Para um
determinado grupo de católicos, a reencarnação não existe; trata-se de uma
farsa, porquanto Paulo disse: “Está determinado que os homens morram uma só vez
e logo em seguida o juízo.” (Hebreus 9,27.)
Argumentos
como esse podem ser vistos no blog http://fimdafarsa.blogspot.com.br/2011/07/falcatrua-espirita-usa-nome-de-sao.html,
o qual, mantido por um defensor radical das ideias católicas, tem especial
prazer em denegrir os espíritas e os protestantes.
A refutação à
doutrina da reencarnação não é, porém, compartilhada por todos os pensadores
católicos. Não nos referimos aos simples frequentadores de missas, mas a seus
autores e teólogos, como, por exemplo, o padre François Brune, autor do livro
“Os Mortos nos Falam”, publicado no Brasil em 1991 pela Edicel.
No cap. VIII,
págs. 213 a
226, do seu livro, Brune tece considerações em torno do assunto.
Inicialmente,
ele cita o pensamento do Espírito de Pierre Monnier, astrônomo francês, que
faleceu em 1799 e foi, em vida, membro da Royal Society e também da Academia de
Ciências da Prússia.
Segundo
Monnier, Deus concede uma segunda oportunidade aos que se recusam a praticar o
amor e permite-lhes voltar à Terra. É a reencarnação. Segundo ele, a
reencarnação ocorre, às vezes, em famílias inteiras, ou quase. Pais que
arrastaram seus filhos em sua infelicidade, pedem para reparar a falha dando à
luz, novamente, os mesmos filhos. Ela é muitas vezes aconselhada como sendo o
meio mais rápido de realização da evolução espiritual, obrigatória para que se
atinja a felicidade para a qual tendemos todos, e que só conheceremos na fusão
com Deus.
Além de
declarar-se favorável à doutrina da reencarnação, o padre Brune afirma que no
tempo do Cristo a doutrina começava a nascer, porquanto, segundo Flávio Josefo,
os fariseus acreditavam em suplícios eternos, destinados aos maus, e na
reencarnação, destinada aos bons. Além disso, mais tarde, na Cabala tal
doutrina ocuparia um lugar importante.
Um depoimento
que abona o pensamento expresso por Pierre Monnier nos é dado pelo poeta Silva
Ramos no soneto intitulado “Vinculação redentora”, psicografado pelo médium
Chico Xavier e publicado do cap. 8 do livro “Astronautas do Além”, no qual o
poeta relata a seguinte história:
O fidalgo, ao
partir, diz à jovem senhora:
“Eu sou teu,
tu és minha!… Espera-me, querida!…”
Longe, ergue
outro lar… Vence, altera-se, olvida…
Ela afoga em
suicídio a mágoa que a devora.
Falece o
castelão… Vê a noiva esquecida…
Desencarnada
e aflita, é uma sombra que chora…
Ele pede
outro berço e quer trazê-la agora
Em braços
paternais ao campo de outra vida!…
O século
avançou… Ei-los de novo em cena…
Ele o
progenitor; ela, a filha pequena
A crescer
retardada, abatida, insegura…
Hoje, ele, em
tudo, é sempre o doce pajem dela
E a noiva de
outro tempo é a filha triste e bela
Agarrando-se
ao pai nos traumas da loucura.
*
O
Espiritismo, como já dissemos inúmeras vezes, baseia-se em fatos, não nas
Escrituras. Contudo, para as pessoas que gostam de encontrar na Bíblia o
fundamento de suas crenças, eis o que o evangelista Mateus registrou no cap. 17
de suas anotações:
“E os seus
discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é
mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá
primeiro, e restaurará todas as coisas; mas digo-vos que Elias já veio, e não o
conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também
padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de
João o Batista.” (Mateus 17:10-13.)
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