sábado, 26 de outubro de 2013

Pérolas literárias (59)


Ao toque do amor

Pedro de Castro Velho


Rompendo a bruma, em louca arremetida, avança
No incrível desvario em que se deblatera,
Onde a sombra abismal domina, esfera a esfera,
O triste obsessor, faminto de esperança.

Preso ao mal que atormenta e à dor que não descansa,
O que mais o acabrunha e o que mais o exaspera
É sua estranha volta aos instintos da fera,
Na loucura feroz que o propele à vingança.

Espírito infeliz, padece no braseiro
De flagelo mental, gargalhante e escarninho, 
Mil remorsos bramindo em torvo cativeiro...

Mas ao toque do amor, sem que a treva o degrade,
Arrepende-se e clama, ante o novo caminho,
Para nova missão na glória da humildade.



Pedro Velho nasceu em Porto Alegre (RS) em 29/6/1882 e desencarnou na mesma cidade em 7/9/1919. Foi patrono, na Academia Sul-Riograndense de Letras, da cadeira nº 32, e colaborador de diversos jornais e periódicos de sua terra natal, O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada por  Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

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