terça-feira, 5 de novembro de 2013

A bagagem de fato

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Quantas coisas materiais acumulamos nesta vida! São objetos atuais ou mais antigos, clássicos, úteis, sem tanta utilidade assim. E juntamos mais, e doamos menos, e adquirimos ainda mais para preencher, equivocadamente, o coração ou alegrar nossa alma. Mas se sabe que o espírito não é deste mundo.
E o tempo passa tão rápido! Daqui a pouco já é hora do retorno ao plano imaterial. E quando essa hora apontar, serão os sentimentos, palavras, atitudes e pensamentos realizados no bem que conduzirão o espírito a uma posição um pouquinho mais vislumbrante em sua jornada.
Em muitas bibliotecas particulares, centos e centos de livros deveriam estar reunidos à espera de utilização como faróis para o progresso... mas estão lá, acumulados, apenas para a decoração do ambiente.
Roupas que, às vezes, nunca serão vestidas, no entanto, estão presas a nenhuma utilidade. E incontáveis outros objetos supervalorizados que visam preencher, através do olhar humano, vidas sem luz, sem paz, sem direção.
“Olhai os lírios do campo”, já dizia o poeta.
Na simplicidade da natureza se encontra a grandeza da vida; nas flores do campo, a esperança em cores; na ajuda ao próximo, um irmão a mais na conquista da existência. A alma deve-se voltar ao alimento eterno; ao Pai; ao céu; ao ar; ao horizonte, início do infinito; ao conhecimento adquirido no dia a dia; deve-se voltar ao valor real, à essência do que se pode sentir, não só tocar.
Poucos minutos apreciados na companhia do próprio eu, com uma xícara de chá unida a saborosas bolachinhas, são gotas do bem-estar físico e acalanto para o espírito que não se compram em lojas, pois não se encontram à venda. Momentos esses que fazem a alma crescer: recolhimento.
O acúmulo das coisas benéficas e salutares é tesouro; o acúmulo das supérfluas e sem objetivo direcionado é energia gasta sem aproveitamento.
A viagem de regresso para casa pode acontecer a qualquer instante e o espírito só levará o que nele, impresso, estiver. Este é um Planeta de matéria, certo de que é preciso suprir as necessidades da hora, entretanto, sem olvidar esta autêntica frase: Estamos na carne, somos espíritos.

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