Um leitor pergunta-nos, no tocante às cidades
espirituais citadas por André Luiz, qual o tipo de matéria utilizada na
construção de seus edifícios e moradias.
É preciso, inicialmente, lembrar que a notícia
referente às construções espirituais está presente não só na obra de André
Luiz, mas em autores como Arthur Conan Doyle, Ernesto Bozzano, Cairbar Schutel
e Manoel Philomeno de Miranda.
Em todos eles é destacado, com clareza, o papel do
pensamento sobre a matéria peculiar às chamadas cidades ou colônias
espirituais.
Vejamos algumas citações do livro A Crise da Morte, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de
Ernesto Bozzano:
1. Jim Nolan disse que, ao entrar no mundo espiritual,
parecia-lhe caminhar sobre um terreno sólido, quando encontrou sua avó, que o
levou para longe dali, para sua morada. A morada da avó, onde ele repousou e
dormiu naquela noite, tinha o aspecto de uma casa. “No mundo dos Espíritos –
explicou ele –, há a força do pensamento, por meio do qual se podem criar todas
as comodidades desejáveis...” (Obra
citada, p. 32.)
2. O Espírito, pensando na forma humana, se veria de
novo em forma humana; pensando em estar vestido, achar-se-ia coberto de roupas
que, sendo tão etéreas como o seu próprio corpo, lhe pareceriam tão
substanciais como as vestes terrenas. É assim que ele encontra, no mundo
espiritual, um meio e uma morada correspondentes a seus hábitos terrestres,
morada que lhe preparariam os seus familiares, tornados antes dele à existência
espiritual. (Obra citada, p. 36.)
3. Felicia Scatcherd diz ter sido conduzida a uma
maravilhosa morada que os próprios Espíritos haviam criado pela força do
pensamento. (Obra citada, pp. 117 a 121.)
O tema não é, evidentemente, estranho à obra de Allan
Kardec, conforme podemos ver pelas citações abaixo:
1. Todas as substâncias, conhecidas e desconhecidas,
por mais dessemelhantes que pareçam, quer do ponto de vista da constituição
íntima, quer pelo prisma de suas ações recíprocas, são apenas modos diversos
sob que a matéria se apresenta, variedades em que ela se transforma sob a
direção das forças inumeráveis que a governam. Não há, em todo o Universo,
senão uma única substância primitiva: o cosmo, ou matéria cósmica dos
uranógrafos. (A Gênese, cap. VI, itens 3,
4 e 7.)
2. O fluido cósmico universal é a matéria elementar
primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável
variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele
assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se
pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de
ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. Cada um desses
dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo
pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os
chamados fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente dita, os
outros, qualificados de fenômenos psíquicos, porque se ligam de modo especial à
existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo. (A Gênese, cap. XIV, item 2.)
3. O estado no qual o fluido universal se apresenta em
sua maior simplicidade é o que se encontra no ambiente dos Espíritos puros. Na
Terra, ele está mais ou menos modificado para formar a matéria compacta que nos
cerca. (O Livro dos Médiuns, item 74,
pergunta n. 5.)
4. Os Espíritos fazem a matéria etérea passar pelas
transformações que queiram; portanto, eles podem formar os objetos – vestuários,
joias, caixas de rapé etc. – que desejem, por ato de sua vontade e, do mesmo
modo que os fazem, podem desfazê-los. (L.M.,
item 128, pergunta 6.)
Cremos que, com base nos dados acima, é possível ao
leitor sanar suas dúvidas acerca da questão proposta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário