sexta-feira, 11 de abril de 2025

 



Roteiro

 

Emmanuel

 

7

 

No aprimoramento

 

No aperfeiçoamento do corpo espiritual, além do primitivismo de certas almas que jazem, longo tempo, entorpecidas após a morte física, observemos, ainda, o quadro das mentes evolvidas intelectualmente, mas submersas nas densas vibrações decorrentes de compromissos escuros.

Não permanecem no regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos desvarios da loucura.

Criam imagens que vivem e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo indeterminado, cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.

Carregam consigo os dramas intensos de que se fizeram autoras.

Encarnada na Terra, a inteligência vive entre as provocações da Esfera carnal e as sugestões silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais profundamente respira no plano das ideias, influenciando e sendo influenciada.

Geralmente, porém, o homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em maior ou menor percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve nortear. Atravessa os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito, dentro de si mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos inquietantes que produz para o consumo de suas necessidades mentais.

Assim é que a desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.

Encasulada no círculo vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre naturais inibições, ante a paisagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade, encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções obscuras e estreitas em que se agita.

Como a lâmpada vive no seio das próprias irradiações, emitindo luz que é também matéria sutil, a alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares, prendendo-se à paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são afins, porque o pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de expressões inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.

Podendo alimentar-se, por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos, entidades existem que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros emocionais em que se comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam na recapitulação das experiências em que faliram, retomando o serviço de purificação interior para a sublimação de si mesmas.

Desse modo, somos defrontados por dolorosos fenômenos congeniais.

Suicidas recomeçam a luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos reaparecem no berço, com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras regressam à existência, em companhia de pais que se sintonizam com eles e grandes delinquentes reencetam a viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas temíveis, quais sejam as de enfermidades indefiníveis e de aflições dificilmente remediáveis.

No extenso e abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a século e de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no campo das formas, nosso Espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o veículo acrisolado e divino, com que, um dia, ascenderemos à sublime habitação que o Senhor nos reserva em plena imortalidade vitoriosa.

 

[1] O Livro dos Espíritos, 93-95.

 

Nota: O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado inicialmente pela editora da FEB em 1952.

 

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 10 de abril de 2025

 



AS MAIS LINDAS CANÇÕES QUE OUVI

Você é linda

Caetano Veloso


 

Fonte de mel

Nuns olhos de gueixa,

Kabuki, máscara.

Choque entre o azul

E o cacho de acácias,

Luz das acácias,

Você é mãe do sol.

A sua coisa é toda tão certa,

Beleza esperta.

Você me deixa a rua deserta

Quando atravessa

E não olha pra trás.

 

Linda

E sabe viver...

Você me faz feliz,

Esta canção é só pra dizer

E diz:

Você é linda,

Mais que demais.

Você é linda sim,

Onda do mar do amor

Que bateu em mim.

 

Você é forte,

Dentes e músculos,

Peitos e lábios.

Você é forte,

Letras e músicas,

Todas as músicas

Que ainda hei de ouvir.

No Abaeté

Areias e estrelas

Não são mais belas

Do que você,

Mulher das estrelas,

Mina de estrelas,

Diga o que você quer.

 

Você é linda

E sabe viver,

Você me faz feliz...

Esta canção é só pra dizer

E diz:

Você é linda

Mais que demais,

Você é linda sim,

Onda do mar do amor

Que bateu em mim.

 

Gosto de ver

Você no seu ritmo,

Dona do carnaval.

Gosto de ter,

Sentir seu estilo,

Ir no seu íntimo.

Nunca me faça mal.

 

Linda,

Mais que demais,

Você é linda sim,

Onda do mar do amor

Que bateu em mim.

Você é linda

E sabe viver

Você me faz feliz.

Esta canção é só pra dizer

E diz.

 

 

Você pode ouvir a canção na voz do seu intérprete preferido clicando no link correspondente:

Caetano Veloso - https://www.youtube.com/watch?v=7xMydSJy4zI&ab_channel=CaetanoVeloso-Topic

Caetano Veloso, Gilberto Gil e Ivete Sangalo - https://www.youtube.com/watch?v=7QWzShM3fbo&ab_channel=IveteGileCaetanoVEVO

 

 

 

 

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quarta-feira, 9 de abril de 2025

 



Revista Espírita de 1868

 

Allan Kardec

 

Parte 7

 

Continuamos o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1868, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1868 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que razões levam uma pessoa ao materialismo?

B. Com respeito às perseguições frequentes que eram feitas aos espíritas, qual foi o conselho de São Luís?

C. Que significa, segundo Kardec, a expressão Espiritismo Moderno?

 

Texto para leitura

 

88. O número de agosto da Revista inicia-se com um artigo de Kardec sobre o materialismo e a virulência com que seus partidários de então atacavam os que ousassem declarar-se espiritualistas, como o Sr. Jules Favre e o Sr. Flammarion, ridicularizado e denegrido publicamente porque buscou provar Deus pela ciência. Observa Kardec: “Há neste momento, da parte de um certo partido, um alçar de armas contra as ideias espiritualistas em geral, nas quais se acha englobado o Espiritismo. O que ele busca não é um Deus melhor e mais justo, é o Deus-matéria, menos aborrecido, porque não se tem que lhe dar contas”. (Págs. 223 e 224.)

89. O Codificador diz que um dos melhores protestos que lera contra as tendências materialistas fora publicado a 14 de maio no jornal Le Droit, sob o título de O materialismo e o direito. Assinado por H. Thiercelin, eis alguns trechos do citado artigo: I – Quase sempre houve materialistas, teóricos ou práticos, quer por desvio do senso comum, quer para justificar baixos hábitos de viver. II – Duas razões levam o indivíduo ao materialismo. A primeira é a imperfeição da inteligência humana. Disse Cícero, em termos muito crus, que não há tolice que não tenha encontrado algum filósofo para a defender. III – A segunda razão está nas más inclinações do coração humano. Eis por que o materialismo prático, que se reduz a algumas máximas vergonhosas, sempre apareceu nas épocas de decomposição moral ou social como as da Regência e do Diretório. IV – Em nossos dias ele se produz com um caráter novo; considera-se científico. A história natural seria toda a ciência do homem; nada existiria do que ela não tem por objeto; ora, como não tem por objeto o espírito, este não existe. V – As tendências materialistas, mais ou menos gerais, de tantos cientistas não decorrem apenas de sua constante ocupação em estudar e manipular a matéria. Elas resultam sobretudo de seus hábitos de espírito, da prática exclusiva de seu método experimental, porque o método científico pode reduzir-se a estes termos: “Não reconhecer senão os fatos, induzir muito prudentemente a lei desses fatos, banir absolutamente todas as pesquisas das causas”. VI – Não é de admirar que inteligências de vistas curtas desconheçam a existência dos fatos morais. VII – O novo materialismo não é, porém, resultado demonstrado do estudo; é uma opinião preconcebida. O fisiologista não admite o espírito. Que há nisto de admirável? É a conclusão óbvia do método por ele utilizado e que lhe interdita precisamente a pesquisa das causas. VIII – Não há nada de mais, pois, afirmar que o materialismo é destrutivo, não de uma determinada moral, mas de toda moral, não de determinado estado civil, mas de todo estado civil, de toda sociedade. (Págs. 224 a 230.)

90. Sob o título de Pesquisas Psicológicas a propósito de Espiritismo, o jornal La Solidarité de 1º de julho publicou um alentado artigo sobre as manifestações espíritas, no qual seu autor não contesta os fenômenos, mas expõe suas dúvidas sobre a explicação que deles dá a doutrina espírita. “Cremos, diz ele, que os fenômenos físicos se explicam fisicamente e que os fenômenos psíquicos são causados pelas forças inerentes à alma dos operadores.” (Págs. 230 a 234.)

91. Comentando o assunto, diz Kardec que muita coisa haveria a responder sobre o artigo, mas não o faria porque fazê-lo seria repetir o que tantas vezes já houvera escrito sobre o mesmo tema. Como o crítico não contesta o fenômeno, apenas formula sobre sua causa outra hipótese, lembra Kardec que a teoria exposta pelo jornalista nada mais era do que a repetição de um dos primeiros sistemas surgidos na origem do Espiritismo, quando a experiência não havia ainda elucidado a questão. Ora, se aquele sistema estivesse certo, por que não prevaleceu? Como é que milhões de espíritas, que havia quinze anos experimentavam no mundo todo, tenham constatado a realidade das manifestações espíritas, se elas não existem? Pode-se admitir razoavelmente que todos eles se hajam enganado? (Págs. 234 e 235.)

92. É grave erro crer, diz Kardec, que os espíritas tenham estabelecido, de forma preconcebida, a intervenção dos Espíritos nas manifestações. Se isso se deu com alguns, o maior número não chegou a essa crença senão depois de ter passado pela dúvida ou pela incredulidade. O fenômeno das mesas girantes era conhecido ao tempo de Tertuliano e na China desde tempos imemoriais, tanto quanto na Sibéria e na Tartária. Aliás, os fenômenos espíritas modernos não começaram com as mesas, mas pelas pancadas espontâneas dadas em paredes e móveis, em ambientes refratários à ideia espírita, e foram os próprios Espíritos que se apresentaram como sendo os seus autores. (Págs. 235 e 236.)

93. O Sr. Fauverty – autor do artigo em foco – diz que nada encontrou nas comunicações mediúnicas que ultrapassasse o cérebro humano. Eis aí uma velha objeção cem vezes refutada pela própria doutrina espírita. O Espiritismo alguma vez disse que os Espíritos fossem seres fora da humanidade? Ora, o que a doutrina espírita ensina é que os Espíritos não são senão homens despojados do seu invólucro material e que o mundo visível se derrama incessantemente, pela morte, no mundo invisível, e este no mundo corporal, pelos nascimentos. Desde que os Espíritos pertencem à Humanidade, por que haveriam de querer que eles tivessem uma linguagem sobre-humana? (Págs. 236 e 237.)

94. A pedido de um dos correspondentes da Revista em Sens, Kardec volta ao tema partido espírita, para dizer que o Espiritismo jamais poderia ser considerado um partido na acepção vulgar da palavra e, por isso, o correspondente tinha toda a razão para repelir a qualificação que nesse sentido lhe foi dada pelo Sr. Genteur, Comissário do Governo. O Codificador diz, no entanto, que, excluída a ideia de movimento político e de luta pelo poder, o Espiritismo não deixava de ser um partido, ou seja, uma doutrina que não é partilhada senão por uma parte da população, motivo pelo qual ele podia aceitar a qualificação que lhe foi dada por seus antagonistas, sem com isso repudiar os seus princípios e sem perder sua qualidade essencial de doutrina filosófica moralizadora, que constitui a sua glória e a sua força. (Págs. 237 a 239.)

95. Kardec lembra que no fim de 1864 fora deflagrada uma onda de perseguições contra o Espiritismo em várias cidades do Sul, seguida de alguns efeitos, e reproduz o resumo de um dos sermões feitos na época, no qual os espíritas são chamados de ímpios e acusados de blasfemar contra Deus, de negar as sublimes verdades ensinadas pela Igreja e de enfeitar-se com uma falsa caridade, que só conhecem de nome e da qual se servem como manto para ocultar sua ambição. No fim do sermão, diz o padre: “Compreendestes, cristãos! quais são os que assinalo à vossa reprovação! São os Espíritas! E porque não os indicaria eu? É tempo de os repelir e de amaldiçoar as suas doutrinas infernais!” (Pág. 240.)

96. Sermões como esse estavam na ordem do dia naquela época, mas os ataques não se limitavam à ideia, estendendo-se também às relações pessoais. Na sequência, após advertir que a luta não terminara e que as perseguições continuavam, o Codificador transcreve comunicação de São Luís transmitida em Paris a 10 de dezembro de 1864, da qual extraímos os trechos que se seguem: I – Meus filhos, estas perseguições cairão e não podem ser prejudiciais à causa do Espiritismo. II – Os bons Espíritos velam pela execução das ordens do Senhor: nada há a temer; não obstante, é preciso que todos se mantenham em guarda e ajam com prudência. III – A vergonha recairá sobre os que tiverem recuado e preferido o repouso da Terra ao que lhes estava preparado, porque o Senhor fará a conta de seus sacrifícios. IV – É preciso pensar nos mártires cristãos, que não tinham, como os espíritas, comunicações incessantes do mundo invisível para reanimar sua fé e, contudo, não recuavam ante o sacrifício, nem de sua vida nem de seus bens. V – As provas são hoje mais morais que materiais; serão, por consequência, menos penosas, mas não menos meritórias. VI – Aliás, muitos dos que sofreram pelo Cristianismo vêm concorrer para o coroamento da obra e são os que sustentam a luta com mais coragem. VII – Ninguém se inquiete com o futuro da doutrina espírita, porque, entre os que hoje a combatem, mais de um será seu defensor amanhã. VIII – À violência, devemos opor a suavidade e a caridade e fazer o bem aos que nos querem mal, para que, mais tarde, possam distinguir o verdadeiro do falso. IX – O espírita dispõe de uma arma poderosa: a do raciocínio, e deve servir-se dela, sem manchá-la jamais pela injúria, supremo argumento dos que não têm boas razões para dar, e esforçando-se pela dignidade de sua conduta, para fazer respeitar o título de Espírita que ostenta.  (Págs. 240 a 244.)

97. Kardec diz que podem compreender-se sob o título geral de Espiritismo Retrospectivo os pensamentos, as doutrinas, as crenças e todos os fatos espíritas anteriores ao Espiritismo Moderno, isto é, até 1850, data na qual começaram as observações e os estudos sobre tais fenômenos. Um fato relatado pelo Duque de Saint-Simon em suas memórias enquadra-se, portanto, no chamado Espiritismo Retrospectivo. (Pág. 244.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que razões levam uma pessoa ao materialismo?

Segundo H. Thiercelin, em artigo citado por Kardec, quase sempre houve materialistas, teóricos ou práticos, quer por desvio do senso comum, quer para justificar baixos hábitos de viver. Duas razões levam o indivíduo ao materialismo. A primeira é a imperfeição da inteligência humana. Disse Cícero, em termos muito crus, que não há tolice que não tenha encontrado algum filósofo para a defender. A segunda razão está nas más inclinações do coração humano. Eis por que o materialismo prático, que se reduz a algumas máximas vergonhosas, sempre apareceu nas épocas de decomposição moral ou social como as da Regência e do Diretório. (Revista Espírita de 1868, pp. 224 a 230.)

B. Com respeito às perseguições frequentes que eram feitas aos espíritas, qual foi o conselho de São Luís?

Primeiro São Luís disse que essas perseguições cairiam e não eram prejudiciais à causa do Espiritismo. Os bons Espíritos velam pela execução das ordens do Senhor: nada há a temer; não obstante, é preciso que todos se mantenham em guarda e ajam com prudência. Ninguém se inquiete com o futuro da doutrina espírita, porque, entre os que hoje a combatem, mais de um será seu defensor amanhã. À violência, devemos opor a suavidade e a caridade e fazer o bem aos que nos querem mal, para que, mais tarde, possam distinguir o verdadeiro do falso. (Obra citada, pp. 240 a 244.) 

C. Que significa, segundo Kardec, a expressão Espiritismo Moderno?

Kardec usou tal expressão ao dizer que podem compreender-se sob o título geral de Espiritismo Retrospectivo os pensamentos, as doutrinas, as crenças e todos os fatos espíritas anteriores ao Espiritismo Moderno, isto é, até 1850, data na qual começaram as observações e os estudos sobre tais fenômenos. O Espiritismo Moderno teria nascido, portanto, em 1850. (Obra citada, pág. 244.) 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/04/revista-espirita-de-1868-allan-kardec.html

 

 



 

 

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terça-feira, 8 de abril de 2025

 



A capacidade de querer crescer

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

A capacidade é uma característica inata do indivíduo; o que, muitas vezes, a impede é a ausência de disciplina, vontade e determinação, visto que é mais acessível não realizar algo não faltam desculpas para o esmorecimento do que o esforço para alcançá-lo. Se compreendêssemos como a conduta disciplinada e crescente atrai notáveis realizações e ainda muito enobrece pessoalmente criando a liberdade que tanto o espírito deseja, de fato, seríamos bem mais disciplinados e adeptos do crescimento.

Talvez ainda não valorizamos verdadeiramente como é maravilhoso conquistar os nossos propósitos, talvez ainda a indisposição (criada por nós) seja mais determinada do que nossa vã disciplina. Ou a questão delegada ao tempo futuro seja mais presente no tempo atual. Tudo a seu tempo, bem o diga, porém se não houver a capacidade exercitada, nenhum tempo idealizado chegará, os desejos não se realizarão, e tornamo-nos mais apáticos e desconexos. 

Somos sempre capazes, o que determinará será a energia aplicada na própria vida. Se a energia for positiva, amorosa, real, determinada, naturalmente, as ações acontecerão da maneira mais plena possível e de acordo com a sabedoria universal; no entanto se houver dúvida, apatia, descompromisso, então, capacidade alguma se materializará por meio de belos acontecimentos. Somos, tantas vezes, do tamanho que queremos ser, e não da dimensão que Deus nos criou.

Outro fator decorrente do comportamento imediatista humano é nossa certa exigência quanto ao tempo das ocorrências, lembrando que o perfeito andamento da vida não obedece aos nossos caprichos pueris espirituais, porém, às sábias leis universais, por isso mesmo, todo progresso requer o curso da verdadeira sabedoria, e a paciência é uma insubstituível qualidade no processo. Quando fatores grandiosos são reunidos, notavelmente o resultado será positivo e feliz, pois da mesma energia sempre será atraída a ela mesma. O Universo é perfeito.

Todos possuímos a centelha divina e, portanto, somos abençoados. Porém como a justiça é plena, a nossa responsabilidade também recai sobre nós o tempo inteiro, forma justa de comprovação do progresso. Podemos ir ao céu ou a qualquer outro (infeliz) lugar, basta a nossa vontade e determinação.

Quanto à capacidade, todos a temos, depende de nossa disciplina e vontade de crescimento.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 


 

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segunda-feira, 7 de abril de 2025

 



A árvore do tempo

 

Irmão X (Espírito)

 

Quando o Anjo da Morte cumpriu suas atribuições junto aos primeiros homens que habitavam a Terra, houve grande revolta entre os que eram separados da vestimenta material. O generoso missionário sentiu-se crivado de observações ingratas. No íntimo, as almas guardavam a certeza, relativamente às finalidades gloriosas de seus destinos. Todas haviam sido chamadas à existência para se elevarem ao Trono de Deus; entretanto, nenhuma se conformava com a própria situação.

Debalde o sábio mensageiro procurava lembrar o objetivo divino e esclarecer a excelência de sua cooperação. Os homens, porém, cobriam-no de impropérios, alegando os trabalhos incompletos que haviam deixado sobre a face do mundo. Uns recordavam as famílias ameaçadas sem a sua presença, outros comentavam as nobres intenções com que se atiravam na Terra aos serviços da evolução. E as lágrimas se confundiam com os gritos de desespero irremediável.

Acabrunhado pelos acontecimentos, o solícito missionário, como quem começa um serviço sem o conhecimento de toda a sua complexidade e extensão, suplicou ao Senhor o socorro de seu auxilio divino, de modo a fazer face à situação.

Foi por esse motivo que o Salvador veio ao encontro da grande fileira de Espíritos infortunados, acercando-se de suas amarguras com a inesgotável generosidade e sabedoria de sempre.

– Ah! Senhor – exclamou um dos infelizes. – O Anjo da Morte nos reduziu à miserável condição de escravos sem esperanças. Sabemos que a nossa marcha se dirige ao Altíssimo; entretanto, fomos subtraídos ao laborioso esforço de preparação na Terra...

– Existem, porém, outros planos à espera de vossas atividades – esclareceu o interpelado com bondade carinhosa. – O planeta terrestre não é o único santuário consagrado à vida. Além disso, o mensageiro da morte não é um tirano e sim um benfeitor que personifica a grande lei de renovação.

A essas palavras, todavia, a pequena turba avançou a reclamar lamentosamente, invocando as razões que a vinculavam ao mundo terreno.

– Jamais me poderei separar dos filhos idolatrados – dizia um velhinho de semblante inquieto – não desejo marchar sem a afetuosa companhia deles! Não me submetais ao sacrifício insuportável da separação!

– Meu esposo – bradava uma pobre mulher – clama por mim, dia e noite!... Meu estado de inquietação é angustioso!... Não creio que possa ser feliz, nem mesmo nas claridades do Paraíso!...

– E minha fazenda? – ponderava ainda outro, em tom de súplica. – Não permitais que meus trabalhos sejam interrompidos... Assim procedo, Senhor, em obediência ao dever de velar pelos patrimônios que me conferistes!...

– Nunca julguei – comentava um jovem, desesperadamente – que o Anjo da Morte me roubasse o sonho do noivado, quase no instante de minha desejada ventura... Nada mais conservo em meus olhos, senão o derradeiro quadro de minha companheira a chorar... Não haverá compaixão no céu para uma aspiração justa e santa da Terra?...

Nesse instante, o Senhor entrou em grande meditação, mostrando triste o semblante. A pequena multidão continuou revelando o grau de seu desespero em rogativas dolorosas. Dando a entender pelo seu silêncio a importância e a complexidade das aquisições que os Espíritos da Terra necessitavam realizar, prosseguiu por largo tempo em serenas reflexões e, quando se aquietou o ânimo geral, em forte expectativa, tomou a palavra na assembleia e falou solenemente:

– Conheço a extensão das vossas necessidades, mas não disponho de tempo para velar pessoalmente pela solução dos vossos problemas particulares, mesmo porque não sois os meus únicos tutelados. Se pretendesse convencer-vos pela palavra, não sairíamos, talvez, dos círculos escuros das contendas e, se desejasse acompanhar-vos, individualmente, nas experiências indispensáveis, teria de me acorrentar aos fluidos da Terra por milênios, descurando de outros deveres sagrados confiados ao meu coração por Nosso Pai! Estarei convosco, por todos os séculos, ligado perenemente ao vosso amor, mas não posso estacionar à maneira de um homem. Tenho de agir e trabalhar por todos, sem o capricho de amar somente a alguns. A presente situação, porém, será remediada. Dar-vos-ei, doravante, a árvore bendita do tempo.

 

Do livro Doutrina e Aplicação, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 


 

 

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