Revista Espírita de 1868
Allan Kardec
Parte 3
Continuamos o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1868, periódico
editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por
Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de 1868 pertence a uma série iniciada em
janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando
desencarnou.
Cada parte do estudo, que é apresentado às
quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final
do texto abaixo.
Questões
preliminares
A. Qual é, no Espiritismo, o sentido da palavra messias?
B. Quem serão, então, os messias do Espiritismo?
C. No tocante às enfermidades em geral, como entender as
curas instantâneas?
Texto para leitura
29. A identificação dos novos messias não se torna
difícil se levarmos em conta os ensinamentos contidos no cap. 21 de O
Evangelho segundo o Espiritismo. Diz o bom senso que Deus não pode escolher
seus messias entre os Espíritos vulgares, mas entre os que sabe capazes de
realizar seus desígnios. Na primeira linha das qualidades morais que distinguem
o verdadeiro missionário, ou messias, há que colocar a humildade sincera, o
devotamento sem limites, o desinteresse material e moral absoluto e a abnegação
da personalidade. Assim como se reconhece a árvore por seus frutos,
reconhecer-se-ão os verdadeiros messias por suas obras, e não por suas
pretensões. (Págs. 67 e 68.)
30. Algumas pessoas, lembra Kardec, temeram que a qualificação
de messias espalhasse sobre a doutrina espírita um verniz de misticismo. Ora, a
palavra messias é empregada pelo Espiritismo na sua acepção literal de
mensageiro, enviado, abstração feita da ideia de redenção e de mistério,
própria dos cultos cristãos. Para o Espiritismo, todo Espírito encarnado para
cumprir uma missão especial junto à Humanidade é um messias, na acepção geral
da palavra, ou seja, um missionário ou enviado, com a diferença que o vocábulo
messias implica de modo mais particular a ideia de uma missão direta da
Divindade, de onde se segue que há uma distinção a fazer entre os messias
propriamente ditos e os simples missionários. A vinda deles não será marcada
por nenhum prodígio. Nada os assinalará à atenção pública, senão a grandeza de
suas obras, a sublimidade de suas virtudes e a parte ativa e fecunda que
tomarão na fundação da nova ordem de coisas. (Págs. 68 e 69.)
31. Assim serão os messias do Espiritismo: grandes homens
entre os homens, grandes Espíritos entre os Espíritos. Quantos serão? Só Deus o
sabe. Ninguém saberá em que família e em que lugar eles nascerão. Nenhum anjo
virá anunciar a sua vinda. E ao lado deles, dos messias propriamente ditos,
Espíritos superiores encarnar-se-ão com missões especiais para os secundar,
nascendo em todas as classes, em todas as posições sociais, em todas as seitas
e em todos os povos. É, sobretudo, o século 20 que verá florescerem grandes
apóstolos do Espiritismo e por isso poderá ser chamado o século dos messias.
(Págs. 69 a 71.)
32. A biblioteca imperial de São Petersburgo publicou em
1858 uma coletânea de cartas inéditas escritas pelo célebre fisionomista
Lavater à Imperatriz Maria, da Rússia, esposa de Paulo I e avó do Imperador
reinante. Enviadas de Zurique, as cartas, em número de seis, foram escritas de
1796 a 1798. (Págs. 71 a 80.)
33. Foi a pedido da Imperatriz Maria e de seu esposo
Paulo I que Lavater enviou as citadas cartas, cujo tom prova que ele se dirigia
a pessoas convictas das ideias que anteciparam em sessenta anos os ensinamentos
espíritas. Manifestando-se espontaneamente em 7 de fevereiro de 1868, na
Sociedade Espírita de Paris, o Espírito de Paulo I disse que Lavater os
iniciara na sublime doutrina e suas cartas eram por eles esperadas com
ansiedade febril. “Todas essas questões, hoje causticantes, nós as aceitamos há
sessenta anos”, informou Paulo I, acrescentando que a Imperatriz Maria gozava
da faculdade de ver e ouvir os Espíritos. (Págs. 80 a 82.)
34. Um caso relatado pelo Dr. Champneuf, correspondente
da Revista em Maine-et-Loire, comprova que os Espíritos não se despojam
imediatamente de seu caráter ao entrarem no mundo espiritual. O correspondente
cita alguns fatos produzidos por um Espírito chamado Flageolet, autor de várias
traquinagens na casa de um de seus irmãos. Desencarnado em idade avançada,
Flageolet revelava com suas travessuras o caráter de uma criança, próprio do
desenvolvimento moral que atingira. Comentando o fato, Kardec diz que, sem
dúvida, Flageolet pertencia à categoria de Espíritos ainda crianças, mais levianos
que maus; mas o meio sério no qual se manifestava e o contato com homens
esclarecidos concorreriam para o amadurecimento de suas ideias e o seu
progresso. (Págs. 82 a 84.)
35. No artigo “Ensaio teórico das curas instantâneas”,
Kardec tece várias considerações que adiante resumimos: I – De todos os
fenômenos espíritas, um dos mais extraordinários é o das curas instantâneas.
Pergunta-se então: Como o fluido pode operar uma transformação súbita no
organismo? E mais: Por que o indivíduo que possui essa faculdade não tem acesso
sobre todos os que são atingidos pela mesma moléstia? II – A explicação
seguinte, deduzida das indicações fornecidas por um médium em sonambulismo
espontâneo, parece jogar luz nova sobre a questão, mas, adverte Kardec, “não a
damos como absoluta”, e sim a título de hipótese e como forma de estudo. III –
Na medicação terapêutica são necessários remédios apropriados ao mal; eis por
que não existe um remédio universal. Ocorre a mesma coisa com o fluido curador,
verdadeiro agente terapêutico, cujas qualidades variam conforme o temperamento
físico e moral dos indivíduos que o transmitem. IV – A cura depende, pois, em
princípio, da adequação das qualidades do fluido à natureza e à causa do mal, o
que muitos não compreendem. Além disso, existe uma outra causa, inteiramente
moral, que nos é revelada pelo Espiritismo: a maioria das moléstias, como todas
as misérias humanas, são expiação do presente ou do passado, ou provações para
o futuro, cujas consequências devem ser sofridas, até que tenham sido
resgatadas. (Págs. 84 a 86.)
36. Na sequência do artigo, o Codificador assevera: I –
Consideradas do ponto de vista fisiológico, as doenças têm duas causas. É da
diferença destas duas causas que ressalta a possibilidade das curas
instantâneas em alguns casos, e não em todos. II – Certas doenças têm sua causa
original na alteração dos tecidos orgânicos; aliás essa é a única admitida pela
ciência. Como, para a remediar, ela só conhece as substâncias medicamentosas
tangíveis, não compreende a ação de um fluido impalpável, tendo a vontade como
propulsor. A cura pelo magnetismo prova, no entanto, que essa ação não é uma
mera ilusão. III - Na cura das moléstias dessa natureza, pela ação fluídica,
ocorre substituição das moléculas orgânicas mórbidas por moléculas sadias. A
substância fluídica produz um efeito análogo ao da substância medicamentosa,
com a diferença de que, sendo maior a sua penetração, em razão da tenuidade de
seus princípios constitutivos, age mais diretamente sobre as moléculas
primeiras do organismo do que o podem fazer as moléculas mais grosseiras das
substâncias materiais. Além disso, suas qualidades são modificáveis pelo
pensamento, enquanto as da matéria são fixas e invariáveis. IV – Tal é, em
tese, o princípio sobre o qual repousam os tratamentos magnéticos. A ação dos remédios
homeopatas em doses infinitesimais baseia-se no mesmo princípio: a substância
medicamentosa, levada por sua divisão ao estado atômico, adquire até certo
ponto as propriedades dos fluidos, exceto o princípio anímico, que existe nos
fluidos animalizados e lhes dá qualidades especiais. V – Em resumo: a reparação
da desordem orgânica se faz pela introdução no organismo de materiais sadios,
que substituem materiais deteriorados. Esses materiais podem ser fornecidos
pelos medicamentos ordinários in natura (medicina tradicional), pelos
mesmos medicamentos em estado de divisão (homeopatia) ou pelo fluido magnético,
que nada mais é que matéria espiritualizada. VI – Trata-se de três modos de
reparação, ou melhor, de introdução e assimilação dos elementos reparadores.
Todos os três estão igualmente na natureza e têm sua utilidade, conforme os
casos especiais, o que explica por que um tem êxito onde outro fracassa. VII –
São três ramos da arte de curar, destinados a se suplementar e se completar,
conforme as circunstâncias, mas dos quais nenhum tem o direito de se julgar a
panaceia do gênero humano. Seja qual for, é fácil compreender que a
substituição molecular, necessária ao restabelecimento do equilíbrio, só se
pode operar gradualmente, e não por encanto. A cura não pode deixar de ser
senão o resultado de uma ação contínua e perseverante, mais ou menos longa,
conforme a gravidade dos casos. VIII – Como explicar, então, as curas
instantâneas? Para entender esse fato é preciso considerar que certas afecções
não têm como causa primeira a alteração das moléculas orgânicas, mas a presença
de algo que as desagrega e perturba, como, por exemplo, a ação de um mau
fluido. É como um relógio novo, cujas peças se encontrem em bom estado, mas com
o movimento paralisado ou desregulado pela poeira. Não é preciso substituir
nenhuma peça; para restabelecer a regularidade do movimento basta purgar o
relógio do obstáculo que o impede de funcionar. IX – Esse é o caso de grande
número de doenças, cuja origem é devida aos fluidos perniciosos de que é
penetrado o organismo. Para obter a cura, basta expulsar o corpo estranho que o
incomoda. Afastada a causa do mal, o equilíbrio se restabelece e as funções
retomam o seu curso. X – Concebe-se que em semelhantes casos os medicamentos
comuns, destinados a agir sobre a matéria, não tenham eficácia. É por isso que
a medicina ordinária é inoperante em todas as doenças causadas por fluidos
viciados, e elas são numerosas. À matéria pode opor-se a matéria, mas a um
fluido mau há que opor um fluido melhor e mais poderoso. XI – A medicina
tradicional naturalmente falha contra os agentes fluídicos, mas, do mesmo modo,
a medicina fluídica falha onde é preciso opor matéria à matéria. A medicina
homeopática parece ser o intermediário, o traço de união entre esses dois
extremos e deve particularmente ter êxito nas afecções que poderiam chamar-se
mistas. (Págs. 86 a 88.)
37. Concluindo o estudo, Kardec acrescenta: I – Seja qual
for a pretensão de cada um destes sistemas à supremacia, o que há de positivo é
que cada um de seu lado obtém incontestáveis sucessos, mas que, até agora,
nenhum justificou estar na posse exclusiva da verdade; de onde há que concluir
que todos eles têm sua utilidade e que o essencial é aplicá-los adequadamente.
II – A causa pela qual o tratamento por vezes pode ser instantâneo, ao passo
que em outros casos exige uma ação continuada, se deve à natureza e à origem do
mal. III – Duas afecções que apresentam, na aparência, sintomas idênticos podem
resultar de causas diferentes. Uma pode decorrer da alteração das moléculas
orgânicas e neste caso é preciso reparar, substituir as moléculas deterioradas.
A outra afecção pode ter origem na infiltração nos órgãos sãos de um fluido
mau, que os perturba. Neste caso não se trata de reparar, mas de expulsar. Os
dois casos requerem, no fluido curador, qualidades diferentes. No primeiro é
preciso um fluido mais suave que violento, rico em princípios reparadores. No
segundo, um fluido enérgico, mais próprio à expulsão do que à reparação. IV –
Esta teoria pode resumir-se assim: Quando o mal exige a reparação de órgãos
alterados, necessariamente a cura é lenta e requer uma ação contínua e um
fluido de qualidade especial; quando se trata da expulsão de um mau fluido, ela
pode ser rápida e, mesmo, instantânea. V – Para simplificar a questão
consideramos apenas os dois pontos extremos, mas entre os dois há nuanças
infinitas, isto é, uma multidão de casos em que as duas causas existem
simultaneamente em diferentes graus e em que, por consequência, é necessário ao
mesmo tempo expulsar e reparar. A cura só será completa após a destruição das
duas causas, e esse é o caso mais comum. Eis por que os tratamentos médicos
ordinários necessitam muitas vezes ser completados por tratamento fluídico, e
reciprocamente. VI – A cura instantânea radical e definitiva pode ser
considerada como um caso excepcional, visto que é raro: 1º – que a expulsão do
mau fluido seja completa no primeiro golpe; 2º – que a causa fluídica não seja
acompanhada de alguma alteração orgânica. VII – Enfim, não podendo os maus
fluidos provir senão de maus Espíritos, sua introdução na economia se liga
muitas vezes à obsessão; do que resulta que, para obter a cura, é preciso
tratar, ao mesmo tempo, o doente e o Espírito obsessor. VIII – A pessoa cujo
caso motivou o estudo, inclui-se no rol das doenças de causa complexa. Seu
organismo está profundamente alterado e, ao mesmo tempo, saturado de fluidos
perniciosos que a tornam incurável apenas pela terapêutica ordinária. Uma
magnetização violenta e muito enérgica produziria tão somente uma
superexcitação momentânea, logo seguida de maior prostração. Ser-lhe-ia
necessário uma magnetização suave, continuada por muito tempo, um fluido
reparador penetrante, e não um fluido que abala, mas nada repara. (Págs. 88 a
90.)
38. A Revista apresenta uma resenha do livro Os
pensamentos do zuavo Jacob, um médium que se notabilizou pelas curas
que por seu intermédio foram realizadas na França, ao tempo de Kardec. Nascido em
6 de março de 1828 em Saint-Martin-des-Champs, Henri Jacob era naquela
oportunidade músico no regimento dos zuavos da guarda imperial. Eis algumas das
citações extraídas do livro: I – Antes de minha iniciação à ciência espírita,
eu vivia nas trevas; meu coração jamais havia sentido as doçuras da paz. II –
Minhas palestras com os Espíritos e seus bons conselhos encheram-me de uma fé
viva. III – Sejamos sempre caridosos e generosos e seremos sempre assistidos
pelos bons Espíritos. IV – Sede firmes em vossas boas resoluções; vivei sempre
numa grande pureza de alma, e Deus vos dará o poder de curar os vossos
semelhantes. V – Quando quiserdes aliviar um doente, depois de vossa prece,
ponde vossa mão sobre o seu coração, e pedi calorosamente a Deus o socorro de
que necessitais e, tenho a convicção, o eflúvio divino infiltrar-se-á em vós
para aliviar ou curar vosso irmão que sofre. (Págs. 90 a 94.)
39. Na seção de livros, a Revista noticia também o
lançamento da brochura O Espiritismo ante a razão, de Valentin Tournier.
O autor do opúsculo se propunha fazer duas conferências públicas sobre o
Espiritismo, mas, tendo sido impedido de fazê-lo, decidiu pôr no papel as
conferências que não pôde realizar. (Pág. 94.)
40. O número de março se encerra com uma comunicação
obtida em Lyon a 11/3/1867 sobre uma predição contida no Apocalipse a respeito
da regeneração da humanidade. A época predita, diz a mensagem, está chegada.
Essa geração não passará sem que aconteçam grandes coisas. “Coragem! o que foi
predito pelo Cristo deve realizar-se”, assevera o comunicante. “Perseverai na luta, sede firmes e desconfiai
das armadilhas que vos preparam. Ficai ligados a essa bandeira em que
escrevestes: Fora da Caridade não há salvação e depois esperai, porque aquele
que recebeu a missão de vos regenerar volta, e ele disse: Bem-aventurados os que
conhecerem o meu nome!” (Págs. 94 a 96.)
41. A Revista de abril reproduz mais três cartas enviadas
por Lavater à Imperatriz Maria, da Rússia, às quais foram anexadas pelo
missivista duas comunicações mediúnicas datadas de 1798. (Págs. 97 a 106.)
42. Kardec comenta a predição contida em uma pequena
brochura intitulada O fim do mundo em 1911, que fora espalhada em
profusão na cidade de Lyon. Às considerações tiradas da concordância do estado
atual das coisas com os sinais precursores anunciados no Evangelho, o autor
juntou no seu texto, conforme uma outra profecia, um cálculo cabalístico que
fixava o fim do mundo para o ano de 1911. O fim do mundo seria precedido pelo
reino do Anticristo, personagem que teria nascido em 1855 e viveria, desse
modo, 55 anos e meio. Lembrando que o fim do mundo havia sido também predito
para o ano de 1840, o Codificador analisa em profundidade essa e outras
questões que pretendem, equivocadamente, assinalar, com base nas palavras de
Jesus, a destruição física do planeta. (Págs. 106 a 114.)
Respostas às
questões propostas
A. Qual é, no Espiritismo, o sentido da palavra messias?
Segundo Kardec, a palavra messias é empregada pelo
Espiritismo na sua acepção literal de mensageiro, enviado, abstração feita da
ideia de redenção e de mistério, própria dos cultos cristãos. Para o
Espiritismo, todo Espírito encarnado para cumprir uma missão especial junto à
Humanidade é um messias, na acepção geral da palavra, ou seja, um missionário
ou enviado, com a diferença que o vocábulo messias implica de modo mais
particular a ideia de uma missão direta da Divindade, de onde se segue que há
uma distinção a fazer entre os messias propriamente ditos e os simples
missionários. A vinda deles não será marcada por nenhum prodígio. Nada os
assinalará à atenção pública, senão a grandeza de suas obras, a sublimidade de
suas virtudes e a parte ativa e fecunda que tomarão na fundação da nova ordem
de coisas. (Revista Espírita de 1868, pp. 68 e 69.)
B. Quem serão, então, os messias do Espiritismo?
Os messias do Espiritismo serão os grandes homens entre
os homens, os grandes Espíritos entre os Espíritos. Quantos serão eles? Só Deus
o sabe. Ninguém saberá em que família e em que lugar eles nascerão. Nenhum anjo
virá anunciar a sua vinda. E ao lado deles, dos messias propriamente ditos,
Espíritos superiores encarnar-se-ão com missões especiais para os secundar,
nascendo em todas as classes, em todas as posições sociais, em todas as seitas
e em todos os povos. É, sobretudo, o século 20 que verá florescerem grandes
apóstolos do Espiritismo e por isso poderá ser chamado o século dos messias.
(Obra citada, pp. 69 a 71.)
C. No tocante às enfermidades em
geral, como entender as curas instantâneas?
Diz Kardec que duas afecções que apresentam, na aparência,
sintomas idênticos podem resultar de causas diferentes. Uma pode decorrer da
alteração das moléculas orgânicas e neste caso é preciso reparar, substituir as
moléculas deterioradas. A outra afecção pode ter origem na infiltração nos
órgãos sãos de um fluido mau, que os perturba. Neste caso não se trata de reparar,
mas de expulsar. Os dois casos requerem, no fluido curador, qualidades
diferentes. No primeiro é preciso um fluido mais suave que violento, rico em
princípios reparadores. No segundo, um fluido enérgico, mais próprio à expulsão
do que à reparação. Em resumo, quando o mal exige a reparação de órgãos
alterados, necessariamente a cura é lenta e requer uma ação contínua e um
fluido de qualidade especial; quando se trata da expulsão de um mau fluido, ela
pode ser rápida e, mesmo, instantânea. (Obra citada, pp. 88 a 90.)
Observação:
Para acessar a Parte 2 deste estudo,
publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/03/revista-espirita-de-1868-allan-kardec.html
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