JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amiga leitora, inicio nossa conversa de hoje com
o seguinte poema, cujo título proponho-lhe adivinhar, antes que eu lho revele,
no final desta crônica:
Nos
primórdios da criação,
O
homem não é mal nem bom,
Ele
segue seu instinto,
Ora
saciado ou faminto.
Prevalece
a lei da força,
O
leão devora a corça,
O
irmão mata seu irmão
Sem
pudor nem compaixão.
A
inteligência, porém,
Desenvolve
o dom do bem,
E
o que era força bruta
Cede
vez a nova luta.
O
instinto rudimentar
Começa
a ceder lugar...
E
o sentimento gregário
Torna
o homem solidário.
É nos momentos de imensa dor de uma pessoa,
grupo social ou família, que se comprova a conclusão desse poema. Quando
ocorrem as grandes catástrofes na Humanidade: terremotos, tsunamis, furacões,
os povos se unem e uma multidão de pessoas, de todas as partes da Terra, sai em
socorro às vítimas dessas tragédias.
Também se alguém morre tragicamente deixa muita
gente penalizada. Então, de toda a parte, vem a ajuda e a solidariedade à
família do falecido. Se é um artista o “morto”, os meios de comunicação atraem
as atenções até onde seus sinais cheguem...
Essas reflexões vieram-me à mente, durante a
finada semana, quando correu mundo a notícia do acidente fatal que vitimou o
jovem e talentoso cantor Cristiano Araújo (29 anos) e sua namorada (19 anos).
Tão novos e já não mais podendo desfrutar de sua existência física plena de
aventuras e felicidade, o que motivou, segundo uma emissora de TV, a declaração
do pai do cantor sobre sua dúvida a respeito da existência de Deus.
Por que será que questionamos a existência de
nosso Pai, que é Espírito (João, 4:24), se nós, seus filhos, por consequência,
também somos espíritos?
Porque a matéria obnubila nossa alma e também
nos falta conhecimento sobre a real finalidade da vida.
Por que a revolta, principalmente, quando nos
toma uma grande dor, em especial aquela causada pela perda trágica de alguém
muito amado?
Porque ainda não entendemos a vida física como
breve estágio probatório aqui na Terra.
Por que, em geral, não fazemos tal
questionamento quando tudo corre às mil maravilhas para nós?
Porque ainda não compreendemos que as Leis do
Pai amantíssimo são justíssimas e que Ele não quer a perdição de nenhum de seus
filhos, mas sim a sua perfeição.
Por que somente a desgraça que nos atinge parece
ser a grande injustiça divina?
Há cerca de sete bilhões de almas na Terra. E
enquanto você me lê, milhares de pessoas estão deixando sua carne aos vermes,
muitas delas, tragicamente. Você só não deseja que isso aconteça consigo, não é
mesmo?
Ah, se eu pudesse aparecer à sua frente e
dizer-lhe que sua existência física nada é, em comparação com a eternidade que
o aguarda. Que cada passagem pelo corpo somático é um ato no minúsculo palco do
teatro chamado Terra...
E se você descobrir que este mesmo Deus ao qual
nega o criou para ser feliz, mas que somente o será, plenamente, quando, após
inumeráveis existências físicas, alcançar a perfeição?
Pois saiba que cada um de nós tem um tempo em
cada encarnação e todos temos uma missão. Cristiano cumpriu a sua, assim como
sua namorada, cujo nome nem todos lembram. Como se chamava ela mesmo?
Oremos por ambos, mas não deixemos de refletir
na atualidade de uns versos do poeta Manuel Bandeira:
Amanhã
que é dia dos mortos,
Vai
ao cemitério, vai,
E
procura entre as sepulturas
A
sepultura do meu pai.
Leva
três rosas bem bonitas,
Ajoelha
e reza uma oração,
Não
pelo pai, mas pelo filho,
O
filho tem mais precisão.
[...]
Ah, sim, Allana Moraes era o nome da namorada do
Cristiano Araújo que “morreu” junto com ele, e o título do poema que está lá no
início desta crônica é “Solidariedade”.
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
Como consultar as
matérias deste blog?
Se você não conhece
ainda a estrutura deste blog, clique neste link: http://goo.gl/OJCK2W, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele
nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário