Desencarnação
Álvaro Sá de Castro
Meneses
Dorme a ninfa obscura
em desvão da floresta...
Tênue réstia solar
dissolve a névoa fina.
Agita-se o casulo. A
múmia pequenina
É féretro mirim que,
súbito, se enfresta.
A borboleta em luz,
como alguém que protesta
Contra o sono letal
sob a folha mofina,
Desdobra as asas de
ouro e, leve bailarina,
Sobe às grimpas do
azul em delírio de festa...
A morte é assim
também... No corpo inerte, langue,
Silêncio e rigidez
trabalham de partilha,
Tentando nova forma a
que a vida se engrade!...
Mas do estojo larval,
sem o lume do sangue,
A alma ressurge e
voa, ascende, canta e brilha,
Ave do Grande Além,
galgando a imensidade...
Álvaro Sá de Castro Meneses
nasceu em Niterói-RJ em 3 de junho de 1883 e desencarnou no Rio de Janeiro em 7
de março de 1920. O soneto acima foi publicado no
livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira.
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