sábado, 13 de dezembro de 2014

A política, suas mazelas e o remédio



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão nº 932.)

Tenho um amigo que foi militar e, certo dia, ouviu indignado o seguinte "conselho" de seu subordinado: — Chefe [Nessa época, todo militar um posto acima do seu era seu chefe, ainda que não o chefiasse.], se você quiser "se dar bem na vida", tem que aprender a "defamar" as pessoas... A vida é dos espertos, quanto mais a gente falar mal dos outros, mais a gente se dá bem.
Esse tipo de mentalidade, no Exército, é inadmissível; por isso, o soldado mau caráter acabou sendo preso, algum tempo depois, por tentar pôr em prática, com outrem, sua visão do que significa "se dar bem na vida". Certas normas militares, como a da disciplina de nossos atos, a do mérito próprio na carreira pública, e não a decorrente de nomeação política, precisam ser implementadas urgentemente, nesta nação, se a queremos não um país grande, mas um grande país.
A questão da disciplina é tão importante que o Espírito Emmanuel a "impôs a Chico Xavier" como condição única para ser bem sucedido em sua tarefa missionária...
Atualmente, porém, a canalhice de alguns políticos brasileiros chegou ao cúmulo do absurdo. O que temos presenciado nestes dias, no país, me faz lembrar também uma conversa rápida havida, há alguns anos, com um flanelinha, no comércio da Asa Norte.
— Doutor - disse-me ele -, em nosso país não vale a pena ser honesto. O que é preciso é saber roubar. Quem é esperto entra na política, rouba bastante e, mesmo se der o azar de ser preso, depois que cumprir alguns anos de cadeia, passa a viver como rei...
Hoje, dir-lhe-ia que nem é preciso sair da cadeia para viver como um rei no Brasil. Lá mesmo, os bandidos mais cruéis agem impunemente. Nessa escola do crime, criam comércio com venda de drogas e alimentos, usam o celular para dar ordens ao cúmplice, do lado de fora, visando matar até policiais, etc. Ali, ladrões de galinha viram facínoras.
No último domingo, assistimos à transmissão de uma grande emissora de TV, que nos mostrou um cerco policial a uma Câmara de Vereadores que não difere muito das nossas escolas do crime...
Lá dentro, os politiqueiros fingiam estar tratando de assuntos do interesse do povo.
Cá fora, o povo, em silêncio, observava a chegada da polícia federal...
Lá dentro, ignorando o que ocorria externamente, a farsa politicanalha continuava...
Cá fora, uma multidão revoltada aguardava os acontecimentos em ruas esburacadas, sem tratamento de esgotos e à frente de escolas e hospitais caindo aos pedaços.
Oito vereadores foram presos, em camburões, como marginais comuns, sob os apupos da população: — Fora, ladrões! Cadeia neles! Corruptos sem vergonha! Bandidos...
Um deles, ao ser preso, ainda no auditório da Câmara, deu um sorriso irônico e fez com o polegar o sinal de positivo. Depois, foi empurrado para dentro do camburão, como reles marginal, que o é.
Nessa cidade, as crianças vão para a escola de pau-de-arara e passam fome. Nas salas de aula, sentam-se no chão, quando há sala; caso contrário, têm o céu como teto e a pedra como cadeira. Ou seja, têm aulas em plena natureza, mas não de Biologia, Ecologia ou Meio Ambiente, pois ainda mal entraram na escola...
O dinheiro da merenda, da conservação do colégio, dos livros e do transporte ficou nas contas do prefeito, também ele preso.
Esse é apenas um exemplo do que vem ocorrendo em muitos municípios brasileiros. Ainda agora, presenciamos, em nossa pátria, todo o tipo de farsa: fraudes eletrônicas, intimidações a nordestinos que vivem de bolsas famílias e outras benesses, para votarem nos partidos que apoiam o Governo, mentiras eleitoreiras, inclusive de que a economia estava sob o controle, difamações, difamações, difamações...
Agora, querem transformar déficit em superávit para que a mandatária da nação não incorra em crime de responsabilidade, pois a economia está com um rombo como nunca antes na história deste país foi tão absurdo.
E o mais tragicômico é que parte dos bilhões de dólares desviados de nossas grandes empresas, como a Petrobras, está em contas dos suíços, que não mais desejam guardar em seus bancos dinheiro sujo de outros países. A politicalha, entretanto, insiste em dizer que "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". Ou seja: "prendam-nos, mas não mexam no que roubamos com tanto sacrifício".
Então, é preciso bloquear essa outra coisa, para que ninguém mais se dê bem com o desvio de nossos já escorchantes impostos. E não somente repatriar o que estiver em nome dos larápios travestidos de políticos ou seus apaniguados, mas também do que estes transferiram para seus "laranjas", antes de serem presos.
Será que nosso Ministério Público vai extraditar essa dinheirama, ou vai apenas mandar prender, em regime domiciliar, os politicanalhas, para usufruírem o que roubaram?
O povo exige uma resposta à altura do maior escândalo de todos os tempos. A população, indignada, apenas aguarda o desenrolar das investigações para, ampliando a revolta daquele município roubado, que é apenas uma ponta do grande iceberg submerso numa lama de corrupção, voltar às manifestações:
— Fora, corruptos! Lugar de bandido é na cadeia. Queremos um país justo, educado e honesto.




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