A chuva cai para alimentar a terra
CÍNTHIA
CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De
Londrina-PR
Enquanto
observava da janela da sala os últimos pingos após a tempestade, também buscava
inspiração para alguma prosa ou poesia, desejava escrever. Mas inspiração não é
coisa que se determina, ela vem quando quer, ou melhor, quando encontra terra
arada. E do telhado parou de pingar. E a ponta de minha caneta estava parada
sobre uma das páginas de um caderno ‒ prefiro ainda escrever à mão ‒ aguardando
um começo, uma palavra que viesse para uma composição.
Bem mais
seco estava o telhado. E a tarde continuou com a cor cinza, cor que acinzenta
as cores primárias. A caneta escapou e fez um risco no papel. Assustei, pois
não estava tão distraída assim. Mesmo em momentos de falta de inspiração, a
disciplina cria condição, porém, nesta hora, nenhuma condição fora criada para
minhas palavras. No entanto, outras palavras começaram a ser escritas.
Períodos, parágrafos eram escritos. Virei a página e continuava. Sabia que não
era minha literatura; eu estava presente, mas com certa ausência.
Foram
vinte e duas páginas escritas. As palavras eram inclinadas para a direita.
Quando escrevo, minha letra mantém posição vertical, portanto, não era minha
composição. De quem poderia ser? Busquei o início do texto. Apareceu o
vocativo, “Irmãos em Cristo”. Minha emoção transbordou em forma de forte
arrepio com o sentimento que mais o Mestre nos ensina: o amor.
E a
sequência da leitura foi em tom fraterno, amparador, de profunda instrução, a
qual todos, pelo menos superficialmente, conhecemos o conteúdo, mas muito
infelizmente relutamos em praticá-lo.
As
palavras eram arranjadas com perfeição, sem excesso, nem limitação. Estou com
as folhas em minhas mãos, no entanto, não consigo lê-las por inteiro, em voz
alta, ainda não me recompus. Porém, posso relatar um pouco do muito que está
escrito.
O início
foi a abençoada saudação. E o conteúdo, tão completo, traz-nos o que já
sabemos, não há vida se a vida não for cultivada, pois viver é muito além de
dormir, alimentar-se, trabalhar mecanicamente e aguardar o pôr do sol e o
amanhecer. Que o amor não será sentido se antes ele não brotar no próprio
coração; assim, também, não haverá o respeito, a paciência, a tolerância, o
perdão, a caridade se esses valores não forem sentidos antes pela própria
criatura. Como somos centelhas eternas, necessitamos alimentar com o apropriado
alimento o espírito a caminho da eternidade; materialidade pertence ao plano
físico. Tudo o que é utilizado de forma equilibrada também será valioso, logo
se aproveitará a sua essência. E uma citação primorosa: Somos centelhas criadas
por Deus e Ele nos habita. E não há luz nem vida quando o pai está adormecido
em nós.
Ainda
nestas vinte e duas páginas, a prece foi nominada como a bonança para o nosso
interior, quanto mais nos conectarmos com o Criador, mais sentiremos Sua
onipotência e onipresença.
O céu
foi clareando.
Guardarei
com gratidão o abençoado presente; primeiro, toda a lembrança do aprendizado e
segundo, as páginas em tinta que sempre me recordarão da certeza de que sou
filha de Deus, como você, e somos irmãos de Jesus.
Algumas
vezes não acontecerá o que desejamos, porém, o que devemos aprender e viver.
Graças a Deus que o Pai não faz a vontade do filho, mas, sim, o que sempre será
melhor para seu pequenino.
E antes
de anoitecer, o sol deixou alguns raios singelos no céu. E o telhado já estava
bem limpo para refletir o brilho das estrelas.
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: http://goo.gl/OJCK2W, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos
propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário