domingo, 23 de março de 2025

 



Alma e Espírito são termos com significados distintos

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Como sabemos, as palavras “alma” e “espírito” têm sido, em muitos momentos, utilizadas nos livros espíritas com o mesmo significado, fato que levou Allan Kardec a tratar diretamente do assunto, o que fez inicialmente na Revue Spirite e depois na edição derradeira do livro O que é o Espiritismo.

Nesta obra, no capítulo II (Noções elementares de Espiritismo), Kardec escreveu, dirimindo por completo quaisquer dúvidas:

 

14. A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem; a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.

Observação — A alma é assim um ser simples; o Espírito um ser duplo e o homem um ser triplo.

Seria mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e o termo Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico; mas, como não se pode conceber o princípio inteligente isolado da matéria, nem o perispírito sem ser animado pelo princípio inteligente, as palavras alma e Espírito são, no uso, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, do mesmo modo por que se diz que uma cidade é povoada de tantas almas, uma vila composta de tantas famílias; filosoficamente, porém, é essencial fazer-se a diferença. (O que é o Espiritismo, cap. II, item 14.) [Negritamos]

 

É com base no entendimento acima exposto que, em nos referindo a uma pessoa encarnada, dizemos: “Fulano é uma alma abençoada”. Assim dizendo, estamos aludindo à essência espiritual da pessoa em causa, que é a alma, um dos três elementos que constituem os seres humanos.

Quando essa mesma pessoa desencarnar e for vista, seja em sonho ou graças à vidência mediúnica, diremos: “Vimos hoje o espírito de Fulano”, referindo-nos então a um ser constituído de dois elementos: a alma e o perispírito, ou corpo espiritual, com que a identidade da pessoa torna-se possível.

O termo perispírito, neologismo criado por Allan Kardec quando da codificação do Espiritismo, é o mesmo corpo espiritual referido por Paulo de Tarso em uma de suas epístolas.

 

Nota do Autor:

Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/03/ha-25-anos-pesquisa-elegeu-nosso-lar-o.html

 

 

 

 

 

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sábado, 22 de março de 2025

 


Considere esta construção: “Joãozinho pendurou-se no pescoço da mãe”.

Ou seria melhor: “Joãozinho pendurou-se ao pescoço da mãe”?

Ambas estão corretas, mas há entre os clássicos preferência pela primeira forma: “O menino pendurou-se no pescoço do pai”.

Pendurar e pendurado devem ser utilizados da mesma forma.

Exemplos:

- A camisa foi pendurada em um prego (ou “pendurada a um prego”).

- A mulher pendurou a camisa num prego (ou “a um prego”).

 

*

 

Procedimento diferente ocorre com o verbo “jogar”, no sentido de arremessar ou atirar, o qual pede a preposição “a”, em vez da preposição “em”.

- Ele jogou o papel ao lixo (e não “no lixo”)

- O impacto me jogou ao chão (e não “no chão”)

- Ele jogou-se aos braços da avó.

 

Observação:

Para acessar o estudo publicado no sábado anterior, clique aqui:  https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/03/que-e-que-os-vocabulos-circuito.html

 

 

 

 

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sexta-feira, 21 de março de 2025

 



Roteiro

 

Emmanuel

 

4

 

Na senda evolutiva

 

Quantos milênios gastou a Natureza Divina para realizar a formação da máquina física em que a mente humana se exprime na Terra?

O corpo é para o homem santuário real de manifestação, obra-prima do trabalho seletivo de todos os reinos em que a vida planetária se subdivide.

Quanto tempo despenderá, desse modo, a Sabedoria Celeste na estruturação do organismo da alma?

Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto à inteligência e da inteligência ao discernimento, séculos e séculos correram incessantes.

A evolução é fruto do tempo infinito.

A morte da forma somática não modifica, de imediato, o Espírito que lhe usufruiu a colaboração. Berço e túmulo são simples marcos de uma condição para outra. Assim é que, para as consciências primárias, a desencarnação é como se fora a entrada em certo período de hibernação. Aves sem asas, não se elevam à altura. Aguardam o momento de novo regresso ao ninho carnal para a obtenção de recursos que as habilitem para os grandes voos. Crisálidas espirituais, imobilizam-se na feição exterior com que se apresentam, mas no íntimo conservam as imagens de todas as experiências que armazenaram nos recessos do ser, revivendo-as em forma de pesadelos e sonhos, imprimindo na mente as necessidades de educação ou reparação, com que devem comparecer no cenário da carne, em momento oportuno.

Para semelhantes inteligências, a morte é como que a parada compulsória, por algum tempo, diante de mais altos degraus da escada evolutiva que ainda não se acham aptas a transpor. Sem os instrumentos de exteriorização, que lhes cabe desenvolver e consolidar, essas mentes, quando desencarnadas, sofrem consideráveis alterações da memória. Quase sempre, demoram-se nos acontecimentos que viveram e, de alguma sorte, perdem, temporariamente, a noção do tempo. Cristalizam-se, dessa maneira, em paixões e realizações do passado que lhes é próprio, para renascerem, na arena da luta material, com as características do quadro moral em que se colocam, desintegrando erros e corrigindo falhas, edificando, pouco a pouco, as qualidades sublimes com que se transportarão às Esferas Mais Altas.

Em razão disso, os Espíritos delinquentes ressurgem nas correntes da vida física, reproduzindo no patrimônio congenial as deficiências que adquiriram à face da Lei.

O malfeitor conservará consigo longo remorso por haver desequilibrado o curso do bem, impondo lamentável retardamento ao avanço espiritual que lhe diz respeito e, com essa perturbação, represará na própria alma grande número de imagens que, na zona mental dele mesmo, se digladiarão mutuamente, inibindo, por tempo indeterminável, o acesso de elementos renovadores ao campo do próprio “eu”.

Purificado o vaso íntimo do sentimento, renascerá na paisagem das formas, com o defeito adquirido através do longo convívio com o desespero, com o arrependimento ou com a desilusão, reajustando o corpo perispirítico, por intermédio de laborioso esforço regenerativo na Esfera carnal.

Os aleijões de nascença e as moléstias indefiníveis constituem transitórios resultados dos prejuízos que, individualmente, causamos à corrente harmoniosa da evolução.

De átomo a átomo, organizam-se os corpos astronômicos dos mundos e de pequenina experiência em pequenina experiência, infinitamente repetidas, alarga-se-nos o poder da mente e sublimam-se-nos as manifestações da alma que, no escoar das eras imensuráveis, cresce no conhecimento e aprimora-se na virtude, estruturando, pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso com que escalaremos, um dia, os impérios deslumbrantes da Beleza Imortal.

 

[1] A Gênese, 10:26-30.

 

Nota: O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado inicialmente pela editora da FEB em 1952.

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 20 de março de 2025

 


 AS MAIS LINDAS CANÇÕES QUE OUVI


Luíza


Tom Jobim

 

Rua,

Espada nua,

Boia no céu imensa e amarela

Tão redonda a lua.

Como flutua!

Vem navegando o azul do firmamento

E no silêncio lento

Um trovador, cheio de estrelas...

Escuta agora a canção que eu fiz

Pra te esquecer, Luíza.

Eu sou apenas um pobre amador

Apaixonado,

Um aprendiz do teu amor,

Acorda, amor,

Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração.

 

Vem cá, Luíza,

Me dá tua mão,

O teu desejo é sempre o meu desejo

Vem, me exorciza,

Dá-me tua boca

E a rosa louca...

Vem me dar um beijo

E um raio de sol

Nos teus cabelos,

Como um brilhante que partindo a luz

Explode em sete cores,

Revelando então os sete mil amores

Que eu guardei somente pra te dar, Luíza,

Luíza...

Luíza...



Você pode ouvir a canção na voz do seu intérprete preferido clicando no link correspondente:

Camila Titinger - https://www.youtube.com/watch?v=ddVulAJtSqA&ab_channel=doutrinadormariachi

Tom Jobim - https://www.youtube.com/watch?v=G4GLjwg2G_Y&ab_channel=MUSICASGRANDESCL%C3%81SSICOS

Zizi Possi – https://www.youtube.com/watch?v=-tqYqGVnARM&ab_channel=CanalZiziPossi

 

 

 

 

 

 

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quarta-feira, 19 de março de 2025

 



Revista Espírita de 1868

 

Allan Kardec

 

Parte 4

 

Continuamos o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1868, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1868 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que se deve entender por estas palavras: fim do mundo?

B. O Espírito modifica no mundo espiritual as ideias que nutria quando encarnado?

C. O Espiritismo ensina que é preciso esperar, amar, perdoar. É preciso esperar o quê? Perdoar a quem? Amar a quem?

 

Texto para leitura

 

43. Tendo sido o assunto comentado na Sociedade Espírita de Paris, o Espírito de Jobard deu espontaneamente a 28 de fevereiro uma comunicação esclarecedora, de que extraímos as observações que se seguem: I – O fim do mundo está, sim, próximo; mas, o fim de que mundo?  II – Será o fim do mundo da superstição, do despotismo, dos abusos; será o fim do mundo egoísta e orgulhoso, do pauperismo, de tudo o que é vil e que rebaixa o homem; numa palavra, de todos os sentimentos baixos e cúpidos, que são o triste apanágio do vosso mundo. III – Se refletirmos em tudo o que se passa em volta de vós, vereis que esses sinais precursores são o sinal de começo de um novo mundo, quero dizer de um outro mundo moral, antes que a destruição do mundo material. IV – Sim, um período de depuração terrestre termina neste momento; um outro vai começar... Tudo concorre para o fim do velho mundo, e os que se esforçam por sustê-lo, trabalham, sem o querer, para a sua destruição. V – Sim, o fim do mundo está próximo para eles que o pressentem e, por isso, se apavoram. Entre o velho mundo e o novo não haverá, porém, solução de continuidade. VI – É assim que se deve entender o fim do mundo, que tantos sinais precursores pressagiam. (Págs. 114 a 116.)

44. Um dos correspondentes da Revista relatou a Kardec o fato seguinte. O padre de certa localidade, tendo sabido que uma de suas paroquianas tinha em seu poder O Livro dos Espíritos, foi à sua casa e, depois de ofendê-la e ameaçá-la, tomou-lhe o livro e levou-o. Dias depois, sem se abalar com os impropérios recebidos, a senhora foi à casa paroquial reclamar o livro, dizendo de si para consigo que, caso ele não o devolvesse, não seria difícil adquirir outro. O padre restituiu-lhe a obra, mas num estado que provava que uma santa cólera se havia descarregado sobre ela. O livro estava rasurado e cheio de anotações em que os Espíritos eram chamados de mentirosos, de demônios e de estúpidos. A fé daquela mulher, longe de ficar abalada, foi mais do que fortificada porque, como reza o ditado, apanham-se mais moscas com mel do que com vinagre. O sacerdote apresentou-lhe vinagre; ela preferiu o mel, e ainda disse: “Perdoai-lhe, Senhor, porque ele não sabe o que fez”. (Pág. 117.)

45. Cenas desta natureza, informa o Codificador, eram muito frequentes há sete ou oito anos, e tinham por vezes um caráter de violência que caía no burlesco. Houve certa vez um missionário que espumava de raiva pregando contra o Espiritismo, e se agitava com tanto furor que os fiéis temiam que ele caísse do púlpito. Outro pregador convidava todos os que possuíssem obras espíritas que as trouxessem, para fazer uma fogueira em praça pública. Um escritor moderno lamentou há pouco que não tivessem queimado Lutero, pensando que dessa forma o protestantismo seria destruído em suas raízes. Ora, se o tivessem feito, o protestantismo talvez estivesse duas vezes mais espalhado. João Hus foi queimado vivo e que ganhou com isto o concílio de Constança? Apenas uma nódoa indelével, enquanto que as ideias do mártir não foram queimadas, constituindo-se num dos fundamentos da Reforma. A posteridade conferiu a glória a João Hus e a vergonha ao concílio. (Págs. 117 a 121.)

46. Desde muito tempo, diz Kardec, sabia-se que Cadiz (Espanha) era a sede de um importante centro espírita. Mas não só isto; os espíritas de Cadiz reivindicam algo mais: a honra de ter sido aquela cidade uma das primeiras, se não a primeira, na Europa, a possuir uma reunião espírita constituída, que recebia comunicações regulares dos Espíritos, pela escrita e pela tiptologia, sobre temas de moral e filosofia. Um livro impresso em Cadiz em 1854 dá inteira razão aos confrades espanhóis. Em seu prefácio se explica como foram descobertas as mesas falantes e a maneira de as utilizar. O livro traz, em seguida, o relato das respostas dadas a perguntas feitas aos Espíritos numa série de sessões realizadas em 1853. O processo consistia no emprego de uma mesinha de três pés e de um alfabeto dividido em três séries, correspondendo cada uma a um dos pés da mesinha. (Págs. 122 a 126.)

47. Kardec reproduz vários trechos contidos no livro, dos quais extraímos as informações seguintes: I – Há um outro modo de nos comunicarmos com os Espíritos? – Sim, pelo pensamento. II – E como poderíamos nos entender com o pensamento dos Espíritos? – Pela concentração. III – Como se obtém a felicidade? – Amando-vos uns aos outros. IV - Que forma revestem os Espíritos? – A forma humana. Há dois corpos: um material, outro de luz. V – O corpo de luz é o Espírito? – Não; é uma agregação de éter; fluidos leves formam o corpo de luz. VI – Que é um Espírito? – Um homem em estado de essência. VII – Qual o seu destino? – Organizar o movimento material cósmico; cooperar com Deus para a ordem e nas leis dos mundos no universo. VIII – Existem outros mundos habitados? – Cada globo do sistema solar é habitado por uma humanidade como a vossa. IX – Por que nem sempre os Espíritos vêm ao nosso apelo? – Porque estão muito ocupados. X – Como distinguir os Espíritos levianos dos Espíritos sérios? – Por suas respostas. XI – Podem os Espíritos tornar-se visíveis? – Algumas vezes. XII – Qual a verdadeira religião? – Amar-vos uns aos outros. (Págs. 122 a 124.)

48. A respeito dos trabalhos atuais da Sociedade Espírita de Cadiz, o correspondente da Revista diz que o grupo se reunia cinco vezes por semana. Em cada noite a sessão era aberta pelo Espírito do Dr. Gardoqui, que fora médico na cidade. Depois de dar conselhos aos presentes, o Dr. Gardoqui visita os doentes relacionados pelo grupo e indica os remédios necessários, quase sempre com sucesso. Em seguida, comunica-se o Espírito familiar do círculo, que traz outros Espíritos, tanto superiores para os instruir, quanto inferiores para serem ajudados com os conselhos e o encorajamento dos encarnados. (Págs. 124 a 126.)

49. Finalizando o artigo, Kardec observa que o pioneirismo de Cadiz no tocante aos estudos espíritas é mais uma prova de que o movimento regenerador recebe seu impulso de mais alto que a Terra e que seu foco está em toda a parte, sendo, pois, temerário tentar abafá-lo, visto que, em falta de uma saída, há mil outras pelas quais será feita a luz. Para que servem as barreiras contra aquilo que vem do alto? (Pág. 126.)

50. Comunicação mediúnica recebida em Joinville, Haute-Marne, a 10 de março de 1868, diz que soou a hora da libertação da mulher, que deseja ser livre e para isto precisa libertar sua inteligência dos erros e dos preconceitos do passado. Esclarece o instrutor espiritual que é pelo estudo que ela alargará o círculo de seus conhecimentos estreitos e mesquinhos. Conhecendo as leis que regem os mundos, ela compreenderá Deus de modo diferente do que lhe ensinam, e não mais acreditará em um Deus vingador, parcial e cruel, porquanto sua razão lhe dirá que a vingança, a parcialidade e a crueldade não podem conciliar-se com a justiça e a bondade. Finalizando a mensagem, o amigo espiritual disse estas palavras proféticas: “Ela reclama sua parte de atividade intelectual, e a obterá, porque há uma lei mais poderosa do que todas as leis humanas; é a lei do progresso, à qual toda a criação está submetida”. (Págs. 126 e 127.)

51. Na abertura da Revista de maio lê-se a sexta e última carta enviada por Lavater à Imperatriz Maria. Com a carta, Lavater enviou uma longa mensagem mediúnica datada de 1798 em que o comunicante fala das relações existentes entre os Espíritos e os seres que eles amaram na Terra. Segundo ele, existem relações imperecíveis entre os mundos visível e invisível e uma ação benéfica recíproca de cada um desses mundos sobre o outro. (Págs. 129 a 135.)

52. Seria supérfluo, diz Kardec, ressaltar a importância das cartas de Lavater, que, por toda a parte, excitaram o mais vivo interesse. Elas atestam não só o conhecimento dos princípios fundamentais do Espiritismo, mas uma justa apreciação de suas consequências morais. Apenas sobre alguns pontos as ideias de Lavater diferiam das que o Espiritismo ensina, fato reconhecido pelo próprio Lavater em comunicação dada verbalmente a 13 de março de 1868 na Sociedade Espírita de Paris. (Págs. 135 e 136.)

53. Nessa comunicação, Lavater diz que os estudos realizados pelos Espíritos são mais vastos que os estudos dos homens, mas partem sempre dos conhecimentos adquiridos e do ponto culminante do progresso moral e intelectual do tempo e do meio em que vivem. O Espiritismo, diz Lavater, não foi revelado abruptamente, mas desenvolveu-se lenta, segura e progressivamente. O Espiritismo – que está fadado a fazer muito grandes revoluções – será, um dia, a fé universal, e os povos admirar-se-ão de que não tenha sido sempre assim. (Págs. 136 a 140.)

54. Em Caen, uma senhora e suas três filhas, querendo estudar a doutrina espírita, não podiam ler duas páginas sem sentir um mal-estar, de que não davam conta. Um dia, uma jovem médium, posta em estado sonambúlico, viu na casa um Espírito de um padre da localidade, morto havia dez anos. Era ele que impedia a família de ler. Algum tempo depois, devidamente esclarecido no grupo espírita da cidade, ele se transformou por completo, a ponto de exclamar: “Sim, agora sou espírita, dizei-o a todos os que ensinam. Ah! eu queria que compreendesse Deus como este anjo mo fez conhecer!” O ex-padre referia-se a Cárita, que tinha vindo até ele e diante da qual prostrou-se de joelhos, dizendo dela que não era um Espírito, mas um anjo. (Págs. 140 e 141.)

55. Este caso e um outro pertinente ao Espírito do Dr. X..., que fora um médico céptico e se transformara após a morte com os esclarecimentos recebidos no grupo espírita de Caen, confirmam três grandes princípios revelados pelo Espiritismo:  1º – Que a alma conserva no mundo espiritual, por um tempo mais ou menos longo, as ideias e os preconceitos que tinha na vida terrestre. 2º – Que ela se modifica, progride e adquire novos conhecimentos no mundo dos Espíritos. 3º – Que os encarnados podem contribuir para o progresso dos Espíritos desencarnados. (Págs. 141 e 142.)

56. Progredindo o Espírito fora da encarnação, disso resulta que, ao voltar à Terra, ele traz o produto do que adquiriu nas existências anteriores e no estado de erraticidade. É assim que se realiza o progresso das gerações. Quando o médico e o padre citados acima reencarnarem, trarão ideias e opiniões diversas das que tinham na existência recém-finda. Um não será mais fanático, o outro não será mais materialista, e ambos serão espíritas. Há, pois, utilidade para o futuro da sociedade em nos ocuparmos também com a educação dos Espíritos. (Pág. 142.)

57. Numa reunião íntima de família, em que se faziam exercícios de tiptologia, manifestou-se um médico distinto, morto há pouco e que, em vida, fizera abertamente profissão do mais absoluto materialismo. O médico (designado pelo pseudônimo Philippeau) fez diversas perguntas, que foram respondidas por outro Espírito, que assinou Sainte Victoire. A primeira pergunta do médico foi: “O Espiritismo me ensina que é preciso esperar, amar, perdoar; eu faria tudo isto se soubesse como me haver para começar. É preciso esperar o quê? Perdoar o quê e a quem? Amar a quem?” A resposta foi bem clara: “Há que esperar na misericórdia de Deus, que é infinita; há que perdoar aos que vos ofenderam; há que amar ao próximo como a si mesmo; há que amar a Deus, a fim de que Deus vos ame e vos perdoe; há que orar e lhe render graças por todas as suas bondades, por todas as vossas misérias, porque miséria e bondade, tudo nos vem dele, isto é, tudo nos vem dele conforme o que tenhamos merecido”. (Págs. 142 e 143.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que se deve entender por estas palavras: fim do mundo?

Segundo o Espiritismo, por fim do mundo devemos entender o fim do mundo da superstição, do despotismo, dos abusos; o fim do mundo egoísta e orgulhoso, do pauperismo, de tudo o que é vil e que rebaixa o homem; numa palavra, de todos os sentimentos baixos e cúpidos, que são o triste apanágio de nosso mundo. Entre o velho mundo e o novo não haverá, porém, solução de continuidade. (Revista Espírita de 1868, pp. 114 a 116.)

B. O Espírito modifica no mundo espiritual as ideias que nutria quando encarnado?

Sim. Os fatos espíritas confirmam três grandes princípios revelados pelo Espiritismo:  1º – Que a alma conserva no mundo espiritual, por um tempo mais ou menos longo, as ideias e os preconceitos que tinha na vida terrestre. 2º – Que ela se modifica, progride e adquire novos conhecimentos no mundo dos Espíritos. 3º – Que os encarnados podem contribuir para o progresso dos Espíritos desencarnados. Em face disso, progredindo o Espírito fora da encarnação, disso resulta que, ao voltar à Terra, ele traz o produto do que adquiriu nas existências anteriores e no estado de erraticidade. É assim que se realiza o progresso das gerações. (Obra citada, pp. 141 e 142.)

C. O Espiritismo ensina que é preciso esperar, amar, perdoar. É preciso esperar o quê? Perdoar a quem? Amar a quem?

Numa reunião íntima de família, manifestou-se um médico distinto, morto há pouco e que, em vida, fizera abertamente profissão do mais absoluto materialismo. O médico fez diversas perguntas, que foram respondidas por outro Espírito, que assinou Sainte Victoire. A primeira pergunta do médico foi: “O Espiritismo me ensina que é preciso esperar, amar, perdoar; eu faria tudo isto se soubesse como me haver para começar. É preciso esperar o quê? Perdoar o quê e a quem? Amar a quem?” A resposta foi bem clara: “Há que esperar na misericórdia de Deus, que é infinita; há que perdoar aos que vos ofenderam; há que amar ao próximo como a si mesmo; há que amar a Deus, a fim de que Deus vos ame e vos perdoe; há que orar e lhe render graças por todas as suas bondades, por todas as vossas misérias, porque miséria e bondade, tudo nos vem dele, isto é, tudo nos vem dele conforme o que tenhamos merecido”. (Obra citada, pp. 142 e 143.)

 

Observação:

Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui:  https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/03/revista-espirita-de-1868-allan-kardec_0896070084.html

 

 

 

 



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