Muitas
pessoas imaginam que a morte rompe todos os laços que existem entre as pessoas.
Trata-se de
um equívoco pensar assim, pois nem a morte nem a reencarnação afetam a afeição
e os sentimentos que as pessoas nutrem por aqueles a quem amam.
Assim é que,
segundo aprendemos no Espiritismo, os Espíritos devotam afeição aos encarnados,
a qual tem por base as afinidades que entre eles existam. Desse modo, os bons
Espíritos simpatizam com as pessoas de bem ou suscetíveis de se melhorarem. Os
Espíritos inferiores afinizam-se com as criaturas viciosas ou que podem
tornar-se tais.
O ser humano
tem, pois, no Mundo Espiritual amigos que podem perfeitamente interceder por
ele, com o objetivo de assegurar-lhe a estabilidade de que necessita para lutar
e servir, amar e vencer, apesar do assédio dos desencarnados que lhe foram
comparsas nos dramas do passado.
São esses
amigos de Mais Alto que acordam a esperança e restauram o bom ânimo nos
indivíduos que se veem a braços com as investidas provenientes do plano
espiritual.
Essas
ligações afetivas nada têm que se assemelhe às afeições carnais, fato que pode
ocorrer, porém, com os Espíritos mais atrasados. Pode dar-se ainda o caso em
que, mesmo que a afeição nada tenha de carnal, um Espírito, quando se apega a
uma pessoa, não o faça somente por afeição. À estima que a pessoa encarna
inspira ao Espírito pode agregar-se uma reminiscência das paixões humanas.
A afeição
espiritual pelos encarnados não se resume a um mero sentimento, porquanto os
bons Espíritos preocupam-se também com os nossos males, da mesma forma que
compartilham as nossas alegrias.
Procurando
fazer-nos todo o bem que lhes seja possível, é natural que se sintam ditosos
com os nossos momentos de felicidade e de alegria.
No tocante
aos males que nos possam atingir, é preciso lembrar que eles se dividem em
físicos e morais. Sabendo ser transitória a existência corporal e que as
tribulações a ela inerentes constituem meios de alcançarmos uma situação
melhor, os bons Espíritos afligem-se mais com os males que tenham origem em
causas de ordem moral do que com os nossos sofrimentos físicos, todos eles
passageiros.
Deste modo,
eles pouco se incomodam com as desgraças que atingem as nossas ideias e
preocupações mundanas, do mesmo modo como agimos com relação às mágoas pueris
das crianças.
Vendo nas
amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, eles as consideram como uma crise
ocasional de que resultará a salvação do doente. Compadecem-se dos nossos
sofrimentos, como nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo. Mas, enxergando
as coisas de um ponto de vista mais elevado, apreciam-nas de um modo diverso do
nosso.
Em casos
assim, os bons Espíritos procuram levantar-nos o ânimo no interesse do nosso
futuro, enquanto os Espíritos inferiores, com o objetivo de comprometer-nos,
nos impelem ao desespero.
Resumindo o
assunto, podemos, à vista dos ensinamentos espíritas, estabelecer os seguintes
pontos em torno do assunto ora em exame:
1. Os bons
Espíritos afligem-se quando nós, diante de um mal qualquer, não sabemos suportá-lo
com resignação. Os Espíritos inferiores, porém, rejubilam-se com nossa postura
negativa.
2. Os males
morais que mais preocupam os Benfeitores Espirituais são o nosso egoísmo e a
dureza dos nossos corações, do que, ensina o Espiritismo, decorre tudo o mais.
Nossos adversários desencarnados e os maus Espíritos, contudo, adoram tal
comportamento.
3. Os bons
Espíritos riem de todos os males imaginários que nascem do nosso orgulho e da
nossa ambição. Os inferiores, no entanto, valem-se deles para, se for possível,
afundar-nos mais ainda no fosso da amargura.
4. Os
Benfeitores Espirituais rejubilam-se com os males e sofrimentos que redundam na
abreviação do tempo de nossas provas. Os infelizes não gostam disso e buscam,
quando a ocasião se apresente, obter exatamente o resultado contrário.
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