quarta-feira, 31 de julho de 2013

O elefantinho órfão

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Um jovem elefantinho, órfão e ainda sem muito conhecimento sobre a vida, estava machucado e assustado. Não tinha experiência para lidar com as intempéries e nem perceber o andamento de seu caminho. Ele buscava saciar suas necessidades básicas e proteção para sua sobrevivência.
Nessas horas, podemos reconhecer a bondade em corpos totalmente distintos, em espécies nada parecidas. No momento tão crítico em que o elefantinho só queria se esconder atrás de um arbusto, para se proteger de outros animais e até mesmo de outros elefantes que não o queriam por perto, ele encontrou um olhar balsamizante: uma jovem da região o observava.
Olhares que se encontraram e se afinizaram. Sem muito alarde, ela se aproximou do pequeno. Ele, de tão assustado, tentou recuar, mas seu cansaço e medo o desarmaram: desabou no chão.
A jovem acelerou os passos e já estava de joelhos ao lado do animal.
–  Pobrezinho! – pensava ela.
Tomou o pulso... estava vivo, no entanto, os olhinhos do elefante se fecharam. Passou a mão na cabeça do animalzinho e falou para ele ouvir:
– Seja forte! Buscarei ajuda. Você é muito importante, meu amigo!
Aquelas palavras pareciam medicamento para o animal que tudo ouvira.
Em menos de uma hora, a jovem retornou com seu pai, cuidador de elefantes de um parque próximo, e com mais dois ajudantes e um veículo para o transporte.
Com esforço e carinho, o elefantinho foi transportado para um local onde seria avaliado e receberia o cuidado necessário. Quanta correria, entretanto, o objetivo se cumpriu.
O pequeno recebeu atenção e foi se recuperando, mas surgiu outro impasse. Alguns elefantes, ou seja, mesma espécie, não o aceitavam no abrigo. Maltratavam-no com a maior facilidade.
– Mas aonde vou? Não tenho família. O que me acontecerá? – o animal, amedrontado, se questionava.
Para tudo há um limite. E assim aconteceu. A jovem que o resgatou, sempre o amparava e o orientava, quanto à forma adequada, para uma melhor convivência com os outros elefantes. Até que certa tarde, ela chegou ao local e presenciou a maldade de os outros não deixarem o elefantinho se alimentar.
Deu aquele grito. Como em toda comunicação, quando há elevação de voz, pelo menos uns segundos de atenção se conquistam, ou por susto, ou por medo, o que, aliás, não é um recurso muito favorável. Enfim, os outros elefantes se assustaram e rumaram para um pátio maior.
O elefantinho, com os olhos baixos e as orelhas murchas, olhou para a jovem e sentiu o amparo materno, o qual lhe fora privado. Um pouco hesitante, mas a esperança ainda viva, veio ao encontro de sua mamãe humana, que o acariciou e o confortou mais uma vez.
Mais seguro a cada amanhecer, o agora quase adulto elefante ainda se encontra no abrigo, mas com a função de organizar o local e amparar os novos elefantinhos órfãos que, para lá, são levados.
A ajuda chegada a tempo é a oportunidade doada para que a existência continue viva.                                

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terça-feira, 30 de julho de 2013

Moisés proibiu realmente que os hebreus consultassem os mortos?


Foi cumprida nesta noite mais uma etapa do estudo do Deuteronômio, livro que integra o chamado Pentateuco Mosaico. O estudo é realizado no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina-PR, em dois horários: na terça-feira (18h30) e na quinta-feira (14h30).

Eis as quatro questões propostas para debate:

1. Sem direito à terra, de que viveriam os levitas?
2. Moisés proibiu realmente que os hebreus consultassem os mortos?
3. Que eram as cidades de refúgio?
4. Que recomendações fez Moisés no tocante aos combates?

*

Após um ligeiro debate acerca das questões acima, fez-se o estudo da noite e, no final, foram apresentadas e comentadas as respostas dadas às perguntas propostas.

Ei-las:

1. Sem direito à terra, de que viveriam os levitas?

Não somente os levitas, mas também os sacerdotes não deveriam ter parte ou herança alguma com o resto de Israel, porque haveriam de comer dos sacrifícios do Senhor e das oblações que lhe fossem feitas. Se fosse sacrificado um boi ou uma ovelha, dar-se-ia ao sacerdote a espádua e o peito, assim como as primícias do pão, do vinho e do azeite, e parte das lãs da tosquia das ovelhas. Os levitas viveriam, assim, dos dízimos oferecidos ao Senhor. (Dt., 18:1 a 8.)

2. Moisés proibiu realmente que os hebreus consultassem os mortos?

Sim. O povo hebreu não poderia imitar as abominações feitas pelos cananeus: que ninguém, pois, pretendesse purificar seu filho, ou sua filha, fazendo-os passar pelo fogo, nem consultasse adivinhos, ou feiticeiro, ou encantador, ou Píton, ou os mortos, visto que todas essas coisas o Senhor abominava. "Estas nações cujo país tu possuirás – disse-lhe o Senhor – ouvem os agoureiros e os adivinhos: tu, porém, foste instruído doutra sorte pelo Senhor teu Deus." (Dt., 18:9 a 22.)

3. Que eram as cidades de refúgio?

Eram as cidades destinadas, na terra prometida, a acolher os fugitivos por homicídio não doloso, ou seja, os que ferissem seu próximo sem intenção de fazê-lo. Três cidades foram destinadas a isso. A proteção dada ao fugitivo nessas cidades tinha por fim evitar que algum parente da vítima, estimulado pela dor, matasse o responsável pelo crime, embora este não merecesse a morte. Mais tarde, quando os limites da terra dos hebreus fossem alargados, o número de cidades deveria ser dobrado, para que não se derramasse o sangue dos inocentes. (Dt., 19:1 a 21.)

4. Que recomendações fez Moisés no tocante aos combates?

Moisés pediu ao povo de Israel que não temesse os adversários, ainda que eles fossem mais numerosos, porquanto o Senhor estaria a seu lado. Quando estivessem perto da batalha, o pontífice pôr-se-ia na frente do exército e falaria assim ao povo: "Ouve, ó Israel, vós estais hoje para combater contra os vossos inimigos: não se atemorize o vosso coração, não temais, não recueis, nem lhes tenhais medo, porque o Senhor vosso Deus está no meio de vós, e Ele pelejará por vós contra os vossos inimigos, para vos livrar do perigo".
Os oficiais deveriam nesse momento indagar se ali havia algum soldado que tivesse edificado casa nova, ainda não dedicada, ou alguém que, havendo plantado uma vinha, não a tivesse ainda feito comum, e ainda alguém que houvesse desposado uma mulher e todavia não a tivesse ainda em seu poder. Esses seriam temporariamente dispensados para ir, antes, cuidar de seus interesses. Aos covardes e medrosos, os oficiais deveriam dizer: "Há algum medroso, e de coração tímido? vá-se e volte para sua casa, para não fazer desmaiar o coração de seus irmãos".
Ao chegar a uma cidade, o povo de Israel deveria primeiramente lhe oferecer a paz. Se a cidade a aceitasse, e lhe abrisse as portas, todo o povo que nela houvesse seria salvo e lhe ficaria sujeito, pagando tributo. Mas, se não quisesse aceitar as condições e começasse a guerra contra Israel, eles então deveriam atacá-la. E depois, em sobrevindo a vitória, passariam ao fio da espada todos os varões que nela houvesse, reservando as mulheres e os meninos, os animais e tudo o mais que se achasse na cidade, distribuindo o esbulho todo pelo exército e valendo-se dos despojos dos inimigos. Isso era o que deveria ser feito às cidades longe de seu povo, além das que o Senhor lhes daria em possessão.
Quanto às que foram prometidas pelo Senhor, nenhum absolutamente deixariam com vida, passando-os todos ao fio da espada, tal como o Senhor havia ordenado, para que não sucedesse viessem eles ensinar ao povo de Israel todas as abominações que eles fizeram a seus próprios deuses. (Dt., 20:1 a 20.)

*

Na próxima terça-feira publicaremos aqui a síntese do estudo da noite, para que o leitor, caso queira, possa acompanhar o desenvolvimento de nossas reuniões.



segunda-feira, 29 de julho de 2013

As mais lindas canções que ouvi (46)

Aos pés do monte

Gladston e Tim


Um sentimento me ronda,
Não sei dizer, tudo é novo pra mim.
Meu coração se renova,
Sinto a esperança invadir o meu ser.
Quero ser manso, ser limpo, ser justo
E pobre de espírito ser.
Tua palavra me sonda,
Me conta do Reino que espera por mim.
Eu te ofereço meu pranto,
As dores da alma que quer renascer.
Eu ouvi tua voz,
Teu falar me encantou.
Quis seguir, caminhar,
Quis saber pra onde vou.
Eis-me aqui,
Minha dor serenou.


Você ouvirá esta canção, na voz de Tim e Vanessa, clicando neste link:  http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=3TdnHbfVgHE#at=252

domingo, 28 de julho de 2013

A história que eu sei contar

ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
De Guarani, MG

(De que maneira o autor agradece o grande presente que a vida lhe deu.)

Dedicatória

À Elizabeth, estrela em forma de flor que Deus me deu para esposa.

Gratidão à família

Anita Borela de Oliveira
Astolfo Olegário de Oliveira
Marília de Dirceu de Oliveira Faria
Amaury de Oliveira
Edna de Oliveira
Marly de Oliveira
Ayres de Oliveira
Anita de Oliveira
Eunice de Oliveira
Icléa de Oiveira
Astolfo Olegário de Oliveira Filho
Ali de Oliveira

Carinho especialíssimo

Ao irmão Amaury de Oliveira e aos filhos Ricardo, Denise e Ronaldo

Abrindo a sessão

Estou fazendo hoje trinta e três anos de nascimento e sete anos de casado. É a primeira vez que  passo essas datas sozinho. Minha mulher e meus filhos estão em Guarani, onde, há quarenta dias, matam a saudade dos pais, parentes e amigos.Não puderam voltar antes, apesar de quererem e eu cá fiquei só.
Enquanto espero, resolvi  prestar uma homenagem a quem me tem feito tão feliz. Daí estas páginas. São todas para ela.  Páginas íntimas até. 
Conheço todas, ou, pelo menos, quase todas as minhas deficiências. Principalmente as do estilo. Minha pena não anda, arrasta-se. O cérebro não raciocina, confunde-se. A frase não agrada, cansa. Mas, para ela, eu sou “o” escritor. E vai adorar estas coisas. Ela e meu pai. Vejo-o como a vaca de Homero a lamber sua cria.
Além da história, tentei um gesto de gratidão aos irmãos. Fica clara, em especial, minha predileção pelo Amaury, nosso caro Dico, a melhor pessoa que conheci nesta vida.
Creio que ele também gostará destas páginas.
Provavelmente o Ayres as achará o máximo, para não fugir ao exagero. O Astolfinho vai sorrir desconfiado. Aquele rapaz adora sorrir. As manas, creio, não verão muita graça nisso. E o Zé (Zé Pretinho), invejoso como é,  vai censurar muita coisa. No fundo, no fundo, é  por não poder fazer o que eu fiz.
Os  amigos, se as lessem, provavelmente gostariam do que disse sobre eles. Os que não nos conhecem as achariam desconexas, sem gosto.
Não importa. Não foi para eles que eu disse essas coisas.
Basta-me o consolo de saber que atingi o que quis. Deliciar minha esposa e dar-lhe subsídios para as histórias que conta aos meus filhos. E cumprir um dever. O de mostrar que também sei ser grato.

Arthur Bernardes de Oliveira
Em Santa Rita de Caldas, 28/07/1964.

I – Vai-e-vem incessante

Em 1955, eu já era um moço cansado. Cansado e  insatisfeito. Sentia-me  um ser à procura de alguma coisa. É provável que eu não soubesse bem, então, a coisa que eu procurava.
Saído do colégio de Cataguases, no segundo ano do curso clássico em 1950, enfrentei o Rio de Janeiro, para concluir o curso e cumprir um contrato como jogador de futebol do América F. C.
Já pelo tropeços da carreira, já pelos apertos  na grande cidade, o ano de 1951 foi  de muito desgaste. Não tive outra alternativa senão voltar para Astolfo Dutra, em 1952, com uma aliança no dedo.
De Astolfo Dutra para Garça, no Estado de São Paulo, depois de um ano de  algumas decepções..
Em Garça tentaria, ainda como profissional de futebol, refazer meus planos e recuperar energias  para iniciar a reconstrução de minha  vida.
Amigado com uma prostituta, de quem guardo as melhores recordações, vi escoar mais um ano, 1953, sem se confirmarem as esperanças que eu tanto acalentara.
O ano seguinte me leva de volta a Astolfo Dutra. Estava fundado o Ginásio Municipal Astolfo Dutra e, como professor, talvez pudesse estabilizar-me afinal.
O ginásio fora um conto do vigário Ernane Rodrigues.
Os aborrecimentos que o nefasto estabelecimento nos trouxe, sabemos bem Deus, o Sr. Jarbas e eu.
Chegara o fim do ano de 1954 e apesar da colocação estadual, que fazia pressupor um princípio de estabilidade, eu, na verdade, continuava instável.
Minha  diversão eram os livros e confesso que em nenhuma outra fase da vida pude aprender tanto.
A entrada de 1955 se deu como tantas outras: melancolicamente. Mal poderia eu supor que aquele ano iria definir, realmente, o rumo de minha  vida.

II – A primeira visão

Em 13 de maio de 1955, acompanhei uma caravana de espíritas à cidade de Guarani.
Íamos abrir, com a palestra do Astolfo Olegário mais uma semana da mocidade espírita daquela terra.
Antes da reunião (nós chegáramos bem cedo, a fim de passar lá o dia todo)  Laerte me fala  de uma poesia apresentada no programa “Balança, mas não cai”, sobre as mães, e que fizera muito sucesso. Tratava-se de “Homenagem ao Dia das Mães”, de Ghiaroni, lida pelo radioator Paulo Gracindo, na sexta-feira última.
Pedi-lhe a cópia e ambos fomos aproveitar uma máquina de escrever de D. Elza Baesso, líder do movimento espírita de Guarani.
Ao entrarmos, fui apresentado ligeiramente a uma mocinha, filha da casa, na sala de visitas. Lembro-me como se fosse hoje. Estava vestida com uma roupa modesta, de listinhas suaves. Vestido caseiro.
Confesso que não a achei bonita, mas uma coisa a marcou lá dentro de mim, gostando daquela apresentação.
Fomos para o armazém, onde estaria a máquina, e lá voltei a ver aquela menina, rapidamente, já que ela nos fora levar o caderno em que estava copiada a poesia que queríamos.
Depois... não me lembro de mais nada. Sei que voltamos para casa, depois de um dia feliz, levando conosco a boa impressão produzida pela palestra do Sr. Astolfo e a satisfação das boas horas passadas com aquela gente amiga.
De nada mais me lembro daquele domingo distante. Lembro-me, no entanto,  muito bem, do que se passou, ainda em Guarani, quinze dias depois. (Continua.)

Nota:

O texto acima faz parte do livro ainda inédito intitulado “A história que eu sei contar”, escrito por Arthur Bernardes de Oliveira e concluído no dia 28 de julho de 1964, exatamente há 49 anos. O livro compõe-se de 20 capítulos e será aqui publicado ao longo de dez semanas, sempre aos sábados.



As provas não vêm para nos abater, mas para serem superadas

Assunto dos mais frequentes nas cartas que recebemos de leitores, provas e expiações, conquanto diferentes quanto às suas causas, têm igualmente importante valor educativo.
Provas, como o leitor certamente sabe, são desafios, testes, oportunidades de aquisição de experiência, dificuldades que nenhuma relação têm com equívocos ou erros cometidos no passado.
Riqueza, beleza, mesa farta, vida fácil, tanto quanto pobreza, feiúra, vida difícil, são provas.
Sua existência está intimamente ligada à necessidade que os Espíritos têm de progredir, rumo à meta que Deus assinalou para todos nós, que é a perfeição.
Ensina o Espiritismo que os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria e que todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Essa melhora se efetua por meio da reencarnação. A existência corpórea é, pois, uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a perfeição moral.
Na 2ª Parte, cap. II, de seu livro O Céu o Inferno, Allan Kardec inseriu um importante depoimento sobre o que realmente representam as provas em nossa vida. O depoimento foi dado pelo Espírito de Paula, que foi condessa em sua última encarnação. Bela, jovem, rica e de estirpe ilustre, Paula – que faleceu aos 36 anos de idade – era também perfeito modelo de qualidades intelectuais e morais.
Eis parte da mensagem assinada por esse Espírito:
“Em várias existências passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido para fortalecer e depurar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de triunfar, vindo a faltar, no entanto, uma, porventura de todas a mais perigosa: a da fortuna e bem-estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não sucumbir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do seu auxílio. Muitos Espíritos há que, seduzidos por aparências, pressurosos escolhem essa prova, mas, fracos para afrontar-lhe os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua inexperiência. Trabalhadores! estou nas vossas fileiras: eu, a dama nobre, ganhei como vós o pão com o suor do meu rosto; saturei-me de privações, sofri reveses e foi isso que me retemperou as forças da alma; do contrário eu teria falido na última prova, o que me teria deixado para trás, na minha carreira. Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo-Poderoso.”

*

A expiação tem causas diferentes, pois decorre de faltas cometidas pelo Espírito em ocasiões diversas, parte delas na existência atual e muitas em precedentes existências.
Segundo os ensinamentos espíritas, a expiação se cumpre durante a existência corpórea por meio das dificuldades ou vicissitudes a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais inerentes ao estado de inferioridade do Espírito. Assim é que o mau rico, por expiação, poderá vir a ter de pedir esmola e se verá a braços com todas as privações oriundas da miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de sua autoridade e trata com desprezo e dureza seus subordinados se verá forçado a obedecer a um superior mais ríspido do que ele o foi.
De conformidade com o que aprendemos na doutrina espírita, sabemos que Deus jamais apressa a expiação e só a impõe ao Espírito que, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil e, mesmo assim, quando tal fato for realmente útil para sua purificação e progresso.
Quando um Espírito enfrenta e supera uma adversidade, seja ela decorrente de prova, seja decorrente de expiação, ele avança um pouco mais na senda da evolução, ao mesmo tempo em que assimila a lição daí decorrente.
As provas escolares dão-nos uma boa imagem acerca do valor das provas que a vida nos oferece. Se o aluno se sai bem e alcança a nota desejada, ele sobe para o grau ou a série seguinte, até que após algum tempo, concluído o processo, ele recebe o certificado ou diploma que atesta a conclusão do curso.
Devemos compreender, assim, que as provas não foram criadas por Deus para nos abater, mas para serem superadas e assimiladas, e nada têm que ver com castigo ou com punição, porque tais palavras não fazem parte do vocabulário de Deus.



sábado, 27 de julho de 2013

Pérolas literárias (46)


Reencarnação

Antônio Francisco da Costa e Silva


De cimo a cimo, a ideia viva esbarro...
Luzem constelações... O Céu rutila...
Estrelas resplendentes fazem fila,
Multicores vagões do Etéreo Carro.

Mas revejo, enlevado, o sol da vila...
O regaço materno, ansioso, agarro;
Ouço meu pai de crônico pigarro
E a voz do lar por música tranquila.

Fito a mesa singela, o caldo, a broa;
O velho cão rafeiro(1) geme à toa...
Ah! Saudades! Sois tudo quanto exerço!...

Preces a Deus, em lágrimas, transponho...
Aspiro a refazer a vida e o sonho,
Quero chorar nos júbilos do berço!...

(1) Cão rafeiro: diz-se de, ou cão treinado para guardar gado.



O poeta Antônio Francisco da Costa e Silva nasceu em Amarante, Piauí, em 28 de novembro de 1885, e faleceu no Rio de Janeiro-RJ em 29 de junho de 1950. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Qual a sorte das crianças mortas em tenra idade?


Já explicamos anteriormente por que – segundo a doutrina espírita – morrem crianças em tenra idade. Apenas para recordar, lembremos que a duração da existência de uma criatura humana obedece geralmente a uma programação reencarnatória e vários fatores podem determinar a morte de seu corpo. A curta duração de sua existência pode, por exemplo, representar o complemento de uma existência precedentemente interrompida antes da hora.
Reportando-se ao tema, uma leitora propôs-nos uma questão diferente:
– Qual a sorte das crianças que a morte retirou tão cedo do convívio dos pais?
Separado do corpo físico, em decorrência da desencarnação, o Espírito volta, na maioria das vezes, a reencarnar depois de intervalos mais ou menos longos, intervalos esses que podem durar desde algumas horas até muitos anos, não existindo, nesse sentido, limite determinado. Esses intervalos podem prolongar-se por muito tempo, mas jamais serão perpétuos.
Enquanto aguarda nova encarnação, o desencarnado fica na chamada erraticidade, estado em que espera novas oportunidades e aspira a um novo destino. Nesse estado, ele não fica inerte: estuda, observa e busca informações que lhe enriqueçam o conhecimento das coisas, procurando o melhor meio de se elevar.
A situação não é diferente quando se trata do Espírito de uma criança na chamada vida post mortem. 
Segundo o Espiritismo, tal qual acontece com o Espírito de uma pessoa adulta, o Espírito da criança morta em tenra idade volta ao mundo dos Espíritos e assume sua condição precedente, retornando mais tarde a uma nova existência, que ocorrerá na época que for julgada mais conveniente ao seu progresso, não havendo, quanto a isso, um prazo definido.
Pode ser, contudo, que o Espírito da criança morta em tenra idade conserve a forma infantil, ficando aos cuidados de benfeitores espirituais especializados no trato com a criança, como se pode ver no cap. X do livro Entre a Terra e o Céu, de André Luiz, obra psicografada pelo médium Chico Xavier.
Segundo irmã Blandina, personagem focalizada no livro citado, quando o Espírito já alcançou elevada classe evolutiva, assumindo o comando mental de si mesmo, adquire o poder de facilmente desprender-se das imposições da forma, superando as dificuldades da desencarnação prematura. Muitos renascem na Terra por brevíssimo prazo, simplesmente com o objetivo de acordar corações queridos para a aquisição de valores morais, recobrando, logo após a desencarnação, a apresentação que lhes é costumeira.
Para a grande maioria das crianças desencarnadas o caminho não é, contudo, o mesmo. Almas ainda encarceradas no automatismo inconsciente, acham-se relativamente longe do autogoverno e são conduzidas pela Natureza, à maneira das criancinhas no colo materno. Não sabendo desatar os laços que as aprisionam aos rígidos princípios que orientam o mundo das formas, exigem tempo para se renovarem no justo desenvolvimento.
É por isso que não é possível prescindir dos períodos de recuperação para quem se afasta do corpo denso na fase infantil, uma vez que, depois do conflito biológico da reencarnação ou da desencarnação, para quantos se acham nos primeiros degraus da conquista de poder mental, o tempo deve funcionar como elemento indispensável de restauração. E a variação desse tempo dependerá da aplicação pessoal do aprendiz à aquisição de luz interior, através do próprio aprimoramento moral.



quinta-feira, 25 de julho de 2013

Pílulas gramaticais (61)

Muito usada por palestrantes e por articulistas de jornal, a locução “frente a” não existe em nossa língua.
O equívoco decorre talvez do fato de que são corretas as locuções “em frente a” e “em frente de”, que podem, portanto, ser usadas normalmente, conforme a situação.
Estão, por conseguinte, erradas as seguintes construções:

  • O time portou-se bem frente ao Palmeiras. (O certo: “O time portou-se bem perante o Palmeiras”.)
  • O rapaz foi corajoso frente ao perigo. (O certo: “O rapaz foi corajoso ante o perigo”.)
  • A moça foi baleada frente ao cinema. (O certo: “A moça foi baleada em frente do cinema”.)
  • Vou esperá-lo frente à Igreja. (O certo: “Vou esperá-lo em frente da Igreja”.)

*

Alguém, em face do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em vigor desde o início de 2009, pergunta-nos sobre a grafia dos seguintes vocábulos:
freqüentam,
auto-transformação,
lêem,
anti-espíritas,
freqüentadores,
vêem,
mini-república,
didático-pedagógicos,
apóiem,
contra-senso,
vêem-se,
auto-sugestão,
lesa-pátria,
tão-somente.
Em face das novas regras, eis como entendemos que devam ser grafados:
frequentam
autotransformação,
leem,
antiespíritas,
frequentadores,
veem,
minirrepública,
didático-pedagógicos,
apoiem,
contrassenso,
veem-se,
autossugestão,
lesa-pátria,
tão somente. 
Existindo dúvida sobre a ortografia a ser usada, eis o link que permite acessar o sistema de busca do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, mantido pela Academia Brasileira de Letras: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Somente um breve até logo

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

(Este texto é dedicado, com todo carinho, a Fátima Maria Belarmino, companheira de estudo e de caminhada, que voltou para a dimensão real do espírito.
Esteja em paz, Fátima!)

Assim como a folha se soltou da árvore que a alojara até o último momento, também se vão as almas para voltarem a ser espíritos.
A folhinha nasceu do singelo broto, depois tomou forma, cresceu, cumpriu seu compromisso e, tão levemente e desprendida, se foi impulsionada pelo sopro suave do vento de inverno com ares de outono.
Não há registro de que uma mesma folha perdurara por tempo indefinido no mesmo lugar, na mesma árvore, com a mesma cor e tamanho. É preciso transformação, pois com ela se enriquece a natureza do ser, fortalece a qualidade, define o formato do que se é com a propriedade determinada.
Siga, folhinha! Avante, espírito! Busque o horizonte livre que lhe é devido. Volte-se à sua criação: eternidade. E naquele dia, o espírito voltou ao lar; digo lar, porque quando estamos fora imensa alegria é retornar a casa, à segurança da nossa real situação, pois para nossos entes próximos não há disfarce, eles nos conhecem, e nosso lar é o local onde tudo nos é familiar; nosso coração, simplesmente, é ele mesmo.
Agora a alma passou a ser novamente um espírito livre, com tudo o que lhe pertence, suas ações, seus sentimentos, suas conquistas e ainda os atos por aprender e por acertar; entretanto, sempre espírito, razão da felicidade maior.
Alguns companheiros, aqui, por enquanto precisam ainda sorver o ar; tudo possui o exato tempo. Com muitos outros se reencontrará na liberdade real da plenitude.
Busque a luz! Aceite ajuda! Seja feliz! Vai, espírito! Daqui o acompanharão cenários repletos de olhos conhecidos e amorosos em prece e lá, no reencontro, outros olhos radiantes, também em prece, o receberão.
A folhinha que naturalmente se desprendeu é vida em outro estágio, reintegrou-se ao meio e continuou essência vital.
A alma, que mais uma vez voltou a ser espírito, aos pouquinhos, se consolidará na base real, na espiritualidade. Seus objetivos, retomará; para seu crescimento, buscará ascensão.
Etapas necessárias para o aprimoramento e desenvolvimento do espírito. Mas o coração amoroso de quem fica, mesmo sabendo de tudo isso, sente e chora baixinho a ausência do abraço, do sorriso, do jeito de olhar... mas essa lágrima é só por enquanto, até o tempo do reencontro, de um breve até logo.
O vento soprou a folhinha e a alma reforçou, mais uma vez, que é espírito... espírito eterno criado por Deus.

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terça-feira, 23 de julho de 2013

Entre os israelitas não deveria haver pobre nem mendigo

Realizamos nesta noite mais uma etapa do estudo metódico e sequencial do Deuteronômio, livro que integra o chamado Pentateuco Mosaico. O estudo é realizado semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina, na terça-feira à noite e na quinta-feira à tarde.

Foram quatro as questões propostas para debate:

1. Quando ocorria o chamado ano da remissão e em que consistia?
2. Que dispõe a lei mosaica sobre a escravidão? 
3. Em que época deveria ser celebrada a Páscoa?
4. A monarquia em Israel foi prevista por Moisés?

*

Depois de um rápido debate acerca das questões citadas, fez-se o estudo da noite e, no final, foram apresentadas e comentadas as respostas dadas às perguntas propostas.

Ei-las:

1. Quando ocorria o chamado ano da remissão e em que consistia?

A remissão deveria ser observada no sétimo ano. Nesse ano, aquele que fosse credor de alguma coisa de seu amigo, seu irmão, ou seu próximo, não a poderia exigir. Ele poderia exigi-la se o devedor fosse peregrino ou estrangeiro, mas não dos seus compatriotas nem dos seus parentes. Não deveria haver entre os israelitas pobre algum nem mendigo, para que o Senhor os abençoasse na terra prometida. Israel emprestaria a muitos povos, mas de ninguém receberia empréstimos. (Dt., 15:1 a 11.)

2. Que dispõe a lei mosaica sobre a escravidão? 

A norma da lei é clara: Quando fosse vendido aos israelitas um irmão hebreu ou hebreia, e estes tivessem servido seis anos, no sétimo seriam alforriados, mas não poderiam sair com as mãos vazias, sendo-lhes feito um alforje para o caminho, dos seus rebanhos, da sua eira e do seu lugar. O israelita jamais deveria esquecer que ele também fora libertado do cativeiro no Egito. Se o servo não quisesse sair, ele serviria ao seu senhor para sempre. E que seus olhos não se apartassem deles, quando os despedissem livres, porque eles os serviram por seis anos, para que o Senhor também os abençoasse em todas as coisas que fizessem. (Dt., 15:12 a 23.)

3. Em que época deveria ser celebrada a Páscoa?

A Páscoa deveria ser celebrada no mês dos frutos novos, que é o princípio da primavera, porque foi nesse mês que o Senhor os tirou do Egito. Moisés repetiu então, em seu discurso, todas as prescrições já sabidas a respeito da Páscoa: a proibição do pão fermentado durante os sete dias, os animais a serem imolados, o local dos sacrifícios, a proibição de obrar no sétimo dia. (Dt., 16:1 a 22.)

4. A monarquia em Israel foi prevista por Moisés?

Sim. Moisés fez alusão direta à hipótese de escolha de um rei para governar o povo de Israel, o qual sairia da escolha que o Senhor faria entre os seus irmãos. A monarquia era comum entre as nações vizinhas. "Não poderás fazer rei a homem doutra nação, que não seja teu irmão", advertiu Moisés. "E quando esse for constituído, não multiplicará os seus cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito, confiado na sua numerosa cavalaria, principalmente tendo-vos o Senhor ordenado, que não torneis mais a voltar pelo mesmo caminho", acrescentou o líder dos hebreus, que recomendou ainda ao futuro rei mandasse escrever para seu uso num livro o Deuteronômio desta lei, recebendo o exemplar dos sacerdotes da tribo de Levi, para tê-lo consigo e lê-lo em todos os dias da sua vida, a fim de aprender a temer o Senhor e a guardar as suas palavras e cerimônias. (Dt., 17:14 a 20.)

*

Na próxima terça-feira publicaremos aqui a síntese do estudo realizado, para que o leitor, caso queira, possa acompanhar o desenvolvimento de nossas reuniões.



segunda-feira, 22 de julho de 2013

As mais lindas canções que ouvi (45)


Aceita

Elizabete Lacerda


Aceita a própria vida
Buscando melhorá-la
Abraça os que te cercam
Doando-lhes auxílio
Se a provação chegou
Acata-lhe os ensinos
Sê fiel a ti mesmo
Serve, segue e não temas
Nada exijas, trabalha
Não condenes, constrói
Se te aceitas como és
Deus te fará feliz  (bis)

Deus te fará feliz
Muito feliz
Dependerá somente de ti
Amar e servir
Cantar e sorrir
Então aceita tua vida
Segue em paz teu caminho
Agora será contigo
Buscar alegria
E andar sorrindo
Aceita...


Clicando neste - https://www.youtube.com/watch?v=71S20665iJY – você ouvirá esta canção na voz de sua própria autora, Elizabete Lacerda.



domingo, 21 de julho de 2013

As tentações fazem parte da vida?

O tema tentação, bastante conhecido no meio espírita, já foi tratado anteriormente por inúmeros autores. Como se sabe, segundo os ensinamentos espíritas, ninguém na Terra é perfeito; logo, estamos todos sujeitos às tentações, que nos acompanham pela vida afora até que tenhamos integral império sobre elas, motivo pelo qual não podemos esquecer, em momento nenhum de nossa existência, esta conhecida lição ensinada por Jesus: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
Se não tivermos tal ideia presente em nossa mente, de forma contínua, não tenhamos dúvida: poderemos cair novamente nas mesmas redes em que já sucumbimos no passado.
Toda vez que se fala em tentação vem-nos à mente a palavra obsessão. É comum o pensamento de que a tentação nos acomete por influência de alguém, quem sabe um Espírito que nos deseja o mal ou que, estando infeliz, quer-nos ver também infeliz.
Essa ideia é, contudo, falsa. Como já alertara Tiago em sua extraordinária carta apostólica (1:14), “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”. A palavra concupiscência [do latim concupiscentia] significa desejo intenso de bens ou gozos materiais, apetite sexual.
Não é preciso, portanto, a um homem, que traz para a existência atual tendências e inclinações cultivadas em sucessivas experiências, ajuda de ninguém para se sentir tentado. Suas próprias perturbações lhe bastam, o que certamente foi o motivo que levou Kardec a dizer que o homem não raro é o obsessor de si mesmo.
As tentações não se limitam à questão dos apetites sexuais.  Há quem não consegue reprimir o desejo intenso de jogar, do mesmo modo que existem pessoas que não conseguem viver longe do álcool ou do cigarro.
As experiências relatadas por Paulo de Tarso em suas cartas podem servir de estímulo àqueles que desejam sobrepor-se às tentações que os assediam.
Em certo momento de sua vida, conforme escreveu na carta aos Romanos (7:15-20), Paulo disse: “Não entendo, absolutamente, o que faço, pois não faço o que quero; faço o que aborreço”. E mais à frente: “Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita”.
Os anos se passaram e, graças aos seus esforços na prática do bem e à maturidade que a experiência lhe trouxe, Paulo transformou-se de forma notável, como ele próprio disse em sua carta aos Gálatas (2:20): “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.
Lembremo-nos da experiência de Paulo e, diante dos pensamentos equivocados que certamente nos assediarão ao longo da jornada, fixemos em nossa mente – além do “Vigiai e Orai” recomendado por Jesus – esta outra importante lição assinada igualmente pelo Apóstolo dos Gentios: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”. (1ª Epístola aos Coríntios, 6:12.)


sábado, 20 de julho de 2013

Pérolas literárias (45)

A brandura

Andradina América de Andrada e Oliveira


Asserena-te e vara a desventura
No caminho de dor, áspero e azedo;
Serenidade – o lúcido segredo
Em que a vida se eleva e transfigura.

Tudo cresce na força da brandura.
A água desgasta os punhos do rochedo;
Olha a chuva cantando no arvoredo,
A transfundir-se em pão, bondosa e pura.

De coração batido e lodo à face,
Inda que o fel da injúria te traspasse,
Semeia o bem que as mágoas alivia...

Mesmo trazendo o peito por cratera,
Suporta, ampara e crê, ajuda e espera,
Que amanhã será sempre novo dia.


Andradina América de Andrada e Oliveira nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 12 de Junho de 1878 e faleceu em S. Paulo-SP, em 19 de Junho de 1935. O soneto acima integra o livro “Antologia dos Imortais”, psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.



sexta-feira, 19 de julho de 2013

A água fluidificada e sua função terapêutica

Um leitor pergunta-nos em que livros podemos obter informações precisas sobre a água fluidificada e sua utilidade como substância salutar e própria para curar uma enfermidade.
Duas obras nos parecem fundamentais para a compreensão do assunto.
A primeira, de Kardec, é O Livro dos Médiuns, cap. VIII, itens 128 e 131, em que, por meio de interessante diálogo com o Espírito de São Luís, o Codificador do Espiritismo anotou as seguintes informações:
I. Pode o Espírito dar a um objeto, não só a forma, mas também propriedades especiais? "Se o quiser. Baseado neste princípio foi que respondi afirmativamente às perguntas anteriores. Tereis provas da poderosa ação que os Espíritos exercem sobre a matéria, ação que estais longe de suspeitar, como eu disse há pouco.”
II. Suponhamos, então, que quisesse fazer uma substância venenosa. Se uma pessoa a ingerisse, ficaria envenenada? "Teria podido, mas não o faria, por não lhe ser isso permitido."
III. Poderá ele fazer uma substância salutar e própria para curar uma enfermidade? E já se terá apresentado algum caso destes? "Já, muitas vezes."
Esta teoria, disse Kardec logo em seguida, fornece a solução de um fato bem conhecido em magnetismo, mas inexplicado até hoje: o da mudança das propriedades da água, por obra da vontade. O Espírito atuante é o do magnetizador, quase sempre assistido por outro Espírito. Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético que, como já foi dito, é a substância que mais se aproxima da matéria cósmica, ou elemento universal. Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também produzir um fenômeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da ação magnética, convenientemente dirigida.
A outra obra é O Consolador, de Emmanuel, que, tratando do assunto nas questões 103 e 104, informa que a água pode ser fluidificada, de modo geral, em benefício de todos, mas pode sê-lo também em caráter particular para determinado enfermo, e, neste caso, é conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo.
Para obtê-la não se exigem condições especiais. A caridade, afirma Emmanuel, não pode atender a situações especializadas. A presença de médiuns curadores, bem como as reuniões especiais, de modo algum podem constituir o preço do benefício aos doentes, porquanto os recursos dos guias espirituais, nessa esfera de ação, independem do concurso medianímico, considerando o problema dos méritos individuais.
Finalizando, lembramos que alguns autores preferem utilizar o termo água magnetizada, sendo também muito comum, sobretudo nos centros espíritas do interior, a expressão “água fluída”, que nos parece inadequada e incorreta.



quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pílulas gramaticais (60)

Os verbos “colocar” e “pôr”, apesar de sinônimos, nem sempre podem ser usados indiferentemente, um pelo outro.
Devemos usar o verbo “colocar” quando nos referimos a coisas materiais:
•    Colocou o copo sobre a mesa.
•    Colocou o violão ao lado da porta.
•    Coloquei o carro ao lado do seu.
Quando, porém, nos referimos a coisas abstratas ou de sentido figurado, o correto é usar o verbo “pôr”:
•    Pôr em prática.
•    Ele pôs o dedo na ferida.
•    Vamos pôr um ponto final nessa discussão.
•    Pusemos o assunto em dia.
Em caso de dúvida, prefira sempre o verbo “pôr”.

*

Observe também que as formas verbais do pretérito perfeito, do pretérito mais-que-perfeito e do pretérito imperfeito desse verbo são grafadas com “s”, jamais com a letra “z”:
•    Pus
•    Puseste
•    Pôs
•    Pusemos
•    Pusera
•    Pusesse etc.



quarta-feira, 17 de julho de 2013

A luz do sorriso de Alice

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

A carinha feliz transmitia força para quem a olhasse. Deveras, o otimismo é um dos antídotos para todas as nuances do pessimismo e para a falta de fé.
Completaria oito anos na próxima semana, e já fazia três meses que estava em mais uma internação. Alice era uma garotinha bem bacana, dona de uns olhinhos brilhosos cheios de expectativas para um futuro harmonioso e com toda vida e alegria referentes à sua idade física e espiritual.
Escrevia num caderno rosa e de capa dura todos os seus desejos, mas não apenas os que gostaria de cumprir quando estivesse curada, como a maioria das pessoas; os seus desejos escritos, já os colocava em prática a cada amanhecer, quer estivesse em casa, na escola ou no hospital.
Ela os seguia à risca. Começava o dia com o mais lindo sorriso; agradecia ao Pai a oportunidade de poder estar aqui, de viver; era presença garantida para levar uma saudação às crianças mais frágeis na ala infantil; apreciava sempre o lado mais benéfico da situação; na verdade, era um anjo num corpinho de menina.
Os profissionais e até mesmo muitos pacientes que a conheciam diziam que ela era a “Alice no país da alegria” e, assim, com mais um sorriso, a garotinha os presenteava.
E os dias passavam; a sua luz mais intensa ficava. É como se fosse uma lógica matemática: se beneficia alguém, de algum modo será beneficiado.  Quando se age com maior desprendimento, maior o retorno natural de tudo o que é criado. Por isso, é necessária a avaliação cotidiana do que se produz para o universo, pois, certamente, ele nos devolverá.
Mas Alice era anjo, o que mais transbordava em seu ser era a bondade, a leveza, o amor.
– Parabéns, Alice! – todos a cumprimentavam.
Imensa felicidade invadiu aquele ambiente. Chegara o seu aniversário. Com exatidão, nesse dia tão aguardado, veio o presente, enlaçado, com uma fita verde: a alta, por enquanto, para o seu tratamento, ou seja, Alice podia ir para casa.
Seu sorriso era permanente. Já com as malinhas prontas e mostrando a carequinha, a menina concluía mais uma etapa; não sabia se estava curada ou precisaria de mais cuidados, o que importava era valorizar cada dia vivido e quando se cria essa percepção, o hoje se transforma no mais belo presente de todos.
Até no mais amplo lugar escuro, a luz de uma fresta pequenina invade e se mantém viva. E Alice, no seu mundo, era luz para o despertar de muitos que, com ela, caminhavam.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/



terça-feira, 16 de julho de 2013

O monoteísmo era o ponto central das ordenações mosaicas

Realizou-se hoje à noite mais uma etapa do estudo metódico e sequencial do Deuteronômio, livro que integra o chamado Pentateuco Mosaico. O estudo é realizado semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina, na terça-feira à noite e na quinta-feira à tarde. Nesta noite, como me encontro em Minas Gerais, o estudo foi coordenado por nossa estimada companheira Maria Neuza.

Foram quatro as questões propostas para debate:

1. Com que fim Moisés lembrou aos hebreus os castigos emanados do Senhor?
2. De que, segundo Moisés, dependeria o sucesso futuro dos israelitas?
3. O monoteísmo era o ponto central das ordenações mosaicas?
4. A punição dos idólatras era severa? 

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Após um rápido debate acerca das questões citadas, fez-se o estudo da noite e, no final, foram apresentadas e comentadas as respostas dadas às perguntas propostas.

Ei-las:

1. Com que fim Moisés lembrou aos hebreus os castigos emanados do Senhor?

Seu objetivo, ao mostrar a experiência do passado, era adverti-los de que no futuro o povo israelita continuaria a depender do Senhor para viver e prosperar. A terra prometida era montanhosa e campestre, e dependia das chuvas do céu, ao contrário das terras férteis do Egito. Se eles obedecessem aos preceitos do Senhor – amar a Deus e servir ao Senhor de todo o seu coração e toda a sua alma –, Deus daria à sua terra as chuvas temporãs e serôdias, para assim recolher pão, vinho, azeite e o feno dos campos. Era preciso, pois, guardar os mandamentos e cumpri-los, não se deixando seduzir ou adorar a deuses estranhos, para que o Senhor irado não fechasse o céu e não deixasse cair as chuvas, porque aí seria o extermínio de todos. (Dt., 11:1 a 21.)

2. De que, segundo Moisés, dependeria o sucesso futuro dos israelitas?

A fórmula do sucesso dos israelitas fora exposta com clareza: bastava-lhes somente observar os mandamentos e cumpri-los, de modo que, amando ao Senhor, andassem com Ele em todos os seus caminhos. O Senhor então destruiria todas aquelas gentes que, embora maiores e mais poderosas, não resistiriam ao poder do povo de Israel, visto que o Senhor o animaria. "Eis aqui ponho eu hoje diante de vossos olhos a bênção e a maldição: a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu hoje vos prescrevo; a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, mas vos apartardes do caminho, que eu hoje vos mostro", advertiu Moisés. (Dt., 11:22 a 32.)

3. O monoteísmo era o ponto central das ordenações mosaicas?

Sim. A ideia central que o movia era a instituição de um único culto a um único Senhor, ou seja, o monoteísmo. Para isso, os israelitas deveriam destruir todos os lugares em que as nações, que haveriam de subjugar, adoravam seus deuses sobre os altos montes e outeiros, e debaixo de toda a árvore frondosa. Seus altares seriam derribados, suas estátuas quebradas, seus bosques queimados e feitos em pedaços seus ídolos. Ao Senhor seu Deus, no lugar que ele indicasse, os israelitas deveriam oferecer os holocaustos, as vítimas, os dízimos e as primícias, bem como os votos e as ofertas. (Dt., 12:1 a 32.)

4. A punição dos idólatras era severa? 

Sim. Deveria ser entregue à morte o indivíduo que, dizendo-se profeta ou algo semelhante, conclamasse o povo de Israel a seguir os deuses estranhos, para servi-los. Ninguém deveria ouvir tais palavras, porque o Senhor os estaria testando em sua fé. A mesma pena deveria alcançar até mesmo as pessoas da família: o apedrejamento, visto que tais pessoas visam a afastar os israelitas do Senhor. Fica claro, portanto, que a obediência aos preceitos do monoteísmo merecia de Moisés todo o cuidado, para assim erradicar o culto aos vários deuses, característica de muitas das nações vizinhas. (Dt., 13:1 a 18.)

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Na próxima terça-feira apresentaremos aqui o resumo do estudo realizado, para que o leitor, caso queira, possa acompanhar o desenvolvimento de nossas reuniões.