CINCO-MARIAS
É preciso educar crianças sem preconceitos
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou
ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem
aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar. Nelson Mandela
O preconceito é
construído socialmente, não nasce com a criança. A cada troca e interação, no
convívio cotidiano, a criança absorve valores, normas, crenças, e compreende o
mundo. Com isso, ela está totalmente disponível para aprender coisas
importantes e valiosas. De outra parte, a criança está suscetível também a
incorporar condutas sociais norteadas por preconceitos como o racismo, o
machismo etc., e que passam, infelizmente, de geração para geração.
Todos nós, que somos
pais/educadores, temos a oportunidade de ressignificar crenças e
comportamentos, predispondo-nos a educar uma criança sem preconceitos. E como
fazê-lo?
No dia a dia, em
razão do convívio diário com a criança, o diálogo é muito importante. Muitas
vezes a criança diz, por exemplo, que tem, na escola, um colega que ela rotula
de ‘chato’ ou ‘diferente’. Aproveitar essa rica oportunidade para reforçar seu
direito a escolher amigos de acordo com a afinidade, contudo ela deve sempre
respeitar a todos. Reforçar que o respeito vem antes de quaisquer preferências
é fundamental à educação de qualquer ser humano e futuro cidadão.
Levar o filho para
conhecer lugares frequentados por pessoas diversas também ajuda o processo
educativo da criança. Em feiras, museus, bibliotecas, parques, pracinha etc.,
ressaltar a diversidade presente no mundo, oferecendo à criança a chance de
notar diferenças e, portanto, ir pouco a pouco compreendendo que é a
diversidade que embasa natureza e sociedade.
Há pais que têm
receio de apresentar o mundo para a criança. Obviamente, respeitando a idade da
criança, desde cedo ela precisa aprender que os seres humanos são iguais, a
independer, por exemplo, de raça, credo, etnia... Nosso mundo é permeado por
distintas formas de expressão e é importante já na infância termos contato com
os contrastes para desenvolvermos empatia, solidariedade, respeito,
compreensão.
Por fim, ter
coerência entre o que falamos para a criança e como agimos é primordial para o
próprio processo da educação infantil. As crianças aprendem principalmente
reproduzindo nossas atitudes. Então o primeiro passo para que o filho respeite
o próximo é o pai ou a mãe reforçar atitudes respeitosas no cotidiano. É ser um
exemplo positivo. De modo atento, determinado, sobretudo se o adulto
responsável pela criança deriva de uma educação preconceituosa, procurar
observar-se, evitando comentários irônicos e desrespeitosos sobre as pessoas.
Na vida adulta, a autoeducação é ferramenta importante e contínua. Corrigir-se
com insistência, pois sempre é tempo de aprender a deixar para trás os
preconceitos. Tornar-se uma pessoa melhor sempre é alternativa inteligente e,
em consequência, ser um adulto mais preparado para guiar um ser humano no
começo da vida.
Notinhas
A palavra preconceito
une o prefixo “pré”, que significa anterior, ao vocábulo “conceito”, que remete
a significado ou juízo. Preconceito é um substantivo abstrato que designa o ato
de julgar, isto é, de emitir-se um juízo ou uma sentença sobre algo antes de
conhecer-se o que se é julgado. Julgar alguém pela cor de sua pele, por seu
gênero, sexualidade, classe social, origem geográfica, aparência física,
religião, deficiências etc. é uma forma de preconceito prejudicial para a
sociedade.
O preconceito está em
todo o mundo. Dependendo do lugar, certos tipos de preconceito podem ser mais
intensos que outros. No caso do Brasil, por exemplo, os principais tipos de
atitudes preconceituosas estão relacionados ao racismo (preconceito contra
negros), machismo, misoginia, sexismo (preconceito contra mulheres), homofobia,
xenofobia...
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Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da
consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de
São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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