Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 14
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que adjetivo
Kardec usou numa referência direta ao Cristianismo?
B. É possível a
aliança entre a ciência e a religião?
C. Pode um Espírito
ser mergulhado nas trevas?
Texto para leitura
162. O perigo que uma
transformação desse porte pode trazer à Igreja é formulado na seguinte passagem
de uma brochura publicada pelo padre Marin de Boylesve, da Companhia de Jesus:
“Há, entre outras, uma questão que, para a religião cristã, é de vida ou de
morte: a questão do milagre. A do diabo não o é menos. Tirai o diabo, e o
cristianismo desaparece. Se o diabo não passar de um mito, a queda de Adão e o
pecado original entrarão nas regiões da fábula. Por conseguinte, a redenção, o
batismo, a Igreja, o cristianismo, numa palavra, não têm mais razão de ser”.
(P. 202)
163. Ora - diz Kardec
-, é muito frágil a religião que teme o avanço das ideias e as descobertas
científicas; contudo, ao contrário do que afirma o padre Boylesve, o
cristianismo, tal qual saiu da boca de Jesus, mas apenas tal qual saiu, é
invulnerável, porque ele é a lei de Deus. (P. 202)
164. As religiões
sofrem, mau grado seu, a influência do movimento progressivo das ideias e uma
necessidade fatal as obriga a se manterem no nível do movimento ascensional,
sob pena de submergirem. “Se fosse impossível o acordo entre a ciência e a
religião, não haveria religião possível”, assevera o Codificador, acrescentando
que a ciência e a religião são irmãs para a maior glória de Deus e se devem
completar reciprocamente, ao invés de se desmentirem. (PP. 203 e 204)
165. Havendo o jornal
de Constantinopla publicado três extensos artigos contra o Magnetismo e o
Espiritismo, os espíritas daquela cidade se encarregaram de responder aos
ataques, em dois artigos publicados pelo mesmo jornal. Em carta dirigida a
Kardec, o advogado B. Repos Filho resumiu o clima adverso existente na citada
cidade. “Aqui começou - disse ele - a perseguição surda que anunciastes. Um dos
nossos irmãos deveu à sua qualidade de espírita a perda do emprego, outros são
atacados, ameaçados em seus mais caros interesses de família ou nos meios de
subsistência, pelas tenebrosas manobras dos eternos inimigos da luz, que ousam
dizer que o Espiritismo é obra do anjo das trevas! Se é assim que julgam
extingui-lo, enganam-se.” “Teria a ideia
cristã sido abafada no sangue dos mártires?” (PP. 204 a 210)
166. A Revista
transcreve uma crônica favorável ao Espiritismo publicada no Jornal do Comércio
do Rio de Janeiro, em 23-9-1863. Comentando o assunto, Kardec escreveu:
“Constatamos com satisfação que a ideia espírita faz sensíveis progressos no
Rio de Janeiro, onde conta numerosos representantes fervorosos e devotados”. E
acrescentou: “A pequena brochura O Espiritismo em sua expressão mais simples,
publicada em português, não contribuiu pouco para ali espalhar os verdadeiros
princípios da doutrina”. (P. 212)
167. Reportando-se a
uma carta que um confrade de Port-Louis, de Ilha Maurícia, publicou no jornal Progrés
Colonial, tendo o Pe. de Régnon por destinatário, Kardec observa: “Se o
Espiritismo tem detratores, também tem defensores por toda a parte, mesmo nas
regiões mais afastadas”. (PP. 213 e 214)
168. Do número de
junho de 1863 da Revue Spirite d’Anvers, a Revista transcreve uma
matéria em que se comenta o forte movimento que então se fazia no seio da
Igreja contra o Espiritismo. (PP. 215 e 216)
169. A propósito de
uma comunicação espontânea obtida na Sociedade Espírita de Paris, sendo médium
a Sra. Costel, informa Kardec que, enquanto uns Espíritos são mergulhados nas
trevas, outros são imersos em ondas de luz, que os ofuscam e penetram, como
setas agudas. (P. 218)
170. Em nota posta
depois de uma mensagem do Espírito de Lamennais, Kardec explica que expiação é
o sofrimento que purifica e lava as manchas do passado. Depois da expiação, o
Espírito está reabilitado. Há, contudo, sofrimentos que podem não ter proveito
para aquele que os suporta, se tais sofrimentos não o tornarem melhor, se não o
elevarem acima da matéria, se ele não vir neles a mão de Deus, se não o fizerem
dar um passo à frente. (P. 219)
171. Precipitar um
homem nas trevas ou em ondas de luz pode trazer, portanto, o mesmo resultado. É
que, diversamente do que ocorre com a justiça humana, a justiça divina
determina que as punições devem corresponder ao grau de adiantamento dos seres
aos quais são aplicadas. Igualdade de crime não constitui igualdade de pena
entre eles. Dois homens culpados no mesmo grau podem ser separados pela
distância das provações, que mergulham um na opacidade intelectual, ao passo
que o outro conserva a lucidez. Então, não são mais as trevas que castigam, mas
a acuidade da luz. (P. 220)
172. Na seção de
livros, a Revista noticia a publicação do livro A Educação Materna (Conselhos
às Mães de Família), psicografado pela Sra. Collignon, de Bordeaux, de autoria
de Étienne (Espírito). (P. 221)
173. Kardec noticia
também a edição em língua russa de seu livro O Espiritismo na sua expressão
mais simples, impresso em Leipzig por Baer & Hermann. (P. 223)
Respostas às questões propostas
A. Que adjetivo
Kardec usou numa referência direta ao Cristianismo?
Comentando um texto
publicado pelo padre Marin de Boylesve, da Companhia de Jesus, no qual é dito
que as questões do milagre e do diabo são essenciais para a sobrevivência
futura do Cristianismo, Kardec disse que é muito frágil a religião que teme o
avanço das ideias e as descobertas científicas; contudo, ao contrário do que
afirmou o padre Boylesve, o Cristianismo, tal qual saiu
da boca de Jesus, mas apenas tal qual saiu, é invulnerável, porque ele é a lei
de Deus. (Revista Espírita de 1864, pág. 202.)
B. É possível a
aliança entre a ciência e a religião?
Sim. “Se fosse
impossível o acordo entre a ciência e a religião, não haveria religião
possível”, asseverou o Codificador, acrescentando que a ciência e a religião
são irmãs para a maior glória de Deus e se devem completar reciprocamente, ao
invés de se desmentirem. (Obra citada, pp. 203 e 204.)
C. Pode um Espírito
ser mergulhado nas trevas?
Sim. Comentando uma
comunicação espontânea obtida na Sociedade Espírita de Paris, por meio da Sra.
Costel, Kardec disse que, enquanto uns Espíritos são mergulhados nas trevas,
outros são imersos em ondas de luz, que os ofuscam e penetram, como setas
agudas. Precipitar um homem nas trevas
ou em ondas de luz pode trazer, portanto, o mesmo resultado. É que, diversamente
do que ocorre com a justiça humana, a justiça divina determina que as punições
devem corresponder ao grau de adiantamento dos seres aos quais são aplicadas.
Igualdade de crime não constitui igualdade de pena entre eles. Dois homens
culpados no mesmo grau podem ser separados pela distância das provações, que
mergulham um na opacidade intelectual, ao passo que o outro conserva a lucidez.
Então, não são mais as trevas que castigam, mas a acuidade da luz. (Obra
citada, pp. 218 a 220.)
Observação:
Para
acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/11/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_01656855749.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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