JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amiga leitora e prezado leitor,
sem querer criar polêmicas com minhas crônicas, e já criando, parodiando Jô
Soares, ao deparar-me com um blog cujo objetivo principal do seu autor é tentar
descobrir fraudes e plágios em obras espíritas, resolvi responder-lhe.
A última crítica do blogueiro,
cujo nome e sítio não vem ao caso divulgar, foi a de que, com base em algumas
coincidências nas mensagens psicografadas por Chico Xavier e Divaldo Franco,
este teria plagiado aquele. Até palavras idênticas, o polemista destacou nas
mensagens para induzir o leitor a acreditar em plágio. Ora , se assim
for, praticamente tudo o que se pesquisa e escreve é plágio. Nesse caso, cem
por cento das monografias escolares.
Vejamos, a seguir, alguns trechos
selecionados das mensagens, com destaques do cético, lembrando que os textos de
Divaldo costumam ser psicografados na presença de várias pessoas. Este, nove
anos após o anterior, escrito pelo Chico:
Mensagem do Espírito Isabel de
Castro, psicografada por Chico Xavier. Obra: Falando à Terra. Rio de Janeiro: FEB, 1951.
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Espírito Vianna de Carvalho, noite,
15 set. 1960, em Salvador, BA, public. na revista Reformador, mar. 1962. Médium: Divaldo Franco.
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UM DIA
[...]
Um dia,
Colombo resolveu empreender a viagem ao Mundo Novo e desvelou o caminho para
a América.
A gloriosa missão de Jesus começou para os homens no dia da Manjedoura.
[...]
Das
resoluções de uma hora podem sobrevir acontecimentos para mil anos.
[...]
Se acreditas no bem e a ele
atendes, cedo atingirás a messe da felicidade perfeita; mas se agora mofas do
dia, entre a indiferença e o sarcasmo, guarda a certeza de que, a seu turno,
o dia se rirá de ti.
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UM DIA
[...]
Um dia,
resolvendo lutar contra o pessimismo das cortes europeias e do povo, Colombo
descobriu a América.
[...]
Um dia mentiste e todo um programa
nefando teve início.
Um dia prometeste, olvidando logo
mais a palavra empenhada, e o caráter foi afetado.
Um dia, na
vida, pode constituir-se início de um milênio diferente para tua alma.
Como a reflexão é a mãe de todas as
virtudes, pensa bem e o teu caminho atravessará o portal de luz para a
imortalidade.
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Não estamos defendendo que tudo o
que se nos apresenta como mensagem do Além deve ser aceito cegamente por nós.
Ao contrário, o espírita consciente, examina tudo e retém o bem, como aconselha
o Evangelho de Jesus. Além disso, são os próprios Espíritos superiores que nos
aconselham separar atentamente o bom trigo
do joio das mensagens. N'O livro dos médiuns há uma mensagem do
Espírito Erasto que nos sugere ser preferível rejeitar dez verdades a aceitar
uma única informação falsa, supostamente provinda de Espírito elevado (cap. XX,
it. 230).
Por fim, nunca é demais lembrar
que o Espírito lança a ideia e o médium a capta de acordo com os seus
conhecimentos e possibilidades, quase sempre havendo algo de animismo
involuntário na comunicação mediúnica, principalmente quando o médium é
estudioso assíduo, como é o caso do Divaldo Franco e também como ocorria com o
Chico Xavier. "Espíritas! amai-vos, este o primeiro mandamento;
instruí-vos, este o segundo" (O Espírito de Verdade, cap. VI d'O evangelho segundo o espiritismo). Por
vezes, imaginamos estar dizendo algo inédito que já foi dito por outra pessoa.
Ora, o que são os Espíritos senão nós mesmos, em outra dimensão da vida eterna?
Quem não conhece o processo de
comunicação da mediunidade e a questão da sintonia sempre vai duvidar de tudo o
que ouve ou lê atribuído aos Espíritos, embora haja, realmente, pseudomédiuns
que, sem qualquer preparo e estudo, atribuem aos Espíritos tudo o que sua
imaginação exaltada aprove. Não é o caso dos médiuns aqui citados.
Então, o bom espírita nem é
totalmente incrédulo, nem aceita o que supostamente venha dos Espíritos, pois,
conforme diz também Allan Kardec, "fé verdadeira" é a que se submete
ao crivo da razão e da lógica "em todas as épocas da humanidade".
Desse modo, com todo o respeito ao polemista cético, dissemos-lhe o seguinte:
Seu
problema e de outros internautas que se empenham em combater o Espiritismo está
num detalhe único: ideias preconcebidas. Allan Kardec nunca disse que o
Espiritismo fosse essa “ciência” que você conhece e, sim, “ciência do
espírito”, baseada em experimentações e observações. Quanto ao pseudoplágio do
Divaldo, repudio veementemente tal conclusão. Existem 6,5 bilhões de mentes no
mundo. Se apenas um por cento delas resolver falar sobre um assunto, a possibilidade
de haver coincidências é enorme. Kardec também explicou que aos céticos
sistemáticos é inútil tentar convencer de coisa alguma, pois mesmo que vissem
não acreditariam. Por que você não se preocupa com outros assuntos, ao invés de
ficar especulando sobre a vida de cidadãos que dedicaram toda uma existência ao
bem da humanidade e, desde criança, aprenderam a distinguir o que era seu do
que não o era? A pessoas como você, se referem as palavras do próprio Jesus
Cristo, em quem, aliás, também não acreditam: "Não atireis vossas pérolas
aos porcos e nem deiteis as coisas santas aos cães". Agora procure no
Evangelho onde se encontra essa passagem e discorde dela… [...].
Conhecedor da absoluta perda de
tempo em se tentar convencer aos ateus sistemáticos sobre a sobrevivência do
Espírito após a morte do corpo físico, o próprio Allan Kardec já nos orientava
sobre o que postamos acima.
Aliás, dirigindo-se ao apóstolo
Tomé, Jesus, após sua ressurreição, convida-o a colocar o dedo num dos furos de
suas mãos e faz-lhe a seguinte advertência: "Bem-aventurados os que não
precisam ver para crer" (João, 20:29).
Igualmente, são inumeráveis as
obras sérias que tratam sobre as conclusões positivas dos sábios de todos os
tempos e os depoimentos de pessoas idôneas sobre comprovações da imortalidade
da alma, por meio de reuniões de materializações. Por que, então, não convencem
a tais ateus? Por que eles não querem se convencer e substituem as ideias
lidas, os fenômenos vistos, por teorias estapafúrdias. Alguns, até mesmo sendo
médiuns, passam a vida tratando-se exclusivamente com psiquiatras e negam a
existência de sua própria alma. Desse modo, cavam o próprio abismo.
Os fenômenos estão aí, os médiuns
também, os testemunhos são inumeráveis: sábios como William Crookes, Ernesto
Bozzano, Gustave Jung, Alexandre Aksakof, e muitos outros, viram e creram.
Escritores como Victor Hugo, Arthur Conan Doyle e Vergílio Ferreira também...
Uma nuvem de pesquisadores, muitos deles antes incrédulos, examinaram,
observaram, experimentaram e creram. Outros, nem tanto, pois diversas causas
podem estar presentes na incredulidade pessoal, como a do interesse próprio em
continuar esta efêmera vida sem a preocupação com as consequências post-mortem dos seus atos. Sua filosofia é a do laissez faire, laissez aller, laissez
passer, não se importando com as consequências de seus atos, por que, para
eles, o futuro é agora.
Não devemos nos preocupar com tais
céticos, pois um dia confirmarão, a seu pesar, as palavras de Vergílio
Ferreira, que já citamos em outra crônica: "Deus existe, sim,
infelizmente". Ao que acrescentamos: assim como somos imortais,
felizmente.
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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