Uma amiga perguntou-nos: Se, de fato, existem os anjos
da guarda, que tipo de mal que nos acomete mais os aflige?
Os chamados anjos de guarda, tanto quanto os bons
Espíritos, preocupam-se com nossos males, do mesmo jeito que compartilham
nossas alegrias. Procurando fazer-nos todo o bem que lhes seja possível, é
natural que se sintam ditosos com nossa felicidade e com nossos momentos de
alegria.
Sabendo ser transitória a existência corporal e
cientes de que as tribulações a ela inerentes constituem meios de alcançarmos
uma situação melhor, nossos protetores espirituais afligem-se mais com os males
morais que tenham origem em nosso comportamento do que com os nossos
sofrimentos físicos, todos eles passageiros.
Desse modo, eles pouco se incomodam com as desgraças
que atingem nossas ideias e preocupações mundanas, como, aliás, agimos com
relação às mágoas pueris das crianças.
Vendo nas amarguras da vida um meio de nos
adiantarmos, eles as consideram como uma crise ocasional de que resultará a
salvação do doente. Evidentemente, compadecem-se dos nossos sofrimentos, como
nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo. Mas, enxergando as coisas de um
ponto de vista mais justo, apreciam-nos de um modo diferente do nosso.
Em casos assim, os benfeitores espirituais procuram
levantar-nos o ânimo no interesse do nosso futuro, enquanto os Espíritos
inferiores, com o objetivo de comprometer-nos, nos impelem ao desespero.
À vista dos ensinamentos espíritas, podemos sintetizar
da seguinte forma as conclusões em torno do assunto examinado:
Os protetores espirituais afligem-se quando nós,
diante de um mal qualquer, não sabemos suportá-lo com resignação; os
inferiores, no entanto, rejubilam-se com nossa postura negativa.
Os males morais que mais preocupam os benfeitores
espirituais são o nosso egoísmo e a dureza dos nossos corações, do que, ensina
o Espiritismo, decorre tudo o mais. Nossos adversários desencarnados e os maus
Espíritos, porém, adoram tal comportamento.
Os bons Espíritos riem-se de todos os males
imaginários que nascem do nosso orgulho e de nossa ambição. Os inferiores,
contudo, valem-se deles para, se for possível, afundar-nos mais ainda no fosso
da amargura.
Nossos benfeitores espirituais são os professores que a Misericórdia Divina nos empresta para auxiliarem nas lições da vida.
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