Teve
sequência ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o
estudo do livro Ação e Reação, de
André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e
publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. Luís, que
estava parcialmente desligado do corpo que dormia, viu Silas e André?
B. Onde os
irmãos Leonel e Clarindo aprenderam a técnica obsessiva que aplicavam naquele
caso?
C. As
tentações têm ligação direta com esse “desejo-central”?
Texto para leitura
48. Com Clarindo e Leonel – Silas e
André penetraram estreito compartimento, onde alguém contemplava grandes maços
de papel-moeda, acariciando-os com um sorriso malicioso. Era Luís, que,
desligado do corpo pela influência do sono, vinha afagar ali o dinheiro que lhe
nutria as paixões. Evidentemente, o dono da casa não percebeu a presença dos
visitantes, o que não ocorreu com os irmãos Clarindo e Leonel, que, de repente,
penetraram o recinto e dirigiram-se desabridamente para André e Silas, tendo um
deles perguntado: "Quem são? quem são vocês?" Silas respondeu, de
forma enigmática: "Somos amigos". O outro então informou: "Bem,
nesta casa ingressam somente aqueles que saibam valorizar o dinheiro..."
E, designando Luís, acrescentou: "Para que ele não se esqueça de preservar
a fortuna que é nossa". Silas ajuntou: "Sim, sim... quem não estimará
os haveres que lhe pertençam?" Os irmãos, satisfeitos e esfregando as
mãos, na alegria de quem supostamente encontrava mais combustível para a
fogueira de sua vingança, exclamaram, então: "Muito bem! muito
bem!..." E, demonstrando imediata confiança em André e Silas, disseram
terem sido vítimas de terrível traição por parte de um irmão infeliz que lhes
pilhou os bens, motivo por que ali estavam para o desforço justo. Clarindo, que
era o mais brutalizado dos dois, gargalhou de maneira estranha e acentuou:
"O maldito (...) acreditou que a morte lhe apagaria o crime e que nós, os
desventurados que lhe sucumbimos às mãos, estaríamos reduzidos a pó e cinza.
Apossou-se-nos dos haveres, depois de promover um acidente espetacular, no qual
fomos por ele assassinados sem compaixão". Na sequência, acrescentou:
"O bandido sofrerá os resultados da infâmia contra nós e aqui respira o
filho dele, cujos menores movimentos governaremos, até que nos restitua a
fortuna de que somos legítimos senhores..." As lamentações dos dois irmãos
prosseguiram por longo tempo, findo o qual Clarindo indagou a Silas: "Não
admitem vocês que temos razão?" Silas concordou, enigmático: "Sim,
todos temos razão, entretanto..." O uso do vocábulo "entretanto"
irritou Leonel, que atalhou, algo cínico: "Entretanto? quererá,
porventura, interferir em nossos propósitos?" Silas o confortou:
"Nada disso. Desejo simplesmente lembrar que por dinheiro já lutei
excessivamente, crendo que o direito prevalecia de meu lado..." Como a
observação algo dúbia chocou os interlocutores, o Assistente valeu-se da
expectativa natural e perguntou: "Amigos, vemos que esta casa permanece
largamente povoada de irmãos nossos ensandecidos... Serão todos eles credores
desta família infortunada?" André compreendeu que a pergunta afetuosa
tinha o objetivo de entreter a confiança dos vingadores intrigados. (Ação e Reação, capítulo 8, pp. 107 a 109.)
49. Como nossas ideias centrais se refletem
– Leonel, que parecia a André o cérebro da empresa delituosa, respondeu:
"É que, até agora, precisávamos dividir o tempo entre pai e filho, e, por
isso, localizamos aqui, temporariamente, os onzenários enlouquecidos que, fora
do campo carnal, apenas mentalizam o ouro e os bens a que se afeiçoaram no
mundo, de modo a nos favorecerem a tarefa. Acompanhando o sovina que nos
obedece ao comando, constrangem-no a viver, tanto quanto possível, com a
imaginação aprisionada ao dinheiro que ele ama com tresloucada paixão". As
coisas tornavam-se, assim, bastante claras. Luís, o dono da fazenda, além do
apego doentio à precária riqueza humana, sofria também a pressão de outras
mentes, alucinadas tanto quanto a dele nos enganos da posse material, o que
elevava o desejo enfermiço à tensão máxima... Os tios de Luís, no seu propósito
de desforço, aprenderam essa técnica nas escolas de vingadores – organizações
mantidas por Inteligências criminosas, homiziadas temporariamente nos planos
inferiores. Todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, um
"desejo-central" ou "tema básico" dos interesses mais
íntimos. Em face disso, emitimos com mais frequência – além dos pensamentos
vulgares e rotineiros – os pensamentos que nascem do "desejo-central"
que nos caracteriza, os quais passam a constituir o reflexo dominante de nossa
personalidade. "Desse modo – disse Leonel –, é fácil conhecer a natureza
de qualquer pessoa em qualquer plano, através das ocupações e posições em que
prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o
reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o reflexo
do ironista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto quanto a
elevação moral é o reflexo do santo... Conhecido o reflexo da criatura que nos
propomos retificar ou punir é, assim, muito fácil superalimentá-la com
excitações constantes, robustecendo-lhe os impulsos e os quadros já existentes
na imaginação e criando outros que se lhes superponham, nutrindo-lhe, dessa
forma, a fixação mental." "Através de semelhantes processos –
acrescentou Leonel –, criamos e mantemos facilmente o `delírio psíquico' ou a
`obsessão', que não passa de um estado anormal da mente, subjugada pelo excesso
de suas próprias criações a pressionarem o campo sensorial, infinitamente
acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes desencarnadas ou
não, atraídas por seu próprio reflexo." (Obra citada, capítulo 8, pp. 109
e 110.)
50. Somos tentados em nossas próprias
imperfeições – Sorrindo, o inteligente perseguidor disse, sarcástico:
"Cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si
próprio". André estava surpreso, visto que nunca ouvira um Espírito,
aparentemente vulgar, com tanto conhecimento e consciência de seu papel. Silas,
revelando grande interesse em torno do assunto, ponderou:
"Indiscutivelmente, a exposição é perfeita. Cada qual de nós vive e
respira nos reflexos mentais de si mesmo, angariando as influências felizes ou
infelizes que nos mantêm na situação que buscamos... Os Céus ou as Esferas
Superiores são constituídos pelos reflexos dos Espíritos santificados e o
inferno..." "... É o reflexo
de nós mesmos", completou Leonel com uma gargalhada. O Assistente
pediu-lhe, então, desse algum exemplo prático daquilo que afirmara, ao que ele
assentiu com prazer, informando: "O avarento sob nossa vista guarda o
propósito de comprar ou extorquir determinada gleba vizinha, a qualquer preço,
mesmo em se tratando de transação criminosa, para valorizar as aguadas da
propriedade que nos pertence. Tratando-se de assunto no tema essencial da
existência dele, que é a cobiça, facilmente recolherá as imagens que eu lhe
deseje transmitir, utilizando-me da própria onda mental em que as suas ideias
habitualmente se exprimem..." Dito isto, passando das palavras para a
ação, pôs sua destra sobre a fronte de Luís, mantendo-se na profunda atenção do
hipnotizador governando a presa, e esta arregalou os olhos com a volúpia do
faminto que vê um prato saboroso, a distância, a falar: "Agora! agora! as
terras serão minhas! muito minhas! Ninguém concorrerá com meus preços!
ninguém!..." Logo após, lépido, afastou-se, indo na direção da fazenda
fronteiriça. "Viram? – perguntou Leonel –
transmiti-lhe ao campo mental um quadro fantástico, através do qual as
terras do vizinho estariam em leilão, caindo-lhe, enfim, nas unhas. Bastou que
eu mentalizasse uma tela nesse sentido, arquitetando o sítio à venda, para que
ele a tomasse por realidade indiscutível, porquanto, em se tratando de nosso
reflexo fundamental, somos induzidos a crer naquilo que desejamos
aconteça..." (Obra citada, capítulo 8, pp. 111 e 112.)
Respostas às questões propostas
A. Luís, que estava parcialmente desligado
do corpo que dormia, viu Silas e André?
Não. No local
onde estava, contemplando grandes maços de dinheiro, Luís, então desligado do
corpo pela influência do sono, não percebeu os dois visitantes que, no entanto,
foram vistos pelos irmãos desencarnados Leonel e Clarindo. Estes contaram então
qual era o plano que desenvolviam naquela casa, decorrente da vingança que
exerciam contra seu irmão com vistas a recuperar a fortuna que lhes foi tirada.
(Ação e Reação, cap. 8, pp. 107
a 109.)
B. Onde os irmãos Leonel e Clarindo
aprenderam a técnica obsessiva que aplicavam naquele caso?
Eles
aprenderam essa técnica nas escolas de vingadores – organizações mantidas por
Inteligências criminosas, homiziadas temporariamente nos planos inferiores. A
técnica consistia em exacerbar em Luís o sentimento de usura e o apego ao
dinheiro. A técnica parte do pressuposto de que todos possuímos, além dos
desejos imediatistas comuns, um "desejo-central" ou "tema
básico" dos interesses mais íntimos, que, no caso de Luís, era a avareza e
a cupidez. (Obra citada, cap. 8, pp. 109
e 110.)
C. As tentações têm ligação direta com esse
“desejo-central”?
Sim. Cada
pessoa é tentada exteriormente pela tentação que alimenta em si própria. Segundo
Silas, cada qual de nós vive e respira nos reflexos mentais de si mesmo,
angariando as influências felizes ou infelizes que nos mantêm na situação que
buscamos... (Obra citada, cap. 8, pp. 111 e 112.)
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