Gebaldo José de Sousa
De Goiânia-GO
“Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois
mandamentos.” Mt 22:39/40
Inúmeras mudanças
ocorrem em muitas partes da Terra e às vezes não nos damos conta de sua
relevância, por não serem melhor divulgadas.
Num tempo de egoísmo
exacerbado, questões aparentemente desimportantes para a maioria assumem
caráter extraordinário para minorias sofridas.
E, embora singulares e
nem sempre percebidas de pronto, resultam em benefícios para toda a Humanidade,
eis que, somadas, essas pequenas ações conduzem-nos a um mundo melhor.
O planeta eleva-se
espiritualmente quando, em qualquer parte, alguém defende ou promove os
frágeis, os excluídos de toda espécie; aqueles a quem falta o respeito à sua
dignidade de seres humanos; a quem faltam oportunidades de se educarem, de
preservarem a saúde; de crescerem como indivíduos filhos de Deus, iguais aos
demais.
Esses pequenos
progressos libertam nosso orbe de costumes bárbaros, de opressões consentidas,
de sofrimentos às vezes milenares. E a atmosfera espiritual de nossa Casa
Planetária se renova, a todos nos favorecendo.
Ora ocorrem na forma de
uma Lei (Lei Áurea; Lei Maria da Penha; Lei da Ficha Limpa), ora como uma
campanha (Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida – liderada, à
época (1993), por Herbert José de Sousa – o Betinho).
Esta última prossegue em
todo o Brasil, não apenas doando alimentos, mas oferecendo cursos
profissionalizantes a jovens e a adultos carentes; ou seja, executa a ação
social, mas não se limita a ela, eis que busca promover o cidadão, através da
educação.
Quantos hoje arrecadam
cestas básicas na comemoração do próprio aniversário, ou do Natal; ou gêneros
alimentícios em quaisquer outros eventos (gincanas estudantis; shows
artísticos, etc.), como decorrência do hábito criado por essa Campanha!
*
Waris Dirie – modelo
somali – é um desses casos impressionantes de quem se insurgiu contra a
opressão e a crueldade impostas não só às mulheres somalis – simplesmente por
sua condição feminina –, mas a mulheres de muitos países africanos e asiáticos,
com a ablação, para que sejam ‘puras, limpas’.
Foi vítima desse costume
bárbaro que se mantém em
pleno Século XXI !
Nasceu no deserto, de
família nômade. Não sabe sua idade (no deserto não há papéis!).
Com os pés descalços,
pastoreou cabras e camelos.
Aos cinco anos foi
submetida à ablação (na Somália retiram, além dos lábios menores da vagina,
também o clítoris). A ferida é costurada, deixando-se apenas pequena abertura
para a urina e a menstruação. Essa prática ocorre sem anestesia e sem assepsia!
Como é de esperar,
muitas morrem com o sangramento que sobrevém a essa estupidez! A própria irmã
da modelo não sobreviveu a essa tortura física e mental.
Quando o pai ia casá-la
com um homem de sessenta anos, em troca de cinco camelos, fugiu para Mogadício,
aos 13 anos! Dali, três anos após, seguiu para Londres, trabalhando como criada
em casa de uma tia, casada com diplomata somali.
Em Londres foi
‘descoberta’ por um fotógrafo e tornou-se modelo internacional e, com o sucesso
e a fama, ferrenha ativista contra a circuncisão feminina.
Sua história, contada
por ela no livro "Flor do Deserto", virou filme com o mesmo nome
(exibido no Brasil em julho de 2010).
Foi embaixadora da ONU
contra a mutilação feminina, de 1997
a 2003. Afastou-se dessa Organização, porque prefere a
ação às reuniões e aos longos e inócuos discursos. Fundou uma organização que
leva seu nome, para lutar contra essa barbárie.
Para isso, busca também
formar professores que eduquem as crianças e as mães, em sua terra natal.
Além de Flor do Deserto
(escrito em 1997), escreveu Amanhecer no Deserto (2002), Meninas do Deserto
(2005) e Cartas a minha mãe (2007).
*
“Estou confrontando a
mutilação na minha própria família. Meu irmão tem seis meninas, todas menores
de idade e que vivem no deserto. Minha cunhada quer mutilá-las. Por causa disso
eu estou tentando trazer as meninas para um lugar seguro. Isso tira meu sono
todas as noites. (...)
Estimativa da
Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que entre 100 e 140 milhões de
meninas e mulheres vivem hoje sob consequências da mutilação – a maioria na
África. A organização tem uma campanha contra a prática, que considera
prejudicial à saúde da mulher e uma violação dos direitos humanos.
A mutilação ocorre em
várias partes do mundo, mas tem registro mais frequente no leste, no oeste e no
nordeste da África e em comunidades de imigrantes nos EUA e Europa. Em sete
países africanos – entre eles Somália, Etiópia e Mali – a prevalência da
mutilação é em 85% das mulheres.” (Do site
http//:g1.globo.com/mundo/noticia/2010/07/e-impossivel-descrever-dor-diz-modelo-sobre-circunscisao-feminina.html)
Quantas peripécias
superou essa brava mulher, para empreender essa nobre missão!
Vê-se, nitidamente, que
não foi o acaso a levá-la por esse caminho; e que há mão invisível a conduzi-la
para esse destino grandioso, de renúncias, sim, mas de extraordinário
sentimento de solidariedade! Ela própria confessa, como se vê no texto indicado
logo abaixo, que teve a intuição de que lhe estava reservada imensa e
transformadora tarefa!
Como a dessa corajosa
mulher, há belas e nobres vidas a nos exemplificar o que pode o amor, que
jamais se omite, diante da opressão e da injustiça!
O leitor, caso queira,
pode saber mais sobre a vida de Waris Dirie clicando neste link: www.leonardokurcis.com.br/apresenta_emocao_a_modelo_do_deserto.pps
Que história de coragem, superação , força determinação!Maravilhoso!
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