domingo, 9 de outubro de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



Temos a família que pedimos?

Uma amiga leitora pergunta-nos por que motivo, mesmo no meio espírita, existem pessoas que ajudam com boa vontade pessoas necessitadas não pertencentes à sua família, mas não fazem o mesmo com um irmão de sangue que esteja, por exemplo, passando por dificuldades financeiras. Se devemos ajudar os nossos irmãos mais próximos, por que tal coisa acontece?
Embora lamentável, o fato é perfeitamente explicável e não se trata apenas de negar ajuda, pois isso também se manifesta na ausência de tolerância, paciência, perdão, boa vontade, que é muito mais fácil ter com pessoas estranhas do que ter com um parente próximo.
Perguntaram certa vez a Divaldo Franco se temos a família que pedimos ou a família que merecemos. Ele respondeu, em outros termos: “Nem uma coisa, nem outra. Temos a família de que precisamos”.
Ensina o Espiritismo que, comumente, se reúnem no mesmo lar Espíritos amigos, companheiros de outras jornadas, mas também desafetos do passado. São eles pessoas que convidamos para compor o núcleo familiar com o objetivo de repararmos algo que lhes tenhamos feito em existências passadas.
Ocorre, porém, que – ignorando o que aconteceu no passado e o compromisso firmado antes da reencarnação – temos dificuldade em aceitá-las e até mesmo, em muitos casos, de viver a seu lado, debaixo de um mesmo teto.
No cap. XIV, item 9, d´O Evangelho segundo o Espiritismo, Santo Agostinho (Espírito) fala das desarmonias que se verificam, às vezes, entre pais e filhos e explica os motivos. Quando um desafeto dos pais reencarna na condição de filho, a dificuldade de relacionamento é óbvia. Eis a explicação que a respeito nos foi dada pelo citado Espírito: 

“Qual será o seu procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O incessante contato com seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a viver.
É como se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte de certas crianças e que parecem injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há podido provocar semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário se torna volver o olhar ao passado.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)

Essa antipatia, esse antagonismo, pode ser perfeitamente transplantado para outros casos, como o relacionamento entre irmãos e cunhados, por exemplo. E é exatamente daí que advém a indiferença de uns com relação a um familiar que esteja enfrentando dificuldades.
Em face disso, muitos perguntam: Por que a vida faz com que esses Espíritos participem de um mesmo grupo familiar?

O ensino espírita a esse respeito é muito claro. Deus permite que nas famílias ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos com o duplo objetivo de servir de prova para uns e de meio de progresso para outros. Com a convivência e o aprimoramento dos relacionamentos, o caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as antipatias se esvaem. É desse modo que se opera a fusão das diferentes categorias de Espíritos, como se dá na Terra com as etnias e os povos. 


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