domingo, 28 de julho de 2013

As provas não vêm para nos abater, mas para serem superadas

Assunto dos mais frequentes nas cartas que recebemos de leitores, provas e expiações, conquanto diferentes quanto às suas causas, têm igualmente importante valor educativo.
Provas, como o leitor certamente sabe, são desafios, testes, oportunidades de aquisição de experiência, dificuldades que nenhuma relação têm com equívocos ou erros cometidos no passado.
Riqueza, beleza, mesa farta, vida fácil, tanto quanto pobreza, feiúra, vida difícil, são provas.
Sua existência está intimamente ligada à necessidade que os Espíritos têm de progredir, rumo à meta que Deus assinalou para todos nós, que é a perfeição.
Ensina o Espiritismo que os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria e que todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Essa melhora se efetua por meio da reencarnação. A existência corpórea é, pois, uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a perfeição moral.
Na 2ª Parte, cap. II, de seu livro O Céu o Inferno, Allan Kardec inseriu um importante depoimento sobre o que realmente representam as provas em nossa vida. O depoimento foi dado pelo Espírito de Paula, que foi condessa em sua última encarnação. Bela, jovem, rica e de estirpe ilustre, Paula – que faleceu aos 36 anos de idade – era também perfeito modelo de qualidades intelectuais e morais.
Eis parte da mensagem assinada por esse Espírito:
“Em várias existências passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido para fortalecer e depurar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de triunfar, vindo a faltar, no entanto, uma, porventura de todas a mais perigosa: a da fortuna e bem-estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não sucumbir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do seu auxílio. Muitos Espíritos há que, seduzidos por aparências, pressurosos escolhem essa prova, mas, fracos para afrontar-lhe os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua inexperiência. Trabalhadores! estou nas vossas fileiras: eu, a dama nobre, ganhei como vós o pão com o suor do meu rosto; saturei-me de privações, sofri reveses e foi isso que me retemperou as forças da alma; do contrário eu teria falido na última prova, o que me teria deixado para trás, na minha carreira. Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo-Poderoso.”

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A expiação tem causas diferentes, pois decorre de faltas cometidas pelo Espírito em ocasiões diversas, parte delas na existência atual e muitas em precedentes existências.
Segundo os ensinamentos espíritas, a expiação se cumpre durante a existência corpórea por meio das dificuldades ou vicissitudes a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais inerentes ao estado de inferioridade do Espírito. Assim é que o mau rico, por expiação, poderá vir a ter de pedir esmola e se verá a braços com todas as privações oriundas da miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de sua autoridade e trata com desprezo e dureza seus subordinados se verá forçado a obedecer a um superior mais ríspido do que ele o foi.
De conformidade com o que aprendemos na doutrina espírita, sabemos que Deus jamais apressa a expiação e só a impõe ao Espírito que, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil e, mesmo assim, quando tal fato for realmente útil para sua purificação e progresso.
Quando um Espírito enfrenta e supera uma adversidade, seja ela decorrente de prova, seja decorrente de expiação, ele avança um pouco mais na senda da evolução, ao mesmo tempo em que assimila a lição daí decorrente.
As provas escolares dão-nos uma boa imagem acerca do valor das provas que a vida nos oferece. Se o aluno se sai bem e alcança a nota desejada, ele sobe para o grau ou a série seguinte, até que após algum tempo, concluído o processo, ele recebe o certificado ou diploma que atesta a conclusão do curso.
Devemos compreender, assim, que as provas não foram criadas por Deus para nos abater, mas para serem superadas e assimiladas, e nada têm que ver com castigo ou com punição, porque tais palavras não fazem parte do vocabulário de Deus.



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