Voltamos, como
dissemos, a tratar do tema crase, vocábulo
que significa, em sentido restrito, a contração de dois aa. O vocábulo é usado também para designar-se o acento indicativo
de certos casos de crase. Por exemplo, na frase “Eu vou à praia”, dizemos que o
“a” deve ter crase.
Em face do conceito
exposto, não se usa a crase antes de:
Palavra masculina: andar a pé; viajar a cavalo; caminhar a esmo; vestir-se a
caráter. Exceção: quando estiver subentendida na frase a palavra moda ou qualquer outra palavra feminina
oculta no texto: salto à Luís XV (à moda de
Luís XV); escreveu à Augusto dos Anjos (à maneira de Augusto dos Anjos);
vamos à Melhoramentos (à editora Melhoramentos); referiu-se à Apollo (à nave
Apollo).
Nome de cidade: chegou a Roma; foi a Brasília; referiu-se a Lisboa. Exceção:
quando o nome da cidade for seguido de um atributo ou qualidade qualquer:
iremos à Brasília das mordomias oficiais; referimo-nos à Roma dos césares.
Verbo: começou a falar; passou a andar; pôs-se a dizer bobagens.
Substantivos repetidos: cara a cara; frente a frente; gota a gota.
Pronomes “ela”, “esta” e “essa”: chegamos a esta conclusão; pediram a
ela que saísse; dediquei o livro a essa moça.
Pronomes que não admitem artigo: alguém, ninguém, toda, cada, você,
alguma etc.
Formas de tratamento: escreverei a Vossa Senhora; pedirei a Vossa Majestade.
Palavra “uma”: fomos a uma festa; vou levá-los a uma cerimônia legal; decidimos
ir a uma churrascaria. Exceção: há crase na locução “à uma”, no sentido de “ao
mesmo tempo” ou na indicação de hora: Eles chegaram à uma hora. Todos saíram à
uma.
Concluiremos o
assunto em nossa próxima edição, em que apresentaremos mais oito casos em que
não se deve usar o sinal de crase.
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