domingo, 26 de agosto de 2012

Os nossos amigos de além-túmulo


Muitas pessoas imaginam que a morte rompe todos os laços que existem entre as pessoas.
Trata-se de um equívoco pensar assim, pois nem a morte nem a reencarnação afetam a afeição e os sentimentos que as pessoas nutrem por aqueles a quem amam.
Assim é que, segundo aprendemos no Espiritismo, os Espíritos devotam afeição aos encarnados, a qual tem por base as afinidades que entre eles existam. Desse modo, os bons Espíritos simpatizam com as pessoas de bem ou suscetíveis de se melhorarem. Os Espíritos inferiores afinizam-se com as criaturas viciosas ou que podem tornar-se tais.
O ser humano tem, pois, no Mundo Espiritual amigos que podem perfeitamente interceder por ele, com o objetivo de assegurar-lhe a estabilidade de que necessita para lutar e servir, amar e vencer, apesar do assédio dos desencarnados que lhe foram comparsas nos dramas do passado. 
São esses amigos de Mais Alto que acordam a esperança e restauram o bom ânimo nos indivíduos que se veem a braços com as investidas provenientes do plano espiritual. 
Essas ligações afetivas nada têm que se assemelhe às afeições carnais, fato que pode ocorrer, porém, com os Espíritos mais atrasados. Pode dar-se ainda o caso em que, mesmo que a afeição nada tenha de carnal, um Espírito, quando se apega a uma pessoa, não o faça somente por afeição. À estima que a pessoa encarna inspira ao Espírito pode agregar-se uma reminiscência das paixões humanas.
A afeição espiritual pelos encarnados não se resume a um mero sentimento, porquanto os bons Espíritos preocupam-se também com os nossos males, da mesma forma que compartilham as nossas alegrias.
Procurando fazer-nos todo o bem que lhes seja possível, é natural que se sintam ditosos com os nossos momentos de felicidade e de alegria. 
No tocante aos males que nos possam atingir, é preciso lembrar que eles se dividem em físicos e morais. Sabendo ser transitória a existência corporal e que as tribulações a ela inerentes constituem meios de alcançarmos uma situação melhor, os bons Espíritos afligem-se mais com os males que tenham origem em causas de ordem moral do que com os nossos sofrimentos físicos, todos eles passageiros.
Deste modo, eles pouco se incomodam com as desgraças que atingem as nossas ideias e preocupações mundanas, do mesmo modo como agimos com relação às mágoas pueris das crianças. 
Vendo nas amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, eles as consideram como uma crise ocasional de que resultará a salvação do doente. Compadecem-se dos nossos sofrimentos, como nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo. Mas, enxergando as coisas de um ponto de vista mais elevado, apreciam-nas de um modo diverso do nosso. 
Em casos assim, os bons Espíritos procuram levantar-nos o ânimo no interesse do nosso futuro, enquanto os Espíritos inferiores, com o objetivo de comprometer-nos, nos impelem ao desespero. 
Resumindo o assunto, podemos, à vista dos ensinamentos espíritas, estabelecer os seguintes pontos em torno do assunto ora em exame:
1. Os bons Espíritos afligem-se quando nós, diante de um mal qualquer, não sabemos suportá-lo com resignação. Os Espíritos inferiores, porém, rejubilam-se com nossa postura negativa.
2. Os males morais que mais preocupam os Benfeitores Espirituais são o nosso egoísmo e a dureza dos nossos corações, do que, ensina o Espiritismo, decorre tudo o mais. Nossos adversários desencarnados e os maus Espíritos, contudo, adoram tal comportamento.
3. Os bons Espíritos riem de todos os males imaginários que nascem do nosso orgulho e da nossa ambição. Os inferiores, no entanto, valem-se deles para, se for possível, afundar-nos mais ainda no fosso da amargura.
4. Os Benfeitores Espirituais rejubilam-se com os males e sofrimentos que redundam na abreviação do tempo de nossas provas. Os infelizes não gostam disso e buscam, quando a ocasião se apresente, obter exatamente o resultado contrário.

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