Prosseguimos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o
estudo do livro Ação e Reação, de
André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e
publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:
Questões
para debate
A. Por que Poliana assumiu a
tarefa de ajudar na recuperação de Sabino?
B. A mente de Sabino trabalhava
em circuito fechado, isto é, ele pensava constantemente em função de si mesmo.
Por que isso?
C. Antes de sua hibernação, que
ocorreu a Sabino no plano espiritual?
Texto para leitura
87. Hibernação
espiritual – Quase sempre inspirado nos pontos de vista de Poliana, que
lhe vinha sendo a companheira de múltiplas jornadas, Sabino cristalizara-se
como infeliz empresário do crime. Não houve, pois, outro remédio para ele senão
o insulamento absoluto na carne, sob a custódia da mulher que o ajudou nas
sucessivas quedas, erigida então à posição de enfermeira material do seu longo
infortúnio. "Poliana – acrescentou o Assistente –, a companheira fútil e
transviada do bem, que habitualmente escolheu para si a condição de boneca do
prazer delituoso, acordou, além-túmulo, para as realidades da vida, antes
dele... Despertou e sofreu muito, aceitando a tarefa de auxiliá-lo na
recuperação em que, por certo, despenderão muito tempo ainda..." No campo
perispiritual do anão ensimesmado, André observou, através da sua aura
verde-trevosa, que todas as energias dos seus fulcros vibratórios refluíam
sobre os pontos de origem, dando a impressão de que Sabino estava enovelado
inteiramente em si mesmo, à maneira da lagarta ilhada no casulo. Silas informou
que aquele irmão, até que se amadureça em espírito para a renovação necessária,
guardará a mente trabalhando em circuito fechado, ou seja, pensando constantemente
para si mesmo, incapaz da permuta de vibrações com os semelhantes, à exceção
de Poliana, de quem se fizera satélite mudo e expectante, como parasita em
fronde seivosa. "Sabino é um problema de débito estacionário, porque jaz
em processo de hibernação espiritual, compulsoriamente enquistado no próprio
íntimo, a benefício da comunidade de Espíritos desencarnados e
encarnados...", acentuou Silas. "Desfruta, desse modo, uma pausa na
luta, como ensaio de esquecimento, a fim de que possa, de futuro, encarar o
montante dos compromissos em que se enleia, promovendo-lhes solução digna nos
séculos próximos, a golpes de férrea vontade na renunciação de si mesmo."
(Ação e Reação, capítulo 13, pp. 183 e
184.)
88. Protegido
no próprio corpo – Hilário indagou se a Espiritualidade Superior
disporia de elementos para encarcerar aquele irmão, longe da carne. "Sim
– respondeu Silas –, isso não é impossível." "Entretanto – informou o
Assistente –, se temos enxovias pungentes para a expiação dos crimes que
entenebrecem a mente humana, muitas delas a se expressarem por vales de
miséria e de horror, é preciso considerar que os delinquentes aí segregados
atraem-se uns aos outros, contagiando-se mutuamente das chagas morais de que
são portadores, gerando o inferno em que passam transitoriamente a viver. Por
outro lado, contamos com muitas instituições, funcionando à semelhança de
estufas, nas quais criaturas desencarnadas dormem pacificamente largos sonos,
mergulhadas nos pesadelos que merecem até certo ponto, depois de efetuada a
travessia do sepulcro... Em Sabino, contudo, encontramos um caso excepcional de
rebeldia e delinquência sistemáticas, em cujas sombras, um dia, sentiu
baquearem-se-lhe as forças. O remorso feriu-lhe o coração como a bala mortífera
assalta um tigre solto... A prece fulgurou-lhe na consciência e, antes que a
sua nova atitude provocasse reações e vinditas soezes, entre os que lhe seguiam
os passos na rota perversa, recolheram-no à Mansão, onde foi naturalmente
magnetizado, caindo em hipnose de longo curso, sendo recebido mais tarde pelo
carinho de Poliana, então segregada em campo de regeneração pelo sacrifício."
Ficava evidente que, eram tantas as ligações de Sabino no plano infernal que,
por mercê de Jesus, foi ele ocultado provisoriamente naquele corpo monstruoso,
em que, além de incomunicável, fazia-se irreconhecível, em favor dele próprio.
A experiência era dura, mas lógica, terrível, mas justa. (Obra citada, capítulo 13, pp. 184 e 185.)
89. Um
caso de sedução – Em subúrbio de populosa capital, André veio a
conhecer o drama de Marcela, cujo marido, Ildeu, com pouco mais de 35 anos de
idade, fora seduzido pelos encantos da jovem Mara, moça leviana e
inconsequente, que tudo fazia para que a esposa o abandonasse. Educada na
escola do dever, Marcela dedicava-se, porém, ao lar e a seus três filhinhos,
Roberto, Sônia e Márcia, tudo fazendo para não deixar perceber a própria dor.
Claro que percebera a modificação do esposo e, embora recebesse cartas
insultuosas da rival, sabia chorar em silêncio, confiando-as ao fogo, para que
não caíssem sob o olhar do marido. Doía vê-la, cada noite, em prece, ao lado
das crianças. Em vigília até noite alta, agoniava-se observando Ildeu voltando
ao lar tresandando a licores alcoólicos e exibindo os sinais de aventuras
inconfessáveis. Se erguia a voz, lembrando alguma necessidade dos filhos, ele
retorquia, irritado: "Vida infame! Sempre você a recriminar-me, a
aborrecer-me, a perseguir-me com censuras e petitórios!... Se quiser dinheiro,
trabalhe. Se eu soubesse que o casamento seria isso, teria preferido estourar
os miolos a assinar um contrato que me escraviza a existência inteira!..."
E gritando, intemperante, mostrava a tela das suas recordações, em que Mara , a jovem
sedutora, lhe surgia à mente, como sendo a mulher ideal. Cotejava-a, então, com
a esmaecida figura da esposa e, governado pela imagem da outra, entregava-se a
chocantes excitações, ansiando fugir do lar. Marcela, em pranto, suplicava-lhe
tolerância e serenidade, acentuando que não desdenhava o serviço. Ela servia
em lavanderia modesta, contudo os afazeres domésticos não lhe permitiam fazer
mais. "Hipócrita!" – berrava o marido que a cólera transtornava – e
eu? que pretende você de mim? posso, acaso, fazer mais? sou um homem
dependurado em lojas e armazéns... Devo a todos!... por sua causa,
simplesmente em razão do seu desperdício... Não sei até quando poderei
aturá-la. Não será mais aconselhável regresse você à terra que teve a
infelicidade de vê-la nascer? Seus pais estão vivos..." (Obra citada, capítulo 14, pp. 187 a 189.)
90. Ildeu
passa a odiar a esposa – Diante da agressão, Marcela em lágrimas
emudecia, mas, como a voz de Ildeu era estentórica, quase sempre o pequeno
Roberto acordava e acorria em socorro da mãe, enlaçando-a. Ildeu avançava
então sobre o pequeno a sopapos, clamando com insofreável revolta: "Saia
daqui! saia daqui!..." E como se o menino não fosse seu filho, mas
adversário confesso, acrescentava, cerrando os punhos: "Tenho gana de
matá-lo!... matá-lo!... Todas as noites, esta mesma pantomina. Bandido!
Palhaço!..." O menino, agarrado ao colo materno, sofria, assim, pancadas
até recolher-se, de novo, ao leito, em pranto convulsivo. Se eram, porém, as
filhinhas a choramingar, eis que ele se desfazia em ternura, ainda mesmo quando
plenamente embriagado, proferindo, bondoso: "Minhas filhas!... minhas
pobres filhas!... que será de vocês no futuro? é por vocês que ainda me
encontro aqui, tolerando a cruz desta casa!..." Silas e André, quase que
diariamente, à noite, ali compareciam, a benefício de todos, mas, apesar desse
esforço, Ildeu mostrava-se, cada dia, mais indiferente e distante e não
concedia à esposa nem mesmo a gentileza de leve saudação, porquanto, fascinado
pela outra, passara a odiá-la. Ele pretendia desobrigar-se do compromisso
assumido, mas... como deixar as filhinhas? Decerto, Marcela teria assegurados,
no desquite, seus direitos de mãe. Ildeu refletia, refletia... Foi assim que,
dominado pela paixão, nasceu-lhe no cérebro doentio a ideia de assassinar a
esposa, escondendo o crime, para que a morte dela passasse aos olhos do mundo
como sendo um suicídio. O plano estava pronto: ele fingiria ter voltado à
antiga ternura pela esposa, para ganhar confiança, até que chegasse o momento
certo em que a mataria. (Obra citada,
capítulo 14, pp. 189 e 190.)
Respostas às questões propostas
A. Por que Poliana assumiu a tarefa de ajudar na
recuperação de Sabino?
O fato tinha sua origem nos desmandos cometidos no passado,
em que Poliana
lhe fora parceira em diversas jornadas nas quais Sabino cristalizou-se como
infeliz empresário do crime. Ela, que o ajudou nas sucessivas quedas, fora
erigida então à posição de enfermeira material do seu longo infortúnio.
"Poliana – explicou Silas –, a companheira fútil e transviada do bem, que
habitualmente escolheu para si a condição de boneca do prazer delituoso,
acordou, além-túmulo, para as realidades da vida, antes dele... Despertou e
sofreu muito, aceitando a tarefa de auxiliá-lo na recuperação em que, por
certo, despenderão muito tempo ainda..." (Ação e Reação, cap. 13, pp.
183 e 184.)
B. A mente de Sabino trabalhava em circuito fechado, isto
é, ele pensava constantemente em função de si mesmo. Por que isso?
É verdade. No campo perispiritual do anão ensimesmado,
André observou, através da sua aura verde-trevosa, que todas as energias dos
seus fulcros vibratórios refluíam sobre os pontos de origem, dando a impressão
de que Sabino estava enovelado inteiramente em si mesmo, à maneira da lagarta
ilhada no casulo. Silas disse que Sabino – até que se amadurecesse em espírito
para a renovação necessária – guardaria a mente trabalhando em circuito
fechado, pensando constantemente para si mesmo, incapaz da permuta de
vibrações com os semelhantes, com exceção de Poliana. Ele jazia em processo de
hibernação espiritual, a benefício da comunidade de Espíritos desencarnados e
encarnados. Desfrutava, assim, uma pausa na luta, como ensaio de esquecimento,
a fim de que no futuro pudesse encarar os compromissos assumidos, promovendo-lhes
solução digna nos séculos próximos, a golpes de férrea vontade na renunciação
de si mesmo. (Obra citada, cap. 13, pp. 183 e 184.)
C. Antes de sua hibernação, que ocorreu a Sabino no plano
espiritual?
Lembremos que Sabino era um caso excepcional de rebeldia e
delinquência sistemáticas, em cujas sombras, um dia, sentiu baquearem-se suas
forças. O remorso, então, feriu-lhe o coração como uma bala mortífera atinge
um tigre solto... A prece fulgurou-lhe na consciência e, antes que sua nova
atitude provocasse reações e vinditas soezes, entre os que lhe seguiam os
passos na rota perversa, recolheram-no à Mansão. Aí ele foi magnetizado, caindo
em hipnose de longo curso, sendo recebido mais tarde pelo carinho de Poliana,
então segregada em campo de regeneração pelo sacrifício. Eram tantas as
ligações de Sabino no plano infernal que, por mercê de Jesus, foi ele ocultado
provisoriamente naquele corpo monstruoso, no qual, além de incomunicável,
fazia-se irreconhecível, em favor dele próprio. (Obra citada, cap. 13, pp.
184 e 185.)
N.R. - Para
acessar e ler o texto da semana passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/11/o-valor-da-prece-e-da-agua-magnetizada.html
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