terça-feira, 11 de novembro de 2025

 



Atos bondosos salvam

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Que toda palavra cause mais amor do que ferida; que se ainda não houver a palavra sábia e carinhosa, então, que o silêncio respeite o momento. Que todo encontro deixe lembranças e impressões mais felizes e curativas; que o autoconhecimento se fortaleça e, naturalmente, abrace outros corações ainda perdidos. Que as orações emanem consolo e bondade, coragem e renovação para os seres em dores físicas, morais e espirituais. Que o olhar piedoso, tanto o que lança quanto o que recebe, seja fortalecido com a luz amorosa divina.

Os bons sentimentos, atitudes e palavras são bálsamos quando chegam ao coração aflito; à mente desesperada, ao corpo machucado ou enfermo; ao espírito desanimado; às crianças desvalidas; aos idosos esquecidos; à consciência que já se declara ferreamente culpada; ao pai desempregado; à mãe abandonada junto dos filhos; aos abatidos de dores inimagináveis; aos que são evitados e jogados ao frio abandono; a todos os que sofrem, pois quando a luz chega, é, também, a vida que nasce.

Nas ocasiões, muito se pode beneficamente realizar, não necessita ser apenas uma impactante atitude, pois o bem já é notável onde se apresenta e da forma como se doa. E embora, também, tenhamos certas dificuldades e sofrimentos, comprova-se que todos nós sempre podemos ajudar, já que não se mede a hierarquia do amparo, mas se valoriza com o coração.

Ainda que a dor nos visite, há sempre uma dor alheia maior do que a que experimentamos. Se nos falta algo, muitos nunca tiveram quase nada; se o físico nos impossibilita a ação de quando éramos jovens, lembremo-nos de tantos que nem viveram os primeiros anos de vida. Ainda que a falta de fé, às vezes, nos assalte o coração, muitos ainda não sentiram o fluido amoroso de nenhuma oração elevada a Deus. Há os milhares que vivem como seres inteiramente apáticos e subjugados; nós, com infinita alegria, já sentimos um pouco da paz que vem das falas e ensinamentos do Evangelho. Mesmo que alguns dias se tornem pesadamente acinzentados, sabemos que o céu azul retorna com o seu brilho, pois já experienciamos momentos assim. No entanto existem corações que, há séculos, percebem apenas sombras desesperançadas.

Também perceberemos quanto somos afortunados quando desejarmos amparar mais e querer sofrer menos. À medida que olhamos a vida com mais bondade e agradecimento, o caminho adiante passa a se iluminar e o nosso ser, por inteiro, se harmoniza, fortalece e expande.

O céu é infinito; enquanto o chão, muito próximo e limitado.

 


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segunda-feira, 10 de novembro de 2025

 



Caridade

 

Fabiano de Cristo (Espírito)

 

Sem a caridade, tudo, na Terra que povoamos, seria o caos do princípio.

A ciência ateará sempre a chama da palavra nos lábios humanos, erguendo pedestais à inteligência; mas, sem a caridade de Jesus, que alimenta o corpo e sustenta a vida, debalde se levantarão púlpitos e monumentos.

Todos os patrimônios que enriquecem o homem foram acumulados pela graça do Senhor, considerando o progresso em seus alicerces profundos.

A caridade divina é tangível em toda parte.

Caridade é o ar que respiramos, a luz que nos aclara os caminhos, o grão que nos supre de forças, o pano que nos envolve, a afeição que nos acalenta, o trabalho que nos aperfeiçoa e a experiência que nos aprimora.

O mundo inteiro é uma instituição de amor divino, a que nos acolhemos para amealhar a riqueza do futuro. A caridade é a coluna central que o mantém. Sem ela, que exprime paciência e humildade, serviço e elevação, a máquina da vida paralisaria em todas as peças. Sem ela, os santos mofariam no paraíso e os pecadores clamariam, desesperados, no inferno; os fortes não se inclinariam para os fracos, nem os fracos vicejariam ao contato dos fortes; os sábios apodreceriam na estagnação, por ausência de exercício, e os ignorantes gemeriam, condenados indefinidamente às próprias trevas.

Mas a bendita sentinela de Deus é o Anjo Guardião do Universo, e nunca relega as criaturas ao desamparo, ensinando que a vitória do bem, com ascensão para a luz, é sempre obra de cooperação, interdependência e fraternidade.

A estátua não desfrutaria o louvor da praça pública sem a caridade do material inferior que lhe assegura o equilíbrio na base; a luz não nos livraria das sombras se a candeia acesa no velador não lhe dirigisse os raios para o chão.

O solo aceita as exigências do rio que o desgasta, incessantemente, e, com isto, a escola terrestre permanece viva e fértil; a semente conforma-se com o negrume e a soledade na cova e, assim, a mesa tem pão.

Sem obediência às normas da caridade, que exalta o sacrifício de cada um para a bem-aventurança de todos, qualquer ensaio de felicidade é impraticável.

Somos todos filhos da Graça Divina e herdeiros dela, e, para santificarmos a vanguarda do progresso, é imprescindível dar de nós mesmos, em oferta permanente ao bem universal.

Todo egoísmo está condenado de início.

A água, sem proveito, putrefaz-se. O arado inativo é carcomido pela ferrugem. A flor estéril torna ao adubo. O espírito permanentemente circunscrito ao estreito círculo de si mesmo é castigado com a desilusão.

Recebendo as bênçãos do Céu, através de mil vias, a cada instante da experiência no corpo, o homem que não aprendeu a dar, em auxílio espontâneo aos semelhantes, é louco e infeliz.

Multipliquem-se palácios para a administração e para a cultura do cérebro; mas, enquanto a porta do coração não se descerrar ao toque do amor fraterno, a guerra será o vulcão espiritual do mundo, devorando a Paz e a Vida.

Descubram-se preciosos segredos da matéria e entoem-se cânticos de triunfo no seio das nações gloriosas da Terra; mas, enquanto o homem não ouvir o apelo suave da caridade, para fazer-se verdadeiro irmão do próximo, o solo do Planeta permanecerá empestado de vermes e encharcado de sangue dos mártires, que continuarão tombando a serviço da divina virtude em intérmina caudal.

 

Do livro Falando à Terra, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 




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domingo, 9 de novembro de 2025

 



O mal que nos faz mal não é o mal que nos fazem

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Uma pessoa escreveu-nos o seguinte:


Em relação ao matrimônio e divórcio, tenho uma dúvida. Se esta união no plano espiritual se refere a um resgate entre dois seres, pode uma das partes dar um fim no relacionamento em qualquer altura, mesmo sabendo que a outra parte ainda alimenta sentimentos em relação ao parceiro? O que pensar das separações e divórcio? Como podemos aceitar melhor o fim de um relacionamento? Como podemos saber que este débito já está quitado? E os outros membros da família (filhos, pais, etc.) como ficam? Têm eles também que passar por esta prova?

 

Para falarmos de divórcio é necessário falar primeiramente de casamento, assunto sobre o qual nos manifestamos oportunamente na seção O Espiritismo responde da revista O Consolador. (Para ler o texto então publicado, clique aqui.)

Naquela oportunidade, entre outras considerações acerca das ligações matrimoniais, reproduzimos duas importantes informações que nos foram trazidas por Emmanuel, a saber:

 

“O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.” (O Consolador, pergunta 175.)

“O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos Espíritos, razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das provas expiatórias ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam.” (O Consolador, pergunta 179.)

 

Toda vez que ocorre uma separação quebra-se um compromisso, que ficará, então, adiado, transferido, relegado para uma futura oportunidade. Esse é o entendimento dado por André Luiz ao evento chamado divórcio:

 

"Divórcio, edificação adiada, resto a pagar no balanço do espírito devedor. Isso geralmente porque um dos cônjuges, sócio na firma do casamento, veio a esquecer que os direitos na instituição doméstica somam deveres iguais.

Auxiliemos, na Terra, a compreensão do casamento como sendo um consórcio de realizações e concessões mútuas, cuja falência é preciso evitar.” (Sol nas Almas, cap. 10.)

 

É evidente que nos casos em que o divórcio tenha interrompido a programação que os cônjuges fizeram antes de reencarnar, os compromissos não solvidos persistirão, visto que a fuga ao dever não é capaz de liberar o devedor da responsabilidade assumida.

Tal é, com certeza, o motivo pelo qual os instrutores espirituais aceitam o divórcio, mas não o incentivam, embora seja evidente que existem situações em que ele se apresente como a única opção possível, adiando-se então a realização, que será retomada oportunamente, quando isso se tornar possível.

Para Emmanuel, coerentemente com esse entendimento, o divórcio deve ser cogitado como medida de última instância. Eis o que ele escreveu:

 

"Ergueste o lar por amor e tão só pelo amor conseguirás conservá-lo. Inegavelmente não se te nega o direito de adiar realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate de certos débitos, de vez que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do amor. Entretanto, nos dias difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas na condição de medida articulada em última instância.” (Na Era do Espírito, cap. 11.)

 

José Herculano Pires, o sempre admirado e respeitado pensador espírita, trouxe-nos também sua contribuição sobre o assunto:

 

 “Quem ama sabe tolerar e perdoar. As dificuldades serão superadas dia a dia pelo cultivo do amor. O cultivo do amor é como o cultivo da arte. E quem romper um casamento de amor, por simples intolerância, não encontrará mais remédio para a sua solidão." (Na Era do Espírito, cap. 11.)

 

De forma resumida, com fundamento no que os ensinos espíritas apresentam, podemos concluir:

1) O Espiritismo aceita o divórcio quando os cônjuges já se encontram separados. O divórcio será então uma forma jurídica de legalizar o que de fato já se consumou.

2) O divórcio deve ser medida de última instância, quando não mais exista nenhum clima de convivência entre os cônjuges.

3) Divórcio é, em verdade, uma edificação adiada, resto a pagar no balanço do espírito devedor.

4) Todos os problemas gerados a partir da separação conjugal pesarão na folha daquele que lhe foi a causa.

Esperamos que estas explicações satisfaçam à dúvida dos que nos leem.

Quanto à melhor forma de aceitar o fim de um relacionamento, cremos que o cônjuge lesado deve manter a esperança e a confiança em Deus, com a certeza de que na vida será sempre melhor receber a ofensa ou a agressão do que sermos aquele que ofende ou agride.

O mal que nos faz mal – lembra-nos Divaldo Franco – não é o mal que nos fazem, mas o mal que fazemos. Já o amor, quando verdadeiro, vencerá sempre...

 

 

Nota do Autor:

Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/11/para-onde-vao-ao-morrerem-as-criancas.html

 

 

 

 

 

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