quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pílulas gramaticais (75)

Você sabe o que significa a expressão elefante branco?
A expressão é geralmente usada para designar uma coisa de pouca ou nenhuma importância prática e também o presente que, não sendo mau, dá muito trabalho, muita importunação.
A propósito da palavra elefante é bom lembrar que o feminino de elefante é elefanta. Não é correto usar no caso o feminino elefoa.
Há no mundo atual três espécies de elefante, duas africanas e uma asiática. O elefante africano é mais alto e raramente domesticável. Já o elefante asiático, por ser facilmente domesticável, é usado em trabalhos florestais.
Em seu livro Evolução em Dois Mundos, 2ª parte, cap. 18, André Luiz (Espírito) indica o elefante e o gato, o cão e o macaco, o muar e o cavalo como sendo os animais superiores mais amplamente dotados de riqueza mental, como introdução ao pensamento contínuo. Mas ressalva que existem ideias-fragmentos de determinado sentido mais avançadas em certos animais que em outros, o que torna difícil afirmar qual, dentre eles, é o detentor de mais dilatadas ideias-fragmentos ou, popularmente falando, mais “inteligente”.

*

Muito usado em nossas conversas, é preciso cuidado com o verbo intervir, devido à sua conjugação irregular, que segue as formas verbais do verbo vir.
Eis as formas verbais do indicativo:
Presente: intervenho, intervéns, intervém; intervimos, intervindes, intervêm.
Pretérito perfeito: intervim, intervieste, interveio; interviemos, interviestes, intervieram.
Intervindo é a forma verbal do gerúndio e também do particípio.
Exemplos:
– Você interveio no processo criminal? Sim, eu intervim.
– Nós também interviemos.
– Sabia que vocês tinham intervindo.


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

As influências psíquicas nos envolvem e invadem o nosso psiquismo

Iniciamos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina-PR, o estudo sequencial do livro O Tesouro dos Espíritas, de autoria de Miguel Vives y Vives, conforme a tradução de J. Herculano Pires, publicada pela EDICEL. O estudo é realizado semanalmente, em dois horários: na terça-feira (18h30) e na quinta-feira (14h30).

Três foram as questões propostas para debate inicial: 
1. Qual é o tesouro a que se refere o título deste livro?
2. A quais influências estamos sujeitos?
3. Onde e como Miguel Vives teve seu primeiro contato com o Espiritismo?

Efetuou-se em seguida a leitura do texto abaixo, que serviu de base aos estudos da noite, seguindo-se a cada item lido os comentários pertinentes:

1. José Herculano Pires diz, no seu prefácio, que há uma riqueza que nada pode afetar nem destruir: a riqueza do céu, que podemos e devemos construir em nossa alma. Essa riqueza está em nossas mãos. ((O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia Prático para a Vida Espírita, p. 13.)
2. Miguel Vives y Vives (1842-1906), notável médium espanhol de Tarrasa (Barcelona), deu a este livro, publicado inicialmente por Carbonell y Esteva, em Barcelona, um título singelo: “Guia prático do espírita”. (PP. 13 e 14)
3. O título O Tesouro dos Espíritas, baseado no cap. X do próprio livro, foi-lhe dado por Irmão Saulo (pseudônimo de J. Herculano Pires), que adverte: “Claro que o tesouro não é o livro. Vives refere-se à Doutrina Espírita”. “Vives nos mostra, com o exemplo da sua vida, como fazermos do Espiritismo o nosso tesouro inalienável.” (P. 16)
4. Mencionando “O Evangelho segundo o Espiritismo” – esse código do mais puro espírito cristão – Miguel Vives ensina-nos como aplicar os princípios evangélicos a uma conduta espírita. “A moral espírita – diz Irmão Saulo – esplende nestas páginas, em toda a sua pureza cristã.” “Quem ler este livrinho, e aplicar à vida os seus princípios, fará em si mesmo aquela reforma que, para Kardec, é a única e verdadeira característica do verdadeiro espírita.” (P. 17)
5. Miguel Vives compara a saúde física à saúde moral, para mostrar que somos criaturas sujeitas a influências de duas espécies: as que provêm do meio físico e as que provêm do meio espiritual. Mostra ele como as influências psíquicas nos envolvem, penetram em nossa mente, invadem o nosso psiquismo, dominam o nosso Espírito. E ensina como enfrentá-las e vencê-las. (PP. 18 e 19)
6. Irmão Saulo diz que Joaquim Rovira Fradera, Miguel Vives, José Hernandez e Amália Domingo Sóler são alguns dos vultos que nos lembram a Espanha espírita, onde, após o auto-de-fé de Barcelona, o Espiritismo floresceu, sobretudo na Catalunha. A noite chegou, porém, de novo, sem estrelas e sem lumes terrenos, e este livro é uma centelha que escapou das trevas, a nos dar testemunho da Espanha espírita. (P. 20)
7. Os anos se passaram e, contudo, nada conseguiu matar o ardor espírita dos espanhóis. Ao passar por Madri e Barcelona, nos anos 60, ainda sob a vigência da ditadura Franco, Chico Xavier viu com os próprios olhos bibliotecas doutrinárias e a venda secreta de livros espíritas. (PP. 21 e 22)
8. A verdade é que os sicários – todos eles – acabam passando, esfumando-se na memória das gerações, mas os mártires permanecem. Renascem. Fazem-se ouvir, como ocorre com Miguel Vives, que nos ensina a viver o Espiritismo. (P. 22)
9. No seu prefácio, Miguel Vives diz não ser escritor, mas médium. “Se alguma coisa saída da minha pena merecer a aprovação de meus irmãos, virá dos Bons Espíritos que me assistem”, asseverou o médium de Tarrasa. (P. 23)
10. Antes de conhecer o Espiritismo, Vives diz ter sido uma criatura ignorada e completamente incapaz. Perdera a saúde; os amigos se haviam afastado; não tinha então forças para trabalhar e tal foi o seu estado, que ficou cinco anos sem sair de casa. (P. 24)
11. O contato com o Espiritismo ocorreu quando ele residia em Tarrasa (ele residira antes em Sabadell). Corria o ano de 1871. Depois de seis meses em Tarrasa, um dia Vives voltou a Sabadell, onde o seu irmão lhe falou de Espiritismo e enviou-lhe as obras de Allan Kardec. Miguel Vives as leu e compreendeu a grandeza da doutrina, que resolveu de pronto abraçar. (PP. 25 e 26)
12. Vives começou a estudar e a propagar o Espiritismo e, com alguns irmãos, fundou o Centro Espírita de Tarrasa: Fraternidade Humana. (P. 26)
13. Começaram nessa ocasião as curas dos enfermos, que muitas vezes eram por ele curados antes mesmo de tomarem os remédios. Como a propaganda espírita produzia efeitos, conquistava cada dia novas adesões, e começavam a manifestar-se ódios implacáveis, sua cabeça tornara-se um vulcão de ideias em ebulição. “Antes de me tornar espírita - conta Vives -, era incapaz de pronunciar uma pequena oração para uma dúzia de pessoas. Como espírita, adquiri uma coragem e uma serenidade tais, que nada me impressionava nem me impressiona ainda.” (PP. 26 e 27)

*

Ao final do estudo, foram lidas as respostas dadas às perguntas propostas. Ei-las:

1. Qual é o tesouro a que se refere o título deste livro?
A palavra tesouro não consta do título original deste livro, que Miguel Vives y Vives denominou simplesmente “Guia prático do espírita”. O título O Tesouro dos Espíritas, baseado no cap. X do próprio livro, foi-lhe dado por Irmão Saulo (pseudônimo de J. Herculano Pires), que adverte: “Claro que o tesouro não é o livro. Vives refere-se à Doutrina Espírita”. “Vives nos mostra, com o exemplo da sua vida, como fazermos do Espiritismo o nosso tesouro inalienável.” (O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia Prático para a Vida Espírita, pp. 13 a 16.)

2. A quais influências estamos sujeitos?
Miguel Vives diz que somos criaturas sujeitas a influências de duas espécies: as que provêm do meio físico e as que provêm do meio espiritual. Neste livro ele mostra como as influências psíquicas nos envolvem, penetram em nossa mente, invadem o nosso psiquismo, dominam o nosso Espírito. E ensina como enfrentá-las e vencê-las. (Obra citada, pp. 18 e 19.)

3. Onde e como Miguel Vives teve seu primeiro contato com o Espiritismo?
O primeiro contato com o Espiritismo ocorreu quando ele residia em Tarrasa. Corria o ano de 1871. Depois de seis meses em Tarrasa, um dia Vives voltou a Sabadell, onde seu irmão lhe falou de Espiritismo e enviou-lhe as obras de Allan Kardec. Miguel Vives as leu e compreendeu a grandeza da doutrina, que resolveu de pronto abraçar. (Obra citada, pp. 24 a 26.)





terça-feira, 29 de outubro de 2013

Uma frase, um olhar, uma vida

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

– Suas mãos são as mais lindas, mamãe.
Foram sempre essas as palavras usadas pelo filho amoroso e companheiro. Mãos que enormemente o amparavam.
O garoto completara doze anos havia poucos dias. Estava se tornando um rapazinho, mas se sabe que cada pessoa tem um caminho a seguir e uma forma necessária para percorrê-lo.
A mãe se dedicava, por completo, ao pequeno Jeremias; ele não tinha irmãos, então, o tempo lhe era camarada e sempre mais prolongado. Seu pai trabalhava numa empreiteira do pequeno município; só à noitinha chegava ao lar singelo demais e aconchegante.
Ele deixava as botas sujas do trabalho na calçadinha de fora da casa. Lavava as mãos e braços e, agora mais asseado, buscava ansioso a única entrada da morada. No canto direito do ambiente caseiro de um só cômodo, encontrava-se o filho Jeremias sobre sua cama.
Os sorrisos se abriam: o do pai para o filho e vice-versa. Do ângulo que o garoto olhava, o brilho dos seus olhos tornava-se foco vivo de luz.
– Oi, meu filho! Como passou o dia? Está tudo bem com você? – o pai perguntava, amoroso, em sua simplicidade.
Mas, de fato, a singeleza é puro bálsamo e sabedoria.
O filho sorria e seus olhos respondiam com alegria ao pai. Beijos eram selados no rosto, na cabeça, nos olhos, nas mãozinhas do pequeno. Quanto amor! E a mãe observava a cena cotidiana, no entanto, com emoção maior a cada novo dia.
Após o encontro de pai e filho, o marido agora abraçou a esposa com toda admiração. Eram, os três, companheiros da jornada para o progresso espiritual.
– Que bom estar de volta ao lar! – o pai e marido falava.
Ele, antes de se banhar, fora fazer alguns reparos no casebre visando sempre à melhoria para a família que tanto tempo permanecia ali. Também estava construindo um pequeno carro de mão para levar o filho a passear, sentir o vento no rosto, receber, pelo sol, ainda mais a luz da vida. Sem um meio de locomoção para o filho, os passeios diários eram quase impossíveis.
Enquanto isso, a mãe cuidava do seu menino, ajeitava-o para lhe dar a janta, uma sopinha preparada com o que era necessário para o seu corpo. Cada colherada também estava repleta do alimento mais benéfico e salutar: o amor.
E quando findava a comida, o filho sempre dizia:
– Suas mãos são as mais lindas, mamãe.
E aquelas mãos o limpavam, o acariciavam, o protegiam, o mantinham vivo.
No meio da tarde seguinte, um pouco mais cedo que o habitual, o pai chegou. Como sempre depois de toda doação ao filho, finalmente, ele terminou o carro para levar o pequeno ao desejado passeio.
Pai e mãe pegaram o menino querido e com todo cuidado o puseram no carrinho construído para ele.
Jeremias, depois de adequadamente colocado e seguro no carro de madeira puxado pelo pai, sentiu o brilho da vida em seu rosto tocando sua alma.
Para intensa alegria do filho, o pai acelerou os passos dando maior emoção; a mãe de mão dada com o pequeno já corria tão alegre só de ver sua felicidade.
Os três, naquela tarde, eram a realização do compromisso assumido. Espíritos comprometidos entre si por um bem maior: o amparo, o amadurecimento, a realização do amor.
E as flores passavam mais rápido, o céu avançava mais veloz e o sorriso virava gargalhada feliz.
De repente...
– Filho...– foi o grito da mãe.
Sem perceber, o pai passara por uma pedra mais saliente e lançara o filho para longe. Jeremias ficou ali caído sem se mexer, pois seu estado não lhe permitia, ele sofria de uma grave doença degenerativa; dependia de cuidado o tempo todo. Quando nasceu, os médicos informaram ao casal que ele nunca falaria uma palavra sequer, não expressaria nenhuma emoção e que não passaria de tenra idade.
Até agora, segundo os pais, ele sentia toda emoção e demonstrava pelo olhar, também falava, mesmo que uma única frase, e já completara doze anos.
Pai e mãe correram, desesperados, para acudir o filho. Com cuidado viraram o menino... e seus olhos brilhosos estavam abertos e sorrindo.
– Filho querido, meu amor, você está bem? – a mãe perguntou, limpando-o da terra.
– Meu Deus! Meu filho! O que eu fiz? – o pai, inconformado, pegou-o nos braços.
E assim foram até o casebre que os esperava de portas abertas. A mãe preparara o banho morno e tudo mais de que Jeremias necessitasse.
Em pouco tempo o susto havia passado e quase tudo estava normalizado. O pai trouxera o carro para o quintal e a mãe preparara um mingau de aveia do qual o filho tanto gostava.
Cada colherada levada à boca do pequeno era o amor mais compreendido e aumentado. O pai estava sentadinho ao lado se refazendo do susto e amando mais e mais aquele filho querido.
Depois de limpo e alimentado, em sua caminha construída pelo pai, o filho, com olhos calmos e reluzentes, falou a única frase que conseguia:
– Suas mãos são as mais lindas, mamãe e... “papai”.
A gratidão e o reconhecimento são o alicerce para o amor se desenvolver e prosperar.
E os olhos de Jeremias mantinham o fulgor da vida e a certeza de que o compromisso bem realizado desacata o desenvolvimento da medicina e comprova que a lei divina é soberana e incomparável, dispensa comentários e é operante nos recônditos menos prováveis da esfera da vida.
                                   
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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

As mais lindas canções que ouvi (59)


Homenagem a Chico Xavier

 

Nando Cordel

 

 

Se a gente seguisse o seu caminho,

Seria feliz.

Se a gente ouvisse os seus conselhos,

Seria feliz.

Se fosse manso como ele, seria feliz,

Tinha mais coragem, determinação

Pra mudar...

 

Se a gente compreendesse mais

O que ele deixou,

Seria caridade e paz, a mão do amor,

Não ia mais ficar chorando nem se lamentar.

Quem seguir o seu exemplo vai

Se iluminar...

 

Quando acusado, usou amor,

Caluniado, usou perdão,

Quando traído, usou a luz do coração...

Quando atacado, ele sorriu,

Elogiado, ele nem viu,

Meu irmão Chico,

Nossa eterna gratidão...

 

Quando acusado, usou amor,

Caluniado, usou perdão,

Quando traído, usou a luz do coração...

Quando atacado, ele sorriu,

Elogiado, ele nem viu,

Meu irmão Chico,

Nossa eterna gratidão...

 

 

Você ouvirá a canção acima, na voz do seu autor, clicando neste link -  http://www.youtube.com/watch?v=7giRQ-2Omx0

 


 

domingo, 27 de outubro de 2013

Mãe brasileira: o produto de três troncos distintos

Um longo estudo que demorou três anos para ser concluído, conduzido pela equipe do professor e geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais, concluiu, anos atrás, que o Brasil é, de fato, o país da miscigenação, onde há brancos que geneticamente são negros e negros que são geneticamente brancos.  
A pesquisa, baseada nas leis da Genética, fundamentou-se na amostra de DNA de 247 brasileiros de diferentes regiões do Brasil e teve o mérito de traçar, pela primeira vez, o retrato molecular de nosso país, em que a esmagadora maioria – 97% dos brasileiros – provém de um tronco paterno europeu, enquanto o tronco materno divide-se em três partes: europeia (39%), ameríndia (33%) e africana (28%).
O estudo, intitulado “Retrato Molecular do Brasil”, foi publicado primeiro na revista Ciência Hoje, de divulgação científica, e depois no periódico acadêmico American Journal of Human Genetics. (Para mais informações sobre o estudo, consulte http://revistapesquisa.fapesp.br/2007/04/01/a-africa-nos-genes-do-povo-brasileiro/)
O resultado obtido pela equipe de pesquisadores de Minas Gerais confirmou não apenas os dados que conhecemos relativamente à história do povoamento do Brasil, mas igualmente as informações divulgadas por Humberto de Campos (Espírito) no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, psicografado em 1938 por Francisco Cândido Xavier.
O colonizador branco, sobretudo o português, manteve relações tanto com mulheres brancas, quanto com africanas e ameríndias, fato que não ocorreu da mesma forma com o macho oriundo da África e com o indígena, restritos ambos à sua comunidade.
Diz Humberto de Campos, na obra citada, que a alma brasileira é, na expressão harmoniosa de um de seus poetas mais eminentes, “a flor amorosa de três raças tristes”, e que isso não se deu por acaso.
Na formação da alma coletiva do povo que surgiria com o advento do descobrimento do Brasil, primeiro compareceram os simples de coração, os primitivos habitantes, que foram os índios; em segundo lugar, os sedentos da justiça divina, os portugueses, muitos deles exilados de Portugal por ordem da Coroa; e, por último, os humildes e aflitos, os escravos oriundos da África. Eis aí, pois, segundo a ciência e segundo a revelação espírita, a origem de nossas mães queridas.



sábado, 26 de outubro de 2013

Pérolas literárias (59)


Ao toque do amor

Pedro de Castro Velho


Rompendo a bruma, em louca arremetida, avança
No incrível desvario em que se deblatera,
Onde a sombra abismal domina, esfera a esfera,
O triste obsessor, faminto de esperança.

Preso ao mal que atormenta e à dor que não descansa,
O que mais o acabrunha e o que mais o exaspera
É sua estranha volta aos instintos da fera,
Na loucura feroz que o propele à vingança.

Espírito infeliz, padece no braseiro
De flagelo mental, gargalhante e escarninho, 
Mil remorsos bramindo em torvo cativeiro...

Mas ao toque do amor, sem que a treva o degrade,
Arrepende-se e clama, ante o novo caminho,
Para nova missão na glória da humildade.



Pedro Velho nasceu em Porto Alegre (RS) em 29/6/1882 e desencarnou na mesma cidade em 7/9/1919. Foi patrono, na Academia Sul-Riograndense de Letras, da cadeira nº 32, e colaborador de diversos jornais e periódicos de sua terra natal, O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada por  Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Região espiritual de transição: eis o que é o Umbral

Um leitor radicado na Paraíba pergunta-nos: “Sabemos o que é Umbral, na Doutrina Espírita. Foi Allan Kardec quem primeiro nominou-o?”
Não. O termo Umbral, com o sentido que as narrativas mediúnicas lhe dão, jamais foi, pelo que sabemos, utilizado por Kardec.
É interessante lembrar, porém, que vários aspectos característicos da chamada zona umbralina foram destacados por Allan Kardec em diversos textos que ele inseriu na Revista Espírita e em seu livro O Céu e o Inferno.
Segundo as informações contidas no livro Nosso Lar, de André Luiz, o chamado Umbral nada mais é do que uma região espiritual de transição. Debatem-se na zona umbralina Espíritos desesperados, infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. Cada Espírito ali permanece o tempo que se faça necessário ao esgotamento dos resíduos mentais negativos, mas seus habitantes separam-se dos encarnados tão somente por leis vibratórias. Silêncio implacável, cortado às vezes por gargalhadas sinistras e uma paisagem, quando não totalmente escura, banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, essa era a região em que o próprio André Luiz viveu por vários anos, assediado por seres monstruosos e vultos negros que o acordavam irônicos e lhe dirigiam acusações impensáveis.
Dito isto, vejamos o que Kardec publicou em sua obra:
1. No Espaço existem Espíritos mergulhados em densa treva, enquanto outros se encontram em absoluto insulamento, atormentados pela ignorância da própria posição, como da sorte que os aguarda. Os mais culpados padecem torturas muito mais pungentes por não lhes entreverem um termo. Alguns são privados de ver os seres queridos, e todos, geralmente, passam com intensidade relativa pelos males, pelas dores e privações que a outrem ocasionaram. (O Céu e o Inferno, 1ª. Parte, cap. VII, tópico 25º.)
2. O Espírito de Claire, em mensagem mediúnica, refere-se ao marido, que muito a martirizara, e à posição em que ele se encontrava no mundo espiritual. Eis o trecho: “Queres saber qual a situação do pobre Félix? Erra nas trevas entregue à profunda nudez de sua alma. Superficial e leviano, aviltado pelo sensualismo, nunca soube o que eram o amor e a amizade. Nem mesmo a paixão esclareceu suas sombrias luzes. Seu estado presente é comparável ao da criança inapta para as funções da vida e privada de todo o amparo. Félix vaga aterrorizado nesse mundo estranho onde tudo fulgura ao brilho desse Deus por ele negado.” (O Céu e o Inferno, no cap. IV da 2ª Parte, cap. IV.)
3. Georges (Espírito) descreve o castigo infligido aos maus Espíritos. Enquanto dão vazão à sua raiva, eles são quase felizes; no entanto, passam os séculos e eles sentem-se de súbito invadidos pelas trevas, advindo daí o remorso e o arrependimento, seguidos de gemidos e expiações. (Revista Espírita de 1860, pp. 331 e 332.)
4. Os Espíritos têm todas as percepções que tinham na Terra, mas em mais alto grau, porque suas faculdades não são amortecidas pela matéria. Para eles não existe escuridão, salvo para aqueles cuja punição é ficarem temporariamente nas trevas. (Revista Espírita de 1864, pp. 106 a 112.)
5. Comentando uma comunicação espontânea obtida na Sociedade Espírita de Paris, sendo médium a Sra. Costel, diz Kardec que, enquanto uns Espíritos são mergulhados nas trevas, outros são imersos em ondas de luz, que os ofuscam e penetram, como setas agudas. (Revista Espírita de 1864, p. 218.)
6. No dia 3 de fevereiro de 1865 ocorreu o falecimento da Sra. Foulon, que, três dias depois, se manifestou na Sociedade Espírita de Paris. Informando ter estado lúcida desde o trespasse, a Sra. Foulon não conheceu a perturbação pós-morte. “Só os que têm medo – explicou ela – são envolvidos por suas espessas trevas.” (Revista Espírita de 1865, pp. 73 a 75.)
7. Num dos grupos espíritas existentes em Marselha, a Sra. T... recebeu psicograficamente uma comunicação de um operário que dias antes havia desencarnado no desmoronamento de uma ponte. O operário fora materialista na Terra. Na mensagem, o comunicante dizia estar em trevas, mas havia conseguido seguir um raio luminoso de um Espírito (pelo menos foi o que lhe disseram, embora ele não acreditasse em Espíritos). (Revista Espírita de 1867, p. 242.)
Finalizando, é bom lembrar que Ernesto Bozzano, um dos mais destacados pesquisadores do chamado Espiritismo Científico, confirma o que Kardec e André Luiz nos ensinam a respeito do assunto, como podemos comprovar à vista do seguinte texto extraído da obra A Crise da Morte:
Os Espíritos se encontram novamente, na vida espiritual, com a forma humana. Todos se acham num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos moralmente normais) e num meio tenebroso e opressivo (no caso de mortos moralmente depravados). Todos reconhecem que o meio espiritual é um novo mundo objetivo, real, análogo ao meio terrestre espiritualizado. Eles aprendem que isso se deve ao fato de que, no mundo espiritual, o pensamento constitui uma força criadora, por meio da qual o Espírito existente no “plano astral” pode reproduzir em torno de si o meio de suas recordações. Os Espíritos dos mortos gravitam fatalmente e automaticamente para a esfera espiritual que lhes convém, por virtude da “lei de afinidade”. (A Crise da Morte, pp. 164 a 166.)



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Pílulas gramaticais (74)

A dificuldade de compreensão de muitos textos do Evangelho advém, não há dúvida, do preciosismo dos tradutores da Bíblia.
Como pode uma pessoa de instrução mediana, como muitos que frequentam os templos religiosos, entender esta conhecida frase atribuída a Jesus: “Não se vindimam uvas nos abrolhos”?
Vindima significa: colheita ou apanha de uvas; vindimadura; uvas vindimadas.
Vindimar significa: fazer a vindima de; colher, apanhar; cortar, ceifar, fora outros significados diferentes do sentido usado pelo autor da frase citada.
Abrolhos é plural de abrolho, que significa: qualquer espinho, estrepe, rochedo à flor da água, escolho, a ponta ou pua do fruto de plantas, e designa, também, diversas plantas rasteiras e espinhosas.
A frase colhida no Evangelho significa, pois, que não se colhem uvas nas pedras ou nos espinheiros, mas sim numa videira.
A dificuldade ora apontada estende-se a inúmeras passagens do Novo Testamento e já deveria, há muito, ter sido objeto da preocupação das editoras especializadas que o publicam.

*

Três questões levantadas por leitores:
Biótipo ou biotipo? O correto é biótipo, mas a pronúncia corrente no Brasil é biotipo e isso acabou referendado pelo vigente Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que pode ser consultado neste link - http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23
Necropsia ou necrópsia? O correto é necropsia, mas os médicos em geral tanto pronunciam necrópsia – por influência, certamente, de autópsia – que o VOLP também acabou acolhendo essa pronúncia.
Cavalo de cor branca ou cavalo de cor branco? O correto é: Cavalo de cor branca, porque a palavra “cor” é um substantivo feminino e, como tal, determina o gênero da palavra que a qualifica: cor branca, cor roxa, cor amarela etc.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A mulher é, segundo Allan Kardec, uma alma mais delicada

Concluímos ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina-PR, o estudo sequencial da Revue Spirite de 1858. Na próxima terça-feira iniciaremos o estudo do livro O Tesouro dos Espíritas, de autoria de Miguel Vives y Vives, tradução de J. Herculano Pires publicada pela EDICEL. O estudo é realizado semanalmente, em dois horários: na terça-feira (18h30) e na quinta-feira (14h30).

Eis as questões propostas para debate na reunião de ontem:

1. A que propriedades Kardec se refere, na Revue, ao falar sobre o perispírito?
2. Existe relação entre os sofrimentos que o Espírito padece e suas atitudes quando encarnado?
3. Como explicar os sonhos?
4. Que palavras Kardec dedicou, na Revue de 1858, às mulheres?

*

Após rápido debate em torno das questões acima, foi lido e estudado o texto-base, sendo apresentadas ao final as respostas dadas às perguntas propostas.

Ei-las:

1. A que propriedades Kardec se refere, na Revue, ao falar sobre o perispírito?

Inicialmente, diz ele que os encarnados têm dois envoltórios: o corpo destrutível e o corpo etéreo, vaporoso, indestrutível – o perispírito. O perispírito é invisível, mas pode tornar-se visível. Uma outra propriedade dele é a penetrabilidade. Nenhuma matéria lhe oferece obstáculo: ele as atravessa a todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. E, para corroborar esta informação, diz conhecer uma jovem senhora que muitas vezes via em sua casa e no seu quarto homens, na verdade Espíritos, que aí entravam e saíam, embora estivessem fechadas as portas. (Revue Spirite de 1858, pp. 335 a 337.)

2. Existe relação entre os sofrimentos que o Espírito padece e suas atitudes quando encarnado?

Sim. Na Revue ele apresenta um estudo sobre as sensações dos Espíritos, no qual procura explicar como é a dor sentida pelos Espíritos. Sua conclusão é esta: os sofrimentos que o Espírito padece são sempre consequência da maneira pela qual viveu na Terra. (Obra citada, pp. 347 a 351.)

3. Como explicar os sonhos?

Segundo um instrutor espiritual, o sono liberta inteiramente a alma do corpo. Quando dormimos ficamos momentaneamente no estado em que, de maneira definitiva, nos encontraremos depois da morte. Os sonhos seriam a lembrança daquilo que vimos durante o sono. (Obra citada, pp. 353 e 354.)

4. Que palavras Kardec dedicou, na Revue de 1858, às mulheres?

O Codificador fez às mulheres um elogio inusitado: "A mulher é delineada mais finamente que o homem, o que indica, naturalmente, uma alma mais delicada. É assim que nos meios semelhantes, em todos os mundos, a mãe será mais bela que o pai, por ser a que a criança vê primeiro". E acrescentou: "Mulheres! Não temais deslumbrar os homens pela vossa beleza, por vossas graças, por vossa superioridade. Saibam, porém, os homens que, para se tornarem dignos de vós, devem ser tão grandes quanto sois belas, tão sábios quanto sois boas, tão instruídos quanto sois originais e simples." (Obra citada, pág. 357.)

*

Na próxima quarta-feira publicaremos aqui a síntese do estudo realizado, para que o leitor, caso o queira, possa acompanhar o desenvolvimento de nossas reuniões.



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Os passos assim se dão

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Os meus pés pisavam a descansada neve... branca... calma. Quando havia as possíveis circunstâncias, era tempo de cruzar a montanha com meu negro labrador e cumprir os compromissos assumidos.
Todos os dias as ações estão interligadas. O que há para resolver chegará a cada um. É preciso estar vivo para querer viver e, sempre melhor, com alguma condição para o desfecho. No entanto, é fato que uma ocorrência já há muito vem se desenvolvendo para em exato lugar e momento se apresentar. E era mais uma a questão a concluir.
No caminho, com certas adversidades, procurava me manter segura, pois sentia o amparo de mãos invisíveis amigas. Aquele parque coberto de neve era incrível e desafiador, mas era necessário cruzá-lo. Meu cão me acompanhava.
Passei frio durante a caminhada, mas um objetivo maior aguardava realização. Venci obstáculos físicos e outros mais; senti dor e sede, entretanto, continuei. Há momentos para os quais nos planejamos, porém, o desencadeamento nem sempre é tão linear.
Finalmente, avistei a meta. Aproximei-me. Na bolsa, o livro estava bem armazenado. Era o dia de estudos na aldeia. Uma vez por semana, eram ministradas singela leitura e, em seguida, abordagem das informações apresentadas. O conhecimento reluz no espírito.
Enquanto lia o capítulo, pausadamente e em voz alta, “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”, aqueles irmãos simples e nobres deixavam transparecer pelo semblante e leve energia a assimilação de mais um aprendizado no progresso da alma, conquista do espírito.
Terminado o estudo, chá e pão foram ofertados. Comemos ali como irmãos de um mesmo Pai. Era tempo de voltar. Despedi-me então. Na próxima semana estaríamos juntos. Recebi o que ainda não possuía, doei o pouco que era capaz.
Na saída da casa humilde, lancei breve aceno. Meu cão estava comigo e eu estava, naquele momento, em plenitude com o céu.

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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

As mais lindas canções que ouvi (58)


Como vai você?

Antônio Marcos e Mário Marcos


Como vai você?
Eu preciso saber da sua vida
Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia
Anoiteceu e eu preciso só saber...

Como vai você?
Que já modificou a minha vida
Razão da minha paz tão dividida
Nem sei se gosto mais de mim ou de você...

Vem, que a sede de te amar me faz melhor
Eu quero amanhecer ao seu redor
Preciso tanto me fazer feliz
Vem, que o tempo pode afastar nós dois
Não deixe tanta vida pra depois
Eu só preciso saber
Como vai você?

Como vai você?
Que já modificou a minha vida
Razão da minha paz tão dividida
Nem sei se gosto mais de mim ou de você

Vem, que a sede de te amar me faz melhor
Eu quero amanhecer ao seu redor
Preciso tanto me fazer feliz
Vem, que o tempo pode afastar nós dois
Não deixe tanta vida pra depois
Eu só preciso saber
Como vai você!


Você pode ouvir esta canção na interpretação de Roberto Carlos clicando neste link: https://www.youtube.com/watch?v=fPjHYjVwmbY /E se quiser ouvi-la na voz de Antônio Marcos, um de seus autores, basta clicar em https://www.youtube.com/watch?v=HWteqiRkViY



domingo, 20 de outubro de 2013

O homem necessita ou não de religião?

Vimos postado numa das redes sociais um cartaz com os seguintes dizeres: “Um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta”.
Traduzindo-o em português claro e direto: do mesmo modo que um peixe não necessita de bicicleta, o homem não precisa de religião.
Esse é um pensamento que se tornou um modismo nos dias que correm, mais comum, no entanto, entre os jovens, o que não é difícil de entender. Quem não enfrentou ainda as agruras de uma longa existência pode equivocar-se com relação a muita coisa. A religião seria apenas uma delas.
Com o passar dos anos, porém, muda a nossa visão com respeito a muitos assuntos, como ocorreu, por exemplo, com André Luiz, que assim se reportou ao assunto, logo na abertura de Nosso Lar, sua primeira obra psicografada pelo médium Chico Xavier:
“Em momento algum, o problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos. Os princípios puramente filosóficos, políticos e científicos, figuravam-se-me agora extremamente secundários para a vida humana. Significavam, a meu ver, valioso patrimônio nos planos da Terra, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa destinação.
Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem. Semelhante análise surgia, contudo, tardiamente. De fato, conhecia as letras do Velho Testamento e muita vez folheara o Evangelho; entretanto, era forçoso reconhecer que nunca procurara as letras sagradas com a luz do coração. Identificava-as através da crítica de escritores menos afeitos ao sentimento e à consciência, ou em pleno desacordo com as verdades essenciais. Noutras ocasiões, interpretava-as com o sacerdócio organizado, sem sair jamais do círculo de contradições, onde estacionara voluntariamente.” (Nosso Lar, cap. 1, pág. 18.)
Outros vultos conhecidos no planeta perceberam, ainda em vida, o valor da religião e nesse sentido é forçoso lembrar uma das frases mais famosas atribuídas a Albert Einstein: “A ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega”.
No livro Einstein e a Religião, de Max Jammer, professor de Física e colega de Einstein em Princeton, há informações interessantes sobre o relacionamento do notável cientista com a religião. No livro, Jammer menciona outra frase importante de Einstein, numa entrevista concedida em 1930 ao escritor James Murphy e ao matemático John William Navin Sullivan. “Todas as especulações mais refinadas no campo da ciência”, disse-lhes Einstein, “provêm de um profundo sentimento religioso; sem esse sentimento, elas seriam infrutíferas.”
Fisiologista e cirurgião francês, o dr. Alexis Carrel, laureado com o Prêmio Nobel de Medicina de 1912, notabilizou-se não apenas por suas experiências sobre enxerto de tecidos e de órgãos e sua sobrevida fora do corpo, mas também por suas obras filosóficas, dentre as quais se destaca O homem, esse desconhecido, best-seller na América do Norte em 1935.
Em fevereiro de 1942, a revista Seleções do Reader’s Digest revelou outra faceta do grande médico e pensador: sua fé em Deus e sua crença no valor incomensurável da oração, que Alexis Carrel definiu como sendo “uma invisível emanação do espírito de adoração do homem, a forma de energia mais poderosa que ele é capaz de gerar”.
Eis, resumidamente, o que disse sobre a prece e a religião o notável médico francês:
1. A prece marca com os seus sinais indeléveis as nossas ações e conduta.
2. A oração é uma força tão real como a gravidade terrestre. A influência da prece sobre o corpo e sobre o espírito humano é tão suscetível de ser demonstrada como a das glândulas secretoras.
3. Muitos enfermos têm-se libertado da melancolia e da doença graças à prece. É que, quando oramos, ligamo-nos à inexaurível força motriz que aciona o universo e, no pedir, nossas deficiências humanas são supridas e erguemo-nos fortalecidos e restaurados.
4. Não devemos, no entanto, invocar Deus tendo em vista meramente a satisfação dos nossos desejos. Maior força colhemos da prece quando a empregamos para suplicar-lhe que nos ajude a imitá-lo.
5. Toda vez que nos dirigimos a Deus, melhoramos de corpo e de alma. Não tem, porém, sentido orar pela manhã e viver como um bárbaro o resto do dia.
6. Hoje, mais do que nunca, a prece é uma necessidade inelutável na vida de homens e povos. É a falta de intensidade no sentimento religioso que acabou por trazer o mundo às bordas da ruína.
O pensamento de André Luiz, Einstein e Alexis Carrel deveria estar presente na mente de todos aqueles que, de modo infantil, redigiram ou divulgam a frase do cartaz a que nos referimos: “Um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta”.
Pensem e comportem-se assim e verão o que os espera no seu retorno à verdadeira vida.



sábado, 19 de outubro de 2013

Pérolas literárias (58)


Vamos

Auta de Souza


Não te detenhas... Crê, ajuda e avança!...
Seja dia brilhante ou noite escura,
Nos momentos de paz ou de amargura,
Busca o Mestre da Luz e da Esperança.

No caminho do bem que não descansa,
Agradece ao trabalho que te apura,
E sigamos, felizes, à procura
Da imperecível bem-aventurança!...

Não repouses na estrada... Segue à frente,
Ontem, hoje, amanhã... Constantemente,
Marcha ao doce clarão que te ilumina...

Jesus é o Sol de Amor que nos espera
Em resplendente e excelsa primavera
No lar eterno da União Divina.


Do livro Auta de Souza, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Em que consiste e quando surgiu no mundo a ideia da reencarnação?

Um leitor pergunta-nos, com relação ao tema reencarnação:
1. Onde e quando surgiu no mundo a ideia da reencarnação?
2. Qual é, na opinião dos autores espíritas, o meio de comprovação mais completo da existência da reencarnação?
3. Podemos considerar comprovada a tese reencarnacionista?
A reencarnação é, como já dissemos oportunamente, um dos princípios fundamentais da doutrina espírita. Seu objetivo é muito claro: como todos os Espíritos têm como meta atingir a perfeição, Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando a todos a possibilidade de realizar em novas existências corporais o que não pôde ser feito numa primeira oportunidade. Ninguém volta ao cenário terráqueo por castigo. Ao contrário. A reencarnação é uma bênção, sobretudo quando é aflitiva, no plano espiritual, a situação do Espírito culpado.
A tese da existência das vidas sucessivas não é algo novo nem pertence ao Espiritismo. Ela se encontra presente no âmago das grandes religiões do Oriente e na obra de filósofos importantes, como Pitágoras e Platão.
Oriunda da Índia, a ideia da reencarnação espalhou-se pelo mundo e, antes de terem aparecido os grandes reveladores dos tempos históricos, já era ela formulada nos Vedas. O Bramanismo e o Budismo nela se inspiraram, o Egito e a Grécia também a adotaram  e vê-se que, encoberta às vezes por um simbolismo mais ou menos obscuro, esconde-se por toda parte a ideia das vidas sucessivas.
Segundo os clássicos do Espiritismo, o meio de comprovação da reencarnação mais completo é, sem dúvida, a recordação das existências passadas. Às vezes isso se dá espontaneamente, na idade infantil, fato que deu origem à expressão memória extracerebral, objeto de pesquisas por experimentadores que se tornaram mundialmente conhecidos, como os professores Hemendra Nath Banerjee e Ian Stevenson.  Stevenson legou-nos um clássico na matéria, o livro 20 casos sugestivos de reencarnação. Quanto ao doutor Banerjee, clicando neste link –  http://www.youtube.com/watch?v=vTuueNc_a3o – o leitor poderá ouvir a palestra que ele proferiu no dia 19 de novembro de 1981, no Auditório do Senac, em São Paulo-SP.
A recordação de existências passadas pode ser também provocada. Léon Denis, na obra O problema do ser, do destino e da dor, relata diversas experiências de regressão de memória em que o sujet ou sensitivo alude a existências passadas vividas na Terra. Dentre os relatos constantes da referida obra, é digna de nota a experiência narrada durante o Congresso Espírita de Paris em 1900 por experimentadores espanhóis. Um deles, Fernandes Colavida, presidente do Grupo de Estudos Psíquicos de Barcelona, referiu ali ter magnetizado um determinado médium que, além de regredir à juventude e infância, contou como foi sua vida no Plano Espiritual e em quatro encarnações anteriores. Vê-se, pois, que a regressão da memória a vidas passadas não surgiu com Morris Netherton, um dos pais da terapia das vidas passadas, que tem inúmeros seguidores no Brasil e no exterior.
No tocante à derradeira pergunta: Podemos considerar comprovada a doutrina reencarnacionista? nossa resposta é, evidentemente, afirmativa. Existe um número surpreendente de fatos que comprovam experimentalmente a veracidade da reencarnação e cinco livros constituem-se, nesse particular, em consulta obrigatória para quem quiser aprofundar-se no assunto: A Reencarnação, de Gabriel Delanne; A reencarnação e suas provas, de Carlos Imbassahy e Mário Cavalcante de Melo; 20 casos sugestivos de reencarnação, de autoria de Ian Stevenson; Reencarnação no Brasil, de Hernani Guimarães Andrade; e Reencarnação e imortalidade, de Hermínio Corrêa Miranda.
Sugerimos, por fim, aos interessados no assunto, que leiam o editorial da edição 263 da revista “O Consolador”, intitulado “Ivanova, Carol Bowman e as vidas sucessivas”, que também se reporta ao tema ora examinado. Eis o link que permite acessá-lo: http://www.oconsolador.com.br/ano6/263/editorial.html



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pílulas gramaticais (73)

Examine as frase abaixo:
1. É dever de todos nós cuidar do meio ambiente.
2. João agora possui um ferro-velho.
3. No quarto de meus pais havia no canto um antigo criado-mudo.
4. Há pessoas dotados de sexto sentido.
Todas as frases estão corretas; mas – perguntam-nos – por que algumas palavras são unidas por hífen (ferro-velho, criado-mudo) e outras não?
Ferro-velho liga-se por hífen porque é um vocábulo composto que significa estabelecimento que comercializa sucata. Nele, as palavras que o formam perderam o sentido original, porque nem se trata de ferro, nem se trata de velho, mas sim de objetos usados que conhecemos pelo nome de sucata.
Criado-mudo é um móvel que não é nem mudo, nem criado, ou seja, as palavras que o formam perderam o significado original para formarem um vocábulo de sentido diferente. Daí lhe vem a necessidade do hífen, que não foi abolido pelo Acordo Ortográfico firmado recentemente pelo Brasil. Em caso de dúvida, confira o assunto no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa vigente no País. Eis o link - http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23

*

Se formos escrever que vendemos um carro usado, diremos: “Vendi meu carro velho”, sem hífen, porque aí cada palavra mantém o significado original, diferentemente do que ocorre com ferro-velho. Se o servidor ou criado que admitimos em nosso lar for mudo, escreveremos: “Em casa temos um criado mudo”.
Essa a razão por que não apresentam hífen as locuções abaixo:
Meio ambiente
Sexto sentido
Bom senso
Bom humor
Dia santo
Câmara de gás
Guerra fria
Mão única
Mata virgem
Mau cheiro
Mau humor
Opinião pública
Primeiro mundo
Senso comum
Ponto de vista.



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os arrastamentos que sofremos são irresistíveis?

Demos sequência ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina-PR, ao estudo sequencial da Revue Spirite de 1858, periódico mensal fundado e redigido por Allan Kardec. O estudo é realizado semanalmente, em dois horários: na terça-feira (18h30) e na quinta-feira (14h30). A duração de cada reunião é de 70 minutos.

Eis as questões propostas para debate na reunião de ontem:

1. Os arrastamentos que sofremos são irresistíveis?
2. Kardec era avesso às polêmicas?
3. Há diferença entre a metempsicose e a doutrina da reencarnação?
4. Como surgiu no contexto espírita o ensinamento sobre a reencarnação?

*

Depois de rápido debate em torno das questões acima, foi lido e estudado o texto-base, sendo apresentadas ao final as respostas dadas às perguntas propostas.

Ei-las:

1. Os arrastamentos que sofremos são irresistíveis?

Não. Claro que nem sempre aquilo que dizemos vem de nós e, frequentemente, nossos atos são consequência de pensamentos que nos são sugeridos. Mas a doutrina espírita admite, no homem, o livre-arbítrio em toda a sua plenitude. Assim, segundo o Espiritismo, não há arrastamentos irresistíveis: o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta que o solicita para o mal. (Revue Spirite de 1858, pp. 293 e 294.)

2. Kardec era avesso às polêmicas?

Sim e não. Há um gênero de polêmica do qual ele disse que sempre se afastaria: a que pode degenerar em personalismo. Contudo, tornou claro que jamais recuaria a uma polêmica que tivesse por objetivo a discussão séria dos princípios espíritas. (Obra citada, pág. 305.)

3. Há diferença entre a metempsicose e a doutrina da reencarnação?

Sim. Existe entre a metempsicose dos antigos e a moderna doutrina da reencarnação esta grande diferença: os Espíritos repelem de modo absoluto a transmigração dos homens nos animais e vice-versa. (Obra citada, pág. 307.)

4. Como surgiu no contexto espírita o ensinamento sobre a reencarnação?

Kardec diz que a reencarnação não foi ensinada somente a ele, mas foi ventilada em muitos lugares, na França e no estrangeiro: Alemanha, Holanda, Rússia etc. e isto mesmo antes d' O Livro dos Espíritos. Desde que se entregou ao Espiritismo, o Codificador afirma ter obtido comunicações de mais de 50 médiuns e que, em nenhum caso, os Espíritos se desmentiram nesse ponto. (Obra citada, pág. 308.)

*

Na quarta-feira da próxima semana publicaremos aqui a síntese do estudo realizado, para que o leitor, caso o queira, possa acompanhar o desenvolvimento de nossas reuniões.