domingo, 9 de junho de 2024

 



Como os espíritas veem a Bíblia

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Escrevemos este texto porque ainda existem pessoas, geralmente vinculadas a outras religiões cristãs, que alegam que os espíritas não têm pela Bíblia nenhum respeito.

Há verdade em tais alegações?

Claro que não. Os espíritas respeitam a Bíblia e mesmo a estudam, procurando extrair dela ensinamentos que possam concorrer para o progresso do ser humano.

Tal postura não impede que reconheçamos, como os advogados alemães Christian Sailer e Joachim Hetzel, que existam no Antigo Testamento passagens de muita crueldade e relatos de coisas bárbaras como genocídio, racismo, execuções de adúlteros e homossexuais e perversidades diversas atribuídos – indevidamente – à vontade de Deus.

Como muitos certamente sabem, Sailer e Hetzel pediram em agosto de 2000 à ministra da Família da Alemanha, Christine Bergmann, que incluísse as Escrituras na lista dos livros considerados perigosos para as crianças.

A petição formulada pelos dois advogados alemães não constituiu, todavia, uma novidade porque em Israel há pessoas que pensam também assim, como o ex-presidente israelense Ezer Weizman, que afirmou no final de 1997, numa conferência, que algumas palavras da Bíblia são improcedentes.

Afirmou então o ex-presidente de Israel: “Há coisas no (Velho) Testamento nada simpáticas, indignas de ser lidas”, citando como exemplo as palavras atribuídas a Moisés em livros como o Deuteronômio, 5ª obra do Pentateuco Mosaico.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 1, item 2, Allan Kardec diz que a lei de Moisés é composta de duas partes distintas: a lei de Deus, recebida no Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida pelo próprio Moisés. “A lei de Deus é inalterável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo”, eis o que o codificador da doutrina espírita escreveu.

O erro, que tem sido repetido pelas religiões cristãs, é considerar a Bíblia um livro sagrado, intocável, expressão fidedigna da palavra de Deus. Se isso fosse verdade, as cerimônias religiosas, as prescrições de caráter penal e os ritos que ali se contêm não poderiam ter sido excluídos da prática religiosa e da doutrina adotada pelas religiões tradicionais, como, por exemplo, a circuncisão e a pena de talião, caracterizada pela célebre expressão “dente por dente, olho por olho”.

Jesus, como sabemos, não seguia ao pé da letra as prescrições bíblicas, e mais de uma vez demonstrou a inconsistência de muitas delas, como a que manda se apedreje até à morte a mulher adúltera e a que dá ao dia de sábado um status especial.

 

 

 

 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como este Blog funciona, clicando em SÉCULO XXI

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário