Humanidade e irmandade
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Ao ser acordado, às 6h da manhã, por sua
esposa, com a informação de que o avião que transportava todo o time da
Chapecoense havia caído, disse Joteli: — Isso é triste demais! E não mais
conseguiu dormir naquele dia.
Depois, emocionou-se até as lágrimas quando
soube que apenas três jogadores do time haviam sobrevivido e um deles ainda
ficaria sem a perna direita, além de correr o risco de perder o pé esquerdo, o
goleiro Jackson Follmann, reserva do Marcos Danilo, herói do jogo anterior, que
ainda fora salvo com vida, mas falecera a caminho do hospital.
Os outros dois são o zagueiro Neto, em
estado crítico, no hospital, e o lateral Allan Ruschel, que não mais corre
perigo de morte.
Também saudamos outro herói da
sobrevivência, o jornalista Rafael Henzel.
Além desses brasileiros, somente se
salvaram o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena
Suárez, ambos bolivianos. De todos, Erwin é o que está em melhor condição
física. Parece ter caído de uma bicicleta e não de um avião destroçado.
O acidente repercutiu em todo o mundo, mas
a homenagem dos colombianos, que, imediatamente, pediram à CONMEBOL para
concederem o título de campeão sul-americano ao time da Chapecoense, foi
comovente. É o que se chama, no esporte, de fair
play. Bela demonstração de respeito e
desprendimento em favor do outro, que é tratado como amigo e não como
adversário.
Na quarta-feira, que seria o dia da
decisão, a torcida colombiana encheu o estádio com mais de 40.000 torcedores,
que traziam na mão uma vela branca acesa e faixas, nas quais se liam: “Somos
todos Chapecoense”, “Força Chape”, “Chape, campeã sul-americana”.
Os muros do estádio Atanásio Girardot, em
Medellín, foram adornados de flores e iluminados por velas e faixas de
encorajamento e solidariedade ao time dos bravos jogadores da Chape, juntamente
com toda a tripulação, jornalistas, dirigentes... Balões verdes elevaram-se aos
céus!
Jamais se viu coisa igual!
Na última segunda-feira, atendendo ao
desejo unânime do time colombiano, a Chapecoense foi considerada campeã
sul-americana de futebol, e o Club Atlético Nacional, de Medellín, recebeu o
troféu do centenário da CONMEBOL pelo fair
play concedido, numa demonstração de
“espírito de paz, compreensão e jogo limpo”.
Aqui no Brasil, o que parecia impossível
aconteceu: as torcidas de São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras se
reuniram em linda e pacífica homenagem à Chapecoense e seus atletas mortos
segundo a carne.
Que bom seria se não somente essas, mas
todas as torcidas esportivas, fizessem um pacto de não agressão e repúdio a
qualquer tipo de violência, antes, durante e após as competições, a partir
dessas manifestações comoventes e sinceras, que nos fazem lembrar as palavras
de Jesus: - Amai-vos uns aos outros!
E que, numa partida de futebol, vença o
melhor, mas respeite-se o vencido, competindo-se sempre com lealdade e
verdadeiro espírito esportivo, como tão bem soube demonstrar o Club Atlético
Nacional da Colômbia, país irmão a quem devemos eternamente a nossa gratidão
pela lição de solidariedade que nos prestou, repercutindo no mundo inteiro.
Fica aqui a sensação de que, nas tragédias,
percebemos quanto somos frágeis, mas também quanto podemos nos fortalecer com
os gestos de solidariedade e de amor recebidos. Isso acontece porque, nesses
momentos, o sentido da palavra humanidade torna-se sinônimo de irmandade.
Como consultar as matérias deste blog? Se você não
conhece a estrutura deste blog, clique neste link: http://goo.gl/OJCK2W, e verá como
utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário