Revista Espírita de 1865
Allan Kardec
Parte 6
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Pouco depois de
desencarnar, que disse o dr. Demeure sobre sua condição no mundo espiritual?
B. Que lição nos
deixou o caso do médium Hillaire?
C. Por que Deus fez
da destruição recíproca dos seres vivos uma lei e, ao mesmo tempo, uma
necessidade essencial à vida?
Texto para leitura
60. Comentando as
mensagens transmitidas pela Sra. Foulon, Kardec chama atenção do leitor para
dois pontos. O primeiro é a possibilidade, revelada por ela, de um Espírito
passar da Terra a outro planeta mais elevado, desde que reúna condições
espirituais para esse salto no processo reencarnatório. O segundo é a confirmação
do ensinamento de que depois da morte estamos menos separados dos entes
queridos do que durante a existência corpórea. (Pág. 80.)
61. Morto a 26 de
janeiro de 1865, o doutor Demeure, médico homeopata muito distinto em Albi,
comunicou-se na Sociedade Espírita de Paris no dia 30 seguinte. Disse o amigo a
Kardec: “Como sou feliz! Não sou mais velho nem enfermo; meu corpo era apenas
um disfarce imposto; sou jovem e belo, belo dessa eterna juventude dos
Espíritos cujas rugas não mais sulcam o rosto, cujos cabelos não embranquecem
sob a ação do tempo”. (Págs. 80 e 81.)
62. Nos dois dias
seguintes o dr. Demeure comunicou-se novamente e revelou que já se encontrava a
postos na ajuda aos enfermos. Kardec faz a seguinte observação: “A poucos dias
de distância, ele cuidava dos doentes como médico e, apenas desencarnado,
apressa-se em ir cuidar deles como Espírito. Que se ganha em estar no outro
mundo, perguntarão certas pessoas, se ali não se goza de repouso?” Em resposta,
o Codificador explica que a atividade espiritual não é um constrangimento, mas
uma necessidade, uma satisfação para os Espíritos, que procuram as ocupações
que tenham ligação com suas aptidões e possam ajudar o seu adiantamento. (Págs.
82 e 83.)
63. A Revista
reporta-se ao processo que envolveu o médium Hillaire, de Sonnac
(Charente-Inférieure), o qual permitiu que a vaidade e o orgulho lhe subissem à
cabeça e acabou se perdendo. Levado o caso ao Tribunal, este condenou Hillaire
a um ano de prisão e multas, embora as testemunhas, em número de 20, tivessem
atestado a veracidade dos fenômenos atribuídos ao médium. Comentando o desfecho
do lamentável caso, Kardec diz que o Espiritismo não saiu apenas são e salvo
daquela prova, mas também “com as honras da guerra”. (Págs. 84 a 88.)
64. Em verdade, o
julgamento não proclamou a veracidade das manifestações de Hillaire, mas não as
considerou fraudulentas. O médium foi condenado por outro motivo. Quanto à
doutrina, ali obteve um sufrágio brilhante, visto que – adverte Kardec – o
Espiritismo está menos nos fenômenos materiais do que em suas consequências
morais. (Pág. 88.)
65. Em mensagem
dirigida especialmente aos espíritas devotados no caso Hillaire, Kardec reitera
que a parte essencial do Espiritismo não são os fenômenos, mas a aplicação de
seus princípios morais. É nisto que se reconhecem os Espíritas sinceros. Há
espíritas que, infelizmente, não levam esse pensamento a sério e essa é a razão
por que nem todos os adeptos do Espiritismo são perfeitos. Hillaire pertencia a
essa classe, por isso faliu. A Providência o havia dotado de notável faculdade,
com cujo auxílio fez muito bem, mas poderia fazer ainda muito mais se não
tivesse, por sua fraqueza, rompido a missão. (Págs. 89 a 91.)
66. Concluindo a
mensagem, Kardec adverte: “Não podemos condená-lo, nem absolvê-lo; só a Deus
pertence julgá-lo por não haver cumprido a tarefa até o fim”. “Irmãos,
estendamo-lhe a mão de socorro e oremos por ele.” (Pág. 91.)
67. Na seção de
livros, a Revista noticia o lançamento do livro Um Anjo do Céu na Terra,
escrito por Benjamin Mossé, rabino em Avignon, no qual a caridade é ensinada
pelos mais tocantes fatos. (Págs. 91 a 94.)
68. O número de abril
focaliza logo na abertura o tema destruição recíproca dos seres vivos, uma lei
natural que não parece, à primeira vista, conciliar-se com a bondade de Deus. O
que se pergunta é: Por que o Criador lhes teria feito uma necessidade se
entredestruírem para se alimentarem uns à custa dos outros? (Pág. 95.)
69. Ora, responde
Kardec, a verdadeira vida, tanto do animal, quanto do homem, não está no
envoltório corporal; está no princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Esse
princípio inteligente – a alma – necessita do corpo para se desenvolver pelo
trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta. O corpo se gasta nesse trabalho,
mas a alma, não; ao contrário, dele sai mais forte, mais lúcida e mais capaz.
(Pág. 95.)
70. Pelo espetáculo
incessante da destruição, Deus ensina aos homens o pouco caso que devem fazer
do envoltório material e suscita neles a ideia da vida espiritual, fazendo-os
desejá-la como uma compensação. (Pág. 95.)
Respostas às questões propostas
A. Pouco depois de
desencarnar, que disse o dr. Demeure sobre sua condição no mundo espiritual?
Morto a 26 de janeiro
de 1865, o doutor Demeure comunicou-se na Sociedade Espírita de Paris no dia 30
seguinte, quando disse o seguinte: “Como sou feliz! Não sou mais velho nem
enfermo; meu corpo era apenas um disfarce imposto; sou jovem e belo, belo dessa
eterna juventude dos Espíritos cujas rugas não mais sulcam o rosto, cujos
cabelos não embranquecem sob a ação do tempo”. Nos dois dias seguintes ele
comunicou-se novamente e revelou que já se encontrava a postos na ajuda aos
enfermos. (Revista Espírita de 1865, pp. 80 a 83.)
B. Que lição nos
deixou o caso do médium Hillaire?
Reportando-se ao caso
do médium Hillaire, que se perdera devido à vaidade e ao orgulho, Kardec disse
que a parte essencial do Espiritismo não são os fenômenos, mas a aplicação de
seus princípios morais. É nisto que se reconhecem os Espíritas sinceros. Há
espíritas que, infelizmente, não levam esse pensamento a sério e essa é a razão
por que nem todos os adeptos do Espiritismo são perfeitos. Hillaire pertencia a
essa classe, por isso faliu. A Providência o havia dotado de notável faculdade,
com cujo auxílio fez muito bem, mas poderia fazer ainda muito mais se não
tivesse, por sua fraqueza, rompido a missão. (Obra citada, pp. 89 a 91.)
C. Por que Deus fez
da destruição recíproca dos seres vivos uma lei e, ao mesmo tempo, uma
necessidade essencial à vida?
Tratando do assunto,
Kardec lembra que a verdadeira vida, tanto do animal, quanto do homem, não está
no envoltório corporal; está no princípio inteligente que sobrevive ao corpo.
Esse princípio inteligente – a alma – necessita do corpo para se desenvolver
pelo trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta. O corpo se gasta nesse
trabalho, mas a alma, não; ao contrário, dele sai mais forte, mais lúcida e
mais capaz. E aduziu que, pelo espetáculo incessante da destruição, Deus ensina
aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material e suscita neles
a ideia da vida espiritual, fazendo-os desejá-la como uma compensação. (Obra
citada, pág. 95.)
Observação:
Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/03/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0477456577.html
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O avanço da ciência já nos confirmou que o corpo físico não necessita de proteína animal para sobreviver na Terra. Por isso mesmo, podemos e devemos poupar nossos irmãos menores de tanta dor e crueldade a que vem sendo submetidos esses seres por milhares de anos. Que a compaixão supere o prazer fugaz de comê-los.
ResponderExcluirSim, Stella tem razão. Mas é bom lembrar que no reino animal a necessidade de se alimentar e sobreviver obriga aos animais a valer-se dos meios que conhecemos, de modo que, conforme a lei que rege a vida, a morte de uns significa o alimento dos outros, assegurando-se o equilíbrio que, quando não interferem os homens, é notório nos diferentes reinos da natureza.
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