Já explicamos anteriormente por que – segundo a
doutrina espírita – morrem crianças em tenra idade. Apenas para recordar,
lembremos que a duração da existência de uma criatura humana obedece geralmente
a uma programação reencarnatória e vários fatores podem determinar a morte de
seu corpo. A curta duração de sua existência pode, por exemplo, representar o
complemento de uma existência precedentemente interrompida antes da hora.
Reportando-se ao tema, uma leitora propôs-nos uma
questão diferente:
– Qual a sorte das crianças que a morte retirou tão
cedo do convívio dos pais?
Separado do corpo físico, em decorrência da
desencarnação, o Espírito volta, na maioria das vezes, a reencarnar depois de
intervalos mais ou menos longos, intervalos esses que podem durar desde algumas
horas até muitos anos, não existindo, nesse sentido, limite determinado. Esses
intervalos podem prolongar-se por muito tempo, mas jamais serão perpétuos.
Enquanto aguarda nova encarnação, o desencarnado fica
na chamada erraticidade, estado em que espera novas oportunidades e aspira a um
novo destino. Nesse estado, ele não fica inerte: estuda, observa e busca
informações que lhe enriqueçam o conhecimento das coisas, procurando o melhor
meio de se elevar.
A situação não é diferente quando se trata do Espírito
de uma criança na chamada vida post mortem.
Segundo o Espiritismo, tal qual acontece com o
Espírito de uma pessoa adulta, o Espírito da criança morta em tenra idade volta
ao mundo dos Espíritos e assume sua condição precedente, retornando mais tarde
a uma nova existência, que ocorrerá na época que for julgada mais conveniente
ao seu progresso, não havendo, quanto a isso, um prazo definido.
Pode ser, contudo, que o Espírito da criança morta em
tenra idade conserve a forma infantil, ficando aos cuidados de benfeitores
espirituais especializados no trato com a criança, como se pode ver no cap. X
do livro Entre a Terra e o Céu, de
André Luiz, obra psicografada pelo médium Chico Xavier.
Segundo irmã Blandina, personagem focalizada no livro
citado, quando o Espírito já alcançou elevada classe evolutiva, assumindo o
comando mental de si mesmo, adquire o poder de facilmente desprender-se das
imposições da forma, superando as dificuldades da desencarnação prematura. Muitos
renascem na Terra por brevíssimo prazo, simplesmente com o objetivo de acordar
corações queridos para a aquisição de valores morais, recobrando, logo após a
desencarnação, a apresentação que lhes é costumeira.
Para a grande maioria das crianças desencarnadas o
caminho não é, contudo, o mesmo. Almas ainda encarceradas no automatismo
inconsciente, acham-se relativamente longe do autogoverno e são conduzidas pela
Natureza, à maneira das criancinhas no colo materno. Não sabendo desatar os
laços que as aprisionam aos rígidos princípios que orientam o mundo das formas,
exigem tempo para se renovarem no justo desenvolvimento.
É por isso que não é possível prescindir dos períodos
de recuperação para quem se afasta do corpo denso na fase infantil, uma vez
que, depois do conflito biológico da reencarnação ou da desencarnação, para
quantos se acham nos primeiros degraus da conquista de poder mental, o tempo
deve funcionar como elemento indispensável de restauração. E a variação desse
tempo dependerá da aplicação pessoal do aprendiz à aquisição de luz interior,
através do próprio aprimoramento moral.
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