Revista Espírita de 1869
Allan Kardec
Parte 7
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1869, periódico
editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por
Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de 1869 pertence a uma série iniciada em
janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando
desencarnou.
Cada parte do estudo, que é apresentado às
quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final
do texto abaixo.
Questões
preliminares
A. Que disse Lamartine acerca de sua desencarnação?
B. Que conselho deu o Espírito de Charles Fourier a um de
seus discípulos?
C. A ideia da evolução da alma por meio de uma série de
existências nos reinos inferiores da Natureza era partilhada por outros autores
contemporâneos de Kardec?
Texto para leitura
62. O jornal Le Progrès Thérapeutique,
especializado em Medicina, relata em seu número de 1o de março de 1869 um
fenômeno bizarro ocorrido em Bois-d’Haine, na Bélgica. Trata-se de uma jovem de
18 anos que todas as sextas-feiras cai em um estado cataléptico e assim fica
por três horas deitada, braços estendidos, um pé sobre o outro, na posição de
Jesus na cruz. A insensibilidade e a rigidez dos membros foram constatadas por
diversos médicos. Durante a crise, cinco feridas se abrem nos mesmos lugares
onde havia as chagas de Cristo, e deixam minar sangue real. Finda a crise, o
sangue cessa de correr, as chagas se fecham e cicatrizam-se em 24 horas. Kardec
não comentou o assunto. (Págs. 112 e 113)
63. Duas novas comunicações transmitidas na Sociedade de
Paris, a 12 de fevereiro e a 5 de março de 1869, pelo Espírito de Louis Desnoyers,
revelaram que finalmente o citado Espírito compreendeu que havia desencarnado.
Como já vimos, ele pensava anteriormente que apenas sonhava e jamais admitiu
estivesse desligado do corpo físico. Na segunda mensagem, o comunicante fala
sobre Lamartine, recentemente desencarnado, informando ter sido um dos que o
acolheram no além-túmulo, junto de outros que o haviam apreciado e estimado.
(Págs. 113 a 116)
64. A 14 de março foi o próprio Lamartine que se
manifestou na Sociedade Espírita de Paris, trazendo ao mundo a prova
indiscutível da imortalidade da alma. Em sua mensagem refere Lamartine: “Há um
ano, eu tinha uma profunda intuição. Falava pouco, mas viajava sem cessar pelas
planícies etéreas, onde tudo se refunde sob o olhar do Senhor dos mundos; o problema
da vida se desenrolava majestosamente, gloriosamente. Compreendi o pensamento
de Swedenborg e da escola dos teósofos, de Fourier, de Jean Reynaud, de Henri
Martin, de Victor Hugo, e o Espiritismo, que me era familiar, embora em
contradição com os meus preconceitos e o meu nascimento, preparava-me para o
desligamento, para a partida”. A transição, explicou Lamartine, não lhe foi
penosa. (Págs. 116 a 118)
65. Atendendo a uma consulta formulada por um de seus
discípulos, o Espírito de Charles Fourier disse em Paris, a 9-3-1869, que seu
mais sério título foi ter partilhado com Jean Reynaud, Joseph de Maistre,
Ballanche e tantos outros o pressentimento de que a regeneração humana se
efetua pela sucessão de existências reparadoras, ideia que eles tinham previsto
e que agora era confirmada pelo Espiritismo. Finalizando sua comunicação,
Fourier deu ao confrade o seguinte conselho: “Se quiserdes uma demonstração
séria de uma lei universal, buscai a sua aplicação individual. Quereis a
verdade? Buscai-a em vós mesmos, e na observação dos fatos de vossa própria
vida. Todos os elementos da prova lá estão. Que aquele que quer saber se
examine, e encontrará”. (Págs. 118 a 120)
66. Na seção de livros, o número de abril reporta-se à
obra “Há uma vida futura?”, escrita por um ilustre engenheiro que a assina com
o pseudônimo de Fantasma. O livro prova que a Ciência não conduz ninguém
fatalmente ao materialismo e demonstra com uma clareza absoluta a necessidade
da reencarnação para o progresso. (Págs. 120 a 123)
67. A outra obra focalizada pela Revista, na edição de
abril, intitula-se “A alma, sua existência e suas manifestações”, de autoria do
sr. Dyonis. Este livro tende para o mesmo objetivo do precedente, mas sob uma
forma mais didática, mais científica. A refutação do materialismo e das
doutrinas de Büchner e Maleschott ocupa aí largo espaço. O autor defende em seu
livro a perfectibilidade da alma e diz que ela progrediu desde a primeira
manifestação da vida, passando alternativamente pelas plantas, os animálculos,
os animais e o homem. (Págs. 123 e 124)
68. Fechando o número de abril de 1869, a Revista
informa, de modo sucinto, a constituição de duas novas sociedades espíritas,
uma em Sevilha, Espanha, a outra em Florença, Itália, e o surgimento dos
jornais espíritas El Espiritismo, de Sevilha, e Il Veggente (O
Vidente), de Florença. (Págs. 124 e 125)
69. O número de maio de 1869, escrito após a
desencarnação de Kardec, foi integralmente dedicado ao passamento do
Codificador do Espiritismo e à repercussão que esse acontecimento teve na
imprensa em geral e nas atividades da Sociedade Espírita de Paris. (Págs. 127 a
133)
70. As matérias constantes do número de maio, relativas a
Kardec e ao seu sepultamento, são estas: I – Biografia de Allan Kardec (págs.
127 a 133). II – Discurso pronunciado pelo sr. Levent, vice-presidente da
Sociedade Espírita de Paris, no momento do sepultamento do corpo de Kardec o
Codificador (págs. 133 e 134). III – Discurso proferido pelo sr. Camille
Flammarion à beira do túmulo de Kardec (págs. 135 a 139). IV – Discurso feito
pelo sr. Alexandre Delanne na mesma oportunidade, em nome dos espíritas dos
centros distantes (págs. 140 e 141). V – Alocução que o sr. E. Müller fez na
despedida a Kardec, em nome da família e de seus amigos (págs. 141 a 143).
71. Os jornais franceses, em sua
maioria, noticiaram o falecimento de Kardec e alguns deles adicionaram ao
relato dos fatos comentários sobre o caráter e os trabalhos realizados pelo
Codificador do Espiritismo. Por falta de espaço, o número de maio de 1869
transcreveu apenas dois dos artigos referidos: o publicado em Le Journal
Paris de 3-4-1869 pelo sr. Pagès de Noyez, e o artigo do sr. A. Bauche,
constante do jornal L’ Union Magnétique de 10-4-1869. (Págs. 143 a
146)
Respostas às
questões propostas
A. Que disse Lamartine acerca de sua desencarnação?
Primeiro, ele disse em sua mensagem: “Há um ano, eu tinha
uma profunda intuição. Falava pouco, mas viajava sem cessar pelas planícies
etéreas, onde tudo se refunde sob o olhar do Senhor dos mundos; o problema da
vida se desenrolava majestosamente, gloriosamente. Compreendi o pensamento de
Swedenborg e da escola dos teósofos, de Fourier, de Jean Reynaud, de Henri
Martin, de Victor Hugo, e o Espiritismo, que me era familiar, embora em
contradição com os meus preconceitos e o meu nascimento, preparava-me para o
desligamento, para a partida”. A transição para o plano espiritual, disse ele,
não lhe foi penosa. (Revista Espírita de 1869, pp. 116 a 118.)
B. Que conselho deu o Espírito de Charles Fourier a um de
seus discípulos?
Ao discípulo que lhe havia enviado uma consulta, Charles
Fourier disse, em uma comunicação transmitida em 9-3-1869: “Se quiserdes uma
demonstração séria de uma lei universal, buscai a sua aplicação individual.
Quereis a verdade? Buscai-a em vós mesmos, e na observação dos fatos de vossa
própria vida. Todos os elementos da prova lá estão. Que aquele que quer saber
se examine, e a encontrará”. Fourier, quando ainda encarnado, fora
reencarnacionista. (Obra citada, pp. 118 a 120.)
C. A ideia da evolução da alma por meio de uma série de
existências nos reinos inferiores da Natureza era partilhada por outros autores
contemporâneos de Kardec?
Sim. Na edição de abril de 1869, a Revista menciona o
livro “A alma, sua existência e suas manifestações”, de autoria do Sr. Dyonis,
que refuta nele as doutrinas materialistas e defende a perfectibilidade da alma
afirmando que ela progrediu desde a primeira manifestação da vida, passando
alternativamente pelas plantas, os animálculos, os animais e o homem. (Obra
citada, pp. 123 e 124.)
Observação:
Para acessar a parte 6 deste estudo,
publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/07/revista-espirita-de-1869-allan-kardec.html