quarta-feira, 3 de julho de 2024

 



Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 17

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Qual é o objetivo dos trabalhos de cura espiritual?

B. Os animais também podem ver os Espíritos?

C. Qual defeito é mais difícil de erradicar?

 

Texto para leitura

 

195. A Revista relata outro caso de cura em que o agente foi o Espírito do Dr. Demeure. O paciente foi a Sra. Maurel, médium de Montauban, a qual, após cair, fraturou o antebraço, um pouco abaixo do cotovelo. Os pais dela iam procurar o primeiro médico que aparecesse quando ela, retendo-os, tomou de um lápis e escreveu mediunicamente, com a mão esquerda: “Não procureis um médico; eu me encarrego disto. Demeure.” A Revista descreve os procedimentos adotados pelo Dr. Demeure. (Págs. 255 a 258.)

196. Ao comentar o episódio, Kardec fala sobre o objetivo dos trabalhos de cura espiritual. Os médicos desencarnados, diz ele, não vêm fazer concorrência aos médicos vivos, nem têm por fim suplantá-los, mas seu objetivo é provar que não morreram e oferecer seu concurso desinteressado aos que quiserem aceitá-lo. “Os Espíritos – acrescenta o Codificador – vêm ajudar o desenvolvimento da ciência humana, e não suprimi-la.” (Págs. 258 a 260.)

197. A propósito de um estudo feito pelo Dr. H. Bouley sobre a evolução da raiva nos cães, que experimentam, nas intermitências dos acessos, uma espécie de delírio, a Revista examina o fenômeno das visões de seres desencarnados que ocorre com as criancinhas e com certos animais, sobretudo o cão e o cavalo. No tocante às crianças – diz o artigo –, a vidência mediúnica parece ser frequente e mesmo geral. (Págs. 260 a 264.)

198. Relativamente à vidência nos animais, Moki (Espírito) responde afirmativamente: “Sim: o cão e o cavalo veem ou sentem os Espíritos”. “Os fatos de visões nos animais se encontram na antiguidade e na Idade Média, assim como em nossos dias.” (Págs. 265 e 266.)

199. A Revista transcreve carta publicada no Grand Journal de 18 de junho de 1865, em que o missivista, de nome Bertelius, tenta explicar, apoiando-se exclusivamente no fenômeno do sonambulismo, o sonho e os fatos ocorridos com o Sr. Bach. Repelindo a tese da intervenção dos Espíritos, Bertelius entende que a causa dos aludidos fatos se encontra na ação exclusiva da alma encarnada, agindo independentemente dos órgãos materiais, como se dá no sonambulismo. (Págs. 266 a 271.)

200. Em breve comentário da tese exposta por Bertelius, Kardec observa que se produzia naquele momento, entre os negadores do Espiritismo, uma espécie de reação, ou melhor, formava-se uma terceira opinião: a tese do sonambulismo, para explicar os fatos espíritas. O Sr. Bertelius, como se vê, era partidário dessas ideias. (Págs. 266 e 267.)

201. Que ocorre ao egoísta na vida post-mortem? “A cada um segundo as suas obras”, disse Jesus. Citando essa frase, um Espírito protetor disse a um correspondente da Revista, em Lyon, que ninguém pode escapar às consequências dos defeitos que possua. “Uma qualidade não resgata um defeito; diminui o número destes e, por conseguinte, a soma das punições.” (Págs. 271 a 273.)

202. Na mesma mensagem, o instrutor desencarnado assevera que o defeito mais difícil de ser erradicado é o egoísmo, porque o egoísta encontra em si mesmo a sua satisfação, razão pela qual dele não se apercebe. “O egoísmo – acrescenta a mensagem – é sempre uma prova de secura de coração; estiola a sensibilidade para os sofrimentos alheios.” É por isso que do egoísta não se deve esperar senão a ingratidão, porquanto, se o reconhecimento verbal nada lhe custa, o reconhecimento em ação o fatigaria e perturbaria o seu repouso. (Pág. 273.)

203. Na seção de livros, a Revista comunica o lançamento do livro O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo, de Kardec, do qual apresenta um resumo do prefácio. (Págs. 274 a 277.)

204. No prefácio citado, Kardec diz que O Livro dos Espíritos contém as bases fundamentais do Espiritismo; é ele a pedra angular do edifício e todos os princípios da doutrina são aí apresentados. Era, porém, necessário dar-lhe os desenvolvimentos, deduzir-lhe as consequências e as aplicações. (Págs. 274 e 275.)

205. Referindo-se à segunda parte de O Céu e o Inferno, Kardec informa que ela encerra numerosos exemplos que serviram de estabelecimento da teoria ali exposta, exemplos que tiram sua autoridade na diversidade dos tempos e lugares onde foram obtidos, porque se emanassem de uma única fonte poderiam ser considerados produto de uma mesma influência. (Pág. 276.)

206. A Revista noticia, em seguida, a obra intitulada Palestras Familiares sobre o Espiritismo, obra de Émilie Collignon, de Bordeaux, que traz uma exposição completa, posto que sumária, dos verdadeiros princípios da doutrina, em linguagem familiar, ao alcance de todos e sob uma forma atraente. Kardec recomenda sua leitura. (Págs. 277 e 278.)

207. O número de outubro de 1865 se inicia com novo artigo de Kardec sobre o vidente da floresta de Zimmerwald, um camponês do cantão de Berne, que possuía a faculdade de ver num copo as coisas distantes. Um ano antes a Revista havia tratado do assunto, quando Kardec expôs a teoria dos objetos vulgarmente designados espelhos mágicos, a que ele preferiu chamar espelhos psíquicos.  (Pág. 279.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Qual é o objetivo dos trabalhos de cura espiritual?

Kardec tratou do assunto ao comentar a cura da Sra. Maurel por ação do Espírito do Dr. Demeure, cujos procedimentos foram relatados pela Revista. Os médicos desencarnados, diz o Codificador, não vêm fazer concorrência aos médicos encarnados, nem têm por fim suplantá-los. Seu objetivo é provar que não morreram e oferecer seu concurso desinteressado aos que quiserem aceitá-lo. “Os Espíritos – acrescenta o Codificador – vêm ajudar o desenvolvimento da ciência humana, e não suprimi-la.” (Revista Espírita de 1865, pp. 255 a 260.)

B. Os animais também podem ver os Espíritos?

Sim. Segundo Moki (Espírito), o cão e o cavalo veem ou sentem os Espíritos. “Os fatos de visões nos animais se encontram na antiguidade e na Idade Média, assim como em nossos dias.” (Obra citada, pp. 264 a 266.)

C. Qual defeito é mais difícil de erradicar?

É o egoísmo, um defeito difícil de ser erradicado porque o egoísta encontra em si mesmo a sua satisfação, razão pela qual dele não se apercebe. O egoísmo é sempre uma prova de secura do coração, que estiola a sensibilidade para os sofrimentos alheios. É por isso que do egoísta não se deve esperar senão a ingratidão, visto que, se o reconhecimento verbal nada lhe custa, o reconhecimento em ação o fatigaria e perturbaria o seu repouso. (Pág. 273.) (Obra citada, pp. 272 e 273.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/06/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0966807364.html

 

 

 

 

 

 

 

 

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