A Reencarnação
Gabriel Delanne
Parte 10 e final
Concluímos hoje o estudo do clássico A Reencarnação, de Gabriel Delanne, de acordo com a tradução feita
por Carlos Imbassahy publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo tenha servido para o leitor como uma forma de
iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no
final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Sem a explicação dada pela Palingenesia, como explicar fenômenos
como o de Hennecke, que aos 2 anos sabia três línguas e com 2 anos e meio,
mamando ainda, pôde prestar um exame de História?
B. Se a reencarnação realmente existe, por que nos esquecemos das vidas
passadas?
C. Todos os incidentes infelizes da vida são expiações de faltas
passadas?
D. Qual é, afinal, o objetivo da reencarnação?
Texto para leitura
172. Como explicar de outra forma o caso inverossímil, mas bem real, de
Hennecke, que aos 2 anos sabia três línguas e com 2 anos e meio, mamando ainda,
pôde prestar um exame de História e Geografia? (PÁG. 292)
173. Embora se saiba que a lembrança do passado, que se manifesta de
maneira tão brilhante nas crianças-prodígios, não é geralmente conservada, é
possível, por vezes, que o Espírito encarnado recupere, momentaneamente, parte
de suas lembranças anteriores, quando se veja em lugares antes habitados por
ele. (PÁG. 293)
174. Quanto à origem da alma, as opiniões dos teólogos reduzem-se a
duas hipóteses: uns admitem que todas as almas estavam contidas na de Adão e
que se transmitem pela geração – tal a opinião de S. Jerônimo, Lutero e
Tertuliano, que não foi admitida universalmente. Outros entendem que é preciso
um ato da vontade divina para que se crie uma alma a cada nascimento, o que é
inconciliável com a bondade e justiça de Deus. (PÁG. 298)
175. O estudo das comunicações espíritas provou que a situação da alma,
depois da morte, é regida por uma lei de justiça infalível, segundo a qual os
seres se encontram em condições de existência rigorosamente determinadas por
seu grau evolutivo e pelos esforços que faz para melhorar-se. (PÁG. 299)
176. Admitindo-se que o nascimento atual é precedido de uma série de
existências anteriores, tudo se esclarece e se explica com facilidade: os
homens trazem, ao nascer, a intuição do que já adquiriram e são mais ou menos
adiantados, segundo o número de existências percorridas. (PÁG. 300)
177. O esquecimento de nosso passado se explica também com facilidade:
se a renovação do passado fosse geral, ela perpetuaria as dissensões e os ódios
que foram a causa das faltas anteriores, e se oporia ao progresso. (PÁG. 302)
178. É preciso observar que os incidentes infelizes da vida não são,
necessariamente, expiações de faltas anteriores. As provas são condições indispensáveis
para obrigar-nos a vencer nosso egoísmo e desenvolver as faculdades e virtudes
que nos fazem falta. (PÁG. 302)
179. O mal não é uma fatalidade inelutável de que não nos podemos
libertar: é um aguilhão, uma necessidade destinada a compelir o homem para a
estrada do progresso. (PÁG. 303)
180. Apesar dos sofismas dos retóricos, o progresso não é uma utopia.
Do ponto de vista material, o progresso salta aos olhos, embora, do ponto de
vista moral, seja ele mais lento. Quem pode comparar o proletariado atual com a
escravidão antiga? (PÁG. 304)
181. As vidas sucessivas têm, pois, por objeto o desenvolvimento da
inteligência, do caráter, das faculdades, dos bons instintos e a supressão dos
maus. (PÁG. 305)
182. Sendo contínua a evolução e perpétua a criação, cada um de nós, no
correr das existências, é feitura de si mesmo. (PÁG. 305)
183. Partimos todos do mesmo ponto, para chegar ao mesmo fim, e essa
comunhão de origem mostra-nos claramente que a fraternidade não é uma palavra
vã. (PÁG. 305)
184. O egoísmo é, ao mesmo tempo, um vício e um mau cálculo, porque a
melhoria geral só pode resultar do progresso individual de cada um dos membros
que constituem a sociedade. (PÁGS. 305 e 306)
185. Quando estas grandes verdades forem bem compreendidas,
encontrar-se-á menos dureza entre os que possuem, e menos ódio e inveja nas
classes inferiores. (PÁG. 306)
186. Se os que detêm a riqueza ficassem persuadidos de que, na próxima
encarnação, poderão surgir nas classes indigentes, teriam evidente interesse em
melhorar as condições sociais dos trabalhadores, e estes, reciprocamente,
aceitariam com resignação a sua situação momentânea, sabendo que, mais tarde,
poderão estar, por sua vez, entre os privilegiados. (PÁG. 306)
187. A Palingenesia é, pois, uma doutrina essencialmente renovadora, é
um fator de energia, visto que estimula em nós a vontade, sem a qual nenhum
progresso individual ou geral pode realizar-se. (PÁG. 306)
188. Podemos, então, dizer com Maeterlinck: "Reconheçamos, de
passagem, que é lamentável não sejam peremptórios os argumentos dos teósofos e
dos neoespiritistas; porque não houve nunca uma crença mais bela, mais justa,
mais pura, mais moral, mais fecunda, mais consoladora, e até certo ponto
verossímil que a deles". "Tão só com a sua doutrina das expiações e
das purificações sucessivas, ela explica todas as desigualdades sociais, todas
as injustiças abomináveis do destino." (PÁGS. 306 e 307)
Apêndice
1. Nascido em Paris no dia 23 de março de 1857, no mesmo ano em que
veio a lume a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, Gabriel Delanne faz
parte, ao lado de Léon Denis, Camille Flammarion e Ernesto Bozzano, da elite de
escritores espíritas cujas obras o estudioso do Espiritismo não pode
desconhecer. Sua desencarnação ocorreu em 15 de fevereiro de 1926, pouco antes
de completar 69 anos de idade.
2. As obras de Gabriel Delanne constantes do catálogo da Federação
Espírita Brasileira são: “O Fenômeno Espírita”, de 1893; “A Alma é Imortal”, de
1895; “A Evolução Anímica”, de 1895; “O Espiritismo perante a Ciência” e “A
Reencarnação”.
3. Seu pai, Alexandre Delanne, e sua mãe foram amigos e íntimos
companheiros de Kardec durante todo o tempo em que o Codificador realizou em
Paris seu trabalho de estruturação da doutrina espírita. Quando Kardec
desencarnou, Alexandre Delanne foi a primeira pessoa a dirigir-se à casa do
Codificador, atendendo com presteza a um chamado feito pela Sra. Amélie Boudet.
4. Ao ver o corpo de Kardec inanimado, Delanne friccionou-o,
magnetizou-o, mas em vão. Tudo estava acabado. Conta o Sr. E. Müller em carta
dirigida ao Sr. Finet, referindo-se à visita que fez naquele mesmo dia à casa
do Codificador: “Penetrando a casa, com móveis e utensílios diversos
atravancando a entrada, pude ver, pela porta aberta da grande sala de sessões,
a desordem que acompanha os preparativos para uma mudança de domicílio;
introduzido numa pequena sala de visitas, que conheceis bem, com seu tapete
encarnado, e seus móveis antigos, encontrei a Sra. Kardec assentada no canapé,
de face para a lareira; ao seu lado, o Sr. Delanne; diante deles, sobre dois
colchões colocados no chão, junto à porta da pequena sala de jantar, jazia o
corpo, restos inanimados daquele que todos amamos. Sua cabeça, envolta em parte
por um lenço branco atado sob o queixo, deixava ver toda a face, que parecia
repousar docemente e experimentar a suave e serena satisfação do dever cumprido”.
5. Um fato curioso ocorrido com Gabriel Delanne, quando ele contava 8
anos, é relatado por Kardec na Revista Espírita de 1865, às págs. 312 a 314.
Trata-se de uma experiência de tiptologia que Gabriel, auxiliado por três
crianças de sete, cinco e quatro anos, realizou a pedido de uma senhora. O
menino, após a evocação, pediu a ela que perguntasse quem respondia. A mulher
interrogou e a mesa soletrou duas palavras: Teu pai. Na sequência, a pedido
dela, o Espírito deu três provas de que era mesmo seu pai quem ali se
manifestava.
6. Comentando o caso, Kardec informa que não era a primeira vez que a
mediunidade se revelava em crianças e o que ocorreu fora já anunciado numa
célebre profecia: Vossos filhos e vossas
filhas profetizarão, a que se reporta o livro Atos dos Apóstolos,
2:17.
Respostas às questões
preliminares
A. Sem a explicação dada
pela Palingenesia, como explicar fenômenos como o de Hennecke, que aos 2 anos
sabia três línguas e com 2 anos e meio, mamando ainda, pôde prestar um exame de
História?
Não existe outra explicação para o fato, senão a hipótese da
palingenesia, segundo a qual o Espírito traz de suas existências passadas o
conhecimento manifestado nesta, que ele adquiriu graças a seus esforços e não a
um privilégio inadmissível concedido a ele pelo Criador. (A Reencarnação, cap. XIII, págs. 292 e 293.)
B. Se a reencarnação
realmente existe, por que nos esquecemos das vidas passadas?
O esquecimento de nosso passado se explica com facilidade: se a
renovação do passado fosse geral, ela perpetuaria as dissensões e os ódios que
foram a causa das faltas anteriores, e se oporia ao progresso. É por isso que
Deus permitiu que esquecêssemos temporariamente o que fizemos nas existências
passadas, favorecendo assim a harmonia nas relações sociais e familiares. (Obra
citada, cap. XIV, págs. 300 a 302.)
C. Todos os incidentes
infelizes da vida são expiações de faltas passadas?
Não. Esses incidentes não são, necessariamente, expiações de faltas
anteriores. Constituem, muitas vezes, provas indispensáveis a que vençamos
nosso egoísmo e desenvolvamos as faculdades e virtudes que nos fazem falta.
(Obra citada, cap. XIV, págs. 302 e 303.)
D. Qual é, afinal, o
objetivo da reencarnação?
As vidas sucessivas têm por objetivo o desenvolvimento da inteligência,
do caráter, das faculdades, dos bons instintos e a supressão dos maus. Partimos
todos do mesmo ponto, para chegarmos ao mesmo fim, e essa comunhão de origem
mostra-nos claramente que a fraternidade não é uma palavra vã. (Obra citada,
cap. XIV, págs. 304 a 306.)
Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:
Parte 7 – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/06/iniciacao-aos-classicos-espiritas.html
Parte 8 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/06/iniciacao-aos-classicos-espiritas_9.html
Parte 9 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/06/iniciacao-aos-classicos-espiritas_16.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: http://goo.gl/OJCK2W, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele
nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário