domingo, 12 de maio de 2013

Anita Borela e o caso do menino abortado



Já escrevi oportunamente que minha mãe – Anita Borela de Oliveira – desencarnou numa segunda-feira, seis dias antes do Dia das Mães de maio de 1950, o primeiro dia consagrado às Mães que passamos sem tê-la fisicamente ao nosso lado.
Como hoje é Dia das Mães, veio-me à mente, em homenagem a ela, relembrar dois episódios de sua vida que mostram muito bem como Anita Borela, no exercício de suas faculdades mediúnicas, atuava em favor dos necessitados.
Eis o primeiro:
Numa certa tarde, na entrega de roupas a famílias carentes, alguém chegou com uma linda jovem perturbada e agressiva que parecia faiscar ódio pelos olhos.
D. Menina, uma companheira dileta que estava junto de Anita, imediatamente lhe disse:
– Vá, Anita. Converse com o Espírito que perturba essa jovem e verá que tem o poder, concedido pelo Pai, de encaminhá-lo. É chegada a hora do seu testemunho.
Ela, com uma força que não possuía normalmente e com sua candura habitual, pegou a mão da jovem e lhe disse:
– Oh! Meu filho. Que buscas? Tens sede de amor e fome do perdão? Ah! Meu filhinho, Jesus te quer muito a seu lado. Liberta essa menina-moça de tua subjugação. O que ganhas com isso? Sabe, meu querido, só o amor nos liberta a alma. Queres a liberdade? Pois entrega-te a ela retirando-te já daí.
O Espírito, comovido por forte emanação magnética, se libertou, deixando a jovem em estado normal e livre da constrição que a perturbava. D. Menina e Anita ministraram-lhe passes e, medicada e alimentada, coisa que não fazia há dias, pôde voltar ao lar, liberta da influência negativa do Espírito.
Aqui está o segundo episódio:
Certo dia, quando lidava com os afazeres domésticos, bateu-lhe à porta um empregado de uma fazenda próxima, a mando do patrão. Anita ouviu atentamente o fato narrado e, em seguida, saiu em desabalada carreira junto com o rapaz, que viera em uma charrete até a sua casa. Pelo caminho ela foi meditando e, na virada da Reta – uma das ruas da cidade de Astolfo Dutra –, avistou Diogo, um companheiro de lides espíritas que seguia em sua direção, para ajudá-la.
Logo que chegaram ao destino, depararam um quadro triste de possessão. Mulher fina, de tratos nobres, Emília, esposa do fazendeiro, arrastava-se pelo chão como um animal selvagem. Já havia destruído tudo à sua volta e por pouco não assassinara o próprio filho. 
Diogo e Anita, sem perda de tempo, oraram fervorosamente a Jesus e, com força e amor, envolvida pelo Espírito de Abel Gomes, Anita iniciou a doutrinação reparadora: 
– Levanta-te daí, meu irmão infeliz. Liberta essa criatura de tuas garras e envergonha-te de tal papel.
Embora tentasse avançar sobre ela, o Espírito não conseguiu tal intento, pois se prostrou ao chão pela força do magnetismo de Abel. O esclarecimento prosseguiu:
– Vamos, meu irmão! Fala como ser humano que és, tu não és bicho.
Um choro de dor ecoou pela sala e, afogado pela revolta, o Espírito relatou o ódio que sentia pelo fato de ter sido abortado na juventude por Emília:
– Por que eu? Por que eu, se agora ela traz no colo um filhinho amado? Eu a amava, queria estar em seus braços maternais.
Anita aproximou-se dele e falou-lhe com amor de mãe:
– Ah! meu filhinho. Não chores assim, um erro não justifica o outro. Tu és vítima, não queiras tornar-te o algoz. Quanto tempo de abandono, de sofrimento e jamais te lembraste de pedir alívio a Maria de Nazaré. Ela com certeza te abrigaria nos braços e te daria o amor que te hão negado. Precisas de ajuda, mas não para sofrer e sim para ser feliz. Se fosse permitido pelo Pai Celestial, eu te receberia como meu filhinho querido, mas só posso te oferecer o meu amor espiritual e te confortar com preces, mas olha em volta e verás quantas mãezinhas que deixaram seus filhinhos na Terra te querem adotar. Esquece a Emília. Deus com ela acertará as penas do seu gesto. Quanto a ti, busca a paz em mãos amigas. Deixa a Emília cuidar do filhinho que Deus lhe deu, pois ela o faz pensando em ti.
Envolvido por Espíritos de aspecto feminino, o Espírito abandonou então a mulher e seguiu em paz.
Anos depois, Diogo pressentiu, em uma de suas peregrinações costumeiras, a reencarnação daquele Espírito na fazenda de Emília e viu que ela, sem que ninguém soubesse explicar o fato, tomou-se de amores pelo menino fazendo dele um filho do coração e adotando-o mais tarde, em face da desencarnação precoce da mãe.


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