quarta-feira, 6 de novembro de 2024

 



Revista Espírita de 1866

 

Allan Kardec

 

Parte 15

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1866, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1866 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Como Kardec se referiu ao fenômeno de sonambulismo espontâneo?

B. Há casos em que a ação fluídica é impotente para promover a cura?

C. O orgulho e a vaidade podem prejudicar o médium devotado à cura?

 

Texto para leitura

 

178. Tais fatos, observa Kardec, confirmavam as previsões dos Espíritos concernentes às novas formas que não tardaria a tomar a mediunidade. “O estado de sonambulismo espontâneo, no qual se desenvolve, ao mesmo tempo, a mediunidade falante e a vidente, é, com efeito, uma faculdade nova”, acrescenta o codificador. Era, porém, uma modalidade de fenômeno que exigia, para desenvolver-se em todo o seu brilho, um ambiente favorável, visto que uma corrente fluídica contrária bastaria para a alterar. (Pág. 342.)

179. Assim, essas espécies de fenômenos não se prestam absolutamente a exibições públicas, em que a curiosidade é o sentimento dominante, quando não o da malevolência. Por isso mesmo, requerem da parte dos assistentes uma excessiva prudência, porquanto nesses momentos a alma se liga ao corpo apenas por um fio frágil. (Pág. 342.)

180. Kardec examina, no mesmo artigo, os fenômenos de êxtase, que, constituindo o mais alto grau de emancipação da alma, exige maiores precauções do que no estado de sonambulismo. O codificador adverte que o desprendimento proporcionado pelo êxtase é um estado fisiológico sujeito a erros. Não se deve, pois, crer que as visões e as revelações do êxtase sejam sempre a expressão da verdade. (Págs. 343 a 346.)

181. A Revista volta a tratar das curas realizadas pelo Sr. Jacob, retificando alguns dados constantes do artigo anteriormente publicado sobre o zuavo curador. O codificador aproveita o ensejo para explicar que existe uma diferença radical entre os médiuns curadores e os receitistas. Os primeiros curam apenas pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, às vezes instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio. O poder curativo está todo no fluido depurado a que servem de condutores. A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade só se dá com o concurso dos Espíritos, de onde se segue que, se os Espíritos não querem, o médium é como um instrumento sem músico e nada obtém. Ele pode, pois, perder instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de transformá-la em profissão. (Págs. 347 e 348.)

182. Kardec relaciona, a seguir, os casos em que a ação fluídica é impotente para promover a cura. Compreende-se, diz o codificador, que a ação fluídica possa dar sensibilidade a um órgão, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque nesses casos o fluido torna-se um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Assim, a vista poderá ser restaurada a um cego por amaurose, oftalmia, belida ou catarata, mas não a quem tivesse os olhos estalados. Existem, pois, doenças fundamentalmente incuráveis e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. (Págs. 348 e 349.)

183. Opera-se com a ação fluídica uma verdadeira reação química, análoga à produzida por certos medicamentos. Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação varia conforme as propriedades que recebe das qualidades do fluido pessoal do médium. Essa ação pode ser enérgica e poderosa em certos casos e nula em outros. É por isso que os médiuns curadores podem ter especialidades: este curará as dores, ou endireitará um membro, mas não restituirá a vista a um cego, e reciprocamente. (Pág. 349.)

184. A faculdade é completamente diferente na obsessão, e a faculdade de curar não implica a de libertar os obsidiados. O fluido curador age materialmente sobre os órgãos afetados, ao passo que na obsessão é preciso agir moralmente sobre o Espírito obsessor; necessário ter autoridade sobre ele, para o fazer largar a presa. São duas aptidões distintas que nem sempre se encontram na mesma pessoa. O concurso do fluido curador torna-se necessário quando, o que é bastante frequente, a obsessão se complica com afecções orgânicas. (Pág. 349.)

185. A mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes que há coisas que eles não sabem e convidá-los a estudá-las, porquanto o elemento espiritual, que ignoram, não é uma quimera e, bem considerado, pode abrir novos horizontes à ciência. (Págs. 349 e 350.)

186. Dependendo a mediunidade de cura de uma disposição orgânica, muitas pessoas a possuem, ao menos em germe. Se todos os que desejam possuí-la a pedissem com fervor e perseverança pela prece, e com um objetivo exclusivamente humanitário, é provável que desse concurso sairia mais de um verdadeiro médium curador. Mas, pela natureza de seus efeitos, a mediunidade de cura exige imperiosamente o concurso de Espíritos depurados, que não poderiam ser substituídos por Espíritos inferiores. (Pág. 351.)

187. Há, pois, para o médium de cura a necessidade absoluta de se conciliar o concurso dos Espíritos superiores, senão, em vez de crescer, sua faculdade declina e desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. A primeira condição para isto é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não alterar os fluidos salutares que está encarregado de transmitir. Essa condição não pode ser executada sem o mais completo desinteresse material e moral. O primeiro é mais fácil; o segundo é mais raro. (Pág. 352.)

188. Muitos médiuns têm caído em razão de se deixarem dominar pelo orgulho e pela vaidade. Os Espíritos explicaram a Kardec por que tais sentimentos impedem o crescimento dessa faculdade e prejudicam o seu exercício. A razão é simples: o poder de curar independe da vontade do médium, mas dependem do médium as qualidades que podem tornar esse poder frutuoso e durável. Essas qualidades são, sobretudo, o devotamento, a abnegação e a humildade, enquanto que o egoísmo, o orgulho e a cupidez opõem obstáculos às mais belas faculdades. (Pág. 353.)

189. O verdadeiro médium curador é movido pelo único desejo do bem. É humilde de coração, não inveja ninguém e não tem a pretensão de se julgar infalível. À influência material junta a influência moral, auxiliar poderoso, que dobra a sua força. Por sua palavra benevolente, encoraja, levanta o moral, faz nascer a esperança e a confiança em Deus. Assim é o médium curador amado pelos bons Espíritos, que só se ligam aos que se mostram dignos de sua proteção. (Págs. 354 e 355.)

190. O número de novembro encerra-se com uma nota sobre a campanha em favor dos inundados iniciada em outubro pela Sociedade Espírita de Paris. As subscrições, que deveriam ser feitas no escritório da Revista, foram abertas com uma doação de 300 francos. (Pág. 355.)

191. A Revista de dezembro de 1866 apresenta os pormenores do curioso caso ocorrido em 1816, à época de Luís XVIII, envolvendo o médium Thomas-Ignace Martin, um pequeno trabalhador do burgo de Gallardon, situado a quatro léguas de Chartres. Nascido em 1783, Martin tinha 33 anos quando se deram os acontecimentos. (Págs. 357 e 358.)

192. O caso pode ser assim resumido: A 15 de janeiro de 1816, estando o médium ocupado em apagar uma queimada num campo nas proximidades de Gallardon, apareceu-lhe um vulto que, mais tarde, se identificou como sendo o anjo Rafael. Esse Espírito iria aparecer e desaparecer diversas vezes, até que Martin atendesse ao seu pedido: levar ao rei um recado cujo teor ele somente saberia no momento da visita. O cura de Gallardon, cientificado das aparições, julgou dever dirigir-se ao seu bispo em Versalhes, o que fez com que as autoridades francesas se inteirassem da história, que parecia não ter qualquer nexo. Com a evolução do caso, o arcebispo de Reims se interessou pelo assunto e foi ele quem propôs ao rei receber Martin. A 2 de abril o médium foi levado à presença real e realizou-se então o encontro tão insistentemente proposto pelo anjo Rafael. O que se disse ali não vem ao caso, exceto que as palavras proferidas por Martin, sob a influência do notável mensageiro espiritual, comoveram o rei a ponto de o fazer chorar muito, porque ele próprio declarou mais tarde que as coisas que lhe tinham sido reveladas só eram conhecidas por ele (Luís XVIII) e por Deus. Logo que Martin terminou sua fala, o rei lhe disse que o anjo Rafael era o mesmo que conduziu o jovem Tobias a Rages. Depois perguntou-lhe qual das mãos o anjo havia apertado. Martin respondeu: “Esta”, mostrando a direita. O rei da França a segurou, dizendo: “Que eu toque a mão que o anjo apertou. Ore sempre por mim”. (Págs. 358 a 368.)

193. Depois da conversa com Luís XVIII, a qual durou ao menos 55 minutos, o médium não mais viu o Espírito de Rafael, mas desenvolveu outra faculdade: tornou-se auditivo. A Revista refere fragmentos de três cartas por ele escritas ao cura de Gallardon, revelando alguns fatos de audição mediúnica, conquanto Martin não tivesse visto ninguém nem soubesse dizer quem lhe falara. (Págs. 368 e 369.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Como Kardec se referiu ao fenômeno de sonambulismo espontâneo?

Primeiro, Kardec disse que tais fatos confirmavam as previsões dos Espíritos concernentes às novas formas que não tardaria a tomar a mediunidade. “O estado de sonambulismo espontâneo, no qual se desenvolve, ao mesmo tempo, a mediunidade falante e a vidente, é, com efeito, uma faculdade nova”, disse o codificador. Era, porém, uma modalidade de fenômeno que exigia, para desenvolver-se em todo o seu brilho, um ambiente favorável, visto que uma corrente fluídica contrária bastaria para a alterar. Assim, essas espécies de fenômenos não se prestam absolutamente a exibições públicas, em que a curiosidade é o sentimento dominante, quando não o da malevolência. Por isso mesmo, requerem da parte dos assistentes uma excessiva prudência, porquanto nesses momentos a alma se liga ao corpo apenas por um fio frágil. (Revista Espírita de 1866, p. 342.)

B. Há casos em que a ação fluídica é impotente para promover a cura?

Sim. E Kardec relacionou alguns desses casos. Compreende-se, disse ele, que a ação fluídica possa dar sensibilidade a um órgão, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque nesses casos o fluido torna-se um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Assim, a vista poderá ser restaurada a um cego por amaurose, oftalmia, belida ou catarata, mas não a quem tivesse os olhos estalados. Existem, pois, doenças fundamentalmente incuráveis e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. (Obra citada, pp. 348 e 349.) 

C. O orgulho e a vaidade podem prejudicar o médium devotado à cura?

Sim. Diz Kardec que muitos médiuns têm caído em razão de se deixarem dominar pelo orgulho e pela vaidade. Os Espíritos explicaram a Kardec por que tais sentimentos impedem o crescimento dessa faculdade e prejudicam o seu exercício. A razão é simples: o poder de curar independe da vontade do médium, mas dependem do médium as qualidades que podem tornar esse poder frutuoso e durável. Essas qualidades são, sobretudo, o devotamento, a abnegação e a humildade, enquanto que o egoísmo, o orgulho e a cupidez opõem obstáculos às mais belas faculdades. (Obra citada, pp. 353 a 355.) 

 


Observação:

Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/10/revista-espirita-de-1866-allan-kardec_01875472717.html

 

 



 

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terça-feira, 5 de novembro de 2024

 



Comportar-se mais como espírito

(O que verdadeiramente somos)

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Um dos grandes aliados da nossa saúde física, mental e espiritual é acalmar a mente, deixar de alimentar os pensamentos desordenados, impacientes, negativos, viciosos e desarmonizados que, muitas vezes, insistimos em mantê-los. Todas as soluções, conquistas, sofrimentos, normalmente, são gerados por nossa mente, ou seja, criamos padrões e os fortalecemos. É imprescindível observar a qualidade do que criamos mentalmente; após isso, descartar com firmeza o que nos atrasa e faz sofrer e fortalecer todo pensamento que nos abençoa e nos aproxima de Deus.

Esse cuidado nos livrará de muitos problemas e tristezas, e quando retomado o caminho natural do crescimento constataremos, com segurança, que a vida é o mais nobre presente que poderíamos receber, no entanto é necessário nos desvencilhar do desmedido atraso que, infelizmente, nós mesmos criamos por meio do pensamento e sentimento desajustados.

Todo acesso à liberdade para o espírito está em nós, porque a nossa essência é formada pela mais linda centelha divina, centelha eterna, amorosa e infinita. Somos seres criados para viver de maneira harmoniosa e serena, porém nossa impaciência e esquecimento dessa composição nos arrastam para o vale terreno de mais sensações inferiores ainda, e nos afogamos em emoções completamente materiais.

No entanto todo momento é o tempo certo para retomar o iluminado caminho no qual a paz brota em nós e nos lembramos mais facilmente de que somos espíritos. Tudo o que nos atormenta é, na verdade, o que deveríamos já nos distanciar. Se nos preocupamos apenas com o que é terreno, não é de se admirar que haverá problemas e preocupações compatíveis com essa vibração, mas somos essência. Isso deve ser definitivo.

Então, se pensarmos mais sobre a grandeza do plano espiritual que naturalmente existe e só está em dimensão diferenciada e é a legítima para o espírito, tanto melhor e adequado seria viver. Entretanto vivemos como se fôssemos mais terrenos, portanto, dessa forma, não há isenção de sofrimento.

Se nos lembrarmos de que o plano espiritual nos acompanha ininterruptamente e as companhias que atraímos são idênticas ao nosso pensamento, conduta e sentimento, de fato, seremos mais felizes, pois o cuidado aumentará, já que sofrer é doloroso para todos. Cada ser será sempre o responsável por si, já que também possui o livre-arbítrio.

 E a nossa vida consequentemente melhorará quando confiarmos mais no plano espiritual, observarmos o nosso comportamento, recordarmos a nossa eternidade e reconhecermos que a vida terrena é um momento bastante importante se assim soubermos aproveitar , mas não é toda a nossa história; já somos milenares, espíritos, eternos. E isso se torna uma dimensão incalculável na transcendência que vivemos.

E nossa vida pode ser mais amorosa, calma e plena. Depende de nossa vontade, pois Deus quer sempre ver todo filho feliz.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 

 

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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

 



Calma para o êxito

 

Joanna de Ângelis (Espírito)

 

Em todos os passos da vida, a calma é convidada a estar presente.

Aqui, é uma pessoa tresvariada, que te agride...

Ali, é uma circunstância infeliz, que gera dificuldade...

Acolá, é uma ameaça de insucesso na atividade programada...

Adiante, é uma incompreensão urdindo males contra os teus esforços...

É necessário ter calma sempre.

A calma é filha dileta da confiança em Deus e na Sua justiça, a expressar-se numa conduta reta que responde por uma atitude mental harmonizada.

Quando não se age com incorreção, não há por que temer-se acontecimento infeliz.

A irritação, alma gêmea da instabilidade emocional, é responsável por danos, ainda não avaliados, na conduta moral e emocional da criatura.

A calma inspira a melhor maneira de agir e sabe aguardar o momento próprio para atuar, propiciando os meios para a ação correta.

Não antecipa, nem retarda. Soluciona os desafios, beneficiando aqueles que se desequilibram e sofrem.


*


Preserva-te em calma, aconteça o que acontecer.

Aprendendo a agir com amor e misericórdia em favor do outro, o teu próximo, ou da circunstância aziaga, possuirás a calma inspiradora da paz e do êxito.

 

Do livro Episódios Diários, obra psicografada pelo médium Divaldo Franco.

 

       


                 

 

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domingo, 3 de novembro de 2024

 



Deus se revela por meio de leis sábias que regem a vida e os mundos

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

A doutrina espírita – fruto do ensino coletivo dado pelos Instrutores Espirituais, reunido e consolidado por Allan Kardec – tem como base os chamados princípios fundamentais do Espiritismo.

Dentre eles, três se destacam: o princípio da existência de Deus como o criador de tudo o que não é obra do homem; o da existência dos Espíritos como criaturas suas, e o princípio da natureza espiritual da alma humana, que constitui a individualidade consciente, permanente e imperecível do ser humano.

Os demais princípios – a pluralidade dos mundos habitados, a encarnação e a reencarnação, a lei de causa e efeito, o princípio da necessidade das provas como meio de progresso e das cruciantes expiações – são decorrência natural dos três primeiros.

Fulgura, no entanto, exuberante e à frente de todos, o princípio da existência do Eterno Criador.

Allan Kardec iniciou O Livro dos Espíritos, sua primeira obra, com um capítulo inteiramente consagrado a Deus e às provas de sua existência. E no livro A Gênese, sua derradeira obra, depois de explicar no capítulo I o caráter da revelação espírita, tratou novamente da existência de Deus, mostrando que esse constitui o mais importante princípio da Doutrina Espírita.

Neste último, o codificador do Espiritismo comentou a opinião dos que opõem à tese da existência de Deus o pensamento de que as obras ditas da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão, sob cujo império tudo ocorre, quer no reino inorgânico, quer nos reinos vegetal e animal, com uma regularidade mecânica que não acusa a ação de nenhuma inteligência livre.

O homem – dizem tais opositores – movimenta o braço quando quer e como quer. Aquele, porém, que o movimentasse no mesmo sentido, desde o nascimento até à morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da Natureza são puramente automáticas.

Tudo isso é verdade, redarguiu Kardec, mas essas forças são efeitos que hão de ter uma causa. São elas materiais e mecânicas, mas são postas em ação, distribuídas e apropriadas às necessidades de cada coisa por uma inteligência que não é a dos homens. E a aplicação útil dessas forças é um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente.

A ideia que o Espiritismo nos dá sobre Deus está de conformidade com a mais perfeita e justa racionalidade. E nos convence da existência do Criador sem necessidade de recorrer a outras provas que não as que provêm da simples contemplação do Universo, no qual Deus se revela por meio de leis sábias e de obras admiráveis, que constituem um conjunto grandioso de tanta harmonia e onde há perfeita adequação dos meios aos fins, que se torna impossível não ver por trás desse mecanismo a ação de uma Suprema Inteligência, como os Espíritos Superiores fizeram questão de dizer na resposta dada à pergunta – Que é Deus? – na abertura de O Livro dos Espíritos:

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

 

 

 

 



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sábado, 2 de novembro de 2024

 



Na colocação pronominal, além das regras já vistas, é preciso ter em conta igualmente a questão da eufonia, ou seja, a construção verbal deve soar bem aos nossos ouvidos.

É devido a isso que a próclise se impõe nas situações seguintes:

Frases que exprimem desejo ou apresentam exclamação: Deus lhe pague. Bons ventos o levem.

Gerúndio precedido do vocábulo “em”:

Em se tratando de esporte, João é uma negação.

Conjunções coordenativas “não só”, “mas também”, “quer... quer”, “já... já”, “ou... ou”, “ora... ora”:

Quer se demita, quer se esconda, ele será processado. O velho governante ora se irritava, ora se queixava.

Formas verbais proparoxítonas:

Nós lhe perdoaríamos a falta.

Pronome interrogativo:

Quem lhe disse que não vamos?

 

*

 

Uma curiosidade, que muitos talvez ignorem, é que as conjunções coordenativas “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “e” e “portanto” não atraem o pronome átono.

Assim, estão corretas as orações abaixo:

Francisco aparentemente não se alterou, mas disse-lhe tudo o que quis dizer.

Maria não falava nada, contudo notei-lhe o semblante alterado.

Ainda não recebi a resposta, portanto diga-lhe que continuo a esperar.



Observação:

Para acessar o estudo publicado no sábado anterior, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/10/como-dissemos-no-texto-anterior-ha.html

 

 

  

  

 

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