Em alentado estudo constante do
livro Obras Póstumas, Kardec analisa
o conhecido lema da Revolução francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”.
“Estas três palavras – diz o Codificador - constituem, por si sós, o programa
de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade,
se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação.” (Obra citada, FEB, 26a ed., pág.
233.)
Parece-nos que a solução do
estado de violência que nos assusta, em que os assaltos, os sequestros e os
assassínios estão na ordem do dia, passa pela aplicação da proposta feita por
Kardec no aludido estudo.
Nele, em primeiro lugar, o
Codificador define o que é fraternidade, que, na rigorosa acepção do termo,
resume todos os deveres dos homens, uns para com os outros.
Fraternidade significa:
devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por
excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: «Proceder para com
os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco.» A
fraternidade é, como se vê, o oposto do egoísmo, que diz: «Cada um por si.»,
enquanto que ela propõe: «Um por todos e todos por um.»
Como tais valores são a negação
um do outro, tão impossível é que um egoísta proceda fraternalmente para com os
seus semelhantes, quanto a um avarento ser generoso.
Ora, sendo o egoísmo a chaga
dominante da sociedade, enquanto ele reinar soberanamente, impossível será o
reinado da fraternidade verdadeira. Impõe-se, pois, combatê-lo com todas as
nossas forças, de modo que em seu lugar possa um dia reinar absoluta a
fraternidade.
Feitas tais considerações e
focalizando diretamente o lema dos revolucionários franceses, Kardec conclui:
“Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da
felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base. Sem ela,
não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da
fraternidade e a liberdade é consequência das duas outras.”
De fato.
A vivência cristã implica um
clima de convivência social em regime de fraternidade, em que todos se ajudam e
se socorrem, dirimindo dificuldades e problemas. Viver o Cristo é conviver com
o próximo, aceitando-o tal qual é, com seus defeitos e imperfeições, sem a
pretensão de corrigi-lo. O verdadeiro cristão inspira seu semelhante com
bondade para que ele mesmo desperte e mude de conduta de moto próprio.
Diz Joanna de Ângelis que, ao
descer das Regiões Felizes ao vale das aflições para nos ajudar, Jesus
mostrou-nos como devem agir os que se dizem cristãos. E evocando o exemplo do
Cristo, a mentora de Divaldo P. Franco recomenda (Leis Morais da Vida, cap. 31):
“Atesta a tua confiança no Senhor
e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos
que tu mesmo.
Sê-lhes a
lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada esperes
dos outros.
Sê tu quem
ajuda, desculpa, compreende.
Se eles te
enganam ou te traem, se te censuram ou te exigem o que te não dão, ama-os mais,
sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.
Se
conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los
companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre
refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais
ascendes na direção de Deus.”
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