Roteiro
Emmanuel
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No aperfeiçoamento do corpo espiritual, além do primitivismo de
certas almas que jazem, longo tempo, entorpecidas após a morte física,
observemos, ainda, o quadro das mentes evolvidas intelectualmente, mas
submersas nas densas vibrações decorrentes de compromissos escuros.
Não
permanecem no regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos
desvarios da loucura.
Criam
imagens que vivem e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo
indeterminado, cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.
Carregam
consigo os dramas intensos de que se fizeram autoras.
Encarnada
na Terra, a inteligência vive entre as provocações da Esfera carnal e as
sugestões silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais
profundamente respira no plano das ideias, influenciando e sendo influenciada.
Geralmente,
porém, o homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em maior ou
menor percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve nortear. Atravessa
os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito, dentro de si
mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos inquietantes que
produz para o consumo de suas necessidades mentais.
Assim
é que a desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.
Encasulada
no círculo vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre
naturais inibições, ante a paisagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de
percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade,
encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções
obscuras e estreitas em que se agita.
Como
a lâmpada vive no seio das próprias irradiações, emitindo luz que é também
matéria sutil, a alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares,
prendendo-se à paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são
afins, porque o pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de
expressões inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.
Podendo
alimentar-se, por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos,
entidades existem que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros
emocionais em que se comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam
na recapitulação das experiências em que faliram, retomando o serviço de
purificação interior para a sublimação de si mesmas.
Desse
modo, somos defrontados por dolorosos fenômenos congeniais.
Suicidas
recomeçam a luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos
reaparecem no berço, com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras
regressam à existência, em companhia de pais que se sintonizam com eles e
grandes delinquentes reencetam a viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas
temíveis, quais sejam as de enfermidades indefiníveis e de aflições
dificilmente remediáveis.
No
extenso e abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a
século e de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no
campo das formas, nosso Espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o
veículo acrisolado e divino, com que, um dia, ascenderemos à sublime habitação
que o Senhor nos reserva em plena imortalidade vitoriosa.
[1] O Livro dos Espíritos, 93-95.
Nota:
O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado
inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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