O caráter da revelação espírita
Este é o quarto
texto de uma série que esperamos sirvam aos neófitos como iniciação ao estudo
da doutrina espírita. Os estudos aqui apresentados foram elaborados de acordo
com o temário que a Federação Espírita Brasileira adotou nos primórdios do ESDE
- Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita.
Cada texto compõe-se
de duas partes:
- questões para
debate
- texto para
leitura.
As respostas
correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido
para leitura.
Questões para debate
1. Que significa a
palavra revelação e qual a sua característica essencial?
2. Segundo o
ensinamento dado pelos Espíritos superiores, quais foram as três revelações da
lei de Deus?
3. Quem personifica
a segunda revelação da lei de Deus?
4. Podemos dizer que
o Espiritismo, considerado a 3ª revelação da lei de Deus, está personificado em
Allan Kardec?
5. Como foi
transmitido aos homens o ensino espírita?
Texto para leitura
1. Revelar, do latim
revelare, cuja raiz é velum, véu,
significa literalmente sair de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a
conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. A característica essencial de
qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido
um fato; se é falso, já não é um fato e, por conseguinte, não existe revelação.
O caráter essencial da revelação divina é, pois, o da eterna verdade. Toda revelação
eivada de erros, ou sujeita à modificação, não pode emanar de Deus.
2. "O
Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de
Moisés, é consequência direta da sua doutrina", assevera Kardec no cap. I
de seu livro A Gênese. Acrescenta
ele, à ideia vaga da vida futura, ensinada por Jesus, a revelação acerca da
existência do mundo invisível que nos rodeia, define os laços que unem a alma
ao corpo, e levanta o véu que ocultava aos homens os mistérios do nascimento e
da morte.
3. A primeira
revelação da lei de Deus está personificada em Moisés, a segunda no Cristo, a
terceira não está personificada em pessoa alguma. As duas primeiras foram
individuais; a terceira é coletiva. Eis aí o caráter essencial da revelação
espírita.
4. Ela é coletiva no
sentido de não ser feita ou dada como privilégio a pessoa alguma. Ninguém pode,
por conseguinte, inculcar-se como seu profeta exclusivo, porque ela foi
espalhada simultaneamente por sobre a Terra, a milhões de criaturas, de todas
as idades e condições sociais, confirmando a predição de Joel, registrada em Atos dos Apóstolos (cap. 2, vv. 16 a
18): "Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre
toda a carne; os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões,
e os velhos sonhos".
5. As duas primeiras
revelações, sendo fruto do ensino pessoal, ficaram forçosamente localizadas,
isto é, apareceram num só ponto, em torno do qual a ideia se propagou pouco a
pouco, mas foram precisos muitos séculos para que atingissem as extremidades do
mundo, sem mesmo o invadirem inteiramente. A terceira tem isto de particular:
não estando personificada em um só indivíduo, surgiu simultaneamente em
milhares de pontos diferentes, que se tornaram centros ou focos de irradiação.
6. Vinda numa época
de emancipação e madureza intelectual, em que a inteligência, já desenvolvida,
não se resigna a representar papel passivo e em que o homem nada aceita às
cegas, mas quer ver aonde o conduzem, quer saber o porquê e o como de cada coisa
-- tinha ela que ser ao mesmo tempo o produto de um ensino e o fruto do
trabalho, da pesquisa e do livre exame.
7. Os Espíritos não
ensinam senão justamente o que é necessário para guiar o homem no caminho da
verdade, mas abstêm-se de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo,
deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da
razão.
8. Em parte alguma,
afirma Kardec, o ensino espírita foi dado integralmente. Ele diz respeito a tão
grande número de observações, a assuntos tão diferentes, exigindo conhecimentos
e aptidões mediúnicas especiais, que impossível era achar-se reunidas num mesmo
ponto todas as condições necessárias. Tendo o ensino que ser coletivo e não
individual, os Espíritos dividiram o trabalho, disseminando os assuntos de
estudo e observação como, em algumas fábricas, a confecção de cada parte de um
mesmo objeto é repartida por diversos operários.
9. A revelação
fez-se assim parcialmente em diversos lugares e por uma multidão de
intermediários, e é dessa maneira que prossegue ainda, pois que nem tudo foi
revelado. Cada centro encontra nos outros centros o complemento do que obtém, e
foi o conjunto, a coordenação de todos os ensinos parciais que constituíram a
Doutrina Espírita.
10. Nenhuma ciência
existe que haja saído prontinha do cérebro de um homem. Todas, sem exceção, são
fruto de observações sucessivas, apoiadas em observações anteriores, para
chegar ao desconhecido. Foi assim que os Espíritos procederam com relação ao
Espiritismo; daí ser gradativo o ensino que ministram.
11. Um último
caráter da revelação espírita, que ressalta mesmo das condições em que ela se
produz, é que, apoiando-se em fatos, ela tem que ser, e não pode deixar de ser,
essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação.
12. Entendendo com
todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio de suas próprias
descobertas, ela assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer
ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado
o domínio da utopia. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais
será ultrapassado.
13. Por sua
natureza, a revelação espírita tem duplo caráter, pois participa, ao mesmo
tempo, da revelação divina e da revelação científica. Numa palavra, é divina a
sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo sua elaboração fruto do
trabalho do homem.
14. A revelação
cristã havia sucedido à revelação mosaica; a revelação espírita vem
completá-la. O Cristo a anunciou, e ele próprio preside a esse novo surto do
pensamento humano. Manifestando-se fora e acima das igrejas, seu ensino
dirige-se a todas as raças. Por toda parte os Espíritos proclamam os princípios
em que ela se apoia, convidando o homem a meditar em Deus e na vida futura.
15. Ela é, pois, a
revelação dos tempos preditos. Todos os ensinos do passado, parciais,
restritos, limitados na ação que exerciam, são por ela ultrapassados. Ela
utiliza os materiais acumulados; reúne-os, solidifica-os, para formar um vasto
edifício em que o pensamento, a vontade, possa expandir-se.
16. As Inteligências
superiores, em suas relações mediúnicas com os homens, confirmam os ensinos
ministrados pelos Espíritos menos adiantados e expõem o seu modo de ver, as
suas opiniões sobre todos os grandes problemas da vida e da morte, a evolução
dos seres e as leis superiores do Universo. Suas revelações concordam entre si
e se unem para constituir uma filosofia admirável.
17. O Espiritismo,
pois, não dogmatiza, nem se imobiliza. Sem nenhuma pretensão à infalibilidade,
seu ensino é progressivo como os próprios Espíritos o são.
Respostas às questões propostas
1. Que significa a palavra revelação e qual a sua
característica essencial?
Revelar, do latim revelare, significa literalmente sair de
sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou
desconhecida. A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a
verdade. O caráter essencial da revelação divina é, pois, o da eterna verdade.
Toda revelação eivada de erros, ou sujeita à modificação, não pode emanar de
Deus.
2. Segundo o ensinamento dado pelos Espíritos
superiores, quais foram as três revelações da lei de Deus?
O Decálogo, que
constitui a parte divina da lei mosaica, o ensino moral contido no Evangelho e
o Espiritismo.
3. Quem personifica a segunda revelação da lei
de Deus?
Jesus.
4. Podemos dizer que o Espiritismo,
considerado a 3ª revelação da lei de Deus, está personificado em Allan Kardec?
Não. A terceira
revelação, ao contrário das outras, tem isto de particular: não está
personificada em um só indivíduo, visto que surgiu simultaneamente em milhares
de pontos diferentes.
5. Como foi transmitido aos homens o ensino
espírita?
Diz Kardec que em
parte nenhuma o ensino espírita foi dado integralmente. Tendo o ensino que ser
coletivo e não individual, os Espíritos dividiram o trabalho, disseminando por
vários lugares os assuntos de estudo e observação, do mesmo modo que, em
algumas fábricas, a confecção de cada parte de um mesmo objeto é repartida por
diversos operários. A revelação fez-se assim parcialmente em diversos lugares e
por uma multidão de intermediários, e é dessa maneira que prossegue ainda, pois
que nem tudo foi revelado.
Nota:
Links
que remetem aos textos anteriores:
Texto
n. 1 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2016/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita.html
Texto
n. 2 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2016/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_17.html
Texto
n. 3 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2016/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_24.html
Como consultar as matérias deste blog? Se você não
conhece a estrutura deste blog, clique neste link: http://goo.gl/OJCK2W, e verá
como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário