quinta-feira, 27 de junho de 2024

 



CINCO-MARIAS

 

Mãe doente, filho pequeno

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com



Toda criança no mundo

deve ser bem protegida

contra os rigores do tempo

contra os rigores da vida.

Ruth Rocha

 

João tem 7 anos e soube recentemente que sua mãe está gravemente doente. Como psicanalista, acompanho a mãe do menino e a ajudei a encorajar o filho a expressar seus sentimentos, medos e preocupações.

A doença de um dos pais é um grande desafio para o próprio casal, em primeiro lugar. E é preciso que eles a aceitem primeiro, antes de tentar explicá-la aos filhos de uma maneira adequada. Embora existam muitas maneiras de contar essa situação às crianças, é importante encontrar a forma mais apropriada e, na maioria das vezes, sem esperar a “hora certa”, porque talvez ela não exista…

As crianças confiam naturalmente que os pais sempre estarão com elas, nos bons e nos momentos difíceis. A doença de um dos pais pode ser um dos momentos mais duros de sua vida. Como explicar que a mãe ou o pai está doente de uma forma que a criança possa aceitar essa situação da melhor maneira possível?

De início, é fundamental sanar com o médico todas as dúvidas possíveis sobre a doença e suas consequências. Ainda, o médico pode ajudar a estruturar a explicação que o casal poderá oferecer aos filhos, bem como sanar as possíveis dúvidas que possam surgir depois...

Quando um dos pais está enfermo, no geral vivencia mudanças emocionais e físicas, e que as crianças certamente notarão. Elas se sentirão mais seguras se souberem os motivos dessas mudanças. A quantidade de informações sobre a doença e a transparência/profundidade sobre o nível de gravidade dela devem ser adaptadas à idade e maturidade da criança. Enquanto a maioria das crianças se adapta rapidamente a essas mudanças, para algumas isso é mais complicado e os pais necessitam atuar com paciência e afeto no dia a dia da casa.

O que é essencial? Que sejam os pais que contem às crianças o que está acontecendo. Atenção e comunicação honesta tornarão mais fácil a aceitação da notícia. As explicações dadas às crianças sobre a doença devem ser adaptadas à sua idade, utilizando linguagem apropriada à sua maturidade e considerando o fato de que quanto menor elas são, menos compreensão elas têm. Nesse sentido, o auxílio do médico (ou de uma pessoa com uma boa capacidade de comunicação com a criança) será vital para a construção da explicação dada à criança. Ainda, é essencial evitar metáforas, pois as crianças costumam entender as coisas de forma literal…

Por mais que a conversa comece a partir do adulto, é muito importante dar espaço para a criança falar ou fazer perguntas. Não existe certo ou errado, mas a ideia é sempre oferecer a escuta, buscando entender o que a criança quer saber, do que ela tem medo. E isso mediado por uma linguagem adequada ao desenvolvimento dela.

Na nossa última sessão, a mãe do João me contou que se emocionou muito com as palavras escritas no cartão que foi feito com carinho pelo filho: “mãe, eu te amo e fique bom logo”.


Notinhas

As crianças de 2 a 3 anos precisam saber apenas que a mãe ou o pai não está bem, que está doente. Como nesta idade as crianças ainda não são capazes de expressar seus sentimentos, é importante tentar notá-los observando no dia a dia o seu comportamento.  As crianças de 3 a 5 anos temem se separar de seus pais. Se a mãe ou o pai precisar ser internado em um hospital e as crianças terão de ser cuidadas por outra pessoa, é importante que isso seja bem explicado para elas. Embora nesta idade as crianças já entendam o que é estar doente, não conseguem compreender ainda a diferença entre uma doença leve e outra grave. Crianças de 6 a 11 anos podem entender uma explicação simples sobre o que é a doença e como ela afeta o corpo. Descobrir o que eles já sabem e, a partir daí, estabelecer a explicação, pode ser uma alternativa. É importante que os pais incentivem a expressão de suas emoções, medos e preocupações.

Durante a adolescência (entre os 12 e os 17 anos), os filhos são capazes de compreender a complexidade da doença sofrida pelos pais e os tratamentos necessários, por isso é essencial que os pais sejam honestos e lhes forneçam informação suficiente, procurando não causar preocupação excessiva. Nessa fase é difícil para eles expressarem seus sentimentos, e é por isso que os pais têm que fazer esforços reiterados para encorajá-los a desabafar.

 

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Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 


 

 

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