CÍNTHIA
CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
Aceitar a
forma como se está ‒ ainda transitória ‒
é o primeiro céu claro a avistar. Pois de tantas relutâncias que já existem,
ainda não haver a autoaceitação sem posicionar-se amavelmente a favor de si,
sem dúvida, a vida se torna contrária demais à lei do amor. A resiliência é
muito diferente do comodismo; em vários momentos ‒
ou até mesmo como necessidades próprias de determinada existência ‒
nos encontramos em situações mais delicadas do que um dia imaginadas. E está
tudo bem, são passageiras e o novo tempo sempre chega, no entanto passar de uma
maneira favorável, ainda que seja um momento difícil, é o reconhecimento da esplêndida
oportunidade de mais uma existência, e isso é progredir.
Enquanto
não aceitamos certos fatores e também a nossa circunstância, de fato, a vida
fica impróspera, porque ela reflete a nossa movimentação. Se há alguma
enfermidade, que a cura ou melhora sejam o objetivo, porém se, por algum motivo
além de nossa singela observação, ela perdurar ou for congênita, o mais sensato
a se fazer é amar-se ainda mais e ter consigo paciência, respeito e carinho. Se
a situação é de relacionamento humano, então, que as melhores palavras possam
ser ditas com uma dose bem generosa de mansidão. Caso outras ocorrências, de
maneira permanente ou transitória, vierem com aviso ou de imprevisto, o amor é
antes de tudo o sentimento mais acertado em qualquer tempo e lugar.
Ainda,
se não houver aceitação de muitos fatos, eles continuarão a acontecer até que a
compreensão seja mais determinada do que a resistência. Não se passa para um
ano mais avançado na escola se não comprovar o aprendizado esperado e, assim, é
igualmente com a escola da vida. Quando aceitamos as condições necessárias,
tudo se torna mais suave e acolhedor; os dias perturbados e sem cor dão lugar
às cores da harmonia.
A
resiliência é uma das vertentes da coragem, pois aceitar algo que, por algum
motivo maior, existe ‒ e assim continuará por certo tempo ‒
é sabedoria adquirida e confiança em Deus. Há o tempo mais calmo e também o
mais desgastante; há a partida e a chegada; há a despedida e o reencontro; há a
dor e a alegria; mas antes de qualquer situação há a eternidade e a vida pelo
Criador.
O
que for de nossa responsabilidade que façamos da melhor maneira com vontade. Se
as situações forem além da nossa força que tenhamos a sabedoria vinda da fé
para conduzi-las com luz, paciência e amor.
Quando
houver mais aceitação, até mesmo a dificuldade diminuirá naturalmente, visto
que a baixa resistência soltará as tensões e a suavidade da vida novamente
retornará.
E
ainda quando percebermos outras nossas novas resistências que possamos ser o
nosso próprio apaziguador.
Na
verdade, o que devemos ser é o nosso verdadeiro primeiro grande amor.
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