Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de
Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de
autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a
outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta
semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar,
a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Questões para
debate
A. A luz
pode atrapalhar o curso de uma reunião mediúnica?
Sim. A luz
geralmente exerce uma ação dissolvente sobre os fluidos. Em todos os casos em
que não seja indispensável, como para obter-se a escrita semimecânica, será
conveniente diminuir-lhe a intensidade e mesmo suprimi-la inteiramente. (No
Invisível - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)
B. Quando
o médium está agitado, inquieto, desassossegado, esse fato pode prejudicar as
comunicações mediúnicas?
Evidentemente.
As mais secretas leis do pensamento se revelam nas experiências. Quando os
membros de um grupo estão agitados por intensas preocupações, pode a linguagem
do médium ressentir-se desse fato. O mesmo se dará com a ação dos Espíritos
sobre o médium, e reciprocamente. Qualquer que seja o predomínio de um Espírito
sobre o sensitivo, se este se acha desassossegado, inquieto, agitado, as
comunicações apresentarão o cunho desse estado de perturbação. (Obra citada
- O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)
C. A
composição do grupo, com maior ou menor número de participantes, pode afetar os
resultados da sessão mediúnica?
Pode. Os
grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores
probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as vibrações de cinco ou
seis pessoas entre si e com os fluidos do Espírito, é evidente que as
dificuldades aumentam com o número dos assistentes. É prudente não exceder o
limite de dez a doze pessoas, mantendo, quando possível, sempre as mesmas,
porque a renovação frequente da assistência, reclamando contínuo trabalho de
fusão e assimilação da parte dos Espíritos, compromete ou pelo menos provoca a
demora dos resultados. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX -
Condições de experimentação.)
Texto para leitura
329. É
compreensível ser necessário que haja afinidade entre os membros de um círculo
e as entidades atuantes. As influências humanas atraem inteligências similares
e as manifestações revestem um caráter em harmonia com as disposições, as
preferências, as aptidões do meio.
330. Há
críticos que têm pretendido concluir daí que as comunicações espíritas não
passam de reflexos dos pensamentos dos assistentes. Fácil de refutar é essa
opinião. Basta recordar as revelações de nomes, fatos, datas, desconhecidos de
todos, as quais se têm produzido em tantos casos e foram reconhecidas exatas
depois de verificação. Têm-se obtido palavras, ditadas em línguas ignoradas dos
assistentes; a assinatura, o estilo, a maneira de escrever de pessoas falecidas
têm sido mecanicamente reproduzidas por médiuns que nunca as haviam conhecido.
331. Às
vezes, também, experimentadores instruídos só obtêm coisas vulgares, ao passo
que em reuniões de iletrados têm sido transmitidas comunicações notáveis pela
elevação e beleza de linguagem.
332. As
analogias que se notam entre os membros de um grupo e os Espíritos que o
dirigem não provêm unicamente das simpatias adquiridas e da similitude de
opiniões; radicam-se também nas exigências da transmissão fluídica. Nas
manifestações intelectuais o Espírito necessita de um agente e de um meio que
lhe forneçam os elementos necessários para expor suas ideias e as fazer
compreender. Daí a tendência para se aproximar dos homens com quem se acha em
comunhão de ideias ou de sentimentos.
333. É sabido
que nos fenômenos de escrita, de incorporação e, às vezes, mesmo, de
tiptologia, o pensamento do Espírito se transmite através do cérebro do médium
e este não deixa passar senão um certo número de vibrações – as que se acham em
harmonia com o seu próprio estado psíquico. Do mesmo modo que um raio de luz,
atravessando os vidros coloridos de uma janela, se decompõe e não projeta do
outro lado senão uma quantidade reduzida de vibrações, assim o ditado do
Espírito, seja qual for a opulência dos termos e das imagens que o compõem,
será transmitido no restrito limite das formas e das expressões familiares ao
médium e contidas em seu cérebro.
334. Essa
regra é geral. Temos, entretanto, observado que um Espírito poderoso em vontade
e energia consegue fazer um médium transmitir ensinos superiores a seus
conhecimentos e indicar fatos que sua memória não registra.
335. Quanto
às lacunas e contradições que entre si apresentam as comunicações e de que
tantas vezes se faz um argumento contra o Espiritismo, convém não esquecer que
os Espíritos, como os homens, representam todos os graus da evolução. A morte
não lhes confere a ciência integral e, posto que suas percepções sejam mais
extensas que as nossas, não penetram eles senão a pouco e pouco, e na medida do
seu adiantamento, os segredos do Universo imensurável.
337. Se os
pensamentos divergentes dos circunstantes são uma causa de perturbação e de
insucesso, por um efeito contrário, os pensamentos dirigidos para um objetivo
comum, sobretudo quando elevado, produzem vibrações harmônicas que difundem no
ambiente uma impressão de calma, de serenidade, que penetra o médium e facilita
a ação dos Espíritos. Estes, em vez de lutarem, empregando o poder da vontade,
não têm mais que associar seus esforços às intenções dos assistentes; e desde
logo a diferença dos resultados é considerável.
338. É por
isso que nas reuniões do nosso grupo de estudos reclamamos constantemente o
silêncio, o recolhimento, a união dos pensamentos e, a fim de os facilitar e de
orientar a assistência no sentido de elevados assuntos, abrimos sempre as
sessões com uma prece coletiva, com uma invocação improvisada ao Poder Infinito
e aos seus invisíveis Agentes, pondo nessa invocação todas as forças de nosso
espírito, todos os espontâneos surtos de nosso coração.
339. Além
disso, nas sessões de efeitos físicos, quando se pretende obter fenômenos de
transportes, escrita direta, materializações, é conveniente empregar um meio
artificial para fixar num ponto os pensamentos dos circunstantes. Pode-se
adotar um signo e colocar imaginariamente acima do médium, como, por exemplo,
uma cruz, um triângulo, uma flor, e, de quando em quando, no curso da sessão,
lembrar o signo convencional, atrair para ele a atenção oscilante e prestes
sempre a desviar-se.
340. Esse
processo substitui com vantagem as cantarolas vulgares, pouco edificantes, a
que muitos costumam recorrer em certas reuniões e que impressionam
desagradavelmente as pessoas de fino gosto e espírito culto, e só têm aplicação
na obscuridade. A luz geralmente exerce uma ação dissolvente sobre os fluidos.
Em todos os casos em que não seja indispensável, como para obter-se a escrita
semimecânica, será conveniente diminuir-lhe a intensidade e mesmo suprimi-la
inteiramente, desde que, por exemplo, se dispõe de médiuns videntes e de
incorporação.
342. As mais
secretas leis do pensamento se revelam nas experiências. Quando, às vezes, os
membros de um grupo estão agitados por intensas preocupações, pode a linguagem
do médium ressentir-se desse fato. O mesmo se dará com a ação dos Espíritos
sobre o médium e reciprocamente. Qualquer que seja o predomínio de um Espírito
sobre o sensitivo, se este se acha desassossegado, inquieto, agitado, as
comunicações apresentarão o cunho desse estado de perturbação. As inteligências
que se manifestam, quando sejam pouco adiantadas, podem também sofrer a
influência dos assistentes.
343. Há, de
modo geral, entre o meio terrestre e as entidades invisíveis uma reciprocidade
de influências que é preciso ter em consideração na análise dos fenômenos. O
Espírito elevado, porém, mesmo em virtude de sua superioridade e das forças de
que dispõe, escapa a essas influências, as domina e governa, e se afirma com
uma autoridade que não deixa lugar à menor dúvida. É por isso que convém acima
de tudo captarmos a intervenção das almas superiores e facilitá-la,
colocando-nos nas condições que elas nos impõem, sem as quais não podemos
atrair senão Espíritos medíocres, pouco aptos a nos servir de guias e traduzir
fielmente os altos ensinamentos do Espaço.
344. Os
grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores
probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as vibrações de cinco ou
seis pessoas entre si e com os fluidos do Espírito, é evidente, a fortiori, que
as dificuldades aumentam com o número dos assistentes.(1) É prudente
não exceder o limite de dez a doze pessoas, de um e outro sexo, quando possível
sempre as mesmas, sobretudo no começo das experiências.
346. Convém
reunir-se em dias e horas fixos e no mesmo lugar. Os Espíritos podem apropriar-se,
assim, dos elementos fluídicos que lhes são necessários, e os lugares de
reunião, impregnando-se desses fluidos, tornam-se cada vez mais favoráveis às
manifestações.
348. Os
seguintes exemplos nos demonstram que a paciência é frequentemente a condição
do êxito. Em 1855 o professor Mapes formou, em Nova Iorque , um grupo
de doze pessoas, homens cultos e cépticos, que combinaram reunir-se, com um
médium, vinte vezes seguidas. Durante as dezoito primeiras noites os fenômenos
apresentaram caráter tão indeciso e trivial que muitos dentre os assistentes
deploravam a perda de um tempo precioso; no curso das duas últimas sessões,
porém, produziram-se fatos de tal modo notáveis que o estudo foi prosseguido
pelo mesmo grupo durante quatro anos; todos os seus membros se tornaram
convencidos adeptos.
349. Em 1861,
o banqueiro Livermore, experimentando com a médium Kate Fox, com o fim de obter
materializações do Espírito de sua esposa Estela, só à 24ª sessão viu
desenhar-se a sua forma. Pôde mais tarde conversar com esse Espírito e obter
comunicações diretas. A falta de perseverança nenhum desses resultados
teria permitido colher.
350.
Compreende-se, à vista desses fatos, quanto é necessário aplicar uma atenção
rigorosa à composição dos grupos e às condições de experimentação. Tal seja a
natureza do meio, a faculdade do médium produzirá efeitos muitíssimo diversos.
Ora se manifestará em fenômenos de caráter equívoco, que despertarão a dúvida e
a desconfiança, fazendo que as sessões, em tal caso, deixem uma impressão de
mal-estar indefinível; ora dará lugar a efeitos tão poderosos que diante deles
toda incerteza se dissipará.
351. Tenho,
por minha parte, assistido a muitas sessões nulas ou insignificantes; mas
também posso afirmar que tenho visto médiuns admiravelmente inspirados em suas
horas de êxtase e de sono magnético. Outros tenho visto escrever de um jato, às
vezes mesmo na obscuridade, páginas magníficas de estilo, esplêndidas de
elevação e de vigor. Tenho assistido, aos milhares, a fenômenos de incorporação
que permitiam a habitantes do Espaço apoderar-se, durante algumas horas, do
órgão de um médium e proferir frases, discursos, com inflexões tais que todos
quantos os ouviam guardavam dessas reuniões uma recordação imorredoura.
352. Para o
observador atento, que estudou todos os aspectos do fenômeno, há como que uma
gradação, uma escala ascensional, que vai desde os ligeiros ruídos e os
movimentos de mesas até as mais altas produções do pensamento. É uma engrenagem
que se apodera do experimentador imparcial e cujo poder todos os homens que têm
a preocupação da verdade cedo ou tarde reconhecerão.
353. Apesar
das hostilidades, das repulsas e hesitações, forçoso virá a ser um dia
consagrar-se, de modo geral, ao estudo das manifestações físicas; este, por um
rigoroso encadeamento, conduzirá à psicografia e, em seguida, pela visão e
audição, à incorporação; e desde que se quiser investigar as causas reais
desses fenômenos, defrontar-se-á com o grande problema da sobrevivência.
354. À medida
que o observador penetrar nesse domínio, sentir-se-á pouco a pouco elevado
acima do plano material. Será induzido a reconhecer que os fatos de ordem
física não são mais que preparação para fenômenos mais eminentes e que todos,
em conjunto, convergem para a manifestação desta verdade: que a alma humana é
imperecível e os seus destinos são eternos. Conceberá, desde então, das leis do
Universo, da ordem e harmonia das coisas, uma ideia cada vez mais grandiosa,
com uma noção sempre mais profunda do objetivo da existência e dos
imprescritíveis deveres que ela impõe.
355. Nos
fenômenos é, portanto, necessário distinguir três causas em ação: a vontade dos
experimentadores, as forças exteriorizadas do médium e dos assistentes e a
intervenção dos Espíritos. Os próprios fenômenos se podem dividir em duas
grandes categorias: os fatos magnéticos e os fatos mediúnicos; uns e outros,
porém, intimamente se entrelaçam e muitas vezes se confundem.
356. O
médium, uma vez mergulhado em sono magnético, acha-se em três estados distintos
que se podem nele suceder, a cada um dos quais corresponde uma ordem de
fenômenos. São eles:
1 - O estado
superficial de hipnose, favorável aos fatos telepáticos e à transmissão de
pensamento. Os que, todavia, se produzem nesse estado são em geral pouco
concludentes; o desprendimento do corpo fluídico do médium é incompleto, e sua
ação pessoal se pode misturar à sugestão do Espírito.
2 - O sono
magnético real, que permite ao corpo fluídico do médium exteriorizar-se e agir
à distância.
3 - O sono profundo, graças ao qual se produzem as
aparições, as materializações, a levitação do médium, as incorporações. O sono
mediúnico, em suas várias fases, pode ser provocado, ora por um dos
experimentadores, ora diretamente pelo Espírito. Julgamos preferível deixar
agir a influência oculta, quando suficiente. Assim se evitará a objeção
habitual de que a ação do magnetizador favorece a sugestão.
(1) A fortiori – expressão latina que significa ‘com tanto mais
razão’, usada, em Lógica, na expressão ‘raciocínio a fortiori’.
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