústria metalúrgica do ouro, quando fez conhecer um novo corpo simples metálico: o Tálio.

10. Aprecia-se o valor de semelhante descoberta quando se sabe que o número de corpos simples conhecidos na série dos metais se elevava a cerca de cinquenta. Ele foi conduzido a essa preciosa descoberta pelos seus trabalhos sobre a análise espectral. Foi assim, de fato, que foram insulados o césio, o rubídio e o índio.

11. A segunda descoberta de Crookes vem corroborar o que avançamos; queremos falar da matéria radiante. A matéria aparece aos nossos sentidos sob três estados bem diferentes: sólido, líquido e gasoso. Existe, provavelmente, uma infinidade de estados da matéria, mas não conhecemos senão três. Crookes nos fez entrever um quarto. Por uma série de experiências, feitas com rara exatidão, demonstrou ele o estado entrevisto por Faraday, denominando-a matéria radiante.

12. Não queremos fazer o histórico dessas experiências tão importantes sob o ponto de vista filosófico da Química, da Física e do estudo da matéria em geral; em resumo, resulta disso que a matéria, em sua essência, deve ser una e que os corpos variados que caem sob os nossos sentidos imperfeitos não são senão um agrupamento, uma estrutura molecular especial da matéria, segundo a opinião do celebre químico Boutlerow, de São Petersburgo, que confirmou o que pôde verificar das experiências de Crookes sobre a força psíquica.

13. Crookes repetiu suas experiências sobre a matéria radiante em 1879 (setembro), no Congresso da Associação Britânica para o adiantamento das ciências, e em 1880, na Escola de Medicina de Paris e no observatório, a convite do Professor Würtz e do Almirante Mouchez. Os efeitos produzidos pela matéria nesse estado foram os mais surpreendentes e de uma força formidável, valendo um grande êxito para Crookes.

14. As poucas linhas precedentes darão, segundo esperamos, uma ideia do alto valor científico do homem que não temeu enfrentar o estudo dos fenômenos espíritas. Por isso, quando o ilustre membro da Sociedade Real anunciou no Quartely Journal que se ia ocupar dos fenômenos chamados espíritas, foi um grito geral: “Enfim! vamos pois saber como havemos de pensar”.

15. Mas desde os primeiros artigos, quando se viu Crookes admitir a realidade dos fenômenos e declarar que os tinha observado, pesado, medido, registrado, etc., o caso mudou de figura. Houve, sem dúvida, grande número de pessoas que tinham o assunto como julgado; mas nem todo o mundo quis render-se e palavras de reprovação mais ou menos sinceras se fizeram ouvir. Não será esse um dos incidentes menos curiosos da história do Espiritismo.

16. Crookes tinha, entretanto, mostrado a maior severidade na série das suas pesquisas; mas as pessoas que se achavam desconcertadas no momento da digestão tranquila dos seus conhecimentos adquiridos ficaram irritadas por ver pronunciar-se contra elas um juiz do qual tinham antecipadamente aceito as conclusões, mas com a condição, implicitamente formulada, de que seriam conformes com as suas ideias.

17. Ver-se-á, entretanto, que essas pesquisas foram empreendidas com espírito verdadeiramente científico:

“O espiritualista – diz Crookes – fala de corpos pesando 50 ou 100 libras, que se elevam ao ar sem a intervenção de força conhecida; mas o químico está habituado a fazer uso de uma balança sensível a um peso tão pequeno que seriam necessários 10.000 deles para perfazer um grão. Ele tem base para pedir a esse poder, que se diz guiado por uma inteligência que suspende ao teto um corpo pesado, que faça mover, sob condições determinadas, a sua balança tão delicadamente equilibrada.

“O espiritualista fala de pancadas que se produzem nas diferentes partes de um quarto, quando duas ou mais pessoas estão tranquilamente sentadas ao redor de uma mesa. O experimentador científico tem o direito de pedir que essas pancadas se produzam sobre a membrana esticada de seu fonautógrafo.

“O espiritualista fala de quartos e de casas sacudidas por um poder sobre-humano, mesmo até a ponto de ficarem danificadas. O homem de ciência pede simplesmente que um pêndulo colocado sob uma campânula de vidro e repousando em sólida alvenaria seja posto em vibração.

“O espiritualista fala de pesados trastes em movimento de um aposento a outro sem ação do homem. Mas o sábio construiu instrumentos que dividem uma polegada em um milhão de partes; e tem, portanto, o direito de duvidar da exatidão das observações efetuadas se a mesma força é impotente para fazer mover de um simples grau o indicador de seu instrumento.

“O espiritualista fala de flores molhadas pelo orvalho fresco, de frutos, mesmo de seres vivos, trazidos através de janelas fechadas e mesmo através de sólidas muralhas de tijolo. O investigador científico pede, naturalmente, que um peso adicional (ainda que não tenha mais que a milésima parte de um grão) seja depositado em uma das conchas da sua balança quando a caixa estiver fechada à chave. E o químico pede que se introduza a milésima parte de um grão de arsênico através das paredes de um tubo de vidro, no qual está água pura hermeticamente fechada.

“O espiritualista fala das manifestações de uma força equivalente a milhares de libras e que se produz sem causa conhecida. O homem de ciência, que crê firmemente na conservação da força e que pensa que ela nunca se produz sem um esgotamento correspondente de alguma coisa para substituí-la, pede que as ditas manifestações se produzam no seu laboratório, onde ele as poderá pesar, medir e submeter a seus próprios ensaios.”

18. Foi com esses sentimentos que Crookes enfrentou o estudo dos fenômenos cujo exame, no seu entender, se impunha à ciência, sem que ela pudesse protelar por mais tempo.

19. Logo depois de ter feito essa espécie de profissão de fé científica, o autor acrescenta, em uma nota, a observação seguinte:

“Para ser justo a esse respeito, devo estabelecer que, expondo estes intentos a vários espiritualistas eminentes e a médiuns entre os mais dignos de confiança da Inglaterra, eles manifestaram perfeita confiança nos êxitos da pesquisa, se fosse lealmente prosseguida do modo pelo qual indiquei aqui, oferecendo-se para me ajudar com todo o poder ao seu alcance e pondo à minha disposição as suas faculdades particulares. Até ao ponto aonde cheguei, posso acrescentar que as experiências preliminares têm sido satisfatórias.” 

 

(1) O Espiritismo (Faquirismo Ocidental), tradução portuguesa. Edição da Federação Espírita Brasileira.

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Que contém esta obra?

Ela apresenta os fatos espíritas que foram examinados rigorosamente à luz da ciência por William Crookes, um dos mais eminentes sábios do século 19, e por inúmeros outros investigadores dos fenômenos mediúnicos, que, com justa razão, devem encher de júbilo os espiritualistas e entristecer profundamente todos quantos, até então, só acreditavam na força e na matéria. (Fatos Espíritas, Prefácio de Oscar D´Argonnel.)

B. Quais foram os sábios, além de Crookes, que pesquisaram os fatos espíritas?

Os fenômenos espíritas foram objeto de atenção no século 19 dos sábios mais ilustres do mundo, tais como Gully, Elliotson, Lodge, Challis, Morgan, Wallace, Varley, Lombroso, Zöellner, Carl du Prel, Charles Richet, Aksakof, Rochas e muitos outros. Físicos, químicos, matemáticos, astrônomos e fisiologistas atestaram a realidade dos fatos do Espiritismo, o que representou um golpe mortal na escola materialista. A existência da alma, que era apresentada como um dogma de fé por todas as religiões e que a filosofia nos mostrava por palavras, é hoje, graças ao Espiritismo, uma verdade científica. (Obra citada, Prefácio de Oscar D´Argonnel.)

C. Os médiuns deram a William Crookes o necessário apoio em suas pesquisas?

Sim. Ele próprio a isso se referiu seguinte nota: “Para ser justo a esse respeito, devo estabelecer que, expondo estes intentos a vários espiritualistas eminentes e a médiuns entre os mais dignos de confiança da Inglaterra, eles manifestaram perfeita confiança nos êxitos da pesquisa, se fosse lealmente prosseguida do modo pelo qual indiquei aqui, oferecendo-se para me ajudar com todo o poder ao seu alcance e pondo à minha disposição as suas faculdades particulares. Até ao ponto aonde cheguei, posso acrescentar que as experiências preliminares têm sido satisfatórias.” (Obra citada, Introdução.)

 

 

 

 

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quinta-feira, 27 de maio de 2021

 



O Céu e o Inferno

 

Allan Kardec

 

Parte 9

 

Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.

Este estudo será publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.

Eis as questões de hoje:

 

65. Como devemos encarar a prova da riqueza?

Segundo informação transmitida pelo Espírito da condessa Paula, a prova da riqueza é realmente muito perigosa. É preciso ser assaz forte para não sucumbir ante essa prova. Eis um trecho da mensagem que ela transmitiu: "Trabalhadores! estou nas vossas fileiras: eu, a dama nobre, ganhei como vós o pão com o suor do meu rosto; saturei-me de privações, sofri reveses e foi isso que me retemperou as forças da alma; do contrário eu teria falido na última prova, o que me teria deixado para trás, na minha carreira. Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo-Poderoso”. (O Céu e o Inferno, Segunda Parte, cap. II, A condessa Paula.)

66. O corpo estorva as faculdades do Espírito?

Sim. O corpo é um estorvo às faculdades espirituais e, por maiores que sejam as luzes pelo Espírito conservadas, elas são mais ou menos empanadas ao contacto da matéria. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, João Reynaud, comunicação dada em Bordéus.)

67. Existe diferença entre professar e praticar?

Sim. Há uma grande diferença entre professar e praticar. Muita gente professa uma doutrina, que não pratica. E há quem a pratica, mas não a professa. Foi o que ocorreu com João Reynaud, segundo ele próprio revelou: “Assim como cristão é todo homem que segue as leis do Cristo, mesmo sem conhecê-lo, assim também podemos ser espíritas, acreditando na imortalidade da alma, nas reencarnações, no progresso incessante, nas provações terrenas – abluções necessárias ao melhoramento. Acreditando em tudo isso, eu era, portanto, espírita”. Reynaud compreendia a erraticidade, laço intermediário das reencarnações e purgatório no qual o Espírito culposo se despoja das vestes impuras para revestir nova toga, e onde o Espírito, em evolução, tece cuidadosamente essa toga que há de carregar no intuito de conservá-la pura. “Compreendi tudo isso, e, sem professar, continuei a praticar” – afirmou o Espírito de João Reynaud. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, João Reynaud, comunicação dada em Bordéus.)

68. Qual é a marcha que vem sendo seguida pelo Espiritismo?

O Espírito de João Reynaud referiu-se ao assunto em sua segunda mensagem. Disse ele: "Notastes, meu amigo, a marcha que segue o progresso, a direção que toma a crença espírita? Primeiro que tudo, deu-lhe Deus as provas materiais: movimento de mesas, pancadas e toda sorte de fenômenos, para despertar a atenção. Era um como prefácio divertido. Os homens precisam de provas tangíveis para crer. Agora é muito diferente o caso. Depois dos fatos materiais, Deus fala à inteligência, ao bom senso, à razão fria; não são mais efeitos físicos, porém coisas racionais que devem convencer e congregar todos os incrédulos, mesmo os mais teimosos. E isto é apenas o começo: Tomai bem nota do que vos digo: - toda uma série de fenômenos inteligentes, irrefutáveis, vão seguir-se, e o número já tão grande dos adeptos da crença espírita vai aumentar ainda. Deus vai insinuar-se às inteligências de escol, às sumidades do espírito, do talento e do saber. Será como um raio de luz a expandir-se, a derramar-se por sobre a Terra inteira, qual fluido magnético irresistível, arrastando os mais recalcitrantes à investigação do infinito, ao estudo dessa admirável ciência que tão sublimes máximas nos ensina”. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, João Reynaud, segunda mensagem.)

69. O peso da velhice também atinge os Espíritos?

Não. No caso de Van Durst, falecido aos 80 anos de idade, passados os primeiros momentos, nem velhice, nem entraves de qualquer espécie – nada havia que o constrangesse. Eis suas palavras: “Aqui se vive às claras, caminhando com desassombro, tendo ante os olhos horizontes tão belos que a gente se torna impaciente por abrangê-los”. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, Van Durst.)

70. Como atenuar a maldade que reside em nós? O bem é recompensado por Deus?

O perdão das ofensas é, de tantas, uma das mais poderosas atenuantes do mal. O exercício do perdão e a prática do bem são fundamentais no processo de nosso aprimoramento moral. Quem faz o bem e segue fielmente a lei de Deus recebe, sim, justa recompensa, que irá muito além dos sofrimentos e dos méritos que porventura pensamos haver adquirido. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, Um médico russo, última pergunta, e Victor Lebufle.)

71. Os sofrimentos decorrem sempre de expiação?

Não. Nem sempre os sofrimentos amargados na Terra constituem uma expiação. Há Espíritos que, cumprindo a vontade do Senhor, baixam à Terra e são felizes em provar males que para outros seriam uma expiação, mas para eles apenas provas. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, Victor Lebufle, nota do Guia do médium.)

72. Os amigos nos recebem no além-túmulo?

Sim. Maurício Gontran, cujos pais ainda se encontravam encarnados, diz ter sido recebido por seu avô, que lhe estendeu os braços, estreitando-o efusivamente ao coração. Segundo ele, multidão de outras pessoas, de risonhos semblantes, o acompanhavam, acolhendo-o todos com benevolência e doçura. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, Maurício Gontran.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/05/blog-post_20.html

 

 

 

  

 

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quarta-feira, 26 de maio de 2021

 


Ação e Reação

 

André Luiz

 

Parte 3

 

Estamos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros de André Luiz, psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, integrantes da chamada Série Nosso Lar.

Concluído o estudo dos oito primeiros livros da Série, damos prosseguimento ao estudo da nona obra: Ação e Reação, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND e, em seguida, no verbete “Ação e Reação".

Eis as questões de hoje:

 

17. É verdade que não existem na Terra males que permanecem ocultos?

Sim. Todos os crimes e todas as falhas da criatura humana se revelarão algum dia, em algum lugar. Qualquer sombra de nossa consciência jaz impressa em nossa vida até que a mácula seja lavada por nós mesmos, com o suor do trabalho ou com o pranto da expiação. Contudo, disse o Assistente Silas, "a Bondade Infinita do Senhor permite que as vítimas edificadas no entendimento e no perdão se transformem, felizes, em abnegados cireneus dos antigos verdugos". (Ação e Reação, cap. 4, pp. 51 a 53.)

18. Uma enferma desencarnada via uma Entidade que ela acreditava ser o demônio Belfegor. Já que não existem demônios, como explicar essa visão?

O Assistente explicou tratar-se de um clichê mental, criado e nutrido por ela mesma. As ideias macabras da magia aviltante, como as da bruxaria e do demonismo que as igrejas chamadas cristãs propagam, a pretexto de combatê-las, geram imagens como essa, estabelecendo epidemias de pavor alucinatório. As Entidades entregues à perversão valem-se desses quadros e imprimem-lhes temporária vitalidade com o propósito evidente de atemorizar suas vítimas. (Obra citada, cap. 4, pp. 53 e 54.)

19. A velocidade do pensamento supera a da luz?

Segundo o Assistente Silas, sim. A força viva e atuante do pensamento propaga-se a uma velocidade superior à da luz. Emitido por nós, o pensamento volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no Espírito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa atenção. Daí a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais nobres e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da mesma natureza, e, quando estacionários na viciação ou na sombra, as forças mentais que exteriorizamos retornam ao nosso espírito, reanimadas e intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam, engrossando, dessa forma, as grades da prisão em que nos detemos irrefletidamente. (Obra citada, cap. 4, pp. 55 a 57.)

20. Como era o ambiente fora dos muros da Mansão Paz?

Deprimente. Após transporem largo portão que dava acesso ao exterior, André Luiz e seus companheiros puderam avaliar quão tristes eram os quadros em derredor. À medida que se afastavam, penetravam mais profundamente na sombra densa, cada vez mais espessa, alumiada, contudo, aqui e ali, por tochas mortiças, como se a luz, nos sítios em torno, lutasse para sobreviver. Gritos, soluços, imprecações e blasfêmias emergiam da treva. Aquele local situava-se numa zona posterior à Mansão, em larga faixa superlotada de Entidades conturbadas e sofredoras, que pareciam relegadas à intempérie, fora da área abarcada pelos muros da instituição. (Obra citada, capítulo 5, pp. 58 e 59)

21. Em face do grande número de criaturas em estado de grande sofrimento, como a Mansão as assistia?

Silas explicou, primeiramente, por que aquelas pessoas não eram admitidas na Mansão. O motivo é que elas não apresentavam os necessários requisitos para serem assistidas dentro da Instituição, que não lhes podia abrir as portas de imediato em face do desespero e da revolta em que se compraziam. A assistência lhes era dada por meio de Entidades recuperadas que desenvolviam preciosas tarefas em largos setores daquela região. Por intermédio delas, o instituto podia atender milhares de consciências necessitadas e saber com segurança quais eram os irmãos em sofrimento dignos de acesso à Casa, após a transformação gradual a que se ajustavam. (Obra citada, cap. 5, pp. 59 a 61.)

22. Por que tanto sofrimento em um número tão grande de Espíritos?

Pesaroso com o que via, foi Hilário que formulou tal pergunta e o Assistente Silas respondeu: "Compreendo-lhe o pesar. Indiscutivelmente, tanta dor reunida não seria justa se não viesse de quantos preferiram no mundo o trato diário com a injustiça. Não é claro, porém, que todos venhamos a colher o fruto da plantação que nos pertence?" E acrescentou: "Não encontraremos aqui neste imenso palco de angústia almas simples e inocentes, mas sim criaturas que abusaram da inteligência e do poder, e que, voluntariamente surdas à prudência, se extraviaram nos abismos da loucura e da crueldade, do egoísmo e da ingratidão, fazendo-se temporariamente presas das criações mentais, insensatas e monstruosas, que para si mesmas teceram". Resumindo: ali se cumpria de forma muito clara a lei de ação e reação. (Obra citada, capítulo 5, pp. 59 a 63)

23. Havia na região mencionada, fora dos muros da Mansão, celas para contenção de determinados Espíritos?

Sim. Orzil era um dos guardas da Mansão incumbido de cuidar de algumas dessas celas. Sob seus cuidados havia, naquela oportunidade, três Espíritos em franca situação de inconsciência. As acomodações usadas por eles eram bem rústicas. As celas lembravam boxes de confortável cavalariça, construídas com toda a segurança, em atenção aos objetivos de contenção. O tratamento ali precedia uma futura internação na própria Mansão, quando eles tivessem condições de serem por ela acolhidos.  (Obra citada, cap. 5, pp. 62 a 64.)

24. Na Mansão Paz registrou-se algum caso de Espírito desencarnado revoltado com os próprios filhos?

Sim. Era esse exatamente o caso de Veiga, que havia lutado por vinte e cinco anos para reaver uma herança dos avós. Quando a recebeu, foi colhido pela morte. Após a morte, ele permaneceu em casa, desejando acompanhar, pelo menos, a partilha do espólio, mas seus filhos amaldiçoaram-lhe a influência, impondo-lhe, a cada passo, frases venenosas e hostis. Além disso, começaram a perseguir sua segunda esposa, que lhes fora mãe ao invés de madrasta, administrando-lhe tóxicos por medicação inocente, até que a pobrezinha foi internada numa casa de loucos, sem esperança de recuperação. Aí residiam o motivo de sua revolta e o desejo de que forças infernais punissem os próprios descendentes.  (Obra citada, cap. 5, pp. 66 e 67.)

 

 

Observação:

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