Qual deve ser
a posição de um médium espírita ante a crítica?
Formulada por um amigo, esta mesma questão
foi examinada por Kardec numa de suas obras.
Entenda-se por crítica a análise
desapaixonada, imparcial, sem segundas intenções, daquilo que se faz ou se
escreve, que pode ser uma peça teatral, um poema, um romance, uma obra
literária qualquer.
No caso da mediunidade, tanto a
psicofônica como a psicográfica, é evidente que o primeiro crítico deve ser o
próprio médium. A razão é simples. Segundo Kardec, um dos grandes escolhos da
mediunidade é, como sabemos, a obsessão e a fascinação. Os médiuns podem então
iludir-se de boa-fé sobre o mérito das comunicações que obtêm, e os Espíritos
mentirosos têm ampla liberdade quando lidam apenas com cegos.
Por maldade ou por simples diversão,
característica que encontramos nos Espíritos levianos, eles podem procurar
afastar o médium de todo controle e levá-lo mesmo a tomar aversão por quem
poderia esclarecê-lo. Mais tarde, com a ajuda da fascinação e do isolamento,
conseguirão que ele aceite tudo o que quiserem.
Esse fato – lembra-nos o codificador do
Espiritismo – não é somente um escolho,
mas um perigo; melhor dizendo: um verdadeiro perigo. O único meio de evitá-lo é
o controle de pessoas desinteressadas e benevolentes que, julgando as comunicações
com sangue frio e imparcialidade, podem abrir-lhe os olhos e fazê-lo perceber o
que ele não pode ver por si mesmo.
Se o médium teme esse julgamento, eis um
sinal de que se encontra no caminho da obsessão. Se crê que a luz se faz
somente para ele, eis alguém completamente sob o jugo. Se fica melindrado com a
crítica, se a repele, se se irrita com ela, não existe dúvida sobre a má
natureza do Espírito que o assiste.
É essa a razão pela qual, na falta de suas
próprias luzes, o médium deve modestamente recorrer à dos outros, segundo estes
dois provérbios bem conhecidos: "quatro
olhos enxergam melhor do que dois" e "nunca se é bom juiz em causa própria".
O médium bem orientado deve, por fim,
aceitar com reconhecimento e mesmo solicitar o exame crítico das comunicações
que recebe, porque aí está a melhor garantia contra o envolvimento com
Espíritos enganadores e o perigo da fascinação.
Lembramos ao leitor que as palavras acima
são um mero resumo do que podemos ler no item 329 d´O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
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