Depois da morte
Antero de Quental
Depois de
extravagâncias de teoria,
No seio dessa ciência
tão volúvel,
Sobre o problema
trágico, insolúvel,
De ver o Deus de
Amor, de quem descria,
Morri, reconhecendo,
todavia,
Que a morte era um
enigma solúvel,
Ela era o laço eterno
e indissolúvel,
Que liga o Céu à
Terra tão sombria!
E por estas regiões
onde eu julgava
Habitar a
inconsciência e a mesma treva
Que tanta vez os
olhos me cegava,
Vim, gemendo,
encontrar as luzes puras
Da verdade brilhante,
que se eleva,
Iluminando todas as
alturas.
Antero de Quental nasceu na ilha
de São Miguel, nos Açores, em 1842, e desencarnou por suicídio, em 1891. É
vulto eminente e destacado nas letras portuguesas, caracterizando-se pelo seu
espírito filosófico. O soneto acima, psicografado pelo médium Chico Xavier,
integra o Parnaso de Além-Túmulo.
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