sexta-feira, 31 de julho de 2015

No Invisível (11)



Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. O estudo dos fenômenos é realmente importante?  
Sim. O estudo dos fenômenos é de importância capital, pois que nele é que se baseia inteiramente o Espiritismo. Muitas vezes, a ausência de método e a falta de continuidade e direção nas experiências tornam estéreis a boa-vontade dos médiuns e as legítimas aspirações dos investigadores. Em consequência mesmo do estado de espírito em que fazem as pesquisas, acumulam dificuldades e, se ao fim de algumas sessões não obtêm mais que fatos insignificantes, banalidades ou mistificações, desanimam e abandonam a investigação. É aí então que mais se compreende a importância do estudo. (No Invisível - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.) 

B. É necessário submeter as produções mediúnicas a rigoroso exame?  
Evidentemente. Não apenas é necessário, mas indispensável submeter as produções mediúnicas a rigoroso exame e conduzir as investigações com espírito analítico sempre vigilante. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)

C. Qual é, segundo Léon Denis, um importante elemento de êxito nas sessões mediúnicas?  
O estado de espírito dos assistentes e sua ação fluídica e mental constituem importante elemento de êxito ou de insucesso nas sessões mediúnicas. Quanto mais sensível é o médium, tanto mais receptivo é à influência magnética dos experimentadores. Em uma assembleia composta, na maioria, de incrédulos, cujos pensamentos hostis convergem para o sensitivo, o fenômeno dificilmente se produz.
Os pensamentos divergentes se chocam e formam uma espécie de caos fluídico, que a vontade dos invisíveis nem sempre consegue dominar. É o que torna tão problemáticos os resultados nas assembleias numerosas, de composição heterogênea, nas sessões teatrais, por exemplo, como o tem demonstrado a experiência. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)

Texto para leitura

298. IX - Condições de experimentação - O estudo dos fenômenos é de importância capital, pois que nele é que se baseia inteiramente o Espiritismo. Muitas vezes, porém, a ausência de método, a falta de continuidade e direção nas experiências tornam estéreis a boa-vontade dos médiuns e as legítimas aspirações dos investigadores. Em consequência mesmo do estado de espírito em que fazem as pesquisas, acumulam dificuldades e, se ao fim de algumas sessões não obtêm mais que fatos insignificantes, banalidades ou mistificações, desanimam e abandonam a investigação.
299. Se, ao contrário, se produzem resultados satisfatórios, determinam eles muitas vezes, com irrefletido entusiasmo, uma tendência prejudicial para a credulidade, uma disposição para atribuir aos Espíritos desencarnados todos os fenômenos obtidos. Em casos tais não se fazem esperar as decepções necessárias, porque fazem nascer a dúvida e, com ela, restabelecem o equilíbrio mental, o senso crítico, indispensável em todo estudo experimental e, mais que qualquer outro, nesse domínio das investigações psíquicas, em que a sugestão, o inconsciente e a fraude se podem a cada passo misturar com as manifestações do mundo invisível.
300. Noutros lugares fazem-se críticas levianas, são acusados os grupos de má direção, os médiuns de incapacidade e os assistentes de ignorância ou misticismo. Queixam-se de não obter senão comunicações destituídas de interesse científico e consistindo de repisadas exortações morais.
301. Essas críticas nem sempre são infundadas; mas é preciso não esquecer, como geralmente se faz, que nenhum bem se adquire sem trabalho e que se não deve procurar colher os frutos antes da maturação. Em tudo se requer moderação e paciência. As faculdades mediúnicas, como todas as coisas, estão submetidas à lei de progressão e desenvolvimento. Em lugar de estéreis críticas, mais vale, pelo concurso de mentes de boa-vontade reunidas, facilitar a tarefa do médium, formando em torno dele uma atmosfera de simpatia que lhe seja ao mesmo tempo sustentáculo, estímulo e proteção.
302. É indispensável submeter as produções mediúnicas a rigoroso exame e conduzir as investigações com espírito analítico sempre vigilante. A falta de benevolência, a crítica exagerada, a malsinação sistemática podem, entretanto, desanimar o médium, compeli-lo a abandonar tudo, ou pelo menos afastá-lo das reuniões numerosas, para se incorporar aos grupos familiares, aos círculos restritos, onde encontrará sem dúvida mais favorável ambiente, mas em que os seus trabalhos só aproveitarão a reduzido número de escolhidos.
303. Há, portanto, antes de tudo um duplo inconveniente a remover. Se demasiado cepticismo é prejudicial, a credulidade excessiva constitui perigo não menor. É preciso evitar um e outra com igual cuidado e conservar-se num prudente meio-termo.
304. Entre os homens de ciência é que se encontram os mais inveterados preconceitos e prevenções a respeito dos fatos espíritas. Querem eles impor a essas investigações as regras da ciência ortodoxa e positiva, que consideram os únicos fundamentos da certeza; e se não são adotadas e seguidas essas regras, rejeitam todos os resultados obtidos.
305. Entretanto, a experiência nos demonstra que cada ciência tem suas regras próprias. Não se pode estudar com proveito uma nova ordem de fenômenos, socorrendo-se de leis e condições que regem fatos de uma ordem inteiramente diversa. Só mediante pesquisas pessoais, ou graças à experiência nesse domínio adquirida pelos investigadores conscienciosos, e não em virtude de teorias a priori, é que se podem determinar as leis que governam os fenômenos ocultos.
306. São das mais sutis e complicadas essas leis. Seu estudo exige espírito refletido e imparcial. Mas como exigir imparcialidade àqueles cujos interesses, nomeada e amor-próprio estão intimamente ligados a teorias ou a crenças que o Espiritismo pode aniquilar? “Para achar a verdade – disse notável pensador – é preciso procurá-la com o coração simples.”
307. É, sem dúvida, por isso que certos sábios, imbuídos de teorias preconcebidas, escravizados pelo hábito aos rigores de um método rotineiro, colhem menos resultados nessas investigações do que homens simplesmente inteligentes, mas dotados de senso prático e de espírito independente. Esses se limitam a observar os fatos em si mesmos e lhes deduzir as consequências lógicas, ao passo que o homem de ciência se aferrará principalmente ao método, ainda quando improdutivo.
308. O que nesse domínio importa, antes de tudo, são os resultados, e o único método que os favorecer, mesmo que pareça defeituoso a alguns, deve ser por nós considerado bom. Não é necessário ser matemático, astrônomo, médico de talento, para empreender, com probabilidade de êxito, investigações em matéria de Espiritismo: basta conhecer as condições a preencher e submeter-se a elas. Nenhuma outra ciência nos pode indicar essas condições. Só a experimentação assídua e as revelações dos Espíritos no-las permitem estabelecer com precisão.
309. Os sábios tomam muito pouco em consideração as afinidades psíquicas e a orientação dos pensamentos, que, entretanto, constituem um importante fator do problema espírita. Encaram o médium como um aparelho de laboratório, como máquina que deve produzir efeitos à vontade, e procedem a seu respeito com excessiva desatenção. As inteligências invisíveis que o dirigem são por eles equiparadas a forças mecânicas. Nelas recusam-se, em geral, a ver seres livres e conscientes, cuja vontade entra numa considerável proporção, nas manifestações – seres que têm suas ideias, seus desígnios, seu objetivo, desconhecidos para nós, e que nem sempre julgam conveniente intervir: uns, porque o desembaraço e os intuitos excessivamente materiais dos experimentadores os afastam; outros, porque, demasiado inferiores, não se preocupam com a necessidade de demonstrar aos homens as realidades da sobrevivência.
310. Força é, todavia, reconhecer que as exigências e os processos dos sábios podem, num certo limite, ser justificados, em vista de fraudes com que têm sido muitas vezes desfigurados ou simulados os fenômenos. Não somente hábeis prestidigitadores têm praticado esse gênero de exercícios, mas verdadeiros médiuns têm sido, não raro, surpreendidos em flagrante delito de simulação. Daí a bem legítima prevenção de certos investigadores e a obrigação, que se lhes impõe, de eliminar, nas experiências, tudo o que apresenta caráter suspeito, todo elemento de dúvida, todo motivo de ilusão.
311. É indubitável que, no fenômeno de transporte, por exemplo, será preciso uma grande acumulação de provas, irrecusável evidência, para acreditar-se na desmaterialização e sucessiva reconstituição de objetos, passando através das paredes, de preferência a admitir que tenham sido trazidos por algum dos assistentes. A desconfiança, entretanto, não deve ser levada ao extremo de impor ao fenômeno condições que o tornem impossível.
312. A ignorância das causas em ação e das condições em que elas se manifestam explica os frequentes insucessos daqueles mesmos que, supondo dar lições aos outros, só conseguem demonstrar insuficiência das regras de sua própria ciência, quando as querem aplicar a esta ordem de pesquisas. Além disso, o espírito de suspeita e malevolência em que envolvem o médium atrai as entidades inferiores, que se comprazem em perturbar e impelem o sensitivo à prática de atos fraudulentos.
313. Quando esses elementos fazem irrupção num grupo, o melhor alvitre a adotar é suspender a sessão. É sobretudo nesse caso que a presença e os conselhos de um Espírito-guia são de grande utilidade; e os que, deles privados, se entregam a experiências, ficam expostos a graves decepções.
314. O médium é um instrumento delicado, repositório de forças que se não renovam indefinidamente e que é preciso utilizar com moderação. Os Espíritos esclarecidos, os experimentadores sensatos, aos quais merece cuidado a saúde dos sensitivos, sabem deter-se aos primeiros sintomas de esgotamento; os Espíritos levianos e embusteiros, que afluem às reuniões mal dirigidas, em que não reina a harmonia nem a elevação de pensamentos, têm menos escrúpulos. Senhores dos intuitos dos investigadores inexpertos, não trepidarão em exceder o limite das forças do médium, para produzirem fenômenos sem interesse, e mesmo para mistificarem os assistentes.
315. Quase sempre, forças, causas, influências diversas intervêm nas experiências; daí uma certa confusão, uma mescla de verdadeiro e falso, de coisas evidentes e duvidosas que nem sempre é fácil distinguir. Os próprios sábios reconhecem que, na maior parte dos casos, pode a sugestão intervir numa considerável proporção; do que resulta que, para obter fenômenos espíritas verdadeiramente autênticos e espontâneos, deve-se evitar com cuidado tudo o que pode influenciar o médium e perturbar a ação dos Espíritos.
316. Ora, é do que parece menos se preocuparem certos homens de ciência.  Julgam lícito embaraçar o sensitivo com perguntas inoportunas, pueris, insidiosas. Perturbam as sessões, entretendo-se em conversas particulares e colóquios. Quando são indispensáveis a calma, o silêncio, a atenção, uns mudam de lugar, entram e saem, interrompem as manifestações em curso, apesar das injunções dos Espíritos; outros, como certo doutor de nosso conhecimento, fumam e tomam cerveja durante as experiências. Em tais condições tão pouco sérias, tão pouco honestas, como é possível, legitimamente formular conclusões?
317. Algumas vezes a experiência segue uma direção normal, satisfatória; o fenômeno se desenvolve com feição prometedora. E subitamente age uma nova causa; uma vontade intervém; uma corrente de ideias contrárias entra em jogo; a ação mediúnica se perturba e transvia; já não produz senão efeitos em desacordo com as esperanças do começo. Fatos reais parece ladearem coisas ilusórias; às sessões imponentes sucedem manifestações vulgares.
318. Como destrinçar essa complicação que nos deixa perplexo? Como evitar a sua reprodução? E aí que a necessidade da disciplina nas sessões se faz vivamente sentir e, mais ainda, a assistência de um Espírito elevado, cuja vontade enérgica exerça império sobre todas as correntes adversas.
319. Quando a harmonia das condições se estabelece e a força do Alto é suficiente, já se não produzem essas contradições, essas incoerências que provêm, quer das forças inconscientes, quer de Espíritos atrasados, quer mesmo do estado mental dos assistentes. O fenômeno se desenvolve, então, em sua majestosa grandeza e o fato probatório se apresenta.
320. Mas para isso, para obter essa assistência do Alto, fazem-se precisas a união, a elevação dos pensamentos e dos corações; são necessários o recolhimento e a prece. As entidades superiores não se põem de boamente ao serviço dos experimentadores que não são animados do sincero desejo de instruir-se, de um amor profundo ao bem e à verdade.
321. Aqueles que fazem do Espiritismo um passatempo, uma frívola diversão, não têm que contar senão com incoerências e mistificações. Pode haver mesmo nisso, às vezes, um perigo. Certas pessoas se comprazem em conversas mediúnicas com os Espíritos inferiores, com almas viciosas e degradadas, e isso sem intenção benéfica, sem intuito de regeneração, movidas por sentimento de curiosidade, pelo desejo de divertir-se. Ao passo que não teriam suportado a convivência desses seres, na vida terrestre, não receiam atraí-los, depois de desencarnados, e com eles entreter palestras de mau gosto, sem reparar que desse modo se abandonam a perigosas influências magnéticas.
322. Se entrardes em relação com almas perversas, fazei-o com o fim de sua redenção, de sua reabilitação moral, sob o amparo de um guia respeitável; doutro modo vos exporeis à nociva promiscuidade, a obsessões temíveis. Não abordeis essas regiões do Além senão com o propósito firme e elevado, que vos seja como a arma assestada contra o mal. A mediunidade, esse poder maravilhoso, foi concedida ao homem para um nobre uso. Aviltando-a, aviltareis a vós mesmos, e de um puríssimo eflúvio celeste fareis um sopro envenenado.
323. O antigo iniciado, como os orientais em nossos dias, só se entregava às evocações depois de se haver purificado pela abstinência, pela prece e pela meditação. A comunicação com o invisível era um ato religioso, que ele executava com sentimento de respeito e de veneração pelos mortos.
324. Nada há mais diametralmente oposto que o modo de proceder de certos experimentadores atuais. Apresentam-se nos lugares de reunião depois de copioso jantar, impregnados do cheiro do fumo, com o desejo intenso de obter manifestações ruidosas ou indicações favoráveis aos seus interesses materiais. E admiram-se, em tais condições, de só se apresentarem Espíritos fraudulentos e mentirosos que os enganam e se divertem em lhes causar inúmeras decepções!
325. Mau grado à repugnância dos modernos sábios pelos meios com cuja aplicação se realiza a elevada comunhão das almas, será forçoso a eles recorrer, a não ser que se queira fazer do Espiritismo uma nova fonte de abusos e de males.
326. O estado de espírito dos assistentes, sua ação fluídica e mental, é por conseguinte, nas sessões, um importante elemento de êxito ou de insucesso. Quanto mais sensível é o médium, tanto mais receptivo é à influência magnética dos experimentadores. Em uma assembleia composta, na maioria, de incrédulos, cujos pensamentos hostis convergem para o sensitivo, o fenômeno dificilmente se produz. A primeira das condições é abster-se de toda ideia preconcebida, a fim de deixar ao Espírito a necessária liberdade de ação. Tenho, por minha parte, em certos casos, podido verificar que uma vontade enérgica e persistente pode paralisar o sensitivo, se é fraco, e constituir obstáculo às manifestações.
327. Os pensamentos divergentes se chocam e formam uma espécie de caos fluídico, que a vontade dos invisíveis nem sempre consegue dominar. É o que torna tão problemáticos os resultados nas assembleias numerosas, de composição heterogênea, nas sessões teatrais, por exemplo, como o tem demonstrado a experiência.
328. As pessoas ávidas de propaganda pública, que, sem cogitar das necessárias precauções, se aventuram nesse terreno, expõem-se a bem graves reveses. Aí correm os médiuns grande risco: não somente se acham à mercê dos Espíritos atrasados que se comprazem na permanência entre as turbas, mas ainda ficam à disposição de todo mal-intencionado que, aparentando de sábio, deles exigirá experiências contrárias às verdadeiras leis do Espiritismo. E quando tiver usado e abusado de suas forças sem resultado prático, persuadirá os espectadores de que, nessa ordem de ideias, não há mais que fraude ou erro.

Nota:

Se o leitor quiser acessar os módulos anteriores, eis os links:


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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Pérolas literárias (109)


Envelhecer

Bastos Tigre


Entra pela velhice com cuidado,
Pé-ante-pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado
Sonhos de glória, ilusões de amores.

Do que tiveres no pomar plantado
Apanha os frutos e recolhe as flores;
Mas lavra e planta, ainda, o teu eirado,
Que outros virão colher, quando te fores.

Não te seja a velhice enfermidade!
Alimenta no espírito a saúde!
Luta contra as tibiezas da vontade!

Que a neve caia – o teu amor não mude!
Mantém-te jovem!  pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude!



Manuel Bastos Tigre, nascido em Recife (PE) em 1882. Engenheiro civil, prosador e poeta humorístico, escreveu, entre outros: "Moinho de Vento", "Bolhas de Sabão", "Pense... logo eis isto".


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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Pílulas gramaticais (163)


Voltamos, como dissemos, a tratar do tema crase, vocábulo que significa, em sentido restrito, a contração de dois aa. O vocábulo é usado também para designar-se o acento indicativo de certos casos de crase. Por exemplo, na frase “Eu vou à praia”, dizemos que o “a” deve ter crase.

Em face do conceito exposto, não se usa a crase antes de:

Palavra masculina: andar a pé; viajar a cavalo; caminhar a esmo; vestir-se a caráter. Exceção: quando estiver subentendida na frase a palavra moda ou qualquer outra palavra feminina oculta no texto: salto à Luís XV (à moda de  Luís XV); escreveu à Augusto dos Anjos (à maneira de Augusto dos Anjos); vamos à Melhoramentos (à editora Melhoramentos); referiu-se à Apollo (à nave Apollo).

Nome de cidade: chegou a Roma; foi a Brasília; referiu-se a Lisboa. Exceção: quando o nome da cidade for seguido de um atributo ou qualidade qualquer: iremos à Brasília das mordomias oficiais; referimo-nos à Roma dos césares.

Verbo: começou a falar; passou a andar; pôs-se a dizer bobagens.

Substantivos repetidos: cara a cara; frente a frente; gota a gota.

Pronomes “ela”, “esta” e “essa”: chegamos a esta conclusão; pediram a ela que saísse; dediquei o livro a essa moça.

Pronomes que não admitem artigo: alguém, ninguém, toda, cada, você, alguma etc.

Formas de tratamento: escreverei a Vossa Senhora; pedirei a Vossa Majestade.

Palavra “uma”: fomos a uma festa; vou levá-los a uma cerimônia legal; decidimos ir a uma churrascaria. Exceção: há crase na locução “à uma”, no sentido de “ao mesmo tempo” ou na indicação de hora: Eles chegaram à uma hora. Todos saíram à uma.

Concluiremos o assunto em nossa próxima edição, em que apresentaremos mais oito casos em que não se deve usar o sinal de crase.


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terça-feira, 28 de julho de 2015

Gratidão aos mestres


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Ao Mestre dos mestres, gratidão eterna.
Sem exceção, todos tivemos e temos mestres ao longo da cada existência. Nem sempre eles estão numa sala de aula, mas todos ministram na escola da vida. E sem percebermos, muitas vezes, nos tornamos um, por meio do nosso exemplo.
Os mestres podem ser as pessoas simples que tanto ensinam, com sua admirável conduta, uma ação no bem; podem ser os bondosos corações geradores de oportunidades sem nada desejarem em troca, o interesse maior é o aprendizado; também podem ser a generosa alma que compartilha, com brilho nos olhos, seu conhecimento; ainda podem ser aqueles que receberam ensinamento de um mestre e compreenderam a importância de também se tornar um deles.
Como é maravilhoso entender que tudo o que um espírito adquiriu, a ele pertence, mesmo compartilhando inúmeras vezes o conteúdo, e generosidade é uma característica inerente de um nobre coração.
Os mestres dão oportunidade; os seus aprendizes devem sentir, por eles, o notável e iluminado sentimento: o de gratidão.
Jesus, o maior deles, nos deixou o mais perfeito exemplo. Uma criança ou um ancião; uma mulher ou um destemido guerreiro; um pequeno animalzinho ou um bem feroz; quem sabe ler e escrever; quem mal consegue se comunicar devido à determinada imperfeição; o que não teve oportunidade de aprender; o que deseja se melhorar; somos todos os Seus pupilos e continuaremos a ser.
O reconhecimento do trabalho exercido por um mestre é uma porcentagem altamente positiva para a compreensão de seu valor.
Um verdadeiro mestre desperta corações adormecidos e acredita no coração desacreditado; tem paciência com seu aprendiz e o orienta para o melhor caminho a tomar; assimila que quem sabe mais precisa ensinar quem menos aprendeu; dedica-se normalmente a uma grande causa: ao progresso geral; não se cansa de aprender, pois um mestre sempre quer ensinar.
O mestre é emoção, amor, paz, recolhimento, indagação, força, sensibilidade, confiança, disciplina, esperança... mas também é fragilidade, dor, cansaço, solidão. O mestre é um espírito com um pouco mais de conhecimento adquirido ao longo dos dias, no entanto, desejando o progresso dos companheiros na jornada da vida; ele já compreendeu que a grande evolução deve ser dimensionada para o coletivo. Mas Jesus está acima de tudo isso.
E como é aprazível estar na companhia de um mestre. De tanta alegria, às vezes, emudecemos, pois as palavras, em certos momentos, são desnecessárias, valendo demais a observação.
Muitos foram os mestres em minha vida; desejo que muitos mais possam o ser. Meus pais me ensinaram e continuam a fazer. Eles são mestres intransponíveis.
Também agradeço a Deus um maravilhoso mestre atual. Tem nome e sobrenome e seu conhecimento transborda; para incontáveis assuntos, emite opinião embasada e explicativa. E me despertou para o que tanto amo fazer: escrever sobre a vida. Seu primeiro nome é Astolfo e este é seu nome completo: Astolfo Olegário de Oliveira Filho.
E a vida segue e por muito, muito tempo, tanto desejo agradecer a meus mestres. Aos que foram, aos que são e aos que virão. E eternamente, ao Mestre Jesus.

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segunda-feira, 27 de julho de 2015

As mais lindas canções que ouvi (148)


Eu já nem sei

Roberto Corrêa e Sylvio Son


Eu já nem sei se gosto de você ou se gostei,
Você me magoou e eu nem liguei
E nem senti vontade de chorar.
Meu coração não sente
Mais nenhuma emoção,
Meus olhos já não veem com paixão
Aquele seu jeitinho de me olhar.

Você não foi aquele que eu queria para mim,
O amor que eu esperava não ter fim
E que parece agora se acabou...
Só resta, então, dizer adeus sem medo de chorar,
Pois a saudade não vai maltratar
Um coração que não tem mais amor...

(bis)

Eu já nem sei se gosto de você ou se gostei,
Você me magoou e eu nem liguei
E nem senti vontade de chorar...



Você pode ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos links respectivos:
Wanderléa e Maria Bethânia - https://www.youtube.com/watch?v=VYDUX0-QTJc
Raça Negra e Silvinha Araújo - https://www.youtube.com/watch?v=jc8icEiajGY


  
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domingo, 26 de julho de 2015

A reencarnação não é um castigo, mas uma bênção


Embora combatida por boa parte dos modernos seguidores do Cristianismo, a ideia no tocante à reencarnação remonta à mais alta Antiguidade e teve partidários ilustres, como Pitágoras, que a hauriu entre os hindus e os egípcios, Sócrates e Platão. Aliás, já à época de Sócrates – que viveu alguns séculos antes do advento do Cristianismo – era conhecida a doutrina da escolha das provas, que podemos verificar em Platão, em sua alegoria do Fuso da Necessidade, na qual o conhecido filósofo imagina um diálogo entre Sócrates e Glauco.
A reencarnação é, como já dissemos inúmeras vezes, um dos princípios fundamentais da doutrina espírita. Seu objetivo é muito claro: como todos os Espíritos têm como meta atingir a perfeição, Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando a todos a possibilidade de realizar em novas existências corporais o que não pôde ser feito numa primeira oportunidade. Ninguém volta ao cenário terráqueo por castigo. Ao contrário. A reencarnação é uma bênção, sobretudo quando é aflitiva, no plano espiritual, a situação do Espírito culpado.
A tese da existência das vidas sucessivas encontra-se presente também no âmago das grandes religiões do Oriente, e não apenas na obra de filósofos importantes, como os mencionados.
Oriunda da Índia, essa ideia espalhou-se pelo mundo e, antes de terem aparecido os grandes reveladores dos tempos históricos, já era formulada nos Vedas. O Bramanismo e o Budismo nela se inspiraram, o Egito e a Grécia também a adotaram e vê-se que, encoberta às vezes por um simbolismo mais ou menos obscuro, esconde-se por toda parte a ideia das vidas sucessivas.
Segundo os clássicos do Espiritismo, o meio de comprovação da reencarnação mais completo é, sem dúvida, a recordação das existências passadas.
Às vezes isso se dá espontaneamente, na idade infantil, fato que deu origem à expressão memória extracerebral, objeto de pesquisas por experimentadores que se tornaram mundialmente conhecidos, como os professores Hemendra Nath Banerjee e Ian Stevenson.  Stevenson legou-nos um clássico na matéria, o livro “20 casos sugestivos de reencarnação”.
Atualmente, uma das pesquisadoras de renome de casos semelhantes que sugerem a reencarnação é Carol Bowman, objeto de um dos editoriais da revista “O Consolador”, intitulado “Ivanova, Carol Bowman e as vidas sucessivas”. Eis o link que permite acessá-lo: http://www.oconsolador.com.br/ano6/263/editorial.html
A recordação de existências passadas pode ser também provocada. Léon Denis, na obra “O problema do ser, do destino e da dor”, relata diversas experiências de regressão de memória em que o sujet alude a existências passadas vividas na Terra. Dentre os relatos constantes da referida obra, é digna de nota a experiência narrada durante o Congresso Espírita de Paris em 1900 por experimentadores espanhóis. Um deles, Fernandes Colavida, presidente do Grupo de Estudos Psíquicos de Barcelona, referiu ali ter magnetizado um determinado indivíduo que, além de regredir à juventude e infância, contou como foi sua vida no Plano Espiritual e em quatro encarnações anteriores.
Vê-se, à vista disso, que a regressão da memória a vidas passadas não surgiu com Morris Netherton, um dos pais da TVP, – terapia das vidas ou vivências passadas, – que tem, por sinal, inúmeros seguidores no Brasil e no exterior.


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sábado, 25 de julho de 2015

Assim disse o Nário



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Acabei de ler, num trabalho de teoria literária, que “o interdisciplinar não é uma sinecura”. Então, fiquei pensando comigo mesmo: “Mas o que é mesmo uma sinecura?”. Um dos meus hábitos idiossincrásicos é procurar saber o real significado de palavras pouco faladas numa frase. Daí procurei o Houaiss, que me explicou: “sinecura sf (1881 cf. CA¹) emprego ou cargo rendoso que exige pouco trabalho [...]”.
— E também não me pergunte, amigo leitor, o que significa esse ¹ junto com o restante dentro dos parênteses acima, que não lhe vou explicar, porque eu também não sei, não quero saber e, como você, tenho raiva de quem quer saber...
Assim disse o Nário. E respondi-lhe de bate-pronto:
— Tá bom, tá bom, tá bom... agora já tenho uma ideia do que seja “sinecura”. Mas o que é mesmo interdisciplinar?, já que isso exige muito trabalho, como se depreende do que o autor quis dizer com “sinecura”.
— Vamos lá, mas agora, só por esnobismo, vou trocá-lo pelo Aurélio: “interdisciplinar [De inter- + disciplinar.] Adj. 2 g. Comum a duas ou mais disciplinas ou ramo de conhecimento”.
E só.
Percebeu?
O Houaiss ainda acrescentaria: “2 que é comum a duas ou mais disciplinas”. E outra coisa: o ponto final da definição do Aurélio fica dentro da segunda chave, mas o ponto final de minha citação fica depois das aspas.
Então agora já sei. O autor da frase da primeira linha desta crônica quis dizer que a identificação do que é comum entre duas ou mais disciplinas exige muito trabalho. Agora você já sabe, não é mesmo, amiga leitora?
Parodiando o que disse alhures, em crônica de 6 de janeiro de 1895, “Se a pedra de Sísifo não andasse já tão gasta, era boa ocasião de dar com ela na cabeça dos leitores”, a propósito do significado das palavras. Per accidens, logicamente, tudo o que acabo de lhe dizer. Afinal, “lutar com as palavras é luta mais vã”, como já dizia o poeta Drummond. Por isso, a consulta ao dicionário é o “eterno recomeço” representado pela mitologia de Sísifo, condenado por Zeus a rolar eternamente uma pedra do cimo de um monte alto, para o qual ela sempre retornava, como seu castigo por assaltar os viajantes na estrada.
— O que significa isso, Machado? Perguntar-me-á o amigo leitor. E eu lhe respondo que o correto conceito das palavras é extremamente importante no entendimento de uma frase. Para tanto, é preciso escolher um dos muitos significados de cada termo dicionarizado. Se você achou chata a leitura desta crônica, você ainda não viu nada. Veja no Houaiss os significados da palavra sistema, que ocupa o espaço de mais de uma página do citado livro, correspondente a, no mínimo, três páginas deste texto. A diferença é que, ali, a letra é, também, três vezes menor do que esta.
Já os significados de espaço ocupam apenas um terço de página do Houaiss e meia página do Aurélio, ou seja, umas três páginas como esta que você lê.
Desculpe-me por ocupar, mais um pouquinho, seu tão precioso espaço de tempo, amigo leitor, com tais bobagens, mas ainda gostaria de alertá-lo de que não basta consultar o dicionário para você entender o que um escritor quer dizer, é preciso identificar o significado dado à palavra no contexto em que ela está inserida. Se este é conotativo, o significado é figurado; se é denotativo, ele é real, como real é o espanto que tive quando pedi a um magro aluno de turma de Geografia, anos atrás, para dizer qual o significado de “instalado" e de "entalado”, exemplificando, após consulta ao dicionário. Ele citou o seguinte exemplo:
— Estou bem entalado na cadeira, mas esse assunto ficou instalado em minha garganta...
A outro aluno, de Contabilidade, pedi para ver no dicionário o significado real de “crédito”, no contexto da seguinte frase: “José ficou sem crédito na praça”. Após ler os diversos conceitos, no livro, sua resposta foi a seguinte:
— José era muito mentiroso e ninguém mais acreditava nele, por isso ele ficou sem crédito na praça...
Até que faz sentido, não é mesmo, amiga leitora?





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sexta-feira, 24 de julho de 2015

No Invisível (10)


Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro No Invisível, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. Por que nem sempre é possível o contato com nossos parentes e amigos falecidos?
Todo experimentador esclarecido facilmente pode explicar a razão de tais malogros. O desejo de comunicar com determinado Espírito e igual desejo da parte deste não bastam só por si; é preciso que outras condições se reúnam, determinadas pela lei das vibrações. É necessário, antes de mais nada, que nosso cérebro físico e o cérebro fluídico dele vibrem em uníssono. Aí surge uma primeira dificuldade. O pensamento dele irradia com demasiada velocidade para que o possamos perceber. Será, pois, o seu primeiro cuidado imprimir às suas vibrações um movimento mais lento, mas para isso um estudo mais ou menos prolongado se tornará preciso, variando as probabilidades de êxito conforme as aptidões e experiências do operador. (No Invisível - O Espiritismo experimental: VIII - As leis da comunicação espírita.) 

B. As leis que regem a comunicação espírita são rigorosas?  
Sim. Os fenômenos da mediunidade são regidos por leis que é preciso observar com rigor. Quaisquer que sejam nossas faculdades e nossos desejos, se não pudermos satisfazer às suas exigências, nossos pais e amigos falecidos e todas as legiões invisíveis agiriam em vão sobre nós. (Obra citada - O Espiritismo experimental: VIII - As leis da comunicação espírita.) 

C. É possível pela orientação de nossos pensamentos modificar as influências que nos rodeiam?  
Sim. Do conjunto dos estudos sobre as vibrações harmônicas dos cérebros, uma comprovação resulta: é que, pela orientação e persistência de nossos pensamentos, podemos modificar as influências que nos rodeiam e entrar em relação com inteligências e forças similares. Esse fato não é unicamente exato a respeito dos sensitivos e dos médiuns; também se dá com todo ser pensante. As influências do Além podem irradiar sobre nós, sem que haja comunicação consciente com os seres que o povoam. Não é necessário acreditar na existência do mundo dos Espíritos e querer conhecê-lo, para lhe experimentar os efeitos. A lei das atrações é inelutável; tudo no homem lhe está submetido. Por isso a censura que dirigem aos espíritas, acusando-os de atrair exclusivamente, em virtude de suas práticas, as forças maléficas do Universo, é insubsistente diante dos fatos. (Obra citada - O Espiritismo experimental: VIII - As leis da comunicação espírita.)

Texto para leitura

284. Muitas pessoas se admiram e ficam hesitantes às primeiras dificuldades que encontram em suas tentativas de comunicar-se com os Espíritos. E perguntam por que é tão rara, tão pouco concludente a intervenção destes, e por que não está a Humanidade inteira familiarizada com um fato de tal magnitude. Outras, prosseguindo as investigações, obtêm provas satisfatórias e tornam-se adeptas convictas. Entretanto, objetam ainda que os seres amados que têm no Espaço, parentes e amigos falecidos, apesar de seus veementes desejos e reiteradas solicitações, nunca lhes deram o menor testemunho de sua presença e esse insucesso lhes deixa uns restos de dúvida, de desagradável incerteza. Era esse o sentimento que o próprio Sr. Flammarion exprimia numa publicação recente.
285. Ora, todo experimentador esclarecido facilmente a si mesmo explicará a razão de tais malogros. Vosso desejo de comunicar com determinado Espírito e igual desejo da parte deste não bastam só por si; é preciso que ainda outras condições se reúnam, determinadas pela lei das vibrações. Vosso amigo invisível escuta os chamados que lhe dirigis e procura responder-vos.
286. Sabe que, para comunicar convosco, é preciso que vosso cérebro físico e o cérebro fluídico dele vibrem em uníssono. Aí surge uma primeira dificuldade. Seu pensamento irradia com demasiada velocidade para que o possais perceber. Será, pois, o seu primeiro cuidado imprimir às suas vibrações um movimento mais lento. Para isso um estudo mais ou menos prolongado se tornará preciso, variando as probabilidades de êxito conforme as aptidões e experiências do operador.
287. Se falha a tentativa, toda comunicação direta se torna impossível e ele terá que confiar a um Espírito mais poderoso ou mais hábil a transmissão de seus ditados. É o que frequentemente acontece nas manifestações. Supondes receber o pensamento direto de vosso amigo e, entretanto, ele não vos chega senão graças ao auxílio de um intermediário espiritual. Daí certas inexatidões ou obscuridades, atribuíveis ao transmissor, que vos deixam perplexo, ao passo que a comunicação, em seu conjunto, apresenta todos os caracteres de autenticidade.
288. Na hipótese de que vosso amigo do outro mundo disponha dos poderes necessários, ser-lhe-á preciso procurar um médium cujo cérebro, por seus movimentos vibratórios, seja suscetível de se harmonizar com o seu. Há, porém, tão grande variedade entre os cérebros como entre as vozes ou as fisionomias; identidade absoluta não existe. O Espírito será forçado a contentar-se com o instrumento menos impróprio ao resultado a que se propõe. Achado esse instrumento, aplicar-se-á a lhe desenvolver as qualidades receptivas. Poderá conseguir o desejado êxito em pouco tempo; algumas vezes, porém, serão necessários meses, anos, para conduzir o médium ao requerido grau de sensitividade.
289. Bem podeis, ainda, ser vós mesmos esse médium, esse sensitivo. Se tendes consciência de vossas faculdades, se vos prestais à ação do Espírito, alcançareis decerto o fim que ele atingir. Para isso se requerem, ao mesmo tempo, paciência, perseverança, continuidade, regularidade de esforços. Possuireis acaso essas qualidades? Vossa força de vontade será sempre igual e inquebrantável? Se procedeis de modo incoerente, hoje com ardor, amanhã tíbio, de tal forma que as vibrações do vosso cérebro variem em consideráveis proporções, não tereis de vos admirar da diferença e mesmo da nulidade dos resultados.
290. Pode acontecer que, sentindo-se impotente para ativar em grau suficiente, no estado de vigília, as vibrações do vosso cérebro, recorra o vosso amigo invisível ao “transe” e, pelo sono, vos procure tornar inconsciente. Então vosso perispírito se exterioriza; suas irradiações aumentam, se dilatam; a transmissão se faz possível; exprimis o pensamento do Espírito. Ao despertardes, contudo, não conservareis lembrança alguma do ocorrido e pelos outros é que sabereis o que tiverem proferido vossos lábios.
291. Todos esses fenômenos são regidos por leis rigorosas; quaisquer que sejam vossas faculdades, vossos desejos, se não podeis satisfazer às suas exigências, vossos pais e amigos falecidos, todas as legiões invisíveis, debalde, agiriam sobre vós. Ocorre, todavia, encontrardes desconhecidos, homens ou mulheres, que o acaso parece colocar em vosso caminho. Nada sabem dessas coisas. A ciência do além-túmulo pode ser para eles letra morta; entretanto, possuem um organismo que vibra harmonicamente com o pensamento de vossos parentes, de vosso irmão ou mãe, e por seu intermédio podem estes convosco entreter colóquios expansivos.
292. Poderei, a título de exemplo, citar o seguinte fato: meu pai, falecido havia quinze anos, nunca se tinha podido comunicar, no seio do grupo cujos trabalhos muito tempo dirigi, por nenhum dos médiuns que aí se haviam sucedido. Apenas um deles o tinha podido entrever como vaga e indistinta sombra. Perdera eu toda a esperança de conversar com ele, quando uma noite, em Marselha, por ocasião de uma visita de despedida feita a uma família amiga, chega uma senhora, que não aparecia há mais de um ano, e, trocados os cumprimentos habituais, toma lugar ao nosso lado. Em meio de nossa conversação ela cai num sono espontâneo e, com grande surpresa minha, o Espírito de meu pai, que ela jamais havia conhecido, se manifesta por seu intermédio, dá-me as mais irrecusáveis provas de identidade e, numa enternecida efusão, descreve as sensações, as emoções que experimentara desde o momento da separação.
293. Do conjunto dos estudos sobre as vibrações harmônicas dos cérebros, uma comprovação resulta: é que, pela orientação e persistência de nossos pensamentos, podemos modificar as influências que nos rodeiam e entrar em relação com inteligências e forças similares.
294. Esse fato não é unicamente exato a respeito dos sensitivos e dos médiuns; também se dá com todo ser pensante. As influências do Além podem irradiar sobre nós, sem que haja comunicação consciente com os seres que o povoam. Não é necessário acreditar na existência do mundo dos Espíritos e querer conhecê-lo, para lhe experimentar os efeitos. A lei das atrações é inelutável; tudo no homem lhe está submetido. Por isso a censura que dirigem aos espíritas, acusando-os de atrair exclusivamente, em virtude de suas práticas, as forças maléficas do Universo, é insubsistente diante dos fatos.
295. Depende do homem receber as mais diversas inspirações, desde as sublimes às mais grosseiras. O nosso estado mental é como uma brecha por onde amigos ou inimigos podem penetrar em nós.
296. Os sensuais atraem Espíritos sensuais que se associam a seus atos e desejos e lhes aumentam a intensidade; os criminosos atraem violentos que os impelem cada vez mais longe na prática do mal. O inventor é auxiliado por investigadores do Além. O orador tem a percepção de imagens, que fixará em arroubos de eloquência próprios a emocionar as multidões. O pensador, o músico, o poeta receberão as vibrações das esferas em que o verdadeiro e o belo constituem um objeto de culto; almas superiores e poderosas lhes transfundirão as opulências da inspiração, o sopro divino que acaricia as frontes sonhadoras e produz as maravilhas do gênio, do talento.
297. Assim, de um ao outro plano, responde o Espírito às solicitações do Espírito. Todos os planos espirituais se ligam entre si. Os instintos de ódio, de depravação e crueldade atraem os Espíritos do abismo. A frivolidade atrai os Espíritos levianos; mas a prece do homem de bem, a súplica por ele dirigida aos Espíritos celestes se eleva e repercute nota a nota, na gama ascensional, até às mais elevadas esferas, ao mesmo tempo em que das regiões profundas do Infinito descem sobre ele as ondas vibratórias, os eflúvios do pensamento eterno, que o penetram de uma corrente de vida e de energia. O Universo inteiro vibra sob o pensamento de Deus.

Nota:

Se o leitor quiser acessar os módulos anteriores, eis os links:


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quinta-feira, 23 de julho de 2015

Pérolas literárias (108)



Cigarra morta

Cármen Cinira


Chamam-me agora aí
Cigarra morta,
E não podia haver melhor definição,
Porque caí estonteada à porta
Do castelo em ruínas,
Do desencanto e da desilusão!...

Minhas futilidades pequeninas...
Meus grandes desenganos...
Eu mesma inda não sei
Se é ventura morrer na flor dos anos... 
Sei apenas que choro
O tempo que perdi,
Cantando em demasia a carne inutilmente;
E vivo aqui, somente,
De quanto idealizei
De belo, de perfeito, grande e santo,
Que inda hei de realizar
Com a rima do meu verso e a gota do meu pranto.

Dá-me força, Senhor,
Para concretizar meu anseio de amor:
Evita-me a saudade
Da minha improdutiva mocidade!
Eu não quero sentir,
Como cigarra que era,
A falta das canículas doiradas
Sob a luz de ridente primavera. 
Já que tombei cansada de cantar,
Calando amargamente,
Perdoa, Deus de Amor, o meu pecado:
Que eu olvide a cigarra do passado,
Para ser uma abelha previdente.



Cármen Cinira, nome literário de Cinira do Carmo Bordini Cardoso, nasceu no Rio de Janeiro em 1902, e faleceu em 30 de agosto de 1933. Sua espontaneidade poética era tão grande que ela própria acreditava serem os seus versos de origem mediúnica. O poema acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Chico Xavier.


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